Estacionei o carro na primeira vaga livre que vi e desliguei o carro encostando-me ao banco. Justin tinha me mandado o endereço do restaurante aonde iríamos nos encontrar, por razões óbvias ele não iria me buscar e eu até achava isso bom, por um lado. Estava um pouco nervosa, Justin nunca tinha me levado a nenhum restaurante ou a qualquer lugar. Sempre fui eu quem o arrastou para os lugares, qualquer que fosse, mesmo que ele sugerisse, eu que o levava. Ele disse que esse jantar era apenas para se desculpar pela forma como tinha me tratado, mas algo dentro de mim dizia que não era bem isso.
Suspirei e me olhei pelo espelho retrovisor conferindo minha imagem. A maquiagem estava bem diferente da que eu usava normalmente. O olhar estava marcante e a boca em um tom escuro fechado. O vestido azul escuro sem mangas era um pouco colado ao corpo e os saltos nos pés eram médios, não queria ficar maior do que já era. Justin não era um homem baixo, pelo contrário, era bem alto, mas a cadeira dificultava isso deixando ele menor do que era por isso não queria usar algo que me deixasse ainda mais alta.
– Vamos lá Elizabeth. Pare de neuras, é só um jantar.
Falei passando a mão nos cabelos em seguida peguei minha bolsa carteira, tirei a chave da ignição e saí do carro travando esse depois colocando a chave na bolsa. Caminhei em direção ao restaurante e entrei no estabelecimento já sentindo um clima agradável. Não era um local extremamente luxuoso, mas tinha o seu charme, o som ambiente era gostoso de ouvir e as pessoas pareciam apreciar a comida. O local não estava tão cheio, tinha apenas algumas mesas ocupadas, nem de longe eu achava isso ruim.
Vasculhei o local com o olhar a procura de Justin e logo o avistei sentado a uma mesa, perto de uma janela. Senti meu coração parar por um segundo e sorri o vendo mexendo no celular. De longe percebi o quanto ele estava bonito, nem parecia o Justin largado que eu conhecia. Caminhei até ele e assim que cheguei perto da mesa, pigarreei chamando sua atenção. Ele ergueu o olhar e quase perdeu os olhos olhando para mim.
– Uau. – ele falou me encarando de cima a baixo – Você está linda.
– Obrigada. – falei sentindo minhas bochechas ficarem quente – Você também não está nada mal.
– Quis dar uma caprichada.
Piscou pra mim e abriu o seu sorriso encantador que eu tanto amava, retribui seu gesto com o mesmo sorriso e puxei a cadeira a sua frente sentando nessa e colocando minha bolsa sobre a mesa.
– Lugar interessante esse que você escolheu. – falei puxando assunto.
– Você gostou? – Assenti concordando – Eu costumo vir aqui com a minha mãe, ela gosta das músicas de fundo.
– São bastante agradáveis, também gostei.
– Então acertei na escolha. – levantou as sobrancelhas rapidamente e eu ri baixinho desviando o olhar por alguns segundos, mas logo voltando meu olhar para ele.
Justin abriu a boca para falar, mas o garçom apareceu com os menus.
– Boa noite senhor. Senhorita. – ele olhou pra mim e fez um leve gesto com a cabeça e entregou os menus enquanto falava – Bem vindos ao Crasher, esperamos que tenham uma ótima noite apreciando nossos deliciosos pratos. Se me permitirem, gostaria de oferecer a sugestão de vinho da noite.
Justin e eu nos entreolhamos e ele pareceu deixar a decisão para mim. O garçom estava sendo super educado, mas eu estava dirigido e não queria ingerir nenhuma bebida alcoólica.
– Obrigada, mas eu estou no volante hoje, vou ter que dispensar. – sorri sendo educada.
– Entendo. – sorriu fraquinho sem mostrar os dentes – Façam seus pedidos, já volto para anota-los.
– Obrigado. – Justin falou para o garçom e esse se retirou.
