Seria mais um dia normal de trabalho em Barcelona, porém algo estava um tanto que diferente. Gavi, um garoto jovem que havia garantido uma boa vaga no time catalão. Uma movimentação diferente estava presente no vestiário catalão, e isso chamava a atenção do jovem.
- O que esta acontecendo? – Ele estava do lado de seu melhor amigo Pedri, e logo percebeu o melhor amigo se lembrar de algo.
- Raphinha, é um jogador brasileiro que acabou de chegar. – Gavi deu de ombros e já começou a se aquecer dentro de campo. Pedri apenas ficou olhando a movimentação de alguns jogadores, mas pronto começou o trabalho do lado de Gavi.
Aquilo se estendeu desde que Raphinha havia chegado no time da Catalunha. Ele treinava bem e também ganhava espaço cada vez mais na equipe, mas alguém parecia não estar satisfeito com o rapaz. Raphinha, com aquela simpatia brasileira, sendo amigo de todos da equipe, estava super feliz com o carinho e a atenção que estava recebendo, seja com os jogadores, com a comissão técnica e até com os torcedores.
Mas nem tudo era o que parece.
*****
Desde que Raphinha havia chegado no Barcelona, tentou de tudo para ser amigo de Gavi. O brasileiro até havia conquistado a confiança do melhor amigo do garoto; o Pedri; este que sempre conversava com o rapaz sobre muitas coisas, além do futebol. Porém, quando isso ocorria, Gavi apenas olhava de longe, nem se importando com o assunto que ambos estavam falando.
E quando Raphinha, em um pós jogo, se aproximou de Gavi tentando o elogiar após uma bela partida pelo campeonato espanhol, se surpreendeu com a reação do rapaz.
- Parabéns pela sua partida, você foi bem demais! – Puxou um sotaque brasileiro/ espanhol para falar com o rapaz, mas se surpreendeu quando percebeu Gavi apenas o olhando e se levantando da sua repartição, andando em direção a saída do vestiário. Raphinha ficou indignado, apenas virando sua cabeça em direção ao espanhol.
- Ele é assim mesmo, relaxa. – Pedri disse ao sair da parte dos chuveiros do estádio. Raphinha cruzou os braços, ainda estando com o uniforme de jogo do time catalão.
- Ele é racista por acaso? – Pedri se assustou com a fala do brasileiro. – Desde que cheguei aqui ele não olha para minha cara, eu sempre tentei o ajudar mas ele nunca nem sequer me agradeceu por alguma coisa, e agora, quando eu vou o elogiar, ele simplesmente me ignora e sai. – Raphinha negou com a cabeça em sinal de ironia. – Não é possível Pedri... eu até dei um passe para ele no jogo para ele fazer o gol! – Raphinha disse as ultimas palavras com um tom mais alto, chamando a atenção de outros jogadores do Barcelona.
- Fica tranquilo, eu vou falar com ele, perguntar qual o problema. – Pedri, somente com a toalha na cintura, saiu dali e foi na sua repartição colocar alguma roupa. Raphinha foi na sua mochila pegar suas coisas para tomar um banho, e quando virou sua cabeça para a saída do vestiário, viu Gavi conversando animadamente com Lewandowski, recebendo até um abraço de lado vindo do atacante recém chegado no clube. Raphinha revirou os olhos, continuando seus afazares.
*****
Semanas se passaram e nada mudou. Raphinha continuava na mesma com Gavi; ele olhava pro garoto mas o mesmo nem sequer o olhava de volta, também havia parado de tentar cumprimentá-lo, ainda tendo aquela dúvida reinar na sua cabeça:
“Porque caralho que ele não fala comigo?”
E para Gavi, também nada mudaria. Pedri tentou falar com ele sobre a situação mas Gavi sempre afirmava que não gostava do brasileiro por conta do seu jeito. Pedri não entendeu nada da resposta do amigo, já que para ele a única “diferença” que ele via entre Raphinha e Gavi, tirando a nacionalidade, seria justamente a cor da pele.
Pedri se sentiu incomodado ao pensar mal do seu companheiro, mas realmente ele não encontrava outra desculpa.
E em um dia de treino como outro qualquer na Catalunha, Raphinha estava em um time justamente com Gavi ao seu lado. De vez em quando, ele olhava para o espanhol, vendo-o jogar com bastante calma, mas ao mesmo tempo demonstrando velocidade nas ações. E em um momento daquele jogo-treino, Ter Stegen, goleiro do time, jogou a bola pro alto e percebeu Alba pela lateral, o rapaz passou rápido e tocou para Gavi no meio campo. O garoto passou pelo meio e rapidamente avançou pela frente, porém neste instante, Raphinha passou pela lateral e levantou suas mãos pedindo a bola para mandar pro fundo do gol, porém Gavi não o fez, mesmo percebendo que o brasileiro havia passado; Gavi então decidiu arriscar acabando que isolando a bola por cima do gol, deixando Raphinha bravo com a situação.
