Me encontrava nesse momento numa das celas do palácio. Não havia pregado olho durante a noite passada preocupada com meu pai.
Olho pela minúscula janela que ali havia e observo o sol a começar a aparecer e a luz a iluminar um pouco o local onde me encontrava.
Nesse momento ouço a porta ao fundo do corredor ser aberta por guardas que se dirigiram até mim com um prato de comida o qual passaram pela abertura nas grades da minha cela.
-Coma rápido, o rei espera.- Um deles fala.
-Não tenho fome.- Olho para eles com cara séria. Por mais que tivesse sido apanhada não mostraria como meu ego foi afetado. Ouço meu estômago roncar por não comer nada há quase dois dias, seguido da risada dos dois ali presentes.
-Se assim diz.- O outro fala e abre a cela logo me amarrando os pulsos e me encaminhando pelo corredor escuro.
Ao longo de todo o caminho não pude parar de pensar no que me poderia acontecer. Seria morta? Ficaria presa para sempre? Qualquer uma dessas hipóteses não me agradava.
Assim que chego na sala de auditório vejo toda a família real presente. Um arrepio desceu pelo meu corpo mas mantive minha postura.
Os guardas me levaram até ao meio da sala e aí finalmente largaram meus braços às ordens do rei e se colocaram atrás de mim.
Observei todos ali presentes. No meio se encontravam o rei e a rainha. O seu poder exaltava a sua imagem, um poder inalcançável.
Do lado deles estavam 4 rapazes, os quais deduzi serem os príncipes.
Do lado do rei estavam dois, um que tinha uma postura parecida à do pai e mantinha uma cara séria enquanto me olhava e ao lado dele estava o único príncipe o qual sabia o nome, Jeonghan, com um sorriso vitorioso e orgulhoso que me deu vontade de o socar.
Do lado da rainha estavam os outros dois. Um que parecia desinteressado no julgamento e aborrecido e ao lado dele o último príncipe me olhava como quem desejava boa sorte, o que me fez sorrir pequeno.
Sinto o olhar do rei sobre mim e viro minha atenção para ele, mas quem fala é a rainha.
-Não vai se ajoelhar? Está perante o rei!
-Porque eu deveria? Um rei que não dá valor e respeito a seu povo?
-Sua-
-Você percebe que não está ajudando no seu julgamento certo?- O rei a interrompe fazendo sinal para a rainha recuar.
-Oh claro que sei sua alteza. -Continuo num tom debochado que faz Jeonghan rir e receber um olhar reprovador do rei.
-Como se chama?- O rei começa de novo.
-Shin Sohyun.
-Shin Sohyun?- O rei repete me fazendo levantar uma sobrancelha em interrogação.
-Algum problema com meu nome?
-Por suposto. Me diga, quem é sua mãe?- Ele pergunta.
-Não acha que isso é algo pessoal sua alteza?
-Você não está em posição de fazer as perguntas aqui.
-Minha mãe morreu senhor. Há muitos anos.
-Qual era o nome dela?
-Shin Miyeon.
-Ela era de Fairybell?- Eu estava mais que confusa neste momento.
-Por que tanto pergunta sobre minha mãe?
-Me responda!- O rei aumenta o tom me assustando.
-Não senhor. Era de Baican.
-Me responda uma última pergunta. Seu pai é Shin Minseok?- Meus olhos se arregalaram ao escutar tal pergunta. Como ele sabia quem era meu pai?
-Sim senhor.
O rei parece perdido em seus pensamentos por um tempo. Em seguida, manda os guardas me soltar e se levanta do trono vindo em minha direção.
-Prazer em finalmente conhecê-la, senhorita Sohyun. Estive esperando você por muito tempo. - Meu rosto apenas mostrava confusão e acho que ele reparou pois logo continuou.
-Me deixe me apresentar formalmente. Meu nome é Choi Seungcheol um velho amigo de sua mãe. Devo admitir que é uma honra ser o primeiro a conhecer a princesa perdida de Baican.- Nesse momento senti meu corpo falhar de tamanho choque. Os restantes na sala não estavam diferentes. Até o príncipe que estava aborrecido passou a prestar atenção.
-Sua alteza, de-deve-me estar confundindo. Eu sou uma garota da aldeia. Nascida e criada.
-Eu sei do que falo. Sua mãe alguma vez lhe contou sobre sua vida em Baican?
-Não senhor…
-Me deixe ter a honra de lhe contar então. Há muitos anos atrás a corte de Baican estava desesperadamente procurando um príncipe que pudesse se casar com sua mãe para juntos assumirem o trono. Só que sua mãe era apaixonada pelo seu pai, um simples homem da aldeia. Assim, já grávida de você, ela fugiu do palácio junto de seu pai e veio ao meu encontro. Ela pediu que a ajudasse e que a acolhesse em Fairybell como refúgio. Apesar de saber que devia mandá-la de volta, deixei ela ficar apenas por causa de você. Se não fosse por você, teria mandado ela de volta. Essas historinhas de amores proibidos nunca serão permitidos aos meus olhos nem aos olhos de nenhuma outra corte. Óbvio que mais tarde sua irmã mais nova assumiu o trono. E sua mãe aceitou viver como uma mulher pobre da aldeia para viver o seu romance.
