Sunoo e Sunghoon estão atrasados. Foi determinado que, como uma das punições, todos eles devem acompanhar o professor Hagrid até a Floresta Proibida logo após o último período de aulas para ajudá-lo a arrumar o lugar para a aula de Trato das Criaturas Mágicas do dia seguinte. Sunoo não ficou muito preocupado com isso, seria fim de tarde e o sol ainda estaria no céu, eles não teriam que ir até lá durante a noite ou coisa assim. Mas, Sunghoon pareceu particularmente incomodado com a ideia.
— Ele não está errado, você sabe disso — o mais velho insiste em defender os argumentos de Jay enquanto eles se apressam pelos corredores.
— Eu sei é que estamos atrasados e que eu deveria ter ido sem você mesmo — Sunoo reclama, mal podendo acompanhar os passos largos do mais alto.
Eles deveriam ter só tomado um banho — o que Sunoo fez com muito gosto, enojado de tanta terra que estava grudada na pele dele — e sair para encontrar os outros próximos à cabana do Hagrid, mas Sunghoon parecia entretido demais conversando com Heeseung sobre o quão injusta a diretora Minerva foi na noite anterior, já que ele e Jay foram ameaçados de serem expulsos do time de quadribol ou coisa assim, e acabaram perdendo a hora.
Sunoo ia comentar que Sunghoon só pensou nisso depois de ser convencido por Jay, o amigo sonserino, mas no fundo o Kim também achou aquilo muito estranho. Beomgyu e Doyoung estavam fazendo muito mais que os outros e coisas muito mais graves, mas perderam a mesma quantidade de pontos que os outros garotos. A diretora disse que a punição deles seria mais severa que a dos outros; no entanto, os oito estão indo agora para a Floresta Proibida ao cair da tarde, o que agita um sentimento de injustiça dentro do peito de Sunoo.
— O que é aquilo? — Sunghoon pergunta assim que se aproximam da cabana, já fora do Castelo, e podem ver o grupo de garotos.
Eles parecem estar discutindo, a movimentação deles dá a entender isso, mas Sunoo não consegue ouvir bem devido ao vento que os rodeia, abafando qualquer coisa que eles falam. Os dois se aproximam ainda com pressa, aliviados por não enxergarem a figura gigante de Hagrid por ali ainda.
— Gente, para com isso…
A voz de Jake é a primeira que eles escutam em meio ao falatório. Jay, Doyoung e Beomgyu estão próximos, quase com os corpos colados e aos gritos. Bem, Jay e Beomgyu são os maiores responsáveis pelos gritos.
— A diretora foi parcial demais com vocês — o sonserino reclama, apontando o dedo para os dois. — A Grifinória deveria ficar inapta de receber pontos!
— Inapta? Que tipo de palavra é essa? Pensei que você só soubesse jogar quadribol, não imaginei que soubesse falar também — Beomgyu debocha e Jay quase vai para cima dele, sendo impedido apenas por Jake que se mete no meio dos dois, já que Riki, o outro sonserino, não faz nada para impedir a briga e apenas observa tudo atrás de Jay, parecendo o apoiar.
— O que tá acontecendo aqui? — Sunghoon prontamente vai até o amigo para segurá-lo, preocupado, mas Jay está ocupado demais quase rosnando para Beomgyu para respondê-lo.
— Admite, Jay, você só está com medo de entrar na floresta — Doyoung ri. Sunghoon precisa segurar Jay pelos braços com mais força para que ele não faça nenhuma besteira.
— Essa punição deveria ter sido dada só a vocês dois, já que estavam fazendo merda com o trabalho alheio — Jay vibra, falando alto e com raiva. — A diretora claramente tomou partido de vocês.
Sunoo não sabe o que deixou o sonserino assim, com tanta raiva que parece que vai explodir, e se vê perdido em meio à confusão, mas se surpreende quando Jungwon, que esteve quieto o tempo todo, se mete na briga também.
— A diretora não tomou partido de ninguém — é a única coisa que Jungwon fala, ofendido pela acusação, mas é o suficiente para Jay mudar o foco.
— Estranho você falar isso, você não era amigo do lufano que foi prejudicado pelos seus coleguinhas grifinórios ou coisa assim? — Jay fala com sarcasmo. — Como pode apenas aceitar que isso aconteça com seu amigo?
— Não se pode confiar em grifinórios — Sunoo escuta Riki murmurar perto de Jay, mas é em cima de Jay que Jungwon quase pula de raiva.
