Midoriya observou até que o punk adentrasse no carro, ainda do lado de fora da casa.
O verdinho deveria confessar que estava desanimado, seu plano de se aproximar mais um tiquinho do roqueiro havia ido por água abaixo, tudo por conta de sua mãe.
Mãe essa que não deixou de estranhar os olhos do filho colados a entrada da casa.
Inko já começava a ficar impaciente com a demora do menino, ela não fazia ideia do Midoriya tanto via ali, tudo que sabia era que logo mais eles deveriam partir até o restaurante luxuoso que Atsushi escolheu e seu filho, como sempre, estava atrasado.
A mulher se aproximou do verdinho, tocando em seus ombros em uma tentativa de desviar sua atenção do bendito portão.
ㅡ Filho, Atsushi me ligou e disse que não irá mais vir aqui, nós iremos jantar fora. Você precisa começar a se arrumar, não podemos nos atrasar.
Assim que a viu Izuku deu um pulo, tratando de voltar para seu quarto no mesmo instante. Ele não queria ir naquele jantar, não mesmo. Todavia, não era como se tivesse outra escolha.
Assim que saiu do banho o esverdeado tomou um tempo, observando a tela de seu computador.
Midoriya sentiu as bochechas queimarem ao se lembrar da cena de mais cedo; Shouto o havia pego no pulo, fuxicando em seu perfil.
O verdinho deveria confessar que não esperava reação como aquela do punk, quer dizer, não era como se Shouto fosse um fanfarrão completo feito Bakugou, mas, o roqueiro não parecia se importar nem um tico com o fato do trombonista estar apaixonado por um amigo seu; por outro garoto.
Na cabeça de Midoriya aquilo não era errado e ele estava certo.
Mas, de todo modo, as pessoas que o cercavam não pareciam ter a mente aberta do bicolor e saber que o punk pensava o mesmo que si, o trazia um tiquinho mais de conforto e de esperança.
Afinal, se Todoroki não ligava para aquilo, Kirishima deveria seguir o mesmo pensamento de si.
E, por mais que Deku ainda não pudesse se considerar um mega amigo dos cinco baderneiros, ele sentia que aos poucos eles se entenderiam e talvez aquela aproximação o trouxesse uma amizade com os cinco e quem sabe alguns beijinhos de seu ruivo tão amado...
(...)
ㅡ Cê vai acabar arrancando seu dedo ㅡ Bakugou, que até então tirava um cochilo, falou encarando o vocalista mega ansioso a frente de si.
Kirishima não demorou muito para olha-lo com uma cara nada agradável, voltando a destruir suas preciosas unhas com seus dentinhos afiados.
O ruivo não conseguia conter sua ansiedade, sua mente continuava a atazana-lo sobre a ida extremamente exótica de Shouto a casa do trombonista.
Aquilo não fazia sentido, quer dizer, desde quando aqueles dois eram próximos? Eles nem sequer estudavam juntos!
Kirishima, na verdade, nunca prestou atenção no baixinho e, embora estivessem estudando na mesma sala desde a mudança do verdinho para o colégio de Toshinori, o vocalista não se lembrava de ter trocado muitas palavras com ele, exceto o básico.
ㅡ Katsuki ㅡ o ruivo chamou o amigo, que o encarou preguiçoso ㅡ Nós estudamos com o Midoriya desde o ano passado, você nunca notou algo diferente nele?
ㅡ Que papo é esse? Eu não perco meu tempo cuidando da vida dos outros.
ㅡ Não é isso, é só que...cê não acha estranho o Shouto ter ido a casa dele?
ㅡ Eu to pouco me fudendo pra o que aquele duas cores faz, cara. Aliás, foi ele quem pediu para que “esquecemos que ele existe” ㅡ o loiro falou por fim dando ênfase a frase dita pelo bicolor. Bakugou ainda estava um tanto puto com o líder dos roqueiros e a enorme dor de cabeça que o acompanhava, só piorava ainda mais isso.
Sem a resposta do loiro, Eijirou voltou a ficar perdido em seus pensamentos, voltando também a devorar suas pobres unhinhas cobertas de base.
Talvez ele estivesse exagerando um tiquinho, aquela poderia ser apenas uma incrível coincidência do destino. Como se Midoriya, sem querer nada, tivesse cruzado com Shouto e decidido ajuda-lo.
Bem, Eijirou não sabia, não enquanto o bicolor não chegasse.
(...)
O guitarrista dormia feito um bebezinho quando sentiu uma enorme e pesada mão ir de encontro com seu rosto.
