Pov Crowley
Puta que pariu. Aziraphale só poderia estar querendo o matar. Depois de dias sendo tentado por uma pessoa cativante com um corpo deliciosamente rechonchudo, finalmente tinha privacidade o suficiente para se livrar um pouco da tensão que rondava sua virilha.
Sua mão já cobria seu mastro em movimentos ritmados quando, para seu espanto, ouviu cinco batidas na porta. Alguma coisa grave deveria ter acontecido. Deixando sua excitação para trás, levantou da cama em um salto e correu para abrir a porta, puxando o loiro quarto a dentro para que não corresse o risco de ser visto.
Ficou surpreso quando descobriu que Aziraphale havia o procurado não por algum problema, mas porque sentia sua falta. Já havia ajudado pessoas o suficiente a se livrarem de encrencas para saber que o que o médico sentia não era voltado para ele, mas para uma imagem de salvador que havia criado dele. Querer dormir perto era por querer sentir-se seguro.
Mesmo encantado com aquele homem e podendo aproveitar aquela oportunidade para se aproximar, ele sabia que aquilo era errado. Ainda assim, permitiu que Aziraphale ficasse, e mais do que isso, convidou-o para sua cama. Seu pênis ainda estava duro quando deitaram com o travesseiro entre eles, mas não tentaria avançar contra alguém em uma situação tão confusa, embora não achasse que conseguiria resistir se o outro fizesse o primeiro movimento.
Foi uma noite mais tranquila do que o esperado. O som da respiração do outro era relaxante e logo caiu em um sono profundo. Em seu sonho, Aziraphale o beijava com afeição, olhando no fundo de seus olhos com admiração e paixão, como ninguém nunca o havia olhado antes. Beijar seus lábios era um bálsamo em sua vida e todo seu corpo tornava-se instantaneamente relaxado.
Quando acordou na manhã seguinte, com o som vindo do quarto ao lado, percebeu que o médico havia invadido seu espaço pessoal, jogando a perna por cima do travesseiro para que seus pés se tocassem. Aquela busca por contato, por menor que fosse, arrancou um suspiro de seu peito.
Crowley respirou fundo, levantando-se sem fazer barulho e se vestindo apressadamente. Seu anjo dormia… bem, como um lindo anjo. Depois disso, as coisas foram bem. Eles se vestiram, arrumaram suas coisas e foram até o estábulo para preparar os cavalos. Foi aí que a merda aconteceu.
Assim que ouviu a voz de Ligur, Crowley puxou Aziraphale para cima do cavalo e galopou o mais rápido que pôde, tentando ganhar distância. O médico, deitado de barriga em sua frente, estava em desespero, mas Crowley concentrou-se em encontrar uma maneira de se livrar dos perseguidores que atiravam em sua direção. Estavam na maior velocidade possível quando a fumaça de uma locomotiva lhe deu uma ideia, incitando o cavalo a seguir em direção aos trilhos. Seria arriscado, mas era a melhor chance que tinham.
Vinte metros os separavam da liberdade, e Crowley pôde ver claramente o trem se aproximando à esquerda. Tudo o que ele tinha que fazer era conseguir passar para o outro lado e esperar que seus perseguidores ficassem para trás.
Quinze metros. Todas as memórias de quando chegou sozinho naquele continente estranho em busca de uma vida independente inundaram sua mente. Toda tristeza, solidão e incertezas foram transformadas em força para seguir em frente, um dia de cada vez.
Dez metros. Todas as coisas loucas que precisou fazer nas últimas décadas, todas as pessoas que enfrentou, todas as pessoas com quem se relacionou sem nunca criar um vínculo. Talvez morrer atropelado por um trem não fosse tão ruim assim.
— Crowley! - Gritou seu anjo, devolvendo sua atenção. - O trem! Está vindo um trem!
Cinco metros. O cowboy ignorou aquele estardalhaço, incitando Mister Moon a cruzar logo os trilhos. Ele fechou os olhos e, como por um milagre, seu plano deu certo e a perseguição estava encerrada, pelo menos por enquanto.
Sem os perseguidores em seu encalço, ele ajudou Aziraphale a descer e montar de uma forma mais confortável, tendo que respirar fundo quando sentiu os braços fortes do homem o abraçando pela cintura enquanto buscavam tomar distância.
— Nós vamos voltar, não vamos? - Questionou Aziraphale a certa altura. - Minha mala ficou no estábulo.
— Não se preocupe, tenho certeza que Anathema irá guardar até que voltemos para buscá-la.
A dupla continuou cavalgando até encontrar uma gruta meio escondida pelas árvores. Aquele acontecimento poderia custar algumas noites sem dormir no futuro para chegar a tempo em Boston, mas por hora, nada podia ser feito. Escondidos da chuva fina que voltava a cair, Crowley disse:
— Você tem algum dinheiro com você?
— Não, ficou tudo na mala.
— Fique aqui, vou até aquela vila e tentar arrumar alguma coisa pra nos esquentar. Tente acender o fogo.
Antes que tivesse resposta, o cowboy incitou o cavalo com um comando, chegando à pequena cidade em alguns minutos. A chuva chata o fazia desejar por seu chapéu, mas sabia que o outro estava fazendo um uso muito melhor dele. Com as poucas moedas que carregava, conseguiu comprar um cobertor grande o suficiente para os dois e uma lata de feijão, e já conseguia ver o rosto fofo de seu anjo por ter que comê-los mais uma vez, mesmo que nunca tenha reclamado em voz alta.
Pouco havia se passado do meio-dia, mas a chuva torrencial que caía lá fora e tornava o dia escuro dificultava sua partida. Com frio, logo Aziraphale começou a tremer e mesmo com pouca luz, Crowley podia ver que seus lábios começavam a ficar azuis.
— Vem aqui - disse enquanto se sentava ao lado do loiro, embaixo do cobertor. - Você está com hipotermia, precisamos te esquentar.
— Estou bem - respondeu o outro, batendo os dentes. - Você que vai ficar resfriado, com essa roupa toda molhada.
— Você tem razão.
Enquanto arrancava a camisa pela cabeça, Crowley ouviu um suspiro. Seu corpo estava arrancando reações divertidas do homem. Quando tirou as calças e ficou nu, Aziraphale estava vermelho e evitou contato visual até que todas as partes estivessem devidamente cobertas. Mais quantos parafusos teriam que ser apertados até que o homem finalmente pulasse nele?
— Você deveria tirar as roupas também - disse o ruivo. - Alguma coisa sobre calor corporal.
O médico demorou um pouco para agir, ficando em silêncio por alguns segundos, como quem ponderasse suas atitudes, mas logo acatou a sugestão. E céus, como aquele corpo era incrível. Cada dobra, cada pedacinho de pele, cada pelo… tudo em Aziraphale era lindo e agora estava próximo o suficiente para ser tocado.
Quando a última peça foi tirada, o médico se aproximou, deixando que seus braços se encostassem. Percebendo o quão fria a pele do outro estava, Crowley passou seu braço sobre os ombros de Aziraphale, envolvendo-o em um abraço caloroso. Aziraphale ainda não o olhava no rosto, mas estava visivelmente corado.
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