Pois o ciúme desperta a fúria do marido, que não terá misericórdia quando se vingar.
Provérbios 6:34
Molly entrou no laboratório com uma aura totalmente renovada, a tempos não tinha um encontro tão divertido como o de ontem à noite, Crowley soube mostrar uma parte de Molly que ela nunca tinha visto e hoje ela se sentia capaz de tudo; a morena parou vendo o detetive analisando algo no microscópio, respirou fundo e continuou sua trajetória rotineira indo pegar o jaleco e colocar as luvas, depois que vestiu o jaleco e se dirigiu as luvas sentiu novamente a dor nos pés, tinha dançado demais ontem e agora estava sofrendo as consequências da falta de costume.
−Bom dia Sherlock, começou cedo hoje. – Molly falou casualmente se aproximando do homem que até agora não moveu um único músculo, ela olhou os arquivos que tinha deixado na noite passada e andou até os equipamentos e decidiu continuar o trabalho.
−Com quem? –Molly parou o que estava fazendo e olhou para o homem que ainda estava na mesma posição, aquilo a assustou.
–O que disse?
−Está de bom humor, você saiu com alguém. –falou ele finalmente tirando os olhos do microscópio e lhe fitando com aqueles olhos afiados, Molly tinha ódio daqueles olhos, era como se eles estivessem a vendo nua, ela respirou fundo.
−Saí com uma amiga. –ela decidiu mentir, sabia que se falasse que fosse um homem o Holmes começaria a encher sua paciência, preferiu evitar por enquanto.
O Holmes voltou a analisar o microscópio e ficou novamente parado igual estátua o que irritou profundamente a patologista.
−O que você tanto olha nesse microscópio?
−Desenvolvimento de uma bactéria, quero ver como ela reage a algumas substâncias, é um processo chato que precisa de concentração e silêncio então se puder me deixar trabalhar doutora Hooper eu agradeceria. –respondeu ele firme e frio, Molly decidiu não abrir mais a boca, alguma coisa irritou o detetive e ela sabia que ele descontaria em quem quer que fosse, preferiria evitar para não estragar o seu bom humor.
−Droga! –Sherlock exclamou ao ver que seu experimento não tinha dado certo, já faz um bom tempo que estava realizando os testes e ainda não conseguiu sucesso. –Molly poderia me dar a fenacetina?
Molly pegou a substância e levou até o detetive, ela tentava ao máximo não fazer careta pela dor que sentia na sola de seus pés, estendeu o recipiente para Sherlock que recebeu.
−Dançou muito ontem à noite? –Sherlock perguntou surpreendendo Molly.
−Minha amiga, Agatha, é bastante animada e me forçou a dançar ontem, acabei exagerando na dose. –ela respondeu da forma mais natural possível, Sherlock voltou a se concentrar no microscópio e Molly voltou ao seu ponto inicial, Sherlock estava muito estranho, mais do que o normal, Molly sabe que algo está errado, mas ela não sabe o que é e preocupa ela de uma forma que nem mesmo ela entende.
−Terminei por hoje. –avisou Sherlock retirando as luvas e as colocando no lixo.
−Conseguiu finalizar?
−Não.
−Espero que consiga. –respondeu Molly sincera.
−Também espero. Molly tenha cuidado na próxima vez que for dançar.
−Vou tomar cuidado com a Agatha dapróxima vez.
−Você mente muito mal Molls. –respondeu ele saindo do local deixando Molly chocada.
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Depois que Sherlock sai do laboratório do Bart’s e volta para o 221B e encontra John sentado lendo jornal tranquilamente em sua poltrona vermelha.
−Olá para você.
Sherlock preferiu não comentar nada com o amigo, sabia que se ele falasse com John sobre ter ido até Molly ele provavelmente acharia estranho, afinal ele passou boa parte da noite anterior fora de casa e ele ir ao Bart’s tão cedo era um tanto incomum sem ter um caso em vista.
−Não vai falar nada? Tudo bem. – John voltou seu olhar para o jornal novamente.
O detetive retirou seu celular do bolso da calça e mandou mensagens para sua rede de sem teto, nela tinha as devidas características do tal cara que a Molly estava saindo.
Após algumas horas, em quanto estava sentado olhando seus e-mails para ver se tinha algum caso que merecesse seus devida atenção, seu celular anuncia uma nova mensagem, era um dos seus contatos das ruas, informando que a melhor maneira de lhe dar as informações era o encontrado em um local.
