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— Ela disse que você 'tá machucando ela! — Kane agarra o pulso da pessoa que a segurava, se enfiando entre os dois para que pudesse afastar aquele homem dela — Solta ela — ele exige com um tom firme.
— Harry... — Beatriz sussura com a voz trêmula. Não soube dizer se ela tremia de medo ou raiva.
— Eu mandei soltar! — Kane fala pausadamente, apertando sua mão em torno do pulso do homem que sustentava um olhar curioso no rosto.
Por canto de olho, o inglês assiste ele largar o pulso da garota com uma lentidão que fazia a irritação subir por suas terminações nervosas. Mesmo quando o homem desconhecido solta Beatriz, Kane não larga o braço dele e o força a se afastar mais ainda dela.
— Poderia me soltar também, não acha? — somente quando ouviu o pedido com um traço de zombaria que o soltou com hostilidade — Obrigado — o homem força um sorriso agradecido em sua direção.
— Tudo bem por aqui, caipira intrometida? — o europeu pergunta a encarando por cima do ombro.
— Tu-tudo — ela gagueja com pouca segurança.
— Quem seria você? — o homem questionou, estava mais curioso do que propriamente irritado pela intromissão em seus assuntos particulares.
— Existem pessoas que não me conhecem? — o respondeu com outra pergunta enquanto franzia o cenho.
— Sinto muito, não sou muito ligado ao mundo futebolístico — ele sorriu fingindo simpatia.
— Harry, Harry Kane e você? — se apresentou ainda desconfiado de quem seria aquela pessoa.
— Harry... — ele repetiu testando a sonoridade do nome, antes de de virar inquisitivo para Beatriz — Este é seu novo brinquedinho? — indagou com um tom levemente sarcástico — Não sabia que tinha fetiches por jogadores de futebol, primeiro o estressadinho e agora esse — ele resmunga pensativo, analisando Kane dos pés a cabeça.
Quando Harry estava prestes a abrir a boca para retrucar, Beatriz sai detrás dele e se coloca em sua frente com uma careta irritadiça.
— Quem você acha que é pra ficar se metendo na minha vida?! — exclamou com ignorância — Já disse mais de mil vezes, nós nunca vamos ter nada!
— Você que pensa que não — a contrariou com certa zombaria na voz.
— Eu falei desde o início que era só um lance sem compromisso, te dei o que você quis, prazer — o cortou com seriedade — Agora eu não quero mais você, rala daqui! — sussurrou entredentes.
— Você sabe que eu não vou embora.
— Você pede pra eu te magoar... — murmurou com escárnio — Aí Harry, o que você acha da gente transar? — questionou se virando para encarar o europeu — Hoje tô afim de foder e você não é uma escolha tão ruim. O que você acha? Topa vim me satisfazer? — complementou com seriedade, assistindo o inglês engasgar com a própria saliva e tossir com certo desespero.
— O-o que? — falou desorientado e com dificuldade de compreender o que ela lhe sugeria.
— Vai querer ou não? — Beatriz reforçou com um tom impaciente.
— Claro! — respondeu com afobação — Claro que eu vou querer — pigarreou ao reformular sua resposta com um tom mais contido.
— Ótimo, vamos — antes que ela andasse na direção do inglês, ela sente alguém agarrar o seu braço e a puxar para trás. Por cima do ombro, ela encarou com zombaria a expressão severa no rosto do Draco Malfoy da Shoppe.
— Você não faria isso... — ele resmungou aborrecido.
— Não só faço, como já fiz! — rebate com um tom de voz infantil — Por que? Vai chorar? — provocou se soltando bruscamente do seu aperto.
— Você não passa de uma vadiazinha — disse o homem entredentes.
Ela soltou um riso nasal, debochando: — Da última vez você me chamou de vagabunda. Qual vai ser a próxima? Prostituta? — voltou a se aproximar, fingindo arrumar a gravata vermelha.
O homem não respondeu, apenas ficou a encarando de cima com cólera contida.
— E advinha só? — questionou retórica, enquanto simulava limpar algo em seu ombro — Ser chamada de vadia não passa de elogio vindo de você — ela cuspiu com desprezo — É o último aviso que eu te dou, me deixa em paz!
Beatriz se virou e com passos pesados ela andou em direção ao carro do inglês, puxando o celular do bolso para fazer uma ligação. Não demorou nem dois toques para que atendessem e uma voz levemente desesperada falar um "alô?" receoso.
— Arranja outra pessoa pra te dar carona, porque hoje eu vou transar! — ela nem esperou que Richarlison respondesse e simplesmente desligou na cara dele.
Harry correu atrás dela, deixando aquele engomadinhos plantado e sozinho no estacionamento, bufando mais que boi.
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Richarlison olha para o visor do celular confuso, sua testa estava franzida e suas sobrancelhas juntas enquanto tentava decifrar se aquilo era um tipo de piada ou pegadinha. Ela realmente iria fazer aquilo com ele?
— Algum problema pombo? — Emerson pergunta para o centroavante brasileiro ao o ver parado no meio do vestiário, imóvel a mais ou menos três minutos.
— Emerson... — o zagueiro resmungou para que ele continuasse — Você sabe se estamos gravando algum quadro de pegadinhas do Sílvio Santos?
— Do que 'cê tá falando doidão? — questionou confuso.
— Eu... Só não entendi o que aconteceu — ele resmungou desorientado
— Hermanitos, o que paso? — Romero se aproximou, passando o braço pelo pescoço de ambos e enfiando a cabeça entre eles.
— Eu acho... Que eu vou ter que enfrentar os perigos noturnos para ir pra casa — respondeu com um suspiro pesado.
— Por que? O que aconteceu com sua namorada? — Emerson indagou sarcástico.
— Que mané namorada maluco, já disse que somos só amigos — Richy explodiu, tirando o braço de Cristian de cima dele com um movimento brusco.
— Na verdade, você nunca tinha dito com todas as letras — Royal argumentou ao ver o amigo estressado se sentar no banquinho massageando as têmporas.
— Agora eu disse, beleza? Não aguento mais esses rumores — reclamou sentindo a cabeça vibrar em dor.
— Vocês não ajudam também — rebateu o zagueiro com um tom acusatório.
— E agora eu vou ter que me afastar da menina pra pararem de inventar história? — perguntou sarcástico — Acho que todo mundo deveria começar a cuidar da própria vida e deixar a minha e a dela de lado — acrescentou aborrecido.
— Calma hermanito, não precisa ficar estressadinho não — Emerson falou levantando as mãos no ar, indicando a sua desistência.
— A questão não é essa... — Richarlison revirou os olhos e encostou a costa no metal gelado do seu armário — Quer saber? Esquece, não tô afim de falar disso agora — sua cabeça doía demais para começar uma discussão aleatória.
— Como desejar patrão — Royal rebateu irônico, se afastando do amigo.
Richarlison desviou o olhar para o teto branco e ponderou suas opções, que no caso não eram muitas. Qual seria a possibilidade de Neymar aceitar ir buscá-lo de bicicleta aquele horário?
— Qual foi irmão? — ele ouve a voz de Lucas perguntar ao seu lado, Richy vira a cabeça para encarar o mais velho e solta um suspiro alto.
— Tem como você me levar em casa hoje? — questionou com um tom cansado.
— Ih, pior que eu combinei de me encontrar com minha namorada daqui a pouco, mas por que? A bea já foi embora? — perguntou confuso.
