Mas as coisas só começaram a piorar quando meu pai, o tal conhecido também como Igneel, resolveu implicar com os meus irmãos mais velhos, primeiro foi com o Zeref que depois que começou a faculdade não parava mais em casa não que eu o culpasse, ao contrário eu tinha inveja dele porque eu ainda era criança e precisava ficar em casa e aturar todo aquele inferno, então Igneel começou a brigar com o meu irmão e dizer que ele era um irresponsável que não pensava na própria família, engraçado porque ele também não pensava em nada além dele, por isso depois de três anos fazendo faculdade no Japão ele resolveu ir embora com o dinheiro que ele havia economizado dos trabalhos de meio trabalho dele desde o colegial para ir morar na Espanha.
Com a partida do filho mais velho a minha mãe não sabia ao certo como lidar com aquele monstro que morava dentro da nossa casa e por isso, Natsu começou a defender ela de todas as agressões que ela sofria com o meu, bem, pelo menos as agressões físicas, porque as psicológicas ela sofria dentro do próprio quarto trancado, onde eu e o Natsu só podíamos escutar o choro e o pedido de perdão.
Era horrível todas as vezes que Igneel chegava bêbado e pior quando ele trazia seis amigos em casa, eu os achava nojentos, eles me olhavam de uma maneira estranha, na época eu deveria ter uns 12 anos e ainda não conseguia compreender o que aqueles olhares significavam, mas a minha mãe e o Natsu entendiam e por isso sempre pediam para eu não sair do meu quarto quando os amigos do meu pai estivessem ali, eu quero que a minha a mãe pudesse ficar comigo, assim ela não precisaria sofrer mais, porém era o Natsu que me distraia, enquanto aqueles homens diziam coisas horríveis sobre a minha a mãe e até mesmo... Eu sempre tenho vontade de vomitar ao me lembrar de tudo que ela passou nas mãos daqueles homens e principalmente nas mão de Igneel.
Minha mãe Grandine, era uma mulher maravilhosa, mesmo estando vivendo ao lado do próprio diabo, ela ainda conseguia sorrir e transmitir paz e alegria para mim e os meus irmãos, era como se ela na deixasse nada abalar ela, bem, pelo menos até ele chegar em casa.
Como eu era tola, eu morria de medo do meu pai e ainda assim não fazia idéia do que a minha mãe sofria nas mãos dele, não sabia até aquele fatídico dia, aquele que me mudou completamente e que me tornou o caos que eu sou hoje.
Antes daquele dia eu era razoalvente feliz sabe, mesmo a minha família sendo destruída aos poucos eu era inocente o suficiente para deixar que o meus irmãos me distraissem, Natsu sempre que podia me levava para passear assim como o Zeref, dessa forma eu ficava a maior parte do meu tempo fora de casa e sem me preocupar muito, mas isso não durava quando eu chegava no fim da tarde e encontrava a minha mãe cozinhando o jantar dele e nos apressando para comer o nosso jantar. Ela não gostava que a gente juntasse junto do nosso pai, nós nunca sabíamos o que ele iria aprontar.
Natsu tentou durante muito tempo convencer Grandine a se mudar daquela casa e abandonar aquele homem, mas ela tinha medo que se fizesse isso, Igneel fosse atrás de nós e nos machucasse, ela sempre soube do que ele era capaz.
Naquele fatídico dia, eu já tinha os meus 14 anos, assim que as aulas acabaram eu fui andando de volta para casa já que o Natsu estava trabalhando de meio período e não podia me buscar, assim que eu cheguei em casa, minha mãe estava terminado o almoço, eu me lembro nitidamente da aparência dela naquele dia, os cabelos azuis já tinham vários fios brancos, apesar de ser muito jovem ainda, ela tinha marcas de preocupação no rosto, a pele sempre pálida pelo cansaço e as olheiras profundas em baixo dos olhos, haviam marcas roxas em seus braços, no pescoço, ela era sempre magra, nem parecia a Grandine das fotos que eu tinha escondidas no meu quarto, aquela versão na minha frente era a consequência do que o meu pai havia feito durante todos aqueles anos.
Naquele dia eu cumprimentei a minha mãe com um abraço e um beijo, eu havia aprendido que se eu demonstrasse felicidade para ela, minha mãe ficaria feliz e e assim eu poderia ver o sorriso dela, infelizmente aquele foi o último dia que eu a vi sorrir.
Como todos os dias, eu contei como havia sido o meu dia e a ajudei nas tarefas de casa, quando o sol começou a cair eu fui para o meu quarto fazer o dever de casa e provavelmente ficaria lá até o Natsu chegar do trabalho.
Assim que o Igneel chegou em casa começou a brigar com a minha mãe, dizendo que ela havia traído ele, mesmo ela dizendo que aquele não era verdade, ele não a escutou e a gritaria estava tanta que eu não podia ficar ali apenas escutando a minha mãe sofrer, eu precisava fazer alguma coisa.
Sai do meu quarto e fui até a cozinha que era onde eles brigavam, assim que eu cheguei lá encontrei a cena que ficaria na minha mente pelo resto da vida, Igneel estava esfaqueando a minha mãe sem parar.
Ele havia matado ela, eu senti tanto pavor que as minhas pernas não se mexeram, elas travaram enquanto as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. O sangue da minha mãe havia encharcado o piso branco, o mesmo piso que eu havia ajudado a minha mãe limpar mais cedo.
Igneel me olhou e só conseguia ver um assassino na minha frente e se eu não fizesse nada ele iria me matar também, ele começou a se aproximar de mim enquanto chorava, meu Deus ele estava chorando.
Aquele assassino ainda teve a ousadia de dizer que a culpa era da minha mãe, que ela havia traído ele e por isso precisava morrer.
Natsu chegou cinco minutos depois e ligou para a polícia. Meu irmão não chorou durante o enterro da nossa mãe, mas durante várias noites eu escutava ele chorar e enquanto a mim, até hoje eu tenho pesadelos com aquele dia.
E a única maneira que eu encontrei de afastar essas memórias foi ingerindo álcool e drogas, talvez isso me torne alguém parecido com o meu pai, mas a culpa é dele!
Eu me tornei esse buraco negro que afunda as pessoas por culpa dele, eu quero apagar da minha memória tudo relacionado a ele, mas eu nunca consigo e por isso eu bebo, eu fumo!
Eu já escutei o Natsu me dizer várias vezes que eu apenas estou me destruindo, mas o que eu posso fazer se quando eu estou sóbria ou sozinha eu me lembro do meu maior pesadelo, da minha pior memória.
Talvez seja bom eu me afogar no meu próprio desespero, talvez isso seja o melhor...
Quem eu estou querendo enganar, eu não quero ser assim, não quero me afundar e muito menos ser um buraco negro do desespero, não quero ser um caos de sentimentos negativos e por mais que eu tenha sido contra eu fiquei feliz em saber que o Natsu e o Zeref resolveram me colocar em um psicólogo.
Talvez assim eu pare de me afogar... Talvez um dia eu não seja mais esse buraco negro que s afunda em desespero... Talvez um dia eu volte a ser a antiga Wendy... Talvez um dia eu não tenha mais pesadelos.
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