−John, nós vamos sair.
−Como assim? Eu realmente já deveria estar acostumado com esse seu jeito Sherlock. −disse balançando a cabeça e se aproximando do amigo. −Apareceu um novo caso? Sobre o que é?
−Vamos ter que ir até esse meu contato para descobrirmos mais sobre um sujeito.
−Ok, vou avisar Mary que vou me atrasar.
Ao chegarem na estação de Paddington, Sherlock foi caçando com o olhar o seu informante, ao encontrá-lo se aproximou do local, o homem estava sentado em um dos bancos da estação.
−Olá Sr. Holmes, já quero lhe advertir que esse cara é muito estranho, nunca tinha visto alguém tão incomum, e olha que vivo nas ruas dessa cidade, já vi cada figura! Mas ele é totalmente fora do comum, tem amigos mais incomuns ainda.
−Deixe de papo fale logo o que você sabe sobre ele.
−Depois não diga que eu não lhe avisei! Ele tem hábito de ir sempre no Sant. Jamais park lá geralmente ele encontra um amigo dele, o outro cara é loiro e sempre parece que tem uma aura ao redor dele, como se o cara fosse algum tipo de... de eu nem sei o que lhe dizer, o que eu descobri é que ele se chama Antony, vive fazendo coisas diversas, não parece ter um emprego fixo, mais é como se vivesse muito bem, quando estão na praça eles se comunicam estranhamente, o loiro sempre parece estar tenso e o cara ruivo é mais largado, eles se encontram sempre as 16h, então eu sugiro que vá e veja com seus próprios olhos o quanto esse cara é estranho.
Sherlock tirou do bolso um papel dobrado, provavelmente com dinheiro, afinal, informações como essas não são de graça.
Os dois se encaminharam para a praça em busca do cara ruivo, até que o viram sentado em um dos bancos próximo do lado.
−Realmente seu informante não mentiu, esse cara é muito esquisito, até mais que você. – Disse John olhando para Sherlock.
−É, pelo que parece ele é mais do que estranho, ele guarda alguma coisa.
−Afinal, por que estamos atrás dele? O que ele fez?
Sherlock não falou nada, não queria dizer o motivo por trás disso.
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−Então... −Aziraphale falou para tentar começar uma conversa. −Qual o motivo de você me chamar?
−Eu recebi uma missão. −Crowley comentou olhando para o movimento do parque como se não quisesse nada, o anjo olhou desconfiado.
−Eu também. −ele respondeu. −Vai dizer qual é? −perguntou.
−Diz você primeiro.
−Você me chamou! −o anjo exclamou.
−Ok, mandaram eu...impedir um certo anjo de juntar as encarnações de Adão e Eva.
−Bom Deus. Não acredito nisso. −Aziraphale lamentou.
−Olha, é uma boa que seja eu e você trabalhando nisso, se fosse outro anjo as coisas seriam bem mais complicadas. −Crowley argumentou tentando melhorar a situação.
−Como pode ser mais complicado que isso? Crowley, é Adão e Eva! Não podemos bagunçar as coisas como fizemos no jardim.
−Nós não bagunçamos, fomos obedientes o suficiente para fazer o que nos foi mandado, bom....eu fui. −respondeu Crowley.
−Podemos, por favor, esquecer a espada?
−Se insiste. −Crowley falou dando de ombros.
−Continuando, vamos ver o que podemos fazer para tudo dar certo.
−Já estou saindo com a Eva. −Crowley soltou a informação interrompendo o anjo que olhou surpreso para o ruivo.
−Você o quê?
−Estou saindo com a encarnação de Eva, seu nome é Molly Hooper, ela é bem sem graça, mas sabe se divertir se der um empurrãozinho.
Aziraphale respirou fundo, não saberia como lidar com Crowley nessa missão e nem como faria para isso dar certo sem prejudicar o demônio, sim, se importava com ele porque querendo ou não, lá no fundo sabia que ele era seu amigo.
−Desta vez não poderemos nos ajudar. −o anjo respondeu tentando por um fim naquilo, ele se levantou para ir embora, porém o demônio decidiu segui-lo.
−Vamos lá, anjo. Podemos fazer a coisa da certo para nós dois, sempre fizemos isso.
−Mas essa é uma situação diferente, não existe meio termo nisso.
−Que tal um vinho? −Crowley ofereceu ao anjo.