— Ela disse que tinha que resolver uns bagulho, na verdade eu não entendi direito — resmungou com o cenho franzido.
Não iria expor a menina para todo mundo.
— Ah sim, relaxa aí que eu vou arranjar essa carona 'pra tu agora — o meia-atacante o traquilizou enquanto esticava o pescoço para analisar as suas opções.
— Alguém viu aquele estrupício do Kane? Eu tô com as coisas dele — Son gritou ao sair do banheiro, recebendo um total de zero respostas positivas.
— Ae Son, cola aqui — Moura elevou o tom de voz quando viu o oriental já arrumado andar pelo vestiário.
— Você sabe onde aquele inglês se enfiou? — perguntou andando em direção ao brasileiro esperançoso.
— Na verdade não, mas queria te pedir um favor — Lucas respondeu com o cenho franzido.
— Dependendo do que for, até dois — Sonny respondeu colocando as mãos na cintura.
— Tem como você levar o meu parceiro aqui, em casa hoje? — pediu com um tom ameno — Beatriz teve que ir mais cedo — explicou diante do olhar confuso do outro.
— Claro, só que ele vai ter que esperar um pouco, eu tô com uns bagulho do Kane — avisou coçando a nuca com uma careta.
— Ah sem problema, eu espero! — Richarlison respondeu de imediato.
Son sorriu para ele e aquela foi a sua deixa de analisar o que ele vestia. De onde estava, podia ver o cabelo liso úmido, grudando algumas vezes em sua testa, o ponta esquerda vestia a mesma roupa de sempre, uma blusa básica, uma calça jeans skinny, uma jaqueta de couro e sapatos desportivos, tudo na cor preta.
Costumava se perguntar se o oriental estava indo em um velório, mas naquele momento só conseguiu pensar que ele estava gato pra caralho e de como seria satisfatório remover peça por peça.
— Acho que o Harry já foi Sonny — Cristian que estava ali por perto avisou.
— Puts... E o que eu faço com isso? — perguntou erguendo o shampoo anticaspas do cr7 e um condicionador qualquer.
— Deixa aí, ou leva pra casa — Lucas Moura respondeu dando de ombros.
Acatando a ideia, Son colocou os itens no banco em frente ao armário do inglês, pegou sua mochila e se virou para Richarlison: — Vamos então?
O caminho até a sua casa foi silencioso, Richarlison estava nervoso por estar sozinho com o oriental, então ele brincava com os dedos enquanto ignorava a insistente dor de cabeça que o deixava enjoado. Son estava concentrado no caminho que fazia, mas o silêncio de Richarlison lhe incomodou em todo trajeto até a residência do companheiro de equipe.
— O que foi? Você está tão quieto — perguntou preocupado quando pararam na frente da sua casa.
Richarlison sorriu contido: — Só uma dor de cabeça, mas vai passar quando eu dormir — explicou retirando o cinto de segurança.
— Não esqueça de tomar remédio — Son o advertiu com um tom sério — Descanse, o dia foi longo — ele sorriu destravando as portas.
Richarlison agradeceu pela carona e desceu do carro, andando a passos lentos em direção a entrada da sua casa. Quando em um rompante, ele estagnou na metade do caminho e respirou fundo se virando para ir em direção ao veículo novamente. Son havia acabado de ligar o motor e estava prestes a partir quando fora interrompido por batidas no vidro do passageiro.
— Aconteceu algo? — perguntou confuso depois de abaixar o vidro e se inclinar para frente, com intuito de escutar melhor.
— Você vai fazer alguma coisa amanhã? — questionou receoso, ele assistiu Son franzir a testa e desviar os olhos pensativo.
— Não que eu lembre. Por que?
— Quer vim aqui em casa amanhã? — convidou mordiscando o lábio.
— Claro, por que não? — Sonny respondeu sorrindo contido enquanto coçava a têmpora sem jeito.
Ambos compartilhavam do mesmo sentimento sufocante, doía pensar que não se veriam amanhã e queriam a todo custo evitar aquela sensação incômoda que apertava o peito. Só de estarem de despendindo assim, os deixava com um certo desânimo e trazia lágrimas para os olhos.
— Então eu te vejo amanhã — se despediu com um sorriso animado.
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Na manhã seguinte, Richarlison sentia a cabeça e os olhos doerem ao descer pela escada e a claridade do sol fraco ofuscar sua visão. Ele funga e pisca confuso, sentindo seus ouvidos zumbirem pela música alta que sooava por sua casa aquele horário, e fixa seus olhos na dupla disposta em seu sofá.
Neymar estava distraído com seu celular, o camisa dez se encontrava sentado confortavelmente com uma de suas pernas esticadas para frente e aoutra dobrada em cima do estofado, já Beatriz estava em uma das cadeiras pertences a sua mesa de jantar, com o pé do atacante apoiado em cima de sua coxa e um alicate de unha na mão, concentrada em mexer no pé do atacante.
— A margarida acordou — Ney cantarola com um sorrisão no rosto, abandonado o aparelho para anunciar sua entrada.
— Bom dia preguiçoso — Beatriz nem ergue o olhar para o encarar.
— Vocês já viram que horas são? Pra colocar uma música tão alta? — Richarlison reclamou enfezado
— Estamos animando esse bairro mortão — Neymar justifica com um beicinho nos lábios.
— Vocês estão incomodando meus vizinhos — Richarlison corrige coçando o olho — Daqui a pouco a velha chata do rottweiler vem aqui em casa reclamar — resmungou mal-humorado.
— Aquela que reclamou no grupo do bairro de dois idiotas mexendo com o cachorro dela? — Beatriz questiona, acompanhando ele se sentar ao lado de Neymar.
— Essa mesma! — confirmou com um tom cansado, se encolhendo todinho no canto que escolheu.
— Esquenta não, do jeito que ela é velha, não deve escutar nem se uma bomba explodir do lado dela — o camisa dez o traquilizou.
— Ah, ela escuta sim — Richarlison o contrapôs com uma careta de desgosto.
— A audição dela é seletiva, pra arranjar confusão ela escuta que é uma beleza — Beatriz explicou com o mesmo sentimento.
— E eu não quero problemas — acrescentou o camisa nove.
— Relaxa gente, eu sou um encantador de idosos — Neymar revelou com um tom convencido — Nenhum deles resistem ao meu charminho! — garantiu.
— Ela vai encantar a bolsa dela na sua cara — Richarlison resmungou enfezado.
— Você está comunicativo demais 'pra quem acabou de acordar — Beatriz apontou, o camisa nove costumava ser caladão quando recém levantava.
— É o efeito que vocês dois juntos tem em mim — comentou irônico.
— Então te incentivamos a ser mais proativo? — a garota questionou com uma suposta "honra".
— Vocês me incentivam a me matar — retrucou o camisa nove.
— Ownti, que fofo! Você tem o mesmo efeito sobre mim — ela garantiu afirmando com a cabeça.
— Fico feliz em ser um sentimento recíproco — eles sorriem forçado um para o outro — Qual é a disso? — questionou apontando com o queixo em direção a onde o pé de Neymar descansava.
— Virei pedicure particular dele por um dia — anuncia com um sorriso animado.
— Péssimo serviço inclusive! Um absurdo, ela arranca mais pele do que cutícula, já perdi as contas de quantas vezes ela fez meu dedo sangrar, exijo meu dinheiro de volta! — Ney reclamou insatisfeito.
