O mês passou tão rápido que eu sequer tive tempo de piscar, as coisas na faculdade estavam estressantes demais, trabalhos, prova, mais trabalhos e mais provas!!
E para me deixar mais louco, minha irmã parece ter entrado em uma fase rebelde eterna. Wendy sai de casa tarde da noite sem se dar o trabalho de me avisar e volta completamente bêbada e sempre que eu tento conversar com ela sobre esse comportamento, ela me ignora e finge que eu não passo de um incomodo.
Eu sei que toda essa situação, é por causa que aquele dia está chegando de novo e isso mexe de uma maneira com a minha irmã que ninguém consegue entender.
Sai do meu quarto e encontrei a minha irmã de pijama sentada no sofá, olhando pro nada e segurando uma caneca fumegante de chocolate quente.
- Wendy você vai se atrasar! - Eu avisei entrando na cozinha e indo preparar o meu café da manhã.
- Eu não vou para a escola. - Ouvi ela dizer da sala.
- Como assim você não vai para a escola?! - Voltei para a sala não podendo acreditar no que ela me dizia. - Wendy, você já faltou a semana passada inteira! Está querendo repetir de ano?! Você vai para a escola sim, nem que eu tenha que te levar a força e de pijama! - Eu falei em um tom sério, que eu não imaginei usar tão cedo com ela, a fazendo me olhar com raiva. - E não adianta me olhar assim, é melhor você ir se arrumar, nós vamos sair em dez minutos!
- Você não pode me obrigar a ir, Natsu! - Wendy disse fervilhando de raiva. - Você não é o meu pai!
Aquilo havia acertado em cheio no meu peito, minha respiração chegou a falhar por uns instantes e uma raiva misturada com tristeza começou a brotar no meu peito, eu não podia acreditar que ela havia me dito aquilo, justo ela...
Wendy pareceu ter percebido o que disse pois a cor sumiu por instantes do seu rosto e lágrimas começaram a brotar em seus olhos, mas dessa vez aquilo não seria o suficiente para o que ela disse.
- Nii-san, eu não...
- Vá se trocar, Wendy! - Falei cortando a sua fala, de uma maneira fria. - Você vai para a escola.
Voltei para a cozinha e continuei a preparar o meu café da manhã, um pouco mais instável do que eu desejava.
Wendy havia pegado no meu ponto fraco, ela precisava falar aquilo?!
Eu sei que não sou o pai dela e graças a Deus, porque eu não quero ser aquele monstro! Que destruiu a nossa família, que fez a nossa mãe sofrer ao ponto de... Eu nem gosto de pensar aquilo!
Quando eu terminei meu café da manhã, voltei para o meu quarto e peguei a minha mochila e a pasta com os meus trabalhos e ao entrar na sala, vi a Wendy cabisbaixa com sua mochila nas mãos.
- Vamos! - A chamei e abri a porta do apartamento.
Durante todo o caminho até a escola dela, nenhum dos dois disse uma única palavra. Eu sabia que Wendy queria falar alguma coisa referente ao que aconteceu hoje de manhã, mas não tinha coragem, fazia meses que eu não via a minha irmã tão silenciosa como agora.
Depois de vinte minutos eu estacionei o carro na frente da escola e esperei que a minha irmã saísse, mas ela continuou sentada no banco do passageiro.
- Wendy, você precisa ir! - Eu falei sem olhar para ela. - Se não eu vou me atrasar.
- Nii-san. - Ela me chamou em um tom baixo. - Sobre hoje de manhã eu queria...
- Você tem razão Wendy! - Eu falei a interrompendo, pela segunda vez aquela manhã. - Eu não sou seu pai e dou graças por isso! Eu não quero ser um homem que nem aquele que fez a vida da nossa mãe um inferno! E a sua também!
- Eu sei! - Seu tom de voz mudou para a raiva. - Eu sei disso, Natsu! Eu não quero que você seja ele! Assim como eu não quero ser ela! Só me desculpe, Nii-san!
- Está bem, Wendy. - Falei soltando um suspiro. - Agora vá, antes que você se atrase.