Shouto deu um pulo, encarando o homem logo em seguida.
ㅡ Nós chegamos, rapaz ㅡ Tanaka tirou as mãos do rosto do bicolor, sinalizando que ele deveria sair do carro.
O roqueiro apenas sorriu sem graça, ele estava tão cansado que mal notou seu cochilo preguiçoso ali e, seguindo o que o homem falou, se levantou.
Todoroki já estava pronto para sair do carro e quem sabe tirar seu merecido cochilo na casa da rosada, mas bem no momento em que ele colocou os pés para fora dali o antigo celular de Midoriya acabou caindo de seu bolso, junto de seus piercings e brincos.
Tanaka arregalou os olhos quando viu aquilo, o homem logo franziu as sobrancelhas, ainda mais desconfiado.
Que diabos aquele menino fazia com o celular de Deku?
Foi o que ele pensou, bem, o homem já vinha desconfiando do roqueiro desde que encarou seus machucados e aquela cena só piorou ainda mais suas suspeitas.
ㅡ Rapaz, voc...ㅡantes que ele tivesse tempo de terminar, Shouto voltou para o carro, pegando ali tudo que havia caído e deixando o homem ainda mais confuso.
ㅡ Hã? ㅡ ele questionou, colocando seus brincos novamente, enquanto esperava que Tanaka terminar sua frase.
ㅡ Essas coisas...esse celular...
ㅡAh, isso? O tampi...o Midoriya me emprestou ele ㅡ Shouto respondeu, não convencendo muito o homem. Notando que ele mantinha seus olhos fixos em suas orelhas, o bicolor sorriu sem graça, dando um jeito de tirar seus benditos brincos novamente.
O punk até teria arranjado uma desculpa melhor para aquele deslize, porém, antes que ele tivesse tempo falar mais algo um certo ruivinho ansioso correu para perto de si, o distribuindo um abraço exageradamente apertado, seguido de uma dúzia de perguntas incessantes.
ㅡ Você demorou muito, bro! ㅡ Eijirou exclamou, nem percebendo a presença do motorista ali ㅡ Que roupa é essa? Meu deus, o que aconteceu no seu rosto? Foram aqueles desgraçados que fizeram isso? Eu sabia que ir sozinho pra essa briga não daria certo, quantas vezes eu cansei de explicar que aquele filho da putㅡ
Kirishima parou de falar quando percebeu o olhar do bicolor em si, Shouto apertou os olhos como se dissesse “cale a boca seu imbecil”, direcionando o olhar para o motorista logo ao lado.
Eijirou franziu as sobrancelhas e, somente agora, notou a presença do homem ali.
ㅡ Ah, boa noite, senhor. Obrigado por trazer o Shouto para casa ㅡele falou todo sorridente, estendendo as mãos para o homem que se mantinha paralisado feito uma estátua.
Os miolinhos de Tanaka ferviam enquanto ele tentava processar toda aquela cena.
Briga? A que briga aquele ruivo estava se referindo e, por que diabos o bicolor tinha brincos escondidos e o antigo celular de Midoriya consigo?
Com que tipo de gente Izuku andava se metendo?
Bom, ele talvez não soubesse por enquanto, mas, de fato, deveria ficar de olho naquele rapaz um tanto exótico e nas visitas que o trombonista levava para a casa.
(...)
Midoriya se sentia demasiadamente desconfortável naquele ambiente.
O terno acinzentado que sua mãe havia o obrigado a usar junto do gel abundante em seus fiozinhos encaracolados o deixavam ainda mais incomodo.
O trombonista odiava aquelas roupas, odiava ainda mais uma noite tão entediante quanto aquela.
Quer dizer, Izuku já estava acostumado com os jantares de negócios de sua mãe, estava acostumado com as perguntas inconvenientes que seus amigos enxeridos faziam e também com os olhos ameaçadores da mulher em si, calculando cada uma de suas palavras. Contudo, naquele dia em especifico, ele não queria continuar ali.
ㅡ Lembre-se de não dizer nada errado, filho. É bom que você o filho de Atsushi se deem bem. Faça isso por mim, certo? ㅡ a mulher reforçou pela milésima vez, ajeitando os fiozinhos do esverdeado para trás.
Midoriya apenas assentiu cabisbaixo. O trombonista estava desanimado.
Essa poderia ter sido uma das melhores noites de sua vida, ele estava ansioso para trocar boas fofocas com o bicolor rebelde; mais ansioso ainda para saber mais sobre seu tão querido ruivinho, porém no fim ele acabou ali; com um terno apertado demais e com os olhos de águia de sua mãe sobre si.