— Como eu vou devolver o que você nem me deu, campeão?
— Ah é, esqueci que era de graça — ele sorriu amarelo.
— Onde você estava ontem a noite? — Richarlison questionou a menina que provavelmente chegou pela manhã.
— Eu já disse, transando.
— Com quem? — o camisa nove indagou curioso.
— Não te interessa — respondeu com o cenho franzido.
— Lógico que interessa, você deixou de comprar meu lanche 'pra se encontrar com esse outro palhaço — Neymar protestou.
— Ciúmes? — Bea questionou com um sorrisinho convencido nos lábios.
— Sim! Do meu lanche que deve ter ido parar na barriga de outra pessoa! — continuou a falar revoltado.
— E eu quase tive que voltar a pé pra casa — Richarlison também protestou.
— Eu fiz foi é a boa 'pra você, pensa que eu não fiquei sabendo no carro de quem que você voltou? — ela sorriu sugestiva.
— Ah não começa!
— E ai? Rolou beijinho de despedida? — Beatriz o provoca, fazendo biquinho para fingir beijar o ar.
— Claro que não!
— Ih pombo, cê tá muito fraco, se fosse eu já tinha enlaçado o boy nos meus encantos — Neymar o julgou com um ar risonho.
— Duvido — o camisa nove discordou o encarando de cima a baixo.
— Isso tudo é inveja do meu corpitcho irresistível? — indagou convencido.
— Inveja? Eu tenho é dó dessa tua testa de aparar raio, Pennywise de Taubaté — Richarlison rebateu com o cenho franzido.
— Sabe o nome disso? Bullying! — o camisa dez cruzou os braços e fez um beicinho emburrado.
— Ownti, tadinho do meu neném — ela se inclina sob ele e acaricia sua bochecha em um consolo — Se preocupa não, acho que o Emerson conhece um esteticista que faz cirurgia pra diminuir a testa pela metade do preço!
— É isso que você chama de consolo? — o atacante indagou irônico, com os olhos cerrados — Vou ligar 'pro Thiago! — ele cruzou os braços e virou o rosto, como uma criança mimada.
— Que que esse prego vai fazer? Vim amolar a faca dele nesse teu testão? — implicou com um sorriso brincalhão.
Neymar não respondeu, apenas continuou bicudo e a se recusar encarar um dos dois ou a falar alguma coisa diante da gargalhada que ambos soltaram juntos. Richarlison e Beatriz já estavam ligados no jeitinho torto de o camisa dez ser, então apenas o ignoraram e aproveitaram o silêncio matinal.
— Aí, falando sério agora — Júnior não demorou para parar de fingir estar chateado e foi o primeiro a quebrar o silêncio — O que cê vai fazer? — questionou em direção ao pombo.
— Em relação a quê? — resmungou se fazendo de desentendido.
— Ao Son caralho, vai se fazer de sonso agora? — explicou impaciente.
Richarlison franziu as sobrancelhas para baixo, colocou a mão no peito e arfou fingindo surpresa: — Como você advinhou? — indagou sarcástico.
— Estou falando sério! — o astro da seleção rebateu — Você prentende não fazer nada por acaso? — questionou com uma sobrancelha levantada.
Neymar assistiu o camisa nove tomar ar para falar com uma sobrancelha arqueada: — Se eu disser... — o centroavante começou com um tom hesitante — Que é por aí, o que você faria?
— No mínimo, te bateria — Neymar respondeu sarcástico.
— O que você espera que eu faça?! — exclamou cruzando os braços, emburrado.
Beatriz apenas os assistia conversar com um ar pensativo, lembrando das poucas vezes que encontrou com o coreano e o brasileiro em um mesmo lugar.
— Não querendo te iludir nem nada do tipo... — a carioca começa, chamando a atenção dos dois para ela — Eu acho, que ele sente no mínimo uma atração por você meu príncipe — completou pensativa.
— E por que você acha isso? — Neymar perguntou.
— Eu tenho uma sensação tá ligado? — Beatriz resmungou sem saber como explicar.
— Que sensação? — foi a vez de Richarlison falar confuso.
— De estar sendo crucificada, amaldiçoada, xingada, torturada, tudo que termina com 'ada' — começou a enumerar com os dedos — Por aqueles olhinhos puxados malignos — terminou gesticulando exageradamente com a mão.
— Você tá viajando, o Son é incapaz de fazer mal até a uma formiga — Richy saiu em defesa ao oriental.
— Então quer dizer que pra ele eu sou inferior a um inseto? — ela colocou a mão no peito com certa indignação.
— É o que eu disse, você tá se tornando aos poucos a vilã do conto de fadas deles — Neymar resmungou com um tom solidário.
— Eu preferia me tornar a fada madrinha do conto de fada deles! — ela protestou amuada.
— Não reclame comigo, e sim com quem criou o script da sua vida — o camisa dez rebateu com o cenho franzido.
— Você acha mesmo que ele possa ter algum se sentimento por mim? — Richarlison questionou encabulado.
— Eu disse atração, não sentimento — Beatriz o corrigiu enfática.
— Não interessa qual for, é sua chance pra beijar a boca dele — Neymar replicou, olhando sugestivamente para o atacante.
— E como eu vou saber se ele... Sente alguma coisa? — Richy indagou ao ponderar a ideia.
— Perguntando — Beatriz deu de ombros ao responder.
— Você sabe que ele não tem coragem — Neymar dispensou a ideia indiretamente.
— Moleque frouxo do caralho! Não honra o pintinho que tem no meio das pernas dele — Bea resmungou, cruzando os braços com desagrado.
— Ei! — Richarlison protestou por fora.
— Que tal deixar subentendido o seu interesse? — o camisa dez sugeriu cortando sua possível queixa.
— Como assim? — o centroavante não havia entendido.
— Em resumo, ir jogando uns verdes pra ver se você colhe maduro — Neymar explicou paciente.
— Vocês acham que vai dar certo? — perguntou inseguro.
— Só o tempo dirá — Ney resmungou dando de ombros.
— Eu só acho que se você gosta mesmo dele, deveria tentar investir — Beatriz se intrometeu — Levar um fora é melhor do que ficar matutando o que poderia ter acontecido se você tivesse se declarado — a garota aconselhou.
—Quando eu disse que tava afim dele? — a contrariou por pura birra, ele concordava em partes no discurso feito por ela.
Nunca foi de negar as coisas que queria, e já tinha algum tempo que estava afim de estragar algumas amizades.
O camisa nove se encostou as costas no estofado se sentindo desconfortável, tinha a sensação de estar esquecendo alguma coisa importante mas não sabia dizer o que era e aquilo lhe incomodava.
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Eram quase meio dia quando Richarlison atravessou seu quintal e foi em direção a uma espécie de casinha secundária, na verdade, deveria ser a garagem. Mas enfim, havia usado aquele espaço para colocar alguns equipamentos de academia e guardar bagunça ao invés de um carro, porque logicamente ele não tinha um.
Ele entrou pela porta de correr de vidro temperado e assistiu Neymar pedalar com calma, o craque estava sem camisa e com uma toalha de rosto envolta de sua nuca, seus os olhos castanhos esverdeados estavam vidrados na televisão de sua sala de musculação, ou academia particular, assistindo algum programa de comentarista esportivo qualquer.