Quase, porque Hagrid chega bem na hora, com pás entre os braços.
— Podem parando com isso — o meio-gigante chega falando alto, a voz mais forte e mais alta que de qualquer um dos garotos que parecem crianças pequenas próximos à ele. — Se vocês continuarem brigando assim, vou deixá-los juntos ao hipogrifo para uma conversinha antes do jantar.
É claro que não é verdade, mas metade dos garotos se arrepia com a possibilidade, principalmente um certo corvino, que treme perceptivelmente e tira risadas do lufano ao lado dele.
— Ah, os dois lufanos finalmente chegaram, Kim Sunoo e Park Sunghoon — Hagrid parece animado, empurrando as pás nas mãos dos garotos. Os braços imensos de Hagrid podem carregar muitas coisas ao mesmo tempo, mas Sunoo quase cai com o peso de uma das pás quando o meio-gigante a joga no ar para ele pegar. — Já formei as duplas, vocês dois vão se juntar ao Nishimura e ao Shim, podem escolher.
Sunoo não precisa pensar duas vezes antes de ir para o lado de Riki, segurando firme a pá entregue por Hagrid. Jungwon e Jay ainda soltam alguns protestos sobre não terem podido escolher as duplas, mas Hagrid os ignora, caminhando em direção à entrada da floresta que faz limite com o terreno de Hogwarts e dando o assunto por encerrado. Os garotos não têm outra opção a não ser seguí-lo — ou entrar na floresta depois dele e arriscar se perder, mesmo ainda sendo dia.
Os garotos caminham lado a lado com suas respectivas duplas pelo caminho atrás do professor, que vai dando as instruções sobre o que eles vão ter que fazer. Sunoo ri do amigo que caminha à frente deles, já que o mais novo não para de resmungar reclamações e uma briguinha sussurrada entre ele e o sonserino se inicia.
O Kim acha engraçado como Jungwon pode viver em pé de guerra com o garoto mais velho, quem os olha de fora desse jeito realmente jamais imaginaria que os dois foram vistos aos beijos pelo castelo. Uh! Só de lembrar da cena do amigo quase se fundindo ao corpo do sonserino, o estômago de Sunoo embrulha. Eles ainda não tiveram tempo de conversar sobre isso — Jungwon se empenhou muito em esquivar de qualquer comentário sobre a noite anterior, aproveitando o estado de nervos de Sunoo por causa de poções e punições. Do jantar de hoje ele não me escapa, é o que o Kim pensa enquanto observa as costas do amigo, decidido a tirar cada detalhe sobre essa historinha de enemies to lovers barata a limpo.
— É aqui — Hagrid anuncia assim que saem do caminho estreito dentro da mata virgem e chegam a uma área circular sem árvores no meio.
Embora não tenham árvores no espaço, o chão é íngreme e cheio de folhas e galhos grandes e úmidos. O círculo é demarcado por um pequeno murinho de pedras, e Sunoo reconhece a área onde estudaram Trato das Criaturas Mágicas no semestre passado, quando ele resolveu se inscrever para a matéria opcional. Mal dá para reconhecer o lugar, entretanto; se lembra do chão de terra batida e seca, sem todas essas folhas e galhos, o que faz parecer que o lugar está abandonado há tempos.
— Vocês vão limpar o lugar para a aula de amanhã, vão esvaziar o espaço demarcado pelo cercado de pedras enquanto eu e esses dois vamos ver o hipogrifo.
— O quê?!
Doyoung e Beomgyu exclamam ao mesmo tempo, de repente pálidos ao lado do meio-homem. Todos podem escutar a risada satisfeita de Jay.
— Gostaram da ideia? — Hagrid pergunta com um sorriso por trás da barba enorme, dando tapinhas nas costas dos meninos que quase os derrubam no chão por causa da força desmedida. — Vocês fiquem aqui e não saiam daqui, ainda está de dia, claro o suficiente para crianças tolas não se perderem por aí. Ajudem suas duplas. Já voltamos.
Os seis garotos não demoram a começar a agir. Sunoo e Jay são os primeiros a saírem do lugar, pegando as pás e começando a remover a vegetação do lugar.
— Não entendi o propósito de nos colocar em duplas. Merda. — Jungwon resmunga perto de Sunoo, tentando erguer a pá cheia de galhos grossos e falhando. — Cada um pode fazer sua parte sozinho.