Diferente do que Deku imaginava, não demorou muito para que o tão ilustre Atsushi chegasse ali. O homem se aproximou da mesa em que ele estava junto da mãe, sendo acompanhado pelo filho.
Filho este que causou um certo espanto do trombonista.
Midoriya não entendeu muito bem quando encarou Minoru Mineta entrando ali. O garoto, assim como ele, usava um terno prega demais para um estudante junto de cabelos ajeitados para trás e um sorriso estranhamente amigável.
O verdinho engoliu a seco ao vê-lo, os boatos que ouvia sobre Minoru não eram lá os melhores. E, se aquela noite já lhe parecia ruim há algumas agora, agora sim as coisas poderiam ficar ainda piores.
(...)
ㅡ Eu não quero dormir com essa guaxinim! ㅡBakugou reclamou, indignado com o que havia acabado de ouvir.
ㅡ Qual foi, Katsuki? Eu levei uma puta surra hoje, o mínimo que mereço é dormir na cama ㅡ Shouto retrucou em seguida, o roqueiro ainda não estava em um mar de rosas com seus amigos, ainda mais com o baterista, que praticamente o abandonou na casa do esverdeado.
ㅡ Eu ainda não entendi, o Midoriya te deu um telefone e te obrigou a usar essa roupa de bichinhos? ㅡ Kirishima questionou, ainda fixo no tópico anterior da conversa dos cincos.
Assim que o ouviu Shouto bufou irritado, seguido por Katsuki.
Os dois já estavam de saco cheio das perguntas incessantes do vocalista sobre o ocorrido.
Quer dizer, desde que o bicolor botou os pezinhos na casa de Ashido ㅡ isso há mais de uma hora ㅡ o ruivo começou com seu interrogatório. Todoroki até tentou explicar algumas coisas ao amigo, mas Eijirou mal o deixava abrir a boca, continuando com perguntas irritantes.
E assim eles foram até a hora atual, hora essa em que Ashido já estava puta com aqueles três encrenqueiros.
ㅡ Vocês estão na minha casa, eu vou decidir as coisas aqui ㅡela começou a falar, visivelmente irritada ㅡ Você, seu bêbado ingrato, vai dormir grudadinho comigo enquanto você, matraca, fica com o Shouto aqui.
ㅡ Eu não vou dormir no chão, porra! ㅡ Bakugou exclamou.
ㅡ Você não vai dormir no chão, idiota. Meu irmão não tá em casa, pode ficar com a cama dele ㅡMina repetiu pela milésima vez.
ㅡ Eu não quero dormir com você, caralho!
ㅡ Deixa de reclamar, Katsuki. É melhor eu dormir com o Shouto, ele pode precisar de ajuda ㅡ Kirishima falou, se sentando ao lado do bicolor na cama.
ㅡ Se vocês não calarem a boca eu mesmo faço isso ㅡ o guitarrista retrucou, mantendo os olhos fechados.
ㅡ Vocês estão atrapalhando o sono dele, é melhor saírem daqui ㅡ Kirishima continuou encarando Mina, que lançou uma risadinha para o ruivo.
ㅡ Vamos, reclamão. Já passou da hora das crianças dormirem ㅡ a menina arrastou Katsuki pelos braços, ignorando os mil xingamentos do loiro para si.
Kirishima fechou a porta do quarto assim que eles saíram, encarando o bicolor deitado ali. Shouto ainda usava a camiseta comprada por Midoriya, junto dos band-aids decorativos em seu rosto.
ㅡ Se precisar de algo... ㅡEijirou se deitou ao lado do bicolor, encarando seu rosto agora sereno ㅡ....é só dizer ㅡo ruivo continuou, ainda mantendo os olhos fixos no amigo que a essa altura já dormia feito um bebezinho.
O ruivo apenas continuou a olhá-lo, anda cheio de dúvidas. Ele não tinha esclarecido toda aquela história, tudo que Shouto havia explicado era sobre o quão rico Midoriya era e que o baixinho havia o obrigado a aprender sobre seus trombones. Bem aquilo não era exatamente o que o ruivo queria saber, mas, por hoje, ele deixaria o amigo descansar.
Afinal, aquele não deveria ter sido um dia fácil...
(...)
Enquanto o roqueiro dormia sereno na cama da rosada, Midoriya se mantinha inquieto já não aguentando mais toda aquela falação irritante em seus ouvidos.