Ela assentiu e saiu do carro, esperei ela passar pelos portões e dirigi até a minha faculdade.
Assim que estacionei o meu carro no estacionamento da faculdade e peguei os meus materiais e entrei no prédio e andei direto para a minha sala, antes que eu me atrase para a primeira aula, que eu vou ter que apresentar um dos meus desenhos baseado em uma das obras de Van Gogh.
- Natsu, está atrasado! - Ouvi aquela voz feminina que eu conhecia bem, falar logo atrás de mim.
- Levei a minha irmã para a escola, Touka! - Falei ao olhar para a minha amiga, que sorria da sua maneira doce.
- É melhor se apressar, mas antes! - Ela se aproximou de mim e ao ficar bem próxima, se ergueu nas pontas do pé e vi algo de diferente em seu olhar. - Eu quero te fazer um convite.
- Que convite? - Perguntei, arqueado a sobrancelha.
- Vamos ter aquela sessão de filmes como antigamente, eu, você e Gray.
- Eu estou ocupado, mas eu acho que posso reservar esse final de semana.
- Ótimo! Na minha casa como sempre. - Ela beijou a minha bochecha e vi suas bochechas ficarem levemente coradas. - Te vejo mais tarde. Boa aula!
- Obrigado, Touka.
As aulas passaram em uma lerdeza, que eu não conseguia entender como aquilo era possível, quando finalmente chegou ao fim. Peguei o meu celular e vi que minha irmã havia me mandado uma mensagem falando, que ela já estava em casa.
Era até estranho, fazia tempo que ela não me dava satisfação do que fazia.
- Hey, cabeça de fósforo! - Era só o que me faltava. Olhei para o Gray, que sorria enquanto vinha na minha direção. - Vamos na lanchonete? Juvia está me esperando, junto da Lucy.
Lucy... Fazia um mês que eu não via ou ouvia falar da loira, eu estava tentado a aceitar aquele convite e o Gray deve ter percebido isso, mas eu estou cheio de trabalho pra fazer e eu tenho uma irmã mais nova para controlar.
- Não vai dar, eu estou ocupado. - Falei sorrindo fracamente. - Fica para próxima.
- Wendy, está dando trabalho de novo? - Eu já devia saber, que uma hora ou outra ele viria me perguntar isso. - Aquele dia está chegando e geralmente ela fica meio problemática.
- É, ela está dando trabalho. Mas eu vou dar um jeito nisso.
Gray suspirou e colocou a mão no meu ombro, eu já sabia o que ele ia falar e não estava muito contente com aquilo, todo ano era a mesma coisa.
- Você não vai dar um jeito, Natsu. Já se passaram dois anos e você não deu um jeito nessa situação da Wendy. - Ele falava com sua expressão séria. - Eu já ofereci a minha ajuda e vou oferecer de novo. Se você quiser eu posso conversar com ela. Eu tenho mais chances de ser escutado por ela.
Odeio admitir isso, mas ele tem razão. Wendy sempre escutou mais o Gray do que a mim. Porém eu sou o irmão mais velho dela, sou eu que preciso resolver essa situação que colocaram a minha irmã.
- Obrigado, Gray. Mas eu vou resolver isso, sozinho.
Me despedi do meu amigo e fui para o meu carro, agora eu preciso ir para a casa e ter certeza de que a Wendy não vai fazer nada.
Depois de trinta minutos, cheguei no meu apartamento e ao abrir a porta escutei duas vozes discutindo, uma era a da minha irmã e a outra...
- Você não manda em mim! - Wendy gritou, parecendo estar com raiva.
- Sim eu mando em você! Você é minha responsabilidade, assim como o idiota do nosso irmão! E eu não vou deixar você se envenenar com essas bebidas!
- Cala a boca! O único veneno presente aqui e a sua voz, irritante!
- Me respeita, Wendy!
Entrei na sala para entender o que estava acontecendo e vi a minha irmã completamente furiosa, olhando para o homem alto de cabelos negros e olhos pretos intensos que a fitava com seriedade, enquanto segurava uma garrafa de vodka nos dedos.
- Zeref-nii?!
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