Sunoo até iria concordar, mas vê Sunghoon e Jake do outro lado do círculo. Sunghoon gentilmente ajuda Jake a carregar um galho — não, aquilo está mais para um tronco — pesado até o limite de pedras, jogando-o para fora de forma desajeitada. O lufano revira os olhos para a imagem e dá de cara com Jungwon fazendo o mesmo, os dois rindo da cena patética.
— Eles parecem até um casal — Jungwon debocha, rindo alto.
— Yang Jungwon! — Jay o grita, chamando a atenção dos dois amigos a tempo de Sunoo também ver Jay, já cheio de folhas e raminhos pelo corpo e com as sobrancelhas franzidas no tão cotidiano estresse. — Dá pra você me ajudar ou vou ter que arrumar outra dupla?
— Vai lá ajudar seu namorado — Sunoo debocha do amigo com um risinho.
Jungwon nem perde tempo falando nada, apenas solta um ‘’tsc’’ e vai marchando em direção ao mais velho, dando início a outra troca de farpas.
— Dá licença.
A voz grossa é dita bem próximo às costas de Sunoo, o fazendo dar um pulinho no lugar pelo susto. Estava tão concentrado na ceninha de Jungwon que não percebeu que estava atrapalhando a passagem de Riki.
— Desculpa, não vi que você ia passar — Sunoo diz abrindo espaço para Riki passar com a pá cheia, mas o sonserino mal o olha.
— Hm.
Pensar que eles talvez pudessem passar a conversar de forma amigável parece quase tolice agora que Sunoo está próximo de Riki novamente. Durante a tarde eles tiveram aquilo que pareceu ser uma conversa normal — ou o mais próximo de conversa que eles já chegaram —, e Sunoo já nem ficou irritadiço ao ver o mais novo ainda agora quando se encontraram fora da floresta, até preferiu fazer dupla com ele. Será que ele imaginou coisas quando pensou que talvez a rixa entre eles acabou?
Nunca houve rixa, ele que sempre me perturbou. Os pensamentos de Sunoo voam enquanto ele procede a limpar o terreno. Ele disse que não quer mais me perturbar e até quis me ajudar, mas continua me desrespeitando e me tratando com descaso.
Nishimura Riki é o tipo de pessoa que Sunoo costuma tentar ao máximo se aproximar. Se alguém não tem muitos amigos ou está sempre sendo deixado de lado, então Sunoo está pronto para acolher essa pessoa. Ele sabe muito bem que o japonês não anda com ninguém, nem da Sonserina. Ele faz todas as refeições sozinho e, sempre que importuna Sunoo em qualquer parte do castelo, não tem ninguém junto a ele. Sunoo mal teve tempo de pensar em se aproximar de Riki, pois logo na primeira vez em que se viram, o mais novo já estava o importunando, afiado como uma navalha. Aos poucos, a paciência do lufano sociável foi drenada e o interesse em fazer amizade com o sonserino diminuiu até tornar-se nulo. Ele pode ser gentil, amigável e pode gostar de sorrir para todos, mas não gosta de ser feito de idiota, e acabou sentindo que, se tentasse alguma amizade com o garoto abusado, poderia ser feito de bobo justamente por causa do jeito gentil demais. Sunoo não gosta de estereótipos de casas, mas é inevitável: quase sempre, os alunos que tentam tirar proveito da boa vontade dele são sonserinos. Ele não acha que Riki seja uma pessoa ruim e esse pensamento foi confirmado com a ajuda inesperada vinda do menino, mas sem dúvidas ele é uma pessoa difícil de lidar. Sunoo só não sabe ainda se deve ou não tentar se aproximar.
Como já é fim de tarde o sol desaparece com mais rapidez, e os raios solares que antes iluminavam todo o terreno já não existem mais, os deixando iluminados pela fraca luz laranja de fim de dia. O vento não é forte, mas é constante, o que acaba atrapalhando os garotos, que lutam e xingam para manter o local limpo.
Sunoo percebe que Riki está tendo dificuldades com um pedaço do terreno, que tem terra demais acumulada, deixando um montinho maior que o pequeno cercado de pedras, e resolve ajudar o garoto, ainda com receio de levar uma patada do mais novo, mas é bem recebido, provando para Sunoo mais uma vez como o garoto não é tão ruim assim.
Hagrid e os outros estão demorando, mas Sunoo não comenta nada sobre estar ficando preocupado. Não é como se Hagrid fosse esquecer seus alunos dentro da Floresta Proibida durante a noite, claro que não.
