O acampamento estava absolutamente silencioso no momento em que pisei nele e vi alguns olhos se desviarem para mim.
A princesa Telmarina nos traiu. Palavras não ditas reverberavam no ar.
Edmundo sorri tranquilizadoramente para mim. Respirei fundo me lembrando de tudo que Caspian e Pedro me disseram. Revirei rapidamente os olhos me lembrando do drama que os dois fizeram quando contei o meu plano de vir falar com os telmarinos.
Parei em frente a tenda onde sabia que o conselho estava.
Edmundo caminha para ficar no meio da plataforma enquanto me posiciono perto da entrada.
Miraz olha para nós dois antes de seus olhos se fixarem nos meus, desconfortavelmente.
_ Charlotte.. - ele fala lentamente e cruzo os braços - Vejo que você está bastante apaixonada por contos antigos.
Edmundo segura uma risada
_ Vamos ver o que o menino tem a dizer.. - um dos membros do conselho diz.
Sinto vontade de jogar o pergaminho para Ed, mas em vez disso vou até ele e o entrego. Ele pisca convencido e sei que dar um soco no braço dele é inútil com toda a armadura que ele está vestindo, então apenas cruzo os braços (bem rigidamente sobre a armadura), mas não consigo esconder um sorriso que puxa meus lábios quando ele lê o que o meu Pedro escreveu, como um convite oficial de duelo.
Apenas ouvimos a voz de Edmundo lendo o pergaminho.
_ "Eu, Pedro, pelo dom de Aslam, por eleição e por conquista, Grande Rei de Nárnia, Senhor de Cair Paravel e Imperador das Ilhas Solitárias, a fim de impedir a abominável efusão de sangue, desafio o usurpador Miraz ao combate individual no campo de batalha. A luta será até a morte. A recompensa será a rendição total."
_ Diga-me, príncipe Edmundo.. - Miraz começou a falar, mas Ed o interrompeu.
_ É rei.
_ Como é? - Miraz olhou levemente irritado.
_ É rei, rei Edmundo... - Ed continuou sem se importar com o olhar raivoso que recebeu.
_ Só rei, Pedro é o Grande Rei.. - eu acrescentei sorrindo enquanto explicava.
Todos pareceram ficar incomodados, mas Miraz prosseguiu.
_ Por que nos arriscaríamos com tal proposta se nossos exércitos poderiam acabar com vocês até o anoitecer?
_ Você já não subestimou nossos números? - Edmundo perguntou confiante - Quer dizer, há apenas uma semana os narnianos estavam extintos.
_ E vão estar novamente.. - Miraz rebateu.
_ Então há pouco a temer.. - intervi - Se está tão seguro quanto ao seu exército, não há o que temer.
_ Não é questão de bravura..
_ Então recusa-se a enfrentar alguém com metade da sua idade? - Edmundo alfinetou.
Miraz lançou um olhar irritado. Meu cunhado astuto, pegou no ponto fraco do adversário.
_ Eu não disse que me recusava.. - Miraz falou.
_ Conte com nosso apoio, vossa Majestade.. - um dos homens da mesa falou - Seja qual for sua decisão.
_ Só nossa vantagem militar já é uma desculpa perfeita para evitar o que poderia ser.. - outro homem começou a falar, mas Miraz o interrompeu, se levantando tempestuosamente da cadeira.
_ Eu não estou evitando nada! - gritou e eu me segurei para não rir.
_ Estou apenas pontuando que se o meu lorde quiser, ele tem direito de recusar.. - o homem se defendeu.
_ Sua majestade jamais recusaria uma chance de monstrar ao povo a coragem do novo rei.. - o conselheiro finalmente falou ao nosso lado, atraindo a atenção de todos.
Um breve minuto de silêncio foi feito enquanto Miraz pensava.
_ Você.. - ele apontou sua espada para Edmundo - Torça para que seu irmão tenha a espada mais afiada que a sua língua.
Vejo no rosto de Edmundo, surgir em um pequeno sorriso.
Caminho até Edmundo e fico ao lado dele, pegando o pergaminho bem enrolado dele.
O homem à nossa frente hesita quando nós dois nos viramos para sair, então chama.
_ Um pequeno conselho para você, Rei Edmundo.
O garoto ao meu lado se vira.
_ Sim?
_ Fique longe das princesas Telmarinas... - seus olhos estão fixos em mim - Elas podem se provar ser um problema maior do que você pensa.
Edmundo o ignora intencionalmente e saímos da barraca.
Gostaria de ver a cara de Miraz descobrindo que eu namoro na verdade, o Grande Rei.
_ Eu não posso acreditar que vocês são parentes... - Edmundo fez uma careta.
_ Eu sei... - suspiro - Ele provavelmente é adotado.
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