Eu ainda não conseguia acreditar. Não sabia o que dizer e meu corpo havia simplesmente paralisado.
-Você a deixou ficar só por minha causa… Sua alteza, posso saber o motivo?
-Simples. Se sua mãe voltasse para o palácio grávida a matariam a ela e a você. Apenas lhe dei um ato de caridade por ser uma velha amiga minha mais nada. Mas não foi de graça. E antes que pergunte como que sei que você é a filha de Miyeon, o pronome Shin é típico de Baican. Ninguém em FairyBell o possui.
Eu continuava sem acreditar. Não conseguia nem pensar que meu pai tenha escondido tudo isso de mim estes anos todos.
-Acredito que seu pai não lhe tenha contado para que pudesse viver como sua mãe desejava.- Ele fala como se tivesse lido meus pensamentos. - Mas acabou. Bem-vinda ao lugar onde pertence, princesa Sohyun.
________ 🗡 __________
Pela segunda vez no dia esperava audiência com o rei. Só que ao invés de ser como ladra, agora era como princesa. Ainda não estava conformada que sangue real corria pelo meu corpo. Sangue aquele que sempre odiei quase toda a minha vida.
Ontem estava contra eles. Hoje, sou uma deles.
Sentada do lado de fora do auditório real, lia as cartas deixadas pela minha mãe ao rei, as quais me foram entregues por uma das empregadas do palácio. Numa delas li meu nome. Minha mãe contava ao rei sobre o meu nascimento e lhe pedia para que mantivesse segredo sobre mim pois sabia que viriam à minha procura. Quando peguei a resposta vi algo sobre uma promessa que ela lhe fez mas não tive tempo de ler até ao fim pois fui chamada pela mesma empregada que me havia entregue as cartas.
-O rei a espera no auditório.
-Obrigada.- Me levanto e me posiciono em frente da grande porta do local.
Respiro fundo. Não sabia o que me esperava.
As portas são abertas revelando novamente toda a família real mais os conselheiros do rei. Olho novamente um a um e reparo que o príncipe que novamente sentava do lado do rei tinha uma expressão de choque.
-Senhorita Sohyun, entre.- Recebendo a ordem caminho até o mesmo ponto onde estive cerca de uma hora antes.
-Senhor.- Meu coração palpitava a mil dentro do meu peito.
-Tragam o homem.- O rei ordena e logo vejo guardas trazerem meu pai para perto de mim. A expressão dele era de alívio e de culpa. Ele sabia que eu havia descoberto tudo. Assim que nossos olhos se cruzam ele me abraça apertado.
-Sohyun! Que bom que está bem! Fiquei tão preocupado!
-Pai…- Retribuí o abraço sentindo meus olhos arderem com as lágrimas que ameaçavam cair.
-Me desculpa filha…Me desculpa por nunca ter contado a verdade. Me desculpa!- Ele fala chorando mas logo solta o abraço e se recompõe.
-Tudo bem pai. Eu entendo.
-Presumo que já acabaram de pôr a conversa em dia.- O rei intervém e os dois viramos nossa atenção para ele.
-Me desculpe sua alteza.- Meu pai fala fazendo uma pequena vénia.
-Bom..Passando ao assunto que nos trás a todos aqui. Passarei a explicar minha decisão. Shin Minseok, como você sabe, quando Miyeon apareceu aqui no palácio eu vos deixei viver no meu reino mas não de graça. Uma vez que finalmente tive o prazer de conhecer vossa filha acho que está na hora de cumprirem o que me foi prometido. - Minha expressão volta de novo à interrogação.
-Sohyun, sua existência deve ser reportada para a corte de Baican o mais rápido possível.
-Mas eu não sou nem herdeira ao trono.
-Isso não é de todo importante. Você é princesa e tem direito pelo menos ao seu título. Então decidi que passará a viver no nosso palácio de agora em diante.- Minha expressão passou de interrogação para surpresa. O rei toma a oportunidade para continuar a falar.
-Mas tem uma condição da qual não terá poder de decisão. Terá que cumprir a promessa de sua mãe de me realizar um grande favor assim como ela deixou escrito.
-E qual seria essa condição?
-Você terá que casar com meu filho, príncipe e futuro rei Wonwoo.
Assim que ele fala, meu mundo desaba ao ligar os pontos com a carta que não tive oportunidade de acabar de ler e sem dúvida, desta vez, achei que realmente ia desmaiar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.