−Não vai dar certo dessa vez. −Aziraphale respondeu fazendo o demônio revirar os olhos.
−Isso não vai te matar ou....desincorporar, é só uma bebida.
Aziraphale não respondeu, estava considerando a ideia de aceitar o pedido do amigo, há um bom tempo não fizeram isso, era só ter cuidado para não cair na armadilha dele.
−Tudo bem, mas será na minha loja. −Aziraphale respondeu cedendo, Crowley sorriu com a resposta.
−O que estamos esperando?
Os dois entraram no carro e Crowley, como de costume, dirigiu descontroladamente pelas ruas de Londres, ele olhou pelo retrovisor e percebeu o carro que os seguia desde quando saiu do parque.
−Tem alguém nos seguindo −informou Crowley.
−Você acha que pode ser algum dos seus ou dos meus? −o anjo perguntou preocupado.
−Não, é um humano. −ele parou o carro um pouco longe da loja.
−Por que parou aqui?
−Preciso saber quem é, vamos anjo. −ele saiu do carro virando para trás para ter visão, viu o carro que o estava seguindo e conseguiu ver a feição do homem que ao seguia graças a sua visão.
Eles continuaram andando ate chegar na loja.
−O que vamos fazer? −perguntou Aziraphale.
−Não se preocupe eu tenho um plano e anjo, não se esqueça da minha proposta.
−Crowley, já lhe falei.... −o sino da porta soou informando que alguém entrou, passando segundos Sherlock aparece na visão de Aziraphale que estava nervoso, ele olhou para o lado esperando ver Crowley, mas tudo que viu foi uma enorme cobra.
−Ahn...Bem-vindos, meu nome é Aziraphale, em que posso ajudá-lo? −o anjo perguntou tentando demonstrar neutralidade, Crowley iria pagar pelo que fez.
−Onde está o seu amigo? −Sherlock perguntou rude olhando por todo canto e parando na cobra que estava descansando no sofá.
−Sherlock tenha um pouco de educação, desculpe o meu amigo, ele está de mal humor hoje, meu nome é John Watson e esse é Sherlock Holmes.
Na mesma hora o anjo lembrou do nome, jamais imaginaria que a encarnação de Adão aparecesse tão facilmente na sua frente.
−Onde está seu amigo? −Sherlock perguntou de novo.
−Que amigo?
−O que estava andando com você, o que entrou na loja com você. −Sherlock respondeu dando um olhar duro para Aziraphale, querendo que o anjo cedesse.
−Ele já foi. −Az inventou uma desculpa de última hora, John cerrou os olhos desconfiado.
−Nós acabamos de entrar. −respondeu John começando a achar estranho também.
−Ele saiu pela saída de emergência. −Aziraphale inventou outra desculpa ridícula.
−Por que ele sairia pela saída de emergência?
−Porque ele, tinha uma emergência? −Aziraphale deu um sorriso torto, que merda de plano era aquele que o Crowley fez?
−Sherlock, é melhor irmos. −John falou tentando convencer o amigo que ainda estava vidrado na cobra.
−Essa cobra é sua? −ele perguntou.
−Ahn? Ah sim, ele é minha cobra de estimação.
−Ele?
−Cobra macho.
−Hm.
− Obrigada pela visita, espero que venham novamente para ver mais livros, teremos semana que vem um evento aqui na livraria. −Aziraphale que estava com as mãos para trás fez em um passe de mágica um panfleto de uma roda de conversa sobre anatomia humana divulgando um livro, estendeu o panfleto para Sherlock que entregou para John enquanto saiam da livraria.
Aziraphel lembrava de já ter lido dos grandes feitos do famoso detetive nos jornais e sabia que seria um tema que o atrairia para loja, é como ele teria que se aproximar da encarnação do Adão nada melhor do que algum tema que a encarnação gostasse.
Quando teve certeza que estava somente os dois, Crowley voltou a sua forma humana.
−Viu? Eu disse que tinha um plano. −respondeu ele sorrindo sedutor.
−Um plano que envolvia em meter em uma enrascada dessa, porque não estou surpreso, você é um demônio.
−Então onde paramos?
−Paramos na parte em que você ia embora. −respondeu Aziraphale.
−Ainda temos que decidir um acordo sobre isso.
−Eu sei.
Crowley saiu deixando Aziraphale pensando no que faria, estava definitivamente lascado.
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