Qualquer não, aquele ali que falava de forma exasperada para a câmera era ninguém mais, ninguém menos que Craque Neto.
— Poisé, mais uma vez, Neymar sentiu o tornozelo direito e estará fora do próximo jogo do PSG... — o velho falava para a câmera, apontando de forma exagerada para a lente. Sendo discreto, Richy se locomoveu em direção ao banco do puxador vertical para fazer companhia ao atacante.
— Então, essa foi a desculpa que seu empresário deu? — comentou apenas para que iniciassem algum assunto.
— É... — murmurou com um suspiro cansado — Era impossível não perceberem que eu faltei os últimos três treinos — resmungou coçando a têmpora.
— Você tem falado com alguém de lá? — perguntou atraindo o olhar do astro da seleção para ele — Sei lá, o Marquinhos ou o Lionel — acrescentou dando de ombros.
— Quase todo dia eles me mandam atualizações sobre como anda o clube — resmungou pensativo — Continua do mesmo jeito — ele sorriu com certo pesar — Foi na hora da raiva 'tá ligado? — de onde estava, poderia ver o brilho encabulado no olhar do jogador e apenas aguardou pacientemente ele continuar a se explicar — Eu não queria ter sido tão... Amador. Quer dizer, eu tô nesse meio a tanto tempo e me descontrolei desse jeito — acrescentou soltando um riso soprado regado com uma certa jocosidade.
— Se arrependeu de ter socado o Tortuguita? — o camisa nove perguntou com curiosidade.
— Lógico, posso não demonstrar, mas eu fiquei bem chateado comigo mesmo, o Kylian é só um moleque — resmungou agora coçando a nuca com insatisfação.
— Um moleque de vinte e quatro anos — Richy alegou com seriedade.
— Ainda assim, um moleque — rebateu convicto no que falava.
— O que ele te disse 'pra te deixar tão puto? — indagou com um beicinho concentrado nos lábios e olhou com expectativa para as íris esverdeadas.
— Não vem ao caso agora ta ligado? — Ney desconversou — Já passou e é uma coisa que eu tenho que resolver com ele — respondeu dando de ombros como se não ligasse.
Okay, o Neymar responsável atacava novamente.
O astro da seleção quando não queria ser engraçado, era bastante sério. O camisa dez, sempre que necessário, seria o primeiro a tentar tomar as rédeas da situação, a assumir as responsabilidades, aconselhar e a incentiva-los, sempre com aquele sorriso brincalhão e uma seriedade sem igual antes de cada partida, afirmando diversas vezes que estaria lá para os ajudar e, caso precisasse, encobrir algum de seus erros.
Ele era um ídolo e tanto.
Sua pose de 'criança mimada' era apenas uma das muitas faces que o craque exibia. Sempre se cobrando demais, se culpando demais, se martirizando demais, como se a todo momento o peso do mundo estivesse sob suas costas.
E, de certa forma, estava.
Todos os olhos estavam nele, vinte e quatro horas dia, sete dias por semana, sem descanso algum. E ao mesmo tempo que o aplaudiam pela frente, por suas costas estavam esperando o mínimo deslize para o empurrar do palco e, como a moda antiga, o colocar em uma forca para ser crucificado pela opinião público.
Gostava de pensar que aquele era o preço a ser pago por fazer parte da "realeza". Em seus olhos, o cara que usava a bicicleta de sua academia particular neste instante, ocupava o cargo de "príncipe do futebol", sendo o único brasileiro que competiu com Cr7 e Messi pelo título de melhor do mundo, o único ídolo de uma geração inteira, o único modelo que surgiu para os mais novos por toda uma década, ele era simplesmente Neymar Júnior.
— Falando nesse assunto — Richarlison coçou a nuca desconcertado — Nem te perguntei quanto tempo cê vai ficar aqui — questionou.
— Por que? Já quer me expulsar? — indagou bem humorado.
— Longe disso parça, só tô perguntado mesmo — ele comprimiu os lábios — Pode ficar o tempo que você quiser, cê sabe que eu odeio ficar muito tempo sozinho.
O camisa dez soltou um riso nasal: — Eu sei — rebateu com um beicinho brincalhão — Se eu não for demitido, eu fico até semana que vem, vou enfrentar as consequências da minhas escolha depois do aniversário da Beazinha — explicou um tanto pensativo.
— Ah, entendi — Richy resmungou sem se incomodar com o período que Ney permaneceria debaixo do seu teto.
— É só torcemos pro meu empresário não me encontrar antes disso e vim me buscar pela orelha — ele sorriu fechado tentando ser engraçado.
— Quem é esse cara afinal? — Richarlison indagou curioso, não era qualquer um que poderia intimidar Neymar.
— Como você não sabe quem é meu empresário? — questionou intrigado.
— Sei lá parceiro — rebateu com o cenho franzido — Você acha que eu saberia o nome desse cara se eu nem mesmo sei o da minha própria bisavó? — indagou sarcástico, Neymar resmungou um 'de fato' convencido pelo argumento.
— Meu empresário é meu pai pombo — Júnior revelou sem mais delongas, com um tom corriqueiro enquanto dava de ombros.
Antes que pudessem continuar o diálogo que não lhes agregariam em nada na vida, o barulho da campainha sooa por sua casa e os interrompe. Richarlison e Neymar se encaram confusos, mas não se incomodam em ir até a porta, Bea provavelmente já faria isso.
— Você tá esperando alguém? — Ney indaga curioso, voltando a pedalar com calma.
— Não que eu lembre — Richy coça a nuca, franzindo a sobrancelhas ao tentar se recordar se havia chamado alguém.
— Será que aquela garota pediu alguma coisa pra comer? — resmungou coçando o queixo pensativo.
Não demora para que eles ouçam o barulho da porta de correr e pisadas na grama, ambos olham curiosos para garota que se aproximava com algumas coisas no braço e o celular na mão. Neymar se anima, achando que ela havia ido os chamar para almoçar.
— Richarlison, seu namoradinho chegou — Bea avisa ao entrar no cômodo.
— Quem chegou? — Richarlison pergunta com o cenho franzido.
— O Son, quem mais seria o seu "namoradinho"? — indagou sarcástica se aproximando de onde o camisa dez estava — Por que 'cê não avisou que convidou ele? Eu teria arrastado o Ney daqui e deixado a casa inteirinha pra vocês — reclamou.
— Puta, eu tinha esquecido que tinha chamado ele — Richarlison coçou a nuca com uma carinha confusa, sabia que estava esquecendo de alguma coisa importante.
— É uma anta quadrada mesmo — Neymar resmungou com desgosto.
— Você deixou ele sozinho lá? — Richy questionou já se levantando.
— Falei pra ele se sentar que eu vinha aqui chamar você — Bea respondeu se apoiando na bicicleta que Neymar utilizava.
Richarlison faz menção de abrir a boca, mas Neymar o corta: — O que cê tá esperando? — indagou irônico — Vai falar com o moleque cabeça de pica — mandou apontando para fora da academia.
Richarlison aquiesceu, mesmo que sua vontade fosse retrucar e começar uma discussão com o camisa dez. Ele atravessou o jardim apressado, torcendo para que não escorregasse pelo caminho de pedras e ralasse o joelho.
Pelo vidro da porta poderia ver o asiático sentadinho e olhando ao redor curioso, não demorando para que as orbes se fixassem nele ao entrar no cômodo.