Abrimos os menus e ficamos em silêncio enquanto decidíamos o que comer. Eu não conseguia me conter e não olhar para Justin vez ou outra. Ele estava diferente, não só na aparência, mas também nele. Seu olhar tinha um brilho diferente e seu modo de falar comigo também tinha mudado, mesmo que tenhamos trocado apenas algumas poucas palavras, eu sentia ele diferente, tinha algo ali, sabia que meu sexto sentido não tinha me enganado.
– Você parece diferente. – eu não queria falar, mas as palavras escaparam da minha boca.
– Sério? – Falou sem desviar o olhar do cardápio – Por quê?
– Não sei, só.... Me parece diferente. – dei de ombros e decidi o que comer colocando o menu sobre a mesa.
Ele finalmente olhou para mim e ficou me encarando por alguns segundos. Isso fez o frio e as borboletas no estômago aparecerem, mas que droga! Por que eu estava tão nervosa, isso não era um encontro, era apenas um jantar com meu amigo, por que tanto nervosismo Elizabeth?
– Deve ser porque você nunca me viu assim. Eu sempre estou meio largado, você se acostumou a me ver "desarrumado". – fez aspas com as mãos.
– É. Deve ser.
Deveria ser mesmo isso. Não estava acostumada a vê-lo tão lindo desse jeito, ele estava muito atraente, muito mesmo. O cabelo bem penteado, a roupa quase social e o perfume marcante tornavam-no desejável, com essa aparência eu até.... Fechei os olhos e balancei a cabeça na tentativa de espantar os pensamentos que queriam se formar. Sem neuras Elizabeth!
– Tudo bem? – Abri os olhos vendo Justin olhar para mim com as sobrancelhas arqueadas e só então lembrei que estava bem na frente dele.
– Sim, só me lembrei de um trabalho da faculdade que me esqueci de fazer, mas depois resolvo isso.
– Você precisa relaxar mais, sabia? Ultimamente você anda muito estressada. – me advertiu não só com as palavras, mas também com o olhar.
Pensei em uma resposta para dar, mas fui interrompida, pois o garçom chegou para anotar nossos pedidos. Assim que ele fez isso, saiu nos deixando novamente a sós.
– Eu sei, eu sei. Por isso estou aqui. – olhei para ele sentindo que estava certo – Esse jantar serve pra me relaxar também. E, além disso, estou na sua companhia, o que torna a noite ainda melhor. – sorri fraco e ele fez o mesmo.
– É mesmo? – Olhou pra mim com a maior cara de convencido.
– É. E para de fazer essa cara de convencido.
– Que cara? Eu não fiz nada. – sorriu sapeca e eu contive o riso.
– Não seja sínico Justin Bieber, você é péssimo para disfarçar.
Ele rio baixinho como se eu tivesse dito uma piada interna e eu tentei não rir, mas sua risada era contagiante e logo estávamos rindo sem motivo algum, talvez ele tivesse motivo, mas eu ria de sua risada, que eu tanto gostava de ouvir.
[...]
O nosso pedido logo chegou e começamos a comer. Enquanto isso, conversávamos sobre coisas aleatórias como a terapia dele, músicas que ouvíamos recentemente, coisas do dia a dia, a comida do restaurante e situações engraçadas que já vimos em restaurantes. Lembrei que uma vez um garçom tropeçou por causa de uma criança e acabou caindo em cima da mesa de um casal, tinha sido cômico porque o garçom era desastrado e tentou levantar umas três vezes, porque toda vez que ele levantava ele caía. Justin rio do modo como falei, mas ele disse que não tinha sido legal rir do homem, tentei me justificar, mas ele continuou a me contrariar e acabou me vencendo na argumentação.
Logo que acabamos de comer, pedimos sobremesa e novos assuntos surgiram. A noite estava ótima, fazia um tempinho que eu não me divertia tanto assim, Justin definitivamente era a minha melhor companhia, nem as meninas tinham me animado tanto quanto ele. De fato éramos bons amigos, melhores talvez. Ele me fazia mais do que bem, minha vida tinha mudado muito depois de conhecê-lo e pra melhor. Acho que nunca me senti tão feliz quanto naquele momento. O sorriso no rosto a todo o momento era inevitável.
