História Ensina-me a amar. - Implorando seu perdão.

Não conseguia abrir meus olhos. Como se, eu estivesse presa. A agonia em meu peito crescia a cada minuto. Um aperto insuportável, que me fazia querer chorar. Eu estava morta? Estranho. Achava que a morte seria mais... Confortável. O que eu fiz? Porque, eu não sentia nada? Estava morta. Era a única conclusão que achava. Minha máxima culpa, eu fui teimosa. Fui longe demais defendendo meus princípios, minhas verdades e o que eu achava que era certo.

Orgulhosa demais para abrir mão de mim mesma. Querendo manter a única coisa que ainda era exclusivamente minha. Agora, era tarde demais para perceber que eu não era nada sem Tony. Que a minha vida, antes dele. Era como um passagem vazia e sem nenhum sentido.

Eu queria dizer a ele: Só era completa em seus braços, com seus carinhos e seus bonitos olhos castanhos sobre mim, que seu sarcasmo e suas piadinhas faziam meu dia feliz. Que o amava, o amava com todas as minhas forças, com a minha mente e corpo.

Queria gritar. Gritar pela impotência que sentia nesse momento. Implorar seu perdão, por mim e por nossos filhos. Meu orgulho e teimosia me tiraram tudo. Eu merecia pagar. Porque, eu sempre soube que nada disso acabaria bem.

Por favor, Tony. Me perdoe. Se eu pudesse voltar no tempo... Refazer as coisas. Tudo havia perdido a importância perante o fato de nunca mais tê-lo comigo.

Silêncio... O enlouquecer silêncio... Minhas escolhas me jogaram no limbo.

Eu tinha tudo em minhas mãos. Um homem que daria a vida por mim, dois lindos bebês a caminho. E eles se perderam, como areia em minhas mãos. Nunca iria me perdoar e não havia perdão para mim em lugar nenhum.

Porque? Queria gritar, chorar, quebrar coisas. Por ser tão estupida. Mas, não conseguia. Tinha um imenso nó em minha garganta e minha cabeça latejava de dor.

Você perdeu tudo outra vez, Scarlet. Só que dessa vez... O sangue está em suas mãos. Agora, eu entendia porque Tony era a favor do tratado. A culpa de ter errado com quem mais amávamos nos enlouquecia.

E eu estava queimando de dor. Devia ter protegido meus filhos, devia ter protegido Tony. Eu prometi protege-lo com minha vida, se fosse necessário. Mas, ninguém podia protege-lo de mim mesma. Destruí nos dois e nossa família.

***

Senti algo sendo tirado de mim. Como uma chama. Como se, minha vida estava saindo de mim. O que estavam fazendo comigo? Uma angustia me dominava. Me sentia quente, febril... Meu corpo pesava 1 tonelada.  Tony... Onde ele estava? Porque, eu sentia um pressentimento tão ruim? Será que ele estava em perigo?

Precisava sair daqui, precisava protege-lo. Que ninguém o machucaria. Porque, eu não conseguia abrir os olhos e me mexer. Voltei a sentir um ardor em meu peito, quase como uma mão pressionada contra ele. Quis gritar, mas sabia que não conseguiria.

O ardor parou. Meu corpo havia esfriado.

Mas, eu estava sentindo tanta angustia, dor, raiva e desespero. Por que? Era como se, aqueles sentimentos não fossem... Meus. Impossível. Ninguém poderia sentir o que os outros sentem. Há não ser telepatas ou empatas. E definitivamente, eu não era um deles.

O que eu estava sentindo era tão brutal. Cru... Estava me dominando. O sentimento de perda, angustia, dor, impotência, frustação. E amor, amor tão intenso e profundo. Quanto, o que eu sentia por Tony. Dominando cada célula do meu corpo.  Eu estava minguando em desespero.

Alguém tire isso de mim. O nó em minha garganta voltou. Por favor, eu preciso voltar para ele. Por favor, eu quero voltar para ele.

- Meu amor... Abra os olhos para mim. Sou eu, estou aqui com você. Seu Tony, meu amor. Vamos lá, Avatar. Prometeu não me deixar, prometeu ficar aqui comigo. Os bebês estão bem, eu estou... bem. Mas, preciso de você. Sua voz entrou em meus ouvidos trazendo alivio e angustia. Somente ele, me despertaria sentimentos tão conflitantes. Os meus filhos estavam bem. Oh! Isso era bem mais do que eu merecia e estava grata por isso.

Por favor... Eu precisava acordar. Tony, continue falando. Preciso ouvir sua voz. O que aconteceu com a gente? O que aconteceu comigo? Nada... O silencio novamente. Se concentre. Você precisa acordar. Sair de onde quer que você esteja.

Acorde. Vamos lá! Onde estava essa regeneração, quando se precisa?

Acorde...

Levante e lute, outra vez.

Seus filhos precisam de você. Tony precisa de você. Eles são tudo o que você tem e ama. Não vira as costas e desista.

Você precisa voltar para eles.

ACORDE.

ACORDE.

Mas, o tempo estava passando. E eu não conseguia reagir.

***

Puta merda! Que som irritante. Tentei abrir meus olhos sem sucesso, mas em uma segunda tentativa. Eu havia conseguido. Eu estava em um hospital, obviamente. Os aparelhos ligados ao meu braço. Em um movimento, eu havia retirado aquilo. Eu só precisava acha-lo. O pequeno buraco da agulha estava fechado... Bem, pelo menos, minha regeneração estava ok.