- Por que você não tocou pra mim porra? – A ultima palavra fora citada no brasileiro popular, Gavi não entendeu, mas se assustou quando Raphinha foi na sua direção e o empurrou para trás com força. Alguns jogadores, que perceberam a situação, foram correndo na direção do brasileiro, o segurando com força.
- Hey, se acalme. – Alba segurou o brasileiro pelos braços.
- Como vou me acalmar Jordi? Esse cara está assim comigo desde que cheguei aqui! – Pedri ficou olhando de longe, vendo que Gavi apenas saiu andando como se nada tivesse acontecido. Sabia que aquilo estava passando dos limites, e queria fazer algo para acabar com aquela tensão.
Porém, quando pensou em dizer algo a Gavi, que havia chegado ao seu lado, se surpreendeu com Lewandowski, este que correu em direção a Gavi e logo começou a falar.
- Você tem algum problema com esse cara? – Robert é quem começou a falar naquele momento, sabendo que deveria fazer algo. Gavi olhou nos olhos do polonês, mas logo percebeu o maior segurando seus ombros. – Se ele lhe fez algo, me diga, vamos resolver isso. – Lewandowski disse ainda vendo Raphinha bravo com a situação.
- Eu não tenho nada contra ele. – Gavi disse calmo, mas Pedri arregalou os olhos.
- Que? Você não me disse isso quando conversamos! – Pedri se exaltou com as palavras do melhor amigo. Lewandowski revirou os olhos.
- Para de ser mimado e vamos jogar! – Lewandowski deu um tapa no braço de Gavi e voltou pra campo. Gavi tentou chamá-lo mas foi impedido por Pedri.
- Acho melhor você parar com isso que você tem contra o Raphinha. – Pedri saiu do lado do espanhol, o deixando sozinho com seus pensamentos. O jogo já havia reiniciado, e Raphinha estava mais calmo, conseguindo até dar um ótimo passe para Lewandowski, este que conseguiu marcar um gol de cobertura. Gavi ficou apenas olhando e vendo Raphinha abraçando Lewandowski de lado com o gol, ficou calado, apenas olhando a situação.
*****
Gavi sabia que se não mudasse aquela situação, nem Pedri nem ninguém estaria do lado dele e nem entenderia o motivo na qual Gavi não gostava de Raphinha. Não era racismo e nem preconceito, ele apenas não gostava do jeito na qual Raphinha era.
Mas devemos aceitar as pessoas, independente do que elas sejam.
Ele percebeu isso e sabia que tinha que mudar, mas estava morrendo de medo de conversar com Raphinha afinal, que moral ele teria para falar com o cara que ele mal conhecia? Raphinha no máximo ia meter um “fodase” na cara dele.
Ações valem mais que palavras Gavi.
Mas ele só não sabia que ações ele poderia fazer. Bom, o Barcelona faria mais um jogo fora de casa, desta vez contra um grande time, e por um momento o Barcelona ia bem no jogo.
Porém em um lance, Raphinha tinha muitos jogadores do time rival o marcando, e isso o deixava sem saída. Porém, percebeu que os jogadores estavam agindo de uma forma mais bruta, tentando até o chutar para conseguir a bola. Gavi percebeu a situação e foi correndo em direção a mesma, e quando Raphinha sabia que não aguentaria mais, acabou caindo no chão, recebendo um pequeno golpe no rosto. Ele caiu sobre a bola, ainda recebendo chutes dos jogadores adversários, mas nem sequer percebeu que poderia estar pior.
Raphinha, de olhos fechados, nem viu quando Gavi foi à sua direção e começou a protegê-lo, estando ao redor do jogador, impedindo que os jogadores adversários fizessem algo. Ele ficou ali, agüentando, até que o juiz tomasse alguma providência. Quando o juiz impediu que aquilo piorasse, Raphinha, ainda sentindo dores, olhou diretamente para Gavi e sorriu, sabendo que o rapaz o havia ajudado. Gavi sorriu de volta, despertando uma alegria interna dentro do brasileiro e um alívio gigante no peito de Gavi.
Agora parecia que estava um cenário diferente, parece que o sorriso de ambos os jogadores limparam o ar de tensão e desconforto.
*****
Quando o jogo acabou, o Barcelona saiu pro vestiário. Quando Raphinha entrou no vestiário, sorriu cumprimentando Lewandowski, o abraçando com força. Gavi, de longe, olhou pro brasileiro e sorriu de lado, e já de banho tomado pois havia descido mais cedo que os outros, pegou sua mochila e saiu andando em direção a saída, nem ao menos esperando Pedri. Raphinha viu o rapaz saindo do local, e entrou chamá-lo, mas sem sucesso.
Era agora a vez de Raphinha de dar uma explicação – agradecimento.