— Richy... — Heungmin se levantou do sofá e sorriu tímido.
— Sonny — cumprimentou com o mesmo sorriso, passando um olhar atento na figura do oriental.
Ele prendeu a respiração ao analisar a forma que o asiático estava vestido, Son estava simplesmente deslumbrante. Os fios pretos estavam quase perfeitamente arrumados em um topete, vestia uma blusa branca lisa, uma calça e uma jaqueta jeans clara. Confessava que achava ele melhor sem roupa, mas o ver com aquela vestimenta mais despojada o deixava com mais tesão ainda.
Se sentiu até meio acanhado por estar com uma bermudinha cinza com estampa do pica-pau e uma camiseta preta com o símbolo do batman. Sua vergonha piorou quando percebeu que Son também o analisava atento.
— Espero não ter vindo... Muito cedo? — o asiático começou incerto — Você não me disse o horário pra vim e eu não sabia que você tinha visita em casa — justificou comprimindo os lábios meio acanhado.
Richarlison não entendeu a quem se referia, mas não demorou a se tocar: — A Beatriz? — Son concordou — Relaxa, ela tá mais pra um móvel da minha sala do que visita em si — tentou o traquilizar com um sorriso torto.
— Então... Ela vem bastante aqui? — Sonny perguntou como quem não quer nada, estralando os dedos incomodado.
— Quase sempre ela tá aqui comigo, é mais fácil porque nós vamos e voltamos juntos do trabalho — Richarlison andou em sua direção e se sentou no sofá, apontando para o seu lado indicando para que ele também se sentasse.
— Ah, entendi — murmurou o obedecendo.
— Ela é praticamente uma inquilina indesejada — acrescentou sem perceber o incômodo crescente no amigo.
— Sei... — ele mordeu os lábios suprimindo algumas queixas.
— Como você está? — se virou para ele com um sorriso animado.
— Bem, e você? — devolveu a pergunta sem esboçar a mesma reação.
— Tô tranquilo — respondeu sem se afetar pela expressão neutra no rosto do colega.
Antes que pudessem continuar o diálogo, tentativas de sussurros inundam os seus ouvidos. Son lhe lança um olhar confuso, já Richarlison sorri amarelo esperando o momento que aqueles dois apareceriam ali, mais cedo do que o esperado.
— Anda, veste essa camisa — Beatriz exclamou exasperada.
Ao menos, eles falavam português.
— Calma, tô vestindo praga. Nasceu de sete meses? — Neymar protestou enfezado.
— Praga?! — a voz da menina subiu alguns decibéis.
— De todas existentes, você é minha preferida — Ney tentou disfarçar.
— Não desvie o assunto seu sedutorzinho barato! — rebateu ainda com um tom indignado.
— Aí! Não me bate! — o camisa dez reclamou.
— Anda, veste isso!
Neymar e Beatriz surgem através da porta de vidro que levava a área externa, uma com uma careta impaciente e outro com um beiço emburrado. Júnior estava com um moletom roxo vestido pela metade, uma camisa que na verdade era sua e com um chinelo pouco centímetros maior que seu pé, ele claramente desaprovava o look escolhido mas não ofereceu resistências a garota que lhe obrigara a isso.
— Neymar? — a voz confusa de Son soou pelo ambiente, ao mesmo tempo em ele se levantava para cumprimentar.
— Oi Sonny, tudo bom? — o camisa dez devolveu com um sorriso animado nascendo no rosto carrancudo, não demorando para terminar de se vestir.
— Tudo sim, o que você 'tá fazendo aqui? — perguntou curioso.
— Ah, vim passar umas semaninhas com meu parceiro — ele apontou para Richarlison.
— Richy não me falou que você vinha — Sonny murmurou com uma certa chateação no tom de voz.
— Como eu avisaria? Nem eu sabia — retrucou sarcástico, com uma certa ignorância camuflada em seu tom de voz.
Estava incomodado pela forma que o asiático agia na presença do camisa dez, como se estivesse vendo uma espécie de deus ou entidade super-hiper-mega importante.
Neymar sorriu paquerador: — Eu vim de surpresa — ele lambe os lábios e lhe lança uma piscadinha, apenas para provocar mais ainda o compatriota.
— Foi por causa da sua lesão no tornozelo né? — perguntou com pesar na voz.
— O que? — Neymar murmurou sem entender.
— Eu vi a notícia, que cê ia ficar alguns jogos fora por lesão. Ou não foi isso?
— Ah, claro que foi isso! — Neymar afirmou com um tom exasperado, não demorando a ficar com a postura torta — Ah que dor! — ele fingiu um gemido de dor, ao mesmo tempo que mancava falsamente.
— Não era o pé direito? — Son apontou para a perna do outro com a sobrancelha arqueada.
— Ah, é que... Tá doendo os dois — justificou sorrindo nervoso, arrumando a postura para disfarçar aquele imprevisto.
— Mas... Você não vai colocar a bota ortopédica? — perguntou confuso.
— Acredita que dessa vez não precisa? Não foi tão grave assim — explicou com um tom pouco convincente.
— Já que é assim, que tal você fazer uma visita no clube? Acho que a galera iria ficar muito animada — Son sugeriu animado.
— Cla——
— Ele não pode! — Richarlison interrompeu a sua resposta e sorriu forçado para careta confusa no rosto de Son — Como não foi algo planejado de antemão, ele não pode ser visto em público — explicou com um sorriso forçado.
— Ah, que pena — Son resmungou desanimado.
— Na verdade, talvez eu possa ir sim — Neymar interpelou, recebendo um olhar cheio de insultos de Richy — Desde que não hajam câmeras — ele desviou os olhos de forma lenta, indo do rosto carrancudo do brasileiro para o de Son radiante.
Heungmin abriu um sorriso enorme, com seus olhinhos pequenos espremidos de forma adorável, até acharia fofo, se pelo canto de olho não visse Richarlison gesticular com a boca ameaças, xingamentos e possíveis maldições direcionadas a sua pessoa, de forma muda.
— Isso é uma ótima notícia! Não é Richy? — o asiático se virou para o brasileiro, ainda sentado confortavelmente no sofá, que parou de imediato o que fazia.
— Claro irmão — o centroavante sorriu forçado — Uma ótima notícia! — complementou irônico.
O corpo do camisa dez pende para frente quando ele sente um impacto em suas costas e braços rodearem sua cintura. Por cima do ombro, ele vê a cabeleira encaracolada e um sorriso adorável sendo direcionado para ele, acharia fofo se não sentisse o queixo pontudo dela ser pressionado contra suas costas como se servisse para repreende-lo de maneira discreta.
— Vamos? — Beatriz pergunta com as sobrancelhas franzidas, Neymar sorri contido e acena com a cabeça, sendo intimidado pela intensidade praguejante que ela lhe encarava.
— Onde vocês vão? — Richarlison se levanta confuso ao os ver indo em direção a porta.
— Passear.
— No meu apê.
Os dois respondem juntos. O centroavante brasileiro os encara com um olhar inquisidor, ao mesmo tempo que eles se entreolhavam com receio, decidindo o que fariam a seguir.
— Vamos primeiro no meu apartamento pegar algumas coisas e dar um rolê por Londres, mais tarde a gente vem pra cá de novo — Beatriz justifica com um tom não muito confiável, Neymar por outro lado, apenas concordava com ela com toda convicção existente em seu ser.