Os pensamentos paranóicos de Sunoo são substituídos por pensamentos maliciosos assim que ele vê Jungwon se afastando do grupo e indo mais para dentro da floresta, e Jay logo indo atrás. Os dois mantêm expressões desgostosas, o que é quase fascinante para Sunoo, que não é capaz de fingir expressões nem querendo.
— Tentei falar com você antes do castigo, mas não te achei em lugar nenhum.
— Oi? — A fala de Riki o pega de surpresa. — Eu estava me limpando da terra de mais cedo, passei todo o tempo no meu Salão Comunal… O que você queria comigo?
Sunoo não esperava que Riki fosse procurá-lo, e para quê?
Será que ele quer falar sobre o que aconteceu na sala mais cedo, entre mim e o Jake?
Eles não falaram alto nem nada, mas se Riki ouviu ou não, com certeza foi meio estranho de assistir.
— Antes de você sair da sala mais cedo… — o garoto começa, continuando o trabalho pesado sem olhar para o mais baixo. — Eu ia te agradecer também, por ter falado com o monitor da sua casa, você sabe, para eu não me ferrar mais do que já estava ferrado. Mas acabei perdendo a oportunidade, você saiu daquele jeito…
— Ah, está tudo bem — Sunoo diz, ansioso para interromper qualquer comentário sobre a ceninha entre ele e o corvino. — Não precisava agradecer, mas fico feliz que tenha vindo até mim falar isso — ele diz sorrindo, feliz.
E o sorriso de Sunoo é sincero. Ele se sentiu feliz em ajudar o garoto, e mais feliz ainda agora por saber que foi reconhecido por isso, por saber que Riki se sentiu bem com isso.
Os segundos de silêncio após o pequeno diálogo logo são cortados por um Riki curioso, agora olhando diretamente para Sunoo.
— Por que você é sempre tão legal com todo mundo? — A pergunta vem de forma tão espontânea, como se o pensamento tivesse acabado de passar pela mente do garoto e ele só disse de uma vez.
— Como assim?
— Eu sempre vejo todo mundo aqui falando de como você é gentil com eles, mas eu e você estamos sempre brigando e eu nunca pensei que fosse ver isso que tanto falam, sabe… direcionado à mim? — o garoto fala dando de ombros. — Eu meio que pensei, sabe, por quê? Mesmo depois de tantas pegadinhas que eu fiz com você, você ainda foi gentil em me livrar da punição por pegar aquele livro da biblioteca.
Isso envergonha Sunoo, e ele agradece à memória de Merlin por já estar escurecendo e, com sorte, Riki não conseguirá enxergar as bochechas rosadas dele. Ele gosta de ser elogiado e de ter as atitudes apreciadas, mas quando Riki fala isso assim, todos esses elogios de forma tão séria e como se fosse algo surpreendente, ele não pode deixar de se sentir um pouco constrangido, mesmo lisonjeado.
— Eu estava mesmo bravo com você durante todo esse tempo — Sunoo começa, buscando pela voz confiante que sempre tem, para poder falar sob o olhar do menino mais alto. — Mas, depois que vi que você não era o culpado de nada daquilo, e ainda vi o livro que você colocou na minha mesa… Eu não poderia te deixar ser punido daquela forma.
Riki parece pensar nas palavras de Sunoo, assentindo lentamente enquanto olha ao redor.
— E também, não foi por minha causa que você não foi punido por causa do livro, foi por causa do Heeseung hyung.
— Ah, deixa de modéstia — Riki fala com um sorriso pequeno. — Estava bem claro que o seu Heeseung hyung iria falar tudo para a diretora se você não tivesse interferido.
— Tudo bem, tudo bem — Sunoo acaba rindo, não conseguindo pensar direito em mais nada depois de ver o japonês sorrindo de verdade pela primeira vez.
Sunoo se sente bem conversando assim com o garoto, e o silêncio que fica entre eles depois da breve conversa não é ruim. É interessante conversar com um Riki que pode ser amigável e gentil, que repara nos esforços dele e que o elogia por isso.
— Sobre o que aconteceu mais cedo na sala de Feitiços, entre você e o Jake hyung…
Sunoo entra em alerta, o corpo ficando rígido com a menção do ocorrido. Ele não queria mesmo ter que falar sobre isso. Mas… ‘’Jake hyung’’?