Isso porque, desde que Atsushi chegou o homem não parou de falar sobre seus mil negócios e sobre seu colégio tão amado.
ㅡ Meu filho é um exemplo entre seus colegas, ele atingiu a maior média de todo o colégio ㅡo homem falou, enquanto encara Inko e o filho.
ㅡ O Deku também é um exemplo, ele está na orquestra, é um ótimo trombonista. Não é filho?
ㅡ Você é um trombonista? ㅡ Mineta questionou, fitando o verdinho que o devolveu um olhar assustado.
ㅡ S-Sim.
ㅡ Sempre quis aprender a tocar instrumentos, mas não me dou muito bem com eles ㅡ Minoru voltou a falar, direcionando o olhar agora para Inko que manteve o sorriso no rosto.
ㅡ o Izuku pode ensiná-lo! Não é filho? ㅡ a mulher encarou o verdinho ㅡ Ele é um líder na escola, esse ano ele e a orquestra chegaram a ganhar o torneio, não é Izuku?
ㅡ Sim...bem, nós não ganhamos exatamente...
ㅡIsso é brilhante! ㅡAtsushi atropelou as palavras do trombonista, parecendo encantado ㅡUm torneio de música? Nunca havia pensado sobre isso, talvez seja uma boa ideia para meus estudantes.
ㅡ A música é uma ótima aliada na educação ㅡo arroxeado completou a fala do pai, mantendo os olhos no trombonista.
ㅡ E então, o que acha de seu filho ter algumas aulas com o Izuku? Eu aposto que ele adoraria! ㅡInko falou, sorrindo. Aquela era uma ideia que a mulher já havia tido a algum tempo e, sem dúvida, era uma maneira perfeita de se aproximar ainda mais da familia de Atsushi.
ㅡNão sei se é necessário, podemos pagar um professor particular.
ㅡNós somos amigos e, agora quase sócios, não seja egoísta Atsushi. Nossos meninos vão gostar dessa experiência. Não é, garotos?
Assim que sua mãe terminou de falar, Midoriya encarou Mineta, que sorria para si.
O verdinho não sabia bem quais eram as intenções do arroxeado com aquilo, mas, de longe, ele não lhe parecia interessado apenas em seus trombones.
ㅡ Acho que seria legal aprender algo novo, pai. ㅡ o garoto falou por fim, lançando um sorriso ao verdinho.
Midoriya apenas engoliu a seco, sua mãe o fitava como se implorasse para que ele aceitasse e assim o fez.
ㅡ ...nas quartas eu estou livre. Posso ensiná-lo. ㅡ Izuku respondeu após alguns minutos de silêncio, vendo sua mãe sorrir satisfeita.
ㅡ Nós temos uma coleção de trombones em casa e o Izuku não é apenas bom só neles, por alguns anos ele fez aulas de teclado com a irmã. ㅡInko continuou, despertando o interesse de Atsushi e do filho.
ㅡ Eu me lembro da Tsuyu, aquela menina é mesmo uma graça. ㅡAtsushi respondeu.
ㅡ Ela logo voltará para casa, seria bom que vocês viessem nos visitar assim que ela chegar ㅡInko continuou. ㅡ Você também pode trazer sua esposa, Atsushi. ㅡ Inko continuou, fitando o homem, que apenas sorriu.
ㅡ Também me lembro dela, costumávamos brincar juntos ㅡagora foi Mineta a falar ㅡ Ela se parece muito com o Midoriya. Mas, seu filho não parece ser muito de falar, senhori Inko.
ㅡAh...o Deku é meio tímido...ㅡInko respondeu ㅡ Bem diferente da irmã! ㅡ ela continuou, provando o riso de Atsushi e do filho.
Midoriya apenas continuou quieto, ele realmente não se sentia nem um pouco confortável ali. E, embora soubesse que as falas incovenientes chegariam, ele não deixou de ficar incomodado com elas.
Foram longas horas de Atsushi e do filho proseando com sua mãe, vez ou outra eles perguntavam algo ao trombonista, que apenas respondia com poucas palavras, não vendo a hora de finalmente ir embora dali. Em certo momento, o assunto sobre as aulas de trombone voltou a tona, para a infelicidade do verdinho.
ㅡ Então, estamos combinados; o Izuku será meu “professor de música” ㅡ o arroxeado falou, encarando Midoriya com um risinho levado.
Midoriya apenas engoliu a seco, lançando um sorriso sem graça.
Ele não sabia bem o que esperar daquilo.
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