— Achei que você não podia ser visto — Sonny murmurou desanimado, gostaria de ter a companhia do astro da seleção por mais tempo.
Richarlison o encarou com certa indignação ao captar alguns traços de tristeza no tom de voz do atacante e ter a comprovação desse sentimento quando viu a expressão meio tristonha no rosto do asiático.
— Por isso eu peguei isso pra ele — Beatriz sorri contida e ergue uma máscara descartável no ar e um bucket preto.
Bea anda para a frente do atleta centímetros maior que ela, ajeitando os acessórios no rosto camisa dez que apenas a deixou fazer o que quisesse. Parecia uma criança de cinco anos esperando obedientemente sua mãe terminar de vesti-lo depois do banho, envergando apenas um pouco o pescoço para baixo para facilitar a tarefa alheia.
— Então, nós vamos indo — Borges resmunga arrumando o chapéu na cabeça de Neymar — Nos vemos mais tarde — ela sorri para a dupla próxima ao sofá, e puxa Neymar pela mão em direção porta.
O camisa dez acena de forma frenética antes de sumir do campo de visão deles, agora ele estava com aquela bermudinha de pano branca, o moletom roxo que provavelmente pertecia a Beatriz, uma máscara descartável preto e um bucket cobrindo seus olhos. O silêncio se perdura alguns instantes após a saída dos dois, Son e Richarlison voltam a se sentar lado a lado e pigarreiam, desconfortáveis com a quietude repentina.
Cingindo os joelhos e envergando a coluna para frente, Heungmin vira o rosto para encarar Richarlison com dúvida. Não vendo nenhuma desaprovação no rosto do colega de profissão pela proximidade da possível namorada com outro, ele resolveu abrir a boca.
— Eles são...? — Sonny tenta iniciar algum assunto com um tom insinuante, ele estava com a testa franzida, os lábios comprimidos e os olhos levemente arregalados.
Richarlison a princípio não compreende a pergunta camuflada na insinuação, mas não demora a pegá-la no ar quando Son indica a porta com a cabeça: — Amigos, apenas amigos — explicou coçando a têmpora desconfortável, se perguntava qual era a do interesse repentino do asiático na vida de Neymar.
— Ah, entendi — resmungou desviando os olhos para o carpete, o silêncio voltou a encantar seus ouvidos e sem querer deixar que aquela atmosfera os envolvesse novamente, é a vez do camisa nove se pronunciar.
— Eu... Acabei esquecendo que você vinha — Richarlison coçou a nuca sem jeito — Então eu não preparei nada — ele sorri amarelo quando os olhos pequenos voltam a se fixar em seu rosto.
Son solta um riso soprado e sorri fechado, achando certa graça do jeitão desconcertado que o amigo exibia: — Pra que tanta cerimônia? Até parece que eu não vim outras vezes aqui — ele relembra com os olhos cerrados — Posso ser considerado tão da casa quanto Beatriz por exemplo — alfinetou com um tom de zombaria.
— Você... Você é diferente — a crítica passou despercebido aos ouvidos do brasileiro, que de imediato tratou de contrariar o asiático.
— Diferente como? — indagou com calma, mas as sobrancelhas quase completamente unidas, os cantos dos lábios curvados para baixo e a testa franzida demonstravam certo grau de irritação.
— A Beatriz... — ele franze a testa sem saber como explicar, a intensidade no olhar do coreano lhe intimidava — A Beatriz é a Beatriz, e você é você entendeu?! — explodiu de repente, cruzando os braços um tanto quanto encabulado.
— Na verdade não, eu não entendi —rebateu com sarcasmo e olhos cerrados.
— Ah que seja, isso não importa agora — retrucou acanhado, torcendo para que o calor que subiu para suas bochechas não fosse ele ficando vermelho.
— Se você diz — ele resmunga a contragosto enquanto desviava o olhar.
O silêncio volta a os envolver, deixando o clima mais ameno porém, com uma pitada de desconforto por trás daquela falsa "hamonia". Tinha tantas coisas engasgadas na garganta do oriental que ele já se perguntava se foi uma boa ideia ter ido ali.
Richarlison sentia sua pele pinicar e sem percebe, suas unhas começam a arranhar a epiderme de seu antebraço, não demorando a coçar o próprio peito e depois a base do pescoço.
— Eu... — começou incerto, havia se cansado daquele silêncio sufocante — Trouxe sua camisa — Son jogou uma sacola no seu colo.
Confessava nem ter a notado o item nas mãos ou largado em seu sofá. Richarlison franziu a testa, ignorando o clima que começava a se dissipar, ele abriu a sacola lentamente para ver o que tinha dentro.
Ele retirou a camisa macia e a esticou na frente dos olhos, estava exatamente da mesma forma que ele havia emprestado. Seu coração acelerou levemente ao se recordar de quando ele o viu vestido com ela, da carinha acanhada e das orelhas rosadas.
— Nem lembrava mais... — resmungou analisando a camisa, não demorando a leva-la para o nariz, o cheiro de Son adentrou suas vias respiratórias e funcionou como algum tipo de droga, fazendo seu interior se acalmar de imediato.
— Eu lavei, espero não ser um problema — o oriental resmungou ao seu lado, Richarlison engasgou com a própria saliva e retirou a camisa do nariz em um rompante.
— Não, não pô — imediatamente o brasileiro negou com certo desespero, tinha medo de fazer o atacante o entender errado — Melhor ainda, porque agora tem o seu cheiro nela — deixou escapulir.
— O que? — Son franziu a testa, achando ter ouvido errado
— Que-quer dizer, o... Amaciante, eu gosto do cheiro do seu amaciante isso o que eu quis dizer — tentou reformular com certo nervosisimo — Inclusive qual a marca? — acrescentou apenas para disfarçar.
— Não sei... — respondeu incerto — Não sou eu que compro as coisas pra minha casa — resmungou ainda meio confuso.
— Quem é então? Sua namorada? — questionou por impulso.
— Na verdade, eu não tenho namorada Richy — respondeu sorrindo envergonhado — A mulher que cuida de mim que faz as compras normalmente — explicou paciente.
— Não? Por que? Você é tão... Boa pinta — o cenho franzido e a forma que Richarlison lhe encarava o fazia ter vontade de rir.
— Meu pai não deixa — respondeu com um ar risonho — Foi a condição dele pra me deixar jogar futebol, focar primeiro na minha carreira e depois na família — justificou assim que percebeu a confusão no olhar do parceiro.
— Por que? — indagou, o brasileiro nem piscava de tão concentrado que estava em suas respostas.
— Porque a partir do momento que eu decidir me envolver com outra pessoa com o intuito de construir um futuro junto dela, minha prioridade deixará de ser o futebol e passará a ser minha família — explicou paciente, abrindo um sorriso achando graça do interrogatório que se enfiara.
— Ah sim, princípios do seu país? — continou a questiona-lo com interesse.
— Acredito, que seja mais princípios do meu pai do que do país em si — respondeu dando de ombros.
— Ah sim...
— Entendeu agora? — ele assistiu Richarlison balançar a cabeça diversas vezes afirmativamente, como uma criança após ser questionada pela professora se havia entendido a matéria — Depois, eu posso perguntar qual amaciante ela usa e te falo, ok?