— Eu não entendi direito o que aconteceu e o Jake hyung não quis me contar…
Eles se conhecem? São amigos? Desde quando?, é o que se passa na mente de Sunoo, já que não se lembra de tê-los visto juntos alguma vez… Jake estava indo falar com Riki mais cedo, até o chamou por uma espécie de apelido, como que foi mesmo…?
— De qualquer forma, eu queria te falar que foi ideia do Jake hyung eu te ajudar com as poções.
Isso deixa Sunoo surpreso, tão surpreso que precisa olhar para cima para olhar bem no rosto do garoto, buscando por qualquer resquício de mentira.
— Na verdade, — Riki desvia do olhar fixo do lufano — a parte de pegar o livro da Seção Proibida foi ideia minha — ele conta com certa vergonha. — Ele só viu que você estava indo mal na matéria e me deu a sugestão de tentar te ajudar de alguma forma, e foi aí que eu resolvi ir até a Sessão Proibida escondido pegar aquele livro. O Jake hyung achou a ideia arriscada demais, mas eu fui assim mesmo.
Sunoo quer falar que Jake deveria tê-lo impedido, de alguma forma, mas se segura. Tem muito mais o que falar agora.
— Por que ele te sugeriu aquilo? Sobre me ajudar…
— Eu já disse, tô tentando mudar. Não quero mais ficar te provocando e o Jake hyung sabe disso…
Jake hyung, Jake hyung, Jake hyung…
— Mas por que…
— Ah, perguntas demais! — Riki reclama, mas não de um jeito estúpido, e Sunoo o acha engraçadinho, embora ainda queira perguntar muitas coisas. — Eu só quis te falar isso porque você e o Jake hyung pareciam ter brigado ou sei lá, e eu quis mostrar que ele quis te ajudar também. Não, eu quis te ajudar, ele me ajudou a te ajudar. Isso é bom também, né?
Sunoo ri descontraído, achando bonitinha a forma como Riki pode soar falando sobre esse tipo de coisa, agindo como uma criança emburrada que no fim é boazinha, querendo que Sunoo saiba que ele é.
— Dessa forma parece que você está interessado em mim — o Kim continua sorrindo brincalhão, mas a expressão de Riki é séria
— E se eu estiver?
Ele diz isso e continua com o que estava fazendo, andando pelo terreno já quase todo limpo, como se não fosse nada. Sunoo fica estático por um momento, sem reação. Ele não costuma reagir assim quando a possibilidade de alguém estar interessado nele surge, mas é porque dessa vez é Nishimura Riki ali. Nishimura Riki, que o atazana e importuna desde que se conheceram, que vive para tirá-lo do sério. E é justamente por ser Riki, que isso só pode ser uma piada. Certo? Ele está brincando com Sunoo, agindo com esse jeito de deixar coisas assim no ar e sair como se não tivesse dito nada.
Entretanto, ele está querendo mudar. Por que ele iria querer mudar do nada?
— Voltei — a voz estridente de Hagrid assusta os garotos, e Sunoo dá um pulo no lugar.
Já está quase totalmente escuro, por isso Hagrid está com uma lanterna enorme em mãos, e Beomgyu e Doyoung carregam lanternas menores. Beomgyu está com um corte no rosto, Sunoo consegue ver bem, além do bico imenso na boca.
— Fizeram um ótimo trabalho — Hagrid os elogia, caminhando pela terra batida e verificando cada pedaço. — Cadê o grifinório e o sonserino?
E é então que Sunoo se dá conta. Estava tão distraído falando com Riki que nem percebeu que Jungwon e Jay não voltaram, e já faz uns bons minutos que os viu saindo dali.
— Eles foram pegar umas pedras… Algo assim — Sunghoon começa a explicar, esticando o pescoço para ver se enxerga a sombra de algum dos dois no meio da floresta. Sunoo pode dizer que eles não foram pegar pedras coisa nenhuma só pelo olhar apavorado do Park, sabendo bem que ele só está inventando um álibi para Jay.
— Pedras? — Hagrid não compreende. — Não me lembro de ter pedido nada relacionado a pedras. Mandei que ficassem aqui dentro deste círculo, é tão difícil assim? Se esses dois estiverem se engalfinhando dentro dessa floresta…
Sunoo quer rir ao ouvir sobre os dois se ‘’engalfinhando’’, sabendo bem que não é bem esse tipo de coisa que eles foram fazer fora das vistas curiosas, mas está começando a ficar preocupado. A Floresta Proibida tem esse nome por um motivo, não é lugar para brincadeiras. Qualquer tipo de criatura pode habitar o lugar, boas e ruins, e o lugar não faz parte do território de Hogwarts. Se algo acontecer com qualquer um ali, é responsabilidade unicamente da pessoa…
— Não acho que tenha acontecido nada com eles — Riki diz para Sunoo, e o garoto não se lembra se eles já estavam assim tão próximos.
