Regina respirou fundo, secando discretamente uma lágrima que teimava em cair, antes de se recompor e abrir a porta do quarto. Seus passos eram lentos, como se estivesse deixando um pedaço de si para trás. Ao sair para o corredor, seguiu o caminho até onde os outros estavam.
(...)
Emma, que estava explorando os arredores, encontrou algo que a fez parar abruptamente. Seus olhos se arregalaram ao ver Sininho caída no chão, desmaiada.
— Sininho! — Emma correu até ela, ajoelhando-se ao lado da fada. Ela balançou suavemente os ombros de Sininho, tentando despertá-la. — Vamos, acorde. O que aconteceu aqui?
Sininho não se mexia, e Emma começou a entrar em pânico. Nesse momento, Branca entrou apressada no corredor, com a expressão tensa ao ouvir a voz de Emma.
— O que aconteceu? — Branca perguntou, correndo para o lado de Emma e se ajoelhando ao lado da fada.
— Não sei — Emma respondeu rapidamente, a preocupação evidente em sua voz. — Eu a encontrei assim. Parece que algo muito errado aconteceu por aqui.
Branca olhou ao redor, então disse:
— Ela está fraca, mas está viva. Precisamos levá-la para o quarto... — Branca começou, mas foi interrompida por Regina, que tinha acabado de chegar.
— O que houve aqui? Sininho? — Ela se abaixou, vendo que a fada ainda estava viva.
— Não sabemos, eu a encontrei assim — disse Emma.
— Certo, vamos levá-la para um quarto e, quando ela acordar, perguntamos o que aconteceu. E Zelena e os outros?
— Foram buscar o livro — foi a última coisa que Branca disse antes de Regina teletransportar todas para um quarto, deixando Sininho na cama.
Enquanto isso, no quarto ao lado do sótão, Zelena, Gold, David e Clarisse haviam entrado, observando os arredores. A atmosfera no local estava carregada de algo estranho, quase sombrio, como se o próprio ar estivesse impregnado de magia residual.
— O que diabos aconteceu aqui? — Zelena murmurou, franzindo a testa ao sentir a energia ao redor.
Quando se aproximaram da mesa no centro do quarto, algo chamou a atenção de Zelena. Lyra estava caída no chão, desmaiada, com um livro rasgado ao seu lado. As páginas do livro estavam espalhadas, e algumas pareciam ter sido arrancadas à força.
— Isso não parece bom — comentou Gold com um tom sombrio, aproximando-se com cautela. Seus olhos imediatamente focaram no livro aberto e nas páginas rasgadas.
— Ela está viva, mas algo a derrubou. — Clarisse correu até Lyra, ajoelhando-se ao lado da garota e verificando seus sinais vitais. — Não foi apenas um simples desmaio — Clarisse disse, levantando o olhar para os outros, sua expressão preocupada.
— Esse livro... — Zelena, que estava olhando fixamente para o livro rasgado, estreitou os olhos. — Não é o livro que estávamos procurando, né? — Ela se abaixou para pegar uma das páginas rasgadas. — Isso não é bom. Ravenna está atrás desses elementos.
— Esse livro tinha uma proteção. — Gold pegou o livro rasgado, observando-o com um olhar pensativo. — Alguém ou alguma coisa passou por ela. — Ele suspirou, percebendo a gravidade da situação. — Precisamos descobrir o que aconteceu aqui, e rápido.
— Lyra estava sozinha aqui, certo? — Zelena perguntou, sua voz carregada de ironia, mas também de preocupação genuína.
— Não sei. Mas, seja o que for, parece que algo ou alguém interrompeu o que quer que ela estivesse tentando fazer. — Clarisse balançou a cabeça.
— Não podemos ficar aqui esperando. — Zelena olhou para Clarisse e depois para o livro no chão. — Precisamos agir antes que Ravenna encontre o que está procurando.
— Precisamos saber exatamente o que Lyra estava fazendo aqui — disse Gold, olhando para o livro mais uma vez.
Longe dali...
Ravenna estava sentada em uma poltrona de veludo negro, em uma sala iluminada apenas pela luz fraca das velas flutuantes. Suas longas vestes douradas cintilavam à luz do fogo enquanto ela olhava fixamente para a mulher à sua frente, uma de suas irmãs, cuja presença era quase tão imponente quanto a própria Ravenna, com olhos tão frios quanto os dela.
— E tem certeza de que não viram você saindo? — Ravenna perguntou. Sua voz era calma, mas cada palavra parecia pingar veneno. Ela nunca tolerava falhas, especialmente agora, quando seu plano estava tão próximo de ser concluído.
— Não sou tola — respondeu a irmã, com um sorriso de desdém. — Eles estavam ocupados demais com as irmãs acordando.
Ravenna ergueu uma sobrancelha, intrigada, mas satisfeita com a resposta.
— E a irmã verde? — Ravenna perguntou, referindo-se à terceira irmã.