— Claro, obrigado — Richarlison sorriu forçado e pigarreou tentanto manter seu disfarce — Quer jogar um fifa? — perguntou desviando o assunto, voltando a arranhar a pele do seu antebraço.
Esses movimentos antinaturais não passaram despercebidos pelos olhos de Sonny. Não era comum ver Richy se coçando daquele jeito, se perguntou se ele estava tendo alguma espécie de reação alérgica, mas ficou quieto.
— Claro — ele fez um beicinho enquanto concordava com a cabeça — Mas, com uma condição — acrescentou assim que viu o camisa nove se levantar e jogar a blusa da seleção em seu ombro.
Richarlison se virou para ele confuso com o sorriso esquisito que enfeitava seus lábios, tinha a sensação de que o asiático estava armando alguma coisa.
— Quem perder tem que pular na piscina — propôs com um ar desafiador — Melhor de cinco — acrescentou animado.
— Meu aquecedor tá quebrado — resmungou confuso com a ideia — Eu tinha te falado, não tinha?
— Essa é a graça gatito — rebateu com os olhos cerrados.
— Você me chamou de gatinho em espanhol? — questionou mais confuso ainda.
— Esse é o significado da palavra? — Son tombou a cabeça para o lado de forma inocente — Romero me chamou disso e eu achei a pronúncia engraçada — justificou com um biquinho.
— E se fosse um xingamento?
— Seria melhor ainda — rebateu abrindo um sorriso faceiro — Vamos ou não? — insistiu.
— Sem arregar? — Richy impôs uma condição.
— Sem arregar! — o asiático garantiu erguendo o mindinho no ar, que não demorou para ser envolto pelo o do brasileiro — Seu inglês melhorou — Sonny apontou em seguida, surpreso com o upgrade repentino na fala bem menos desembolada do brasileiro.
Este que apenas sorriu e piscou para ele agradecido, se virando para ir embusca do Ps5 novamente
🇧🇷🇰🇷
— Você roubou! — Son afirmou emburrado quando Richarlison marcou mais um gol contra seu time nos últimos minutos do segundo tempo.
— Teu cu que eu roubei! — rebateu com indignação — Não é minha culpa se você é ruim de mira! — se defendeu enquanto cruzava os braços ao relembrar das finalizações vergonhosas que Heungmin fizera no mundo virtual.
— Você me deu o controle quebrado! — justificou com um beicinho emburrado, também cruzando os braços.
— Meus controles estão em perfeitas condições meu amor — retrucou irônico, não demorando a receber um olhar aborrecido do outro.
— Que seja! Não quero mais jogar!
Richarlison sentiu uma sincera vontade de rir ao encarar a cena do coreano largando o controle de qualquer jeito em sua mesinha de centro e de virar para o outro lado emburrado.
— Vamo que 'cê ainda tem que cumprir a aposta! — Richarlison argumentou se levantando para ficar na frente do mais velho.
— Não lembro de aposta nenhuma — resmungou se fazendo de sonso.
— Son! Não adianta de fazer de desentendido — Richy rebateu com um tom firme.
— Então, eu não trouxe roupa adequada para ir para piscina — tentou alegar, voltando a encarar o brasileiro com um olhar emburrado.
— Sem problemas, eu empresto as minhas — o sul- americano tratou de lhe dar uma solução, pegando Heungmin pela mão para o arrastar para a área externa.
— Não quero abusar da sua boa vontade — tentou argumentar, sem oferecer resistência para quem o guiava.
— Anda, não tem essa não, ou pula com essa roupa ou pula de cueca — o corpo do brasileiro retesou quando passaram pela porta de correr e ar gelado ricocheteou contra eles.
— A opção de não pular eu tenho? — o coreano questionou esperançoso.
— Com certeza não!
— E se eu ficar doente? Preciso estar saudável para o próximo jogo — alegou com um tom sério.
— Sua saúde não é tão fraca assim — o atacante rebateu.
— Quem disse que não?
— Os dias que a gente treinou com a sensação abaixo de zero me disseram — o camisa nove sorriu cínico.
— Eu estava agasalhado — choramingou quando ambos pararam frente a frente, próximos a borda da piscina.
— Não tem essa não, pode ir tirando a roupinha — Richarlison resmungou, agarrou a gola da jaqueta jeans e a empurrou para baixo, forçando o outro a retirar a peça.
— Uau, se você tinha vontade de me ver sem roupa era só pedir — comentou com uma falsa surpresa, mais uma vez não oferencendo resistências.
Ficou com certo medo do outro não entrar na brincadeira, mas a sensação não durou muito ao que ouviu a resposta do brasileiro: — Vejo seu corpinho quase nu todo dia no vestiário — ele jogou a peça de qualquer jeito no chão e sorriu com cinismo.
— Mas não é você que tira minha roupa — rebateu com um beicinho implicante, observando o mais novo engatar a mão na barra de sua camisa e a repuxar para cima.
— A gente pode mudar isso, tampinha — retrucou com um sorriso malicioso.
— Somos quase do mesmo tamanho! — alegou com o cenho franzido, erguendo os braços para cima obedientemente.
— Eu continuo sendo maior — refutou com um sorriso implicante, jogando a blusa no mesmo lugar que a jaqueta.
— Por centímetros — o oriental argumentou cruzando os braços.
— Esses centímetros fazem uma grande diferença na hora do sexo, sabia? — questionou retórico, inclinando o corpo um pouco para trás para analisar o físico do asiático.
Era, definitivamente, muito bem trabalhado. Aquilo o atraía, o fazia se imaginar lambendo cada pedacinho do seu tronco.
— Uau, já quer me levar pra cama? Sem nem mesmo um jantar ou um pastel antes? — ele colocou uma mão no peito e exclamou com uma falsa expressão de surpresa.
— Nunca fui muito fã do romantismo — argumentou lhe lançando uma piscadela.
— Admito que eu também não, mas eu nunca fui o que fiquei por baixo — Son sorriu malicioso.
— Pra tudo tem uma primeira vez gatinho — Richy murmurou dando de ombros voltando a sua tarefa de tirar toda a roupa do corpo do outro atleta.
— Por acaso, você acabou de me xingar? — perguntou bem humorado, sentindo seu corpo se pender para frente quando o atacante puxou a ponta solta do seu cinto.
— Quer pagar pra saber? — rebateu distraído em remover o objeto de couro.
— Um beijo em troca da tradução dessa palavra seu larápio — sugeriu com uma falsa expressão inocente, o tilintar do feixe do cinto soava como música em seus ouvidos.
— Acho que você tá ligado que eu não sou muito culto — resmungou finalmente tirando aquilo de sua calça jeans, ao mesmo tempo que levantava o olhar para o encara inquisitivo.
— Minha língua dentro da sua boca resolveria esse problema — não viu problema em flertar de forma mais direta, afinal, já estavam naquela brincadeira a algum tempo.
Um frio percorreu sua barriga quando sentiu as mãos do brasileiro desabotoarem sua calça: — Poderia fazer o favor de levantar as suas perninhas senhor Heungmin? — questionou ignorando a investida.
— Acho que senhor Andrade soaria melhor — ele não desistiu e tentou novamente.
Richarlison solta um riso soprado, abrindo um sorrisinho de lado que o fazia ficar fraco das pernas: — Você tá atacado hoje — comentou comprimindo os lábios.
— É o efeito que você tem sobre mim — rebateu sorrindo faceiro, se apoiando nas costas do sul-americano quando este se curvou para baixo para retirar sua calça.
