— Soo, acorda! Soo