*****
Raphinha chegou no hotel com tranquilidade, aliviado pelo o que aconteceu. Ainda estava pensando bastante em Gavi e principalmente no que o espanhol fez por ele. Achou estranho de inicio, mas sabia que uma hora o rapaz se arrependeria do que fez.
De ter começado um preconceito que ele nem ele percebeu aonde estava.
Passou pelos corredores do hotel naquele instante, procurando o nome do jogador. Ele ficou olhando em cada porta, e logo percebeu o nome do rapaz escrito pequeno do lado do número. Ele sorriu, respirando fundo, sabendo que nenhum jogador havia subido naquele andar, a não ser ele. Ele bateu na porta, tranquilamente, sabendo que Gavi estava la dentro. O espanhol, por outro lado, estava jogado na cama, descansando do jogo, enfiado com a cabeça no travesseiro. Ele estava feliz, pois sabia que havia feito o certo.
Só não esperava que alguém bateria na sua porta naquele instante.
Gavi logo estranhou quando ouviu as mesmas. Ele bufou, se levantando da cama, indo em direção a porta. Gavi logo girou a maçaneta, abrindo a mesma, vendo o rosto de Raphinha na frente da porta. O brasileiro apoiou suas mãos na porta, com um sorriso bem alinhado. Gavi apenas olhou pro mais alto, com um sorriso leve nos lábios.
- Obrigado. – Raphinha agradeceu acenando com a cabeça. Gavi ficou calado, apenas olhando pro rapaz ainda com a porta aberta do quarto.
- Por nada, eu que lhe peço desculpas. – Gavi disse ainda recebendo um olhar forte sobre si vindo de Raphinha. – Eu fui um idiota com você e sei muito bem que errei. – Gavi riu consigo mesmo lembrando de certos comentários. – E aliás, eu não sou racista, antes que você pense o pior. – Raphinha riu descontraindo o clima.
- E posso saber porquê então você não falava comigo? – Raphinha disse em um tom calmo. – Por acaso me achava bonito demais pra você? – Gavi não entendeu a fala do brasileiro, que de primeira soou tão engraçado que Raphinha riu do próprio comentário, já que ele literalmente estava fazendo uma piada com a situação.
- Acho que o Pedri concordaria. – Raphinha se surpreendeu com a fala do rapaz, mas percebeu, pelo desvio do olhar de Gavi, que era dele mesmo que ele estava falando.
- Olha, parece que é você quem disse isso. – Gavi começou a rir com o comentário, olhando pro brasileiro.
- Então, é isso. – Gavi sorriu indo fechar a porta, mas se surpreendeu quando Raphinha segurou a porta, e como o brasileiro tinha muito mais força que ele, acabou que desistindo de barrar.
- Está tudo bem então entre nós? – Gavi sorriu mas se surpreendeu quando percebeu Raphinha segurar seu braço.
Raphinha sabia o que estava fazendo, e isso ia além da história contada aqui. Raphinha havia visto coisas que nem aqui está narrado.
Enquanto ele treinava, Gavi o olhava fixamente.
No vestiário, quando estava saindo do vestiário, Gavi, mesmo que disfarçadamente, olhava pro rapaz de uma forma diferente, como se estivesse interessado em algo.
Nas chamadas do elenco para jogos ou para treinos, Gavi sempre olhava a reação de Raphinha.
Sim, ele olhava o rapaz em tudo.
Mas diferente do que Gavi pensava, Raphinha sempre via estes contatos.
E agora não era diferente.
- Eu sei muito bem que você me olhava, mesmo que não me respondesse. – Gavi engoliu a saliva quando percebeu Raphinha ainda segurando seu braço. Ele havia tentado fechar a porta mas sem sucesso pro espanhol. – Sei muito bem que estava interessado bem mais do que eu posso imaginar. – Raphinha disse com um sorriso malicioso nos lábios querendo provocar o espanhol e ver até aonde aquela brincadeira iria.
O problema é que Gavi não entendeu a brincadeira, muito pelo contrário, levou-a sério até demais.
E realmente percebeu que aquilo se passava de uma brincadeira quando percebeu Gavi o mirar diretamente nos lábios. Raphinha ficou sem graça largando o braço do espanhol, mas se surpreendeu levantando os braços pro lado quando percebeu Gavi o grudar na nuca e o beijar desesperadamente.
“Se era isso que você queria Raphinha, parabéns, você conseguiu.”
Sabia que Gavi não resistiria, e não demorou para que ele grudasse uma de suas mãos na nuca do mais baixo, deslizando a outra pela blusa do espanhol. Sabia que aquela noite não terminaria ali, e sabia que Gavi tinha muito mais intenções do que ele imaginava.
A sincronia dos lábios, os olhos fechados, as mãos de Gavi sobre os ombros do brasileiro e as mãos de Raphinha na nuca do menor, o pressionando ainda mais contra seu corpo quando seu outro braço passou pelas costas de Gavi.
Ele sabia que aquilo ficaria apenas “entre nós”.
E que uma noite duraria mais do que um dia inteiro.
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