— Está atrás do livro, como o combinado — a irmã respondeu com firmeza.
Ravenna sorriu levemente, seu olhar frio brilhando com malícia.
— Ótimo. Tudo está se alinhando. — Ela levantou a mão, revelando um pequeno frasco que continha um pó prateado, um punhado de sonhos. — Quero que isso chegue até Rumpelstiltskin — disse Ravenna, estendendo o frasco para a irmã. — Ele precisa estar do nosso lado quando o momento chegar.
A irmã pegou o frasco, seus olhos escurecendo ao entender o que Ravenna planejava.
— E se ele resistir? — a irmã questionou, com um olhar penetrante.
Ravenna riu suavemente, sua voz soando como vidro quebrando.
— Oh, ele não vai resistir. Ele sempre cede quando vê o poder à sua frente. E, desta vez, ele terá o poder dos sonhos ao seu lado. — Ravenna se levantou, movendo-se como uma sombra pela sala. — Ele será uma peça fundamental, mas uma peça controlada.
Ela se virou para a janela, olhando para o horizonte, onde a tarde se estendia.
— Estamos tão perto, irmã. Quando o livro estiver em minhas mãos, quando as páginas estiverem restauradas, nada poderá nos parar. Nem Regina, nem Zelena, nem Emma. Todos serão consumidos pelo poder que estou prestes a liberar.
A irmã acenou em concordância, mas Ravenna ainda não havia terminado.
— Certifique-se de que todas as variáveis estão controladas — disse Ravenna friamente. — Não posso arriscar que essa resistência cresça.
A irmã assentiu antes de sair rapidamente da sala. Assim que a porta se fechou, Ravenna olhou para o punhado de sonhos que restava em sua mão e sussurrou para si mesma.
— A escuridão sempre encontra seu caminho. Agora, só preciso conduzi-la.
De volta ao castelo de Rumple…
Com todos no quarto onde Lyra estava, Gold se posicionou no centro, respirando fundo enquanto erguia as mãos e murmurava palavras. Regina e Zelena observavam com cautela, sentindo a energia aumentar à medida que Gold ativava o feitiço.
— Esse feitiço não vai apenas curá-la — disse Gold, com sua voz baixa e rouca —, vai nos conectar ao que ela viu antes de perder a consciência.
De repente, o corpo de Lyra começou a se mover levemente, seu rosto distorcido em uma expressão de dor e confusão. O ar no quarto pareceu vibrar com uma tensão invisível, e então, como se uma barreira tivesse sido rompida, Lyra arfou e abriu os olhos. Sua voz, fraca, começou a emergir.
— Ju... Julie... — murmurou Lyra, com os olhos vagos, mas a dor e o medo eram evidentes.
Regina se abaixou ao lado dela rapidamente, segurando sua mão.
— Julie? O que aconteceu, Lyra? — perguntou Regina, com urgência.
Lyra respirou fundo, tentando focar nos rostos ao redor. Sua mente ainda parecia estar presa nas imagens que viu, no caos que a derrubou. Lentamente, ela começou a recuperar a clareza.
— Ela... pegou parte do feitiço — disse Lyra, com a voz trêmula. — Julie... pegou algo importante. O livro... o livro estava dividido. Ela tem uma das partes.
Gold trocou um olhar rápido com Zelena e, então, voltou a focar em Lyra.
— O que mais você viu? — Emma perguntou, sua voz exigente, mas calma, conduzindo-a de volta às memórias.
Lyra piscou, tentando organizar seus pensamentos. Ela se lembrou de flashes de magia, de escuridão... e dos outros elementos que faltavam para completar o que Julie estava buscando.
— Existem mais três elementos... — Lyra começou a falar mais rápido, sua voz ganhando força à medida que as memórias retornavam. — Primeiro... coragem. Coragem de alguém que já foi uma criança perdida.
Emma, que até então estava apenas observando em silêncio, piscou, surpresa. Seus olhos se moveram de Branca para David, mas logo a realização a atingiu. Ela balançou a cabeça.
— Sou eu. — Emma murmurou, quase para si mesma. — Eu fui uma criança perdida... — Ela olhou para os outros. — Ravenna precisa da minha coragem.
Antes de continuar, o suor escorria por sua testa enquanto ela lutava para manter o foco nas visões fragmentadas.
— O segundo... — disse ela, com a voz hesitante, como se as palavras fossem difíceis de pronunciar. — A varinha da Fada Negra... Ela... ela vai buscar mais poder lá. — Ela se encolheu um pouco ao pensar na gravidade da situação.
Zelena, percebendo a implicação, murmurou para si mesma:
— Se Ravenna conseguir a varinha, ela terá acesso à magia mais sombria que existe... Poder puro, sem limites.
Lyra continuou, com os olhos agora focados no canto do quarto, sentindo a ligação entre eles.
— O último elemento... é esperança. Esperança que reside nos corações daqueles que acreditam... contra todas as probabilidades. — Ela fechou os olhos por um momento, antes de abri-los novamente.
