História Error - Seus beijos não me pertencem mais?

Desmancharam-se os sorrisos radiantes. Deram inúmeras voltas pelo quarto para a ansiedade passar. Porém o que viam ali. Bem embaixo de seus narizes. Eram o seu único filho e o amigo dele, dormindo nus, abraçados. Demorou um tempo para finalmente voltarem à respirar direito. Tanto a mãe, quanto o pai, não sabiam como acordar o rapaz. Mas arriscaram um contato físico direto, sem pensar nas consequências da comunicação.

- Timmy?! - A morena tenta o sacudir com delicadeza. Não sabendo como começar tais discursos – Acorda, filho!

- Hm? O que?

O rapaz continua abraçado à Gary, sonolento, falando de forma meio lenta.

- Acorda!!!

O pai decidiu tomar uma decisão para ajudar a esposa. Mesmo hesitante.

- Que saco! – Timmy abre os olhos e se assusta ao ver os pais, gritando um pouco alto, até conseguir achar algo para tampar o seu corpo, se afastando de Gary – Eu posso explicar! É que e-eu estava...Hm...Sentindo frio! Isso! E o Gary se ofereceu, sem maldade nenhuma, para me aquecer!

- Te aquecer?...Mesmo estando muito quente hoje? - A moça cruza os braços, insatisfeita com a desculpa – Você é gay, filho?

- O que?! – Timmy ri, nervoso e desvia o olhar – Nem pensar, amo meninas...Sou super hetero...

- Hetero?! Ouvimos barulhos vindo deste quarto. Mas tentamos nos convencer de que não eram gemidos...

- E não são! Certo Gary?! – Timmy sorri para o rapaz, querendo vomitar pelo nervoso

- Senhor e Senhora...Estou cansado de namorar escondido...Eu e o seu filho, estamos saindo! – Gary confessa, abraçando o moreno – E eu amo ele! Conhecer ele, foi a melhor coisa que já me aconteceu!

- COMO É?! – Timmy o olha indignado e se levanta com o travesseiro na sua parte íntima – Tenho que vomitar! Já volto...Ou não.

- Amor?! Você está bem? – Gary o observa e suspira quando o mesmo bate a porta – Rapazes...Vai entender?!

- O que?...Bem, esquece! Como e quando isso aconteceu? – A moça se sente desconfortável e desvia o olhar – Pode, por favor, se vestir?

- Bom, é que eu me apaixonei por ele à primeira vista...E descobri que ele me ama, agora estamos juntos. Simples! – Gary veste a roupa íntima marrom – Por favor, compreendam, fomos feitos um para o outro. O destino quis assim. Exatamente como vocês, casados há muito tempo, porém ainda acho uma combinação...Como posso dizer? Peculiar! Isso.

- Peculiar?! O que há de errado no meu casamento?

- Bem, o seu marido é um pouco lento, entende? Não te imaginava com ele.

- Também não. Mas o assunto aqui é vocês, não eu! Desde quando isso está acontecendo?

- Não faz muito tempo, mas eu me certifiquei de ser carinhoso!

- Carinhoso não ajuda à prevenir doenças! E se me eu filho adoecer?! Saia da minha casa e não volte mais!

- S-Sair?! Por que? Não fiz nada.

- Saia!

Gary suspira e se veste. Indo até a porta do banheiro, batendo na mesma

- Ocupado! – Timmy grita, e termina de vomitar, lavando a boca

- Seus pais estão me expulsando de casa. Vim me despedir! – Gary observa o rapaz quando o mesmo abre a porta desesperado – Ei, que expressão é essa? Calma!

- Vai me abandonar assim? Sem lutar?

- São os seus pais, não vou brigar com eles! Eu gosto deles. Talvez você estivesse certo, não sou o amor da sua vida, foi apenas mais um defeito nos desejos.

- Não! Não diga isso Gary! Eu vou convencer eles, me espera aqui!

- Não seja teimoso Timmy!

- Me dá uma chance! – o rapaz pede, quase lacrimejando

Gary respira fundo e não resiste ao olhar do rapaz, deixando – Cuidado com o que vai dizer! Acima de tudo são seus pais!

Demora um bom tempo, porém Timmy retorna ao quarto de cabeça abaixada, triste

- Não consegui

- Tudo bem, ainda podemos nos ver no colégio, lembra?

- Mas é por um tempo curto! Quem vai me abraçar de noite? Eu viciei no seu carinho!

- Desculpa, não posso fazer nada, e não adianta fugir de casa, não duramos um dia sozinhos.

- Verdade...O que me resta então é te ajudar com as malas – O rapaz tenta se animar. Não conseguindo.

- Eu venho te ver escondido! Prometo!

- Todos os dias?