— Fico feliz em ser uma boa influência — retrucou sarcástico, passando as pernas da vestimenta devagar, acompanhando a velocidade que Son levantava as pernas.
— Meus pais me disseram que você me levou pro mal caminho e me mandaram parar de andar com você — revelou se desencostando do outro para que ele endireitasse a coluna.
— E por que você não parou? — indagou confuso, jogando a calça junto com as outras peças de roupas enquanto analisava o corpo do coreano quase completamente nu, com apenas uma boxer preta da Calvin Klain, marca que o patrocinava.
— Porque eu ainda não consegui mamar seu pa——
Antes que ele pudesse completar, Son é interrompido por um empurrão brusco do camisa nove. Como um gato assustado, Heungmin sente seu corpo arrepiar da cabeça aos pés assim que ele entra em contato com a água... Quente?
Ué, jurava que estaria no mínimo alguns graus abaixo de zero e que seus ossos fossem congelar a qualquer momento. Não demorou a voltar a emergir, se balançando de um lado para o outro como um cachorro faz para se secar, ele firma com um tanto de dificuldade os pés no fundo da piscina e lança um olhar vitorioso em direção ao brasileiro.
Os olhos de Richarlison ignoraram a afronta e se concentraram em analisar com atenção as gotas de água deslizando por seu rosto, pingando dos seus cabelos jogados para trás, fazendo um caminho ao longo do seu pescoço e descendo para o peitoral definido. A água chegava a, mais ou menos, metade de sua costela e o permitiam enxergar o início do abdômen provavelmente tão trabalhado quanto músculo de cima.
— Você definitivamente está afiado hoje — Richarlison comentou se agachando na borda da psicina, encarando o coreano com a provocação e a diversão dançando valsa juntinhas por suas córneas, além das sobrancelhas franzidas o instigando a continuar com aquele joguinho.
— Uau, a água está estranhamente quente — comentou impressionado.
— Meu aquecedor está funcionando? — questionou retórico — Jurava que tinha esculhambado a umas três semanas atrás — resmungou com certa confusão.
— Vamos mais uma partida? — Heungmin sugeriu.
— Você quer continuar perdendo de mim? — provocou com um sorriso de canto, Son apenas tombou um pouco a cabeça para os lados e abriu o braço deixando uma resposta subentendida — Valendo o que dessa vez? — questionou enquanto se levantava, interessado na forma que o outro lhe encarava com desafio.
— A cada gol uma peça de roupa a menos — propôs com um sorrisinho de lado.
— Uau, onde está o culto, santinho e comportado Son Heungmin? — o centroavante zombou juntando as sobrancelhas.
— Ele nunca existiu, você que tinha impressão errada de mim — Sonny se aproxima da borda da pisicina e ergue a mão em direção ao atacante — Agora, que tal me ajudar a sair daqui?
Richarlison solta um riso soprado, estica o braço e pesca a palma do colega com a sua, apoiando a outra no joelho para que não perdesse o equilíbrio. Quando estava pronto para o trazer de volta para superfície, ele sente puxão em direção piscina.
Sem muito o que fazer, o corpo do camisa nove pende para frente e em decorrência do desequilíbrio, ele também caí dentro da água. Richarlison arfa em surpresa, e sem conseguir prender a respiração a tempo, um tantinho de água clorificada entra por seus lábios entreabertos e nariz.
Ele demora alguns instantes para se localizar debaixo da água, ele prendeu o que lhe restava de oxigênio e olhou ao redor tentando encontrar as pernas de Son. Sabia ter caído um pouco longe do corpo do asiático, e que provavelmente este se distanciou mais ainda.
Quando conseguiu o localizar, nadou até ele e emergeu na sua frente, ficando com o corpo quase totalmente colado contra o dele.
— Agora estamos os dois molhado — Son zomba com um ar risonho quando o brasileiro ressurgiu na sua frente.
A sensação da água se movendo ao redor deles os deixavam leves e ao mesmo tempo animados, nem um dos dois se incomodavam pela proximidade que estavam e apenas aproveitavam o calor um do outro.
— Mas o único sem roupa continua sendo você — rebate tirando o excesso de água de seu rosto com uma careta.
Ele foi pego de surpresa e sem tempo para conseguir tirar a roupa. O tecido de algodão de sua camisa grudado contra sua pele lhe dava certa gastura e agonia, então tratou de a retirar do seu corpo e a jogar em algum lugar qualquer do jardim. Heungmin fez uma careta ao sentir gotas de água respingarem contra seu rosto.
— Nosso encontrou virou uma festa na piscina? — Son questionou bem humorado, afastando levemente seu corpo do brasileiro para que não se molhasse ainda mais.
— Melhor do que dizer que a gente passou a tarde toda gritando um com outro por causa de um joguinho — ele segurou Heungmin pela cintura e o puxou de volta para mais perto.
— Tem razão — o oriental resmungou, espalmando as mãos no peito desnudo do atacante e deixando com que ele apoiasse parte do seu peso por impulso.
Os olhos pequenos desceram para a tatuagem no peito esquerdo do sul-americano, e não se conteve ao começar a contornar os traços do desenho com a ponta do indicador. Por estar próximo ao coração, ele conseguiu sentir o órgão vital de Richarlison bombear com mais força e achou aquele efeito curioso.
Richarlison o segurou pelo queixo com uma mão, e ergueu o seu rosto novamente para ele. Encarou por alguns instantes as íris brilhando em confusão antes de começar a virar o rosto do asiático de um lado para o outro o analisando de perto, e a outra permaneceu firme em sua cintura.
— Acho que você ficava mais bonito com aquele hematoma no pescoço — resmungou pensativo, compenetrado em desenhar cada traço do rosto do oriental com linhas invisíveis, o encarando com algo próximo a devoção.
— Então por que você não faz outro? — questionou sorrindo de lado.
Seu sorriso logo morreu ao que o brasileiro não o respondeu, se perguntando se ele havia passado dos limites na brincadeira. Quando finalmente percebeu a intensidade com que os olhos do outro encaravam, especificamente, seus lábios, parecendo estar hipnotizado. Son arfou, mordendo seu inferior por impulso, ao que o nervosismo o acometia mais uma vez.
Nunca conseguiu se sentir completamente sossegado quando estava próximo ao atacante.
O movimento instigou Richarlison a se inclinar para frente e lamber os próprios lábios, ficando poucos centímetros longe dos do coreano. Sua mão subiu por seu maxilar e se fixou em sua nuca, desta vez, ele apenas acariciou o início do cabelo do oriental e isso lhe causou arrepios.
Os olhos do brasileiro subiram para os seus e sem que percebesse, Son prendeu a respiração por alguns instantes. O ponta esquerda se sentiu hipnotizado, preso e refém das emoções presentes nas íris castanhas, emoções esta que não saberia dizer quais eram. Todas tentavam se sobressair sobre as outras e aquilo o deixava confuso.
— Eu não deixaria — murmurou de repente, seus cílios tremiam levemente.
Son franziu as sobrancelhas confuso: — O que? — indagou no mesmo tom de voz baixo.
— Se você se envolvesse comigo romanticamente, eu não deixaria você se dedicar mais a mim do que ao futebol — explicou fazendo um beicinho enquanto erguia a mão para tirar os fios que caíam sobre o seu rosto.
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