Henry franziu a testa, tentando compreender o peso de suas palavras. Mas então, como se uma lâmpada tivesse sido acesa em sua mente, ele entendeu.
— Nós representamos a esperança... — Henry disse lentamente, trocando olhares sérios com Lyra. — A esperança de que sempre há um caminho. De que, mesmo no meio da escuridão, a luz pode vencer.
Lyra sentiu sua força se esgotar. Ela fechou os olhos novamente, agora exausta, mas a mensagem havia sido clara. A última parte do feitiço e os três elementos — coragem, a varinha da Fada Negra e esperança — eram cruciais para o plano de Ravenna.
Gold, que permaneceu em silêncio durante as revelações, finalmente se levantou, com a expressão grave.
— Agora sabemos o que ela precisa — disse ele, olhando para todos no quarto. — E também sabemos o que precisamos proteger.
— E o que fazemos agora? — Henry perguntou, sentado na cama, com a preocupação visível.
Clarisse assentiu, sua expressão séria.
— Agora sabemos todos os elementos que Ravenna está atrás. — Ela começou a listar, enquanto todos ouviam atentamente. — A rosa na neve, que claramente representa você, Branca de Neve. O primogênito que carrega o poder ancestral de luz e trevas, que é Roland... O coração da pessoa que ama de verdade... — Clarisse hesitou, seus olhos varrendo o quarto, claramente incerta de a quem essa parte se referia. — Ainda precisamos descobrir de quem isso fala.
Ela então se voltou para Emma, que ouvia atentamente.
— A coragem vem de você, Emma. E temos a varinha da Fada Negra e a esperança de Henry e Lyra. Esses são os seis elementos que Ravenna precisa para completar seu feitiço.
— Roland... Ela já está com ele. — Os olhos de Branca estavam arregalados de medo e dor. — Isso significa que Ravenna já tem Roland em suas mãos.
O quarto ficou em silêncio. Todos sentiram o peso das palavras de Branca. Regina fechou os olhos por um momento, respirando fundo, antes de falar com firmeza:
— Então, de seis elementos, só temos dois: a coragem de Emma e a esperança de Henry e Lyra. — Regina resumiu, olhando ao redor.
Emma, sempre prática, foi direto ao ponto.
— E onde encontramos a varinha da Fada Negra? — Ela perguntou, voltando seu olhar para Gold.
Antes que ele pudesse responder, Belle, que estava quieta até então, finalmente falou:
— Está em Storybrooke. Na loja de Gold. — Belle revelou, sua voz calma, mas carregada de gravidade.
— Guardei a varinha lá, protegida. Mas parece que chegou a hora de usá-la. — Gold disse sua expressão séria.
Zelena franziu o cenho, ainda ponderando.
— E quanto à rosa? — Ela cruzou os braços, lançando um olhar para Branca. — Branca você sabe onde podemos encontrá-la? Se Ravenna está atrás de você, significa que a rosa está conectada a você de alguma forma.
Branca respirou fundo, tentando lembrar.
— A rosa... Talvez eu tenha uma ideia, mas ainda não tenho certeza.... — Sua voz estava hesitante.
— Precisamos investigar mais sobre isso. Se a rosa é parte do feitiço, deve haver algo nos registros de sua família. — Clarisse sugeriu.
Bella, se ofereceu para ajudar.
— Deve haver algo em algum dos livros antigos de sua família, Branca. Posso pesquisar. — Ela disse, e Branca assentiu em aprovação.
— Eu vou atrás de Julie. Ela tem uma parte do feitiço, e não podemos permitir que Ravenna ponha as mãos nisso. — Regina disse, com uma expressão de pura determinação.
— Nós não sabemos onde ela está. — David, interveio. — Pode ser perigoso. — Ele alertou
— Ela ainda deve estar por aqui, e quanto mais tempo demorarmos, mais difícil será encontrá-la. — Regina rebateu, claramente decidida.
David trocou um olhar com Branca, preocupado.
— Você não pode ir sozinha, Regina. Não sabemos se ela é mais poderosa… — David insistiu.
Regina apenas deu um sorriso desafiador.
— Se quiser vir, fique à vontade, mas eu não vou ficar parada. Julie está lá fora, e eu vou encontrá-la. — Ela disse com firmeza, já se encaminhando para a porta.
David suspirou, murmurando para Branca enquanto Regina se afastava.
— De quem será que ela puxou essa teimosia? — Ele perguntou baixinho. Branca apenas sorriu com carinho.
Antes de sair, Regina olhou para Emma.
— Emma, você pode ver Sininho? Ela pode saber mais sobre o que está acontecendo. — Pediu Regina, confiante em Emma.
— Deixe comigo. — Emma assentiu. — Vou ver o que Sininho sabe. — Disse Emma, já se preparando para agir.
Regina, Branca e David se dirigiram para o sótão, prontos para sua missão.
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