- Só quando os seus pais saírem!

- Melhor do que nada. Cosmo, Wanda! Vocês ouviram a confusão, certo? O que vamos fazer com o Gary?

- Timmy, querido - Wanda os observa, ainda em forma de peixe - Não podemos fazer nada, Gary é da sua consciência, você quem decide o que faz com ele!

- Criem uma casa para ele, inventem os pais, qualquer coisa que possa o abrigar de forma adequada! Eu quero que ele fique bem!

- Qual é a palavra mágica? – Cosmo sorri

- Eu desejo?

- Errado! Orangotango mango do morango!

- Cosmo, seu idiota! Está prestando atenção em algo do que estamos falando? – Wanda revira os olhos, e concede o desejo de Timmy – Você tem alguns segundos para se despedir antes do desejo terminar de se completar, fique à vontade.

- Obrigado, Wanda! – Disse, se volta à Gary – Vou morrer de saudades!

- Eu também. Não vai me abraçar nem me dar um beijo? – O rapaz abre os braços, sorrindo quando recebe um abraço apertado.

- Eu te amo muito! Não me abandona!

- Não vou, pode deixar! Eu também te am-...

- Gary! Gary?! Cadê ele? Onde ele foi? As malas sumiram! – Timmy se desespera, tentando pegar algo do rapaz no ar e chora, caindo ajoelhado no chão – Nem consegui ouvir ele dizer que me ama!

- Ele foi para a casa que você imaginou e desejou, não podemos dizer onde ele mora ainda, você pode acabar fugindo de casa. Agora ele ganhou um pai e uma mãe que o amam muito – Wanda indaga – Não chore, campeão, te amamos! Ele também!

- Certo...- Timmy recupera o ar e limpa as lágrimas, se levantando – Tenho que me arrumar e ir para a aula hoje.

- Era para mandar ele para a casa? Eu mandei ele para o colégio! – Cosmo sorri, do mesmo jeito bobo de sempre

- Você, o que? Cosmo!! – Wanda e Timmy berram

- Brincadeirinha! Acham que eu iria mandar aquele garoto legal para um lugar chato?! Eu mandei ele para a sorveteria mais próxima!

- Deve ser outra brincadeira, Timmy, não se estresse com o Cosmo! Ele está mais cabeça oca do que o normal! – Wanda encara o mesmo – O que há com o seu cérebro?

- Tchau, gente! – O rapaz corre para a cozinha e come o café normalmente. Ele toma banho e se veste, indo diretamente para o colégio, esperando o encontrar lá.

Porém, a amiga de Trixie já estava o ocupando. E de forma invasiva, tocando e apertando o braço de Gary.

- O que pensa que está fazendo?! Some por algumas horas e já arruma outra? Gary!

- Não é nada disso, ela disse que está querendo saber qual é o tecido da minha roupa! Se acalma!

- Oi, Timmy – Trixie se aproxima, sorridente – Está ocupado?

- Está! Comigo! – Gary a olha sério e puxa o rapaz consigo, se afastando – Não suporto ela! Atirada!

- Agora sabe como eu me senti!

- Nem sei o nome da loira, Timmy! Se acalma

- Estou de olho em você! Quando vai me visitar?

- Em breve, eu espero. Vou sempre que me chamar! Estou à sua disposição. Vou ir de tão longe até para te dar um simples abraço

- Romântico? Andou ensaiando?! Que fofo...

- É, fiquei meloso desse jeito por causa de alguém. Está na minha frente, é um pouco só mais baixo, ombros largos, um corpo bonitinho...Ganhando massa, mas fofo.

- É? Quem?!

Gary sorri e o beija

- Você, anjo – ele para ao ouvir o sinal tocar – Te vejo na biblioteca! Até!

- Até!

Timmy e Gary se encontram durante o intervalo e caminham de mãos dadas até a biblioteca. Passando alguns minutos apenas abraçados, outros lendo e conversando baixo sobre coisas inúteis. Mas que lhes faziam rir bastante e apenas aumentava mais a vontade de ficarem juntos.

Os outros dias foram iguais, porém os lugares em que se encontraram dentro do colégio variaram. Timmy trouxe até uma lancheira escondida na mochila com fatias de pizza para os dois. Demorou até os pais de Timmy saírem novamente com frequência. Quase esqueceram que o seu filho cresceu e iam chamar a babá. Mas desistem. Iam à um jantar romântico e não tinham hora para voltar.

///Bate-papo virtual///

Notificação de mensagem de texto recebida:

“Idiota Convencido (Gary)” – Vou continuar te perguntando como sempre. Seus pais saíram?

- Ei! Responde!

- Timmy!

- Tim Tim!!!

- Timmy!