Dominei o ar e água checando meus poderes. Deslizei a mão por minha barriga, sentindo mais proeminente. Definitivamente, eu era uma grávida notável. Parece que tudo estava em seu lugar. Só precisava senti-lo sobre meus dedos e pedir o seu perdão.

Andei pelos corredores do hospital, o sentindo. O rastreando, como se estivéssemos conectados em um nível não antes conhecido. Meu peito se aquecia em cada passo que dava. Não podia esperar naquela maldita cama, mais um segundo sequer.

- Ela não acorda, Rhodey. Já se passaram 3 semanas... Quase 1 mês. Vou enlouquecer sem ela. Disse, sua voz tão ferida. Mas, ainda assim. Linda, como eu me lembrava. Até mais!

Andei ainda mais depressa, me virando para o corredor que eles estavam. Tony estava de costas, Rhodey estava com os olhos arregalados me encarando.

Ele... O meu Tony estava em uma cadeira de rodas. Senti o meu coração sendo arrancado do meu peito, o tempo parecia ter sido congelado. Quem havia feito aquilo com ele? Eu mataria. Não podia ouvir minha respiração, tamanha a dor que eu sentia. Tony se virou, lentamente.   Arregalando os olhos ao me ver ali, seus olhos imediatamente se encheram de lágrimas.

Assim, como os meus. Eu estava tremendo e agora sim, minha respiração podia ser ouvida. Alta, rápida. Tony deslizou a cadeira para perto de mim e juro que não consegui me mover. Tamanho o choque que corria por minhas veias. Suas mãos se ergueram para mim, parando a minha frente.

- Eu sinto muito, Avatar. Mas, você estava caindo e só havia uma escolha. E eu escolhi você, amor. Disse, com a voz emocionada e cheia de dor. Ele abriu mão da armadura por mim? Era isso que ele estava falando? Eu era a culpada por ele estar daquela forma? Tony estava em uma cadeira de rodas por mim?

Não! Não... Toda a dor, a culpa, a tristeza me dominando e me partindo ao meio. Minha cabeça estava latejando e eu não conseguia respirar.

Eu cai de joelhos na frente dele. Definitivamente, não havia perdão. Tony ficou desesperado ao me ver de joelhos à sua frente. Escondi meu rosto por entre mãos e meu primeiro soluço foi ouvido. Eu iria morrer com tanta dor.

- Scarlet, não faz isso. Implorou, me encarando.

- POR FAVOR. Por favor! Me perdoa. Eu sinto tanto, amor. Eu não sou digna do seu perdão, do seu amor. Implorei, entre soluços. Eu não o merecia mais, eu o feri. – Eu prometi proteger você e quebrei minha promessa. Eu quebrei... Soltando um soluço no final. Senti seus braços em minha volta e percebi que Tony havia caído da cadeira para me ter em seus braços.

Aquilo só piorou a dor aterradora que eu sentia. Estava fora de mim. O segurei, em meus braços. Com medo de machuca-lo ainda mais. Ele parecia tão frágil e vulnerável.

- Baby, está tudo bem. Se acalme. Pediu, chorando. Não! Nada estava bem. Por minha culpa, a pessoas que eu mais amava estava em uma cadeira de rodas.

- Não está nada bem. Nada! Eu feri você. Eu sou um monstro, tudo que eu amo morre ou se machuca. Eu deveria estar morta... Porque? Porque não deixou que eu morresse em vez de se machucar assim? Não existe perdão para mim. Disse, o vendo segurar meu rosto. – Não mereço o seu amor.

Ele devia me odiar. Ter nojo de mim. Eu quase o matei, como naquela maldita visão. Se Tony me odiasse, eu morreria. Eu sabia que merecia seu ódio, mas não queria...

- Scarlet, não diga isso. Para com isso. Se levante, por favor. Implorou, me abraçando.

- Eu vou cuidar de você. Disse, fora de mim. – Ninguém vai te machucar, amor. Nem eu! Se você ainda me quiser e me amar. Prometo ficar ao seu lado, eu vou cuidar de você. Como eu devia ter feito, vamos passar por isso juntos e você vai andar. Eu te amo, eu te amo, eu te amo tanto. Por favor, me perdoa. Não me odeie. Implorei, com meu rosto colado em seu peito. Estava com tanto medo, tanta dor. Não conseguia pensar.

- Não odeio. Jamais te odiaria, meu amor. Você é minha vida, meu amor e minha alma gêmea. Respondeu, me abraçando. Me dando um beijo, enquanto estava chorando no chão do hospital. Rhodes chorava, encostado na parede. – Vamos conseguir. Se você ainda quiser um homem como eu... Disse, inseguro.

Coloquei minha mão em sua boca, afim de cala-lo.

- Shhhh! Você é perfeito. Sempre será aos meus olhos. Sempre... Meu Tony. Perfeito. Disse, enterrando o rosto em seu pescoço e voltando a chorar. Enquanto, Tony me abraçava mais e mais apertado.

- Se tenho vocês, eu tenho tudo. Vamos vencer isso, amor. Disse, sussurrando em meu ouvido. Nós iriamos, iriamos vencer. E eu lutaria até o fim dos meus dias para isso.