– Essa noite foi incrível, obrigada por isso Justin, você realmente sabe como me animar.
– Não precisa agradecer Elizabeth, sabe que eu sempre estarei aqui pra você.
Ele pegou na minha mão que estava sobre a mesa e lá estava o frio na barriga e as benditas borboletas no estômago. Elas tinham que voltar pra quem estragar as coisas.
– Você sempre fala isso. – meu coração acelerou de repente e eu engoli em seco.
– Eu não falaria se não fosse verdade. – sorri sentindo como se minhas bochechas estivessem pegando fogo.
Justin estava sério e não desviava seu olhar do meu um só segundo ou soltava minha mão, eu não achava aquilo algo ruim, mas me sentia nervosa, não entendia porque, mas estava.
– Elizabeth. Eu preciso falar algo.
Mesmo que discretamente, percebi ele engolir em seco antes de continuar, diria que estava nervoso se esse não fosse um costume dele.
– Eu estou ouvindo. – falei rindo nervosa, ele apertou minha mão e percebi um brilho no seu olhar.
– Desde a primeira vez que eu vi você, eu pensei, Que mulher linda, diria que perfeita se a conhecesse. E quando eu vi que você era comprometida eu pensei que seria muita sorte se você não fosse. – sorriu fraco antes de continuar – Mesmo não te conhecendo, não sabendo seu nome, seus gostos ou qualquer coisa sobre você, eu me senti atraído pelo seu sorriso. – senti meu coração pulsar forte em meu peito, parecia que iria saltar de mim a qualquer momento – Pelo seu olhar, pelo seu jeito de falar. Cada coisa, que eu descobria sobre você, eu ficava ainda mais apaixonado. Quando você apareceu na minha casa pela primeira vez, eu pensei: “O que ela está fazendo aqui, por que ela viria a minha casa?” – rio fraco desviando o olhar por alguns segundos e meu sorriso espelhou o seu.
– Você ficou nervoso. – falei lembrando a cena.
– De fato. Mas não seria para menos, Elizabeth Borges estava bem na minha frente e na minha casa, tudo que eu sabia sobre você era que você era da família Borges e namorava o meu vizinho, nada mais. Então sem que eu percebesse, de uma hora para a outra você estava na minha vida. Eu tentei te afastar, te fazer ir embora, mas não funcionou, isso só atraía ainda mais você a mim. Sempre querendo me ajudar, me tirar de casa, me fazer ver que a vida não tinha acabado apenas porque eu tinha perdido os movimentos das pernas. – ele ficou em silêncio por alguns segundos – Sou muito grato a você por tudo que fez por mim Elizabeth, mas não posso mais continuar com isso apenas para mim. – apertei sua mão sentindo meu coração bater tão forte que podia ouvir as batidas em meus ouvidos, eu iria enfartar e seria agora e bem ali – Eu me apaixonei por você desde o primeiro momento em que te vi, eu tentei te esquecer, juro que tentei. Até tinha me conformado em ser apenas seu amigo e ter apenas o calor da sua companhia, mas depois que eu te beijei tudo ficou ainda mais intenso, foi como se tivessem jogado muita lenha na fogueira e tornado tudo ainda mais forte, mas depois que você falou quê o que existia entre nós era apenas amizade, eu estava disposto a te esquecer de vez, nem que isso custasse nossa amizade, eu realmente não me importava, estava cansado de tudo, então fiz tudo o que eu podia para te esquecer. Eu me afastei você, eu saí com a April, eu fiz tudo o que pude pra tirar você daqui, – apontou para a sua cabeça – Mas você não quis sair daqui. – colocou a mão sobre seu coração fazendo um leve sorriso se formar em meus lábios – E quando você veio me procurar e depois disse que precisava de mim, de mim apenas e não de outro alguém, eu percebi quê o que eu sinto por você nunca vai mudar, não importa o que eu faça, não importa com quem eu saia, não importa o que eu tente. Eu nunca vou conseguir te esquecer, posso estar à milhas de distância do seu corpo, mas você nunca vai sair da minha cabeça, porque o que eu sinto, é verdadeiro, é real, e eu não minto quando digo que nunca senti isso por nenhuma mulher. Então Elizabeth, eu preciso que você me diga. O que você sente por mim, o que o seu coração diz quando sua mente pensa em mim, porque eu preciso saber! Eu estou iniciando uma nova fase na minha vida e eu preciso dar um grande passo e pra isso, eu preciso saber o que você sente, porque eu não posso mais viver com essa dúvida, eu não quero mais. Então Elizabeth, por favor, me diga. O que você sente?