~ “Flor De Pessoa Encubada” está online ~

- Para de me encher de mensagem! Que saco, Gary!

- Seu nome de contato é muito bom! Combina com você

- Qual é?

- “Flor De Pessoa Encubada”

- O seu também combina muito com você!

- É pesado?

- “Idiota Convencido”

- Vindo de você, vou imaginar que é um elogio amoroso. Você não me respondeu! Seus pais estão em casa?

- Vão sair hoje à noite. Vai vir? Minha árvore não é tão segura, sabe? Vai pular dela para a varanda do meu quarto?

- Pular? Não! Vou entrar pelos fundos, pede a chave reserva à eles.

- Já pedi, bobão! A velha desculpa “em caso de incêndio”

- Que bom que deram, porque hoje eu vou incendiar você e o seu quarto.

- Se disser algo assim de novo, eu apago ou bloqueio o seu contato.

- Desculpa. Amor, eu tenho que estudar agora, segunda-feira tem prova! Quer ajuda para estudar? Eu levo os livros assim que você mandar eu ir.

- Quero, você ensina bem! Vou arrumar o quarto. Tchau

- Tchau

~ “Idiota Convencido” está offline ~

Depois de varrer tudo, sem magia, Timmy acompanha os pais até a porta e se despede, trancando a mesma. Ele sobe e se veste. O rapaz manda mensagem para Gary vir e espera o mesmo, sentado nos degraus em frente à porta de vidro nos fundos. Demora, porém ele chega, e Timmy corre para o abraçar, o beijando.

- Vem! Entra! Quer ajuda com a mochila?

- Se não incomodar, sim. Trouxe chocolate, quer?

- Sim! Chocolate com recheio de coco? Aquele que eu adoro?

- E por acaso eu te daria algo que odeia?

Eles entram e Timmy tranca a porta, subindo para o quarto com Gary. Os dois estudam juntos por um tempo, e após não terem mais dúvidas sobre nenhum exercício de física, ficam entediados.

- Sua janela é daquelas?

- Como assim?

- Dá para sentar ou deitar nela?

- Ah, sim. Eu tirei as almofadas dali. Mas sim, dá para sentar! Nunca tentei deitar.

- Quero ficar nela com você. Podemos?

- Podemos! – Timmy se levanta e deixa o rapaz segurar em sua mão. Ficando abraçado com o mesmo na janela – Como é a família que a Wanda e o Cosmo criaram?

- Satisfatória. Gostava mais da sua família doida e de ficar com você.

- Tem irmãos?

- Não, filho único. Mas tenho gato e cachorro.

- Já? Nossa. Eu ia pedir para trazer, mas o meu pai começaria à espirrar e seriamos pegos, Gary

- Que pena, mas posso mandar fotos. Ou seu pai é alérgico à elas também? – ele ri junto com o rapaz

- Bobo! Por isso eu gosto de você

- Gosta? – diz, depositando um beijo em seu pescoço – Também gosto de você

- Observar a lua com você é bem romântico.

- Posso deixar mais romântico?

- Como faria isso?

- Te dando o meu amor – Gary o beija, lhe acariciando – Não vou fazer nada que não queira.

- Eu sei que não vai – Timmy sorri entre o beijo, retribuindo as carícias – Poderia ficar a noite toda assim. Mas quero comer o chocolate. Pega para a gente?

- Claro! – O rapaz se levanta e volta para a mesma posição após pegar a caixa de chocolate.

Os dois dividem os chocolates até o fim do pacote. Seus beijos ficaram doces e intensos. Já dormiram antes, mas aquele dia, naquela hora, nada importava. A saudade era maior do que qualquer regra. Haviam transado duas vezes no mesmo dia, uma na cama, e a outra em pé, na parede. E após tomarem banho juntos, Timmy recebe a mensagem da mãe quando a mesma diz que iria voltar para a casa. E por mais que machuque. Teve que se despedir de Gary outra vez.

Parece que as coisas voltaram ao normal por um tempo, o que há de errado em namorar escondido dos pais afinal? Tolice!

Algumas vezes Timmy passava na casa de Gary e era bem recebido pelos pais postiços do rapaz. Ele trouxe uma roupa reserva caso fique com o cheiro dos animais. E à cada dia que se encontravam para conversar, o amor ia criando forma e aumentando até escorrer do próprio peito de abundância. Haviam seus desentendimentos, mas deixavam de lado quando percebiam que se amam.

Na escola, após as provas terminarem. Trixie anuncia uma festa na sua casa e faz questão de convidar Gary e Timmy. Alegando que teriam bebidas compradas ilegalmentes. Tentador, e por isso quase todos os alunos foram.

O que nesta festa poderá influenciar na vida dos dois rapazes?