Antes que eles comecem a gritar pelos nomes dos desaparecidos, Jungwon surge por entre algumas árvores, a roupa desarrumada e toda suja de terra. Logo Jay aparece também, vindo do mesmo lugar e igualmente sujo. Os dois até tentam disfarçar, mas dão de cara com os outros os encarando, todos de pé, preocupados.
— Estão imundos! Rolaram na terra brigando? Eu não posso acreditar nisso!
Felizmente, Hagrid não faz ideia de nada, mas Sunoo bem que quer dar uns cascudos no Yang por ser tão descuidado e preocupar a todos.
Hagrid briga com os dois e chama os garotos para saírem dali pois o jantar já será servido e a noite já está caindo, mas tudo entra por uma orelha de Sunoo e sai pela outra. Ele só consegue observar Riki, que caminha ao lado dele, sendo uma interrogação ambulante para Sunoo. Ele está curioso sobre o menino, mais do que nunca. Ele não seria o primeiro a se interessar por si, Sunoo não nega o fato de ter alguns seguidores pelo Castelo, mas gostou da sensação da possibilidade de Riki estar interessado nele.
O garoto é alto e bonito, os cabelos pintados de loiro o deixam com um ar mais sério, maduro… Sunoo mentiria se dissesse que nunca reparou na beleza do garoto. Até Sunghoon já comentou com ele, em uma das vezes que Riki se aproximou deles para implicar com Sunoo, sobre como o japonês é irritantemente bonito. Sunoo até estranhou que ele continuasse andando sozinho depois de tanto tempo, acreditou que, pelo menos, alguém iria até ele no dia dos namorados. Se isso chegou a acontecer, ele não sabe, sabe apenas que Riki permanece andando sozinho.
— Por que tá me encarando? — Riki pergunta olhando Sunoo pelo canto dos olhos, sempre desconfiado.
— Por que você disse aquilo?
— Aquilo o que?
— Sobre talvez estar interessado em mim — Sunoo fala de uma vez, deixando a vergonha de lado. — Por que você disse aquilo?
— Porque talvez eu esteja.
— Pare de brincar, Nishimura — Sunoo reclama, falando baixo com o garoto ao que eles saem da floresta e estão no terreno aberto de Hogwarts, já sem nada para abafar as vozes deles.
— Não estou brincando — Riki reclama, parecendo incomodado. — Você não acredita mesmo em mim?
— Não — Sunoo nem precisa pensar duas vezes antes de responder, já acostumado a lidar com o prankster do Castelo.
O mais novo para no lugar, de supetão, e segura Sunoo pelo ombro para que ele pare também. O coração de Sunoo acelera muitas batidas quando ele é virado de frente para o sonserino, que o segura firme pelos dois ombros, próximo demais, tão próximo que Sunoo consegue ver cada pintinha no rosto dele.
— O que você está fazendo? — Ele pergunta nervoso com a proximidade que só aumenta entre os dois, já que Riki está se aproximando.
Ignorando o mais baixo, Riki faz o inesperado. Ele une os lábios com rapidez, espremendo-os em um selinho durante poucos segundos. Segundos em que Sunoo constata como os lábios do garoto são macios, como ele tem cheiro de maçã e como o aperto dele nos ombros parece ter virado um carinho.
Da mesma forma que se aproximou, Riki se afasta, soltando os ombros de Sunoo e o observando de perto, e o Kim vê como as bochechas dele estão vermelhas. Sunoo quer falar alguma coisa, mas Riki volta a caminhar atrás dos outros.
— Ya! — O lufano tenta gritar com ele, mas a voz sai fraca e, ao tentar andar atrás dele, vê como as pernas estão moles como gelatina. — Você não pode me beijar e sair assim…
A voz dele sai fraca como um sussurro, uma das mãos tocando os próprios lábios. Ele não deveria se sentir assim, tão agitado por conta de um simples beijo roubado. Ele deveria ter ficado bravo e chamado atenção do mais novo, mas a única coisa em que ele consegue pensar é na sensação boa de estar entre os braços do sonserino e como precisa ter uma conversa com Jungwon, com urgência.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.