Engoli em seco e tentei respirar um pouco, precisava oxigenar meu cérebro depois de tanta informação. Eu estava extasiada com suas palavras. A garota era eu. A garota quem ele amava e sempre amou, sempre fui eu! Não conseguia acreditar como nunca tinha percebido isso antes, claro! Tudo fazia sentido agora. Eu sentia como se fosse perder meu coração a qualquer momento, estava tão nervosa que jurava estar suando frio. Não conseguia descrever exatamente o que estava sentindo. Não sabia se chorava, se ria, se falava, se não, era louco.
– Uau! Ahm... – finalmente abri minha boca suspirando logo em seguida – Uau. Eu não sei o que falar juro. Eu.... Eu não sei o que falar, você conseguiu me deixar sem palavras, muito obrigada por isso senhor Bieber. – uma risada nervosa escapou dos meus lábios enquanto eu desviava o olhar por alguns segundos – Eu... – respirei fundo e tentei juntar as palavras em frases que fizessem sentido.
Apertei ainda mais sua mão sentindo ela suada, ambas estavam. Não tínhamos soltado a mão um do outro por nenhum momento e ainda segurávamos forte. Eu realmente não sabia o que dizer. Depois de tudo o que ele disse eu realmente não sabia o que dizer. Quer dizer, eu nunca tinha ouvido isso de ninguém, nunca alguém tinha se declarado pra mim, ainda mais assim, de jeito. Eu não sabia bem o que sentia bem dentro de mim, mas sabia que eu gostava dele. Não sabia exatamente como, mas gostava e só de pensar nele com outro alguém me irritava e muito. Ainda estava muito confusa com tudo isso, mas depois de tudo o que ele disse, eu não conseguiria dizer que não, que ele era apenas um amigo porque não era só isso que eu sentia por ele, amigos não sentem vontade de matar o outro só porque estão saindo com alguém, isso se chama ciúme e só se sente ciúmes de quem se gosta e eu gostava dele, talvez não tão intensamente como ele, mas.... Sim, eu gostava de Justin Bieber.
– Você me surpreendeu. E muito. – falei finalmente depois de alguns segundos de silêncio – Eu não sei o que dizer, eu juro pra você que não, mas... Eu posso tentar. – mais uma risada nervosa escapou dos meus lábios e um singelo sorriso brincou nos seus – Eu não sei exatamente o que sinto por você, tá, eu gosto de você e senti vontade de te matar quando te vi com aquela zinha lá. – ele rio baixinho – Mas, não sinto... Exatamente o mesmo que você, eu gosto muito de você Justin, você desperta algo em mim sim, já me peguei pensando em você várias vezes no dia, de fato, mas não tenho certeza do que sinto. – respirei fundo mais uma vez, eu estava muito nervoso, Justin parecia tão tranquilo quando estava falando e ele que tinha se declarado, ele que deveria estar surtando e não eu. Respira Elizabeth! Respira! – Mas eu quero muito que você me ajude a descobrir. Eu gosto muito de você Justin, não quero me arriscar e você sabe muito bem porque, mas não vou me molhar se não entrar na chuva e eu espero sinceramente que você esteja totalmente disposto a se molhar junto comigo.
Ele umedeceu os lábios com a língua de um jeito extremamente sexy e acariciou minha mão com o polegar antes de pronunciar sua próxima frase, que me fez sorrir.
– Então Elizabeth Borges, você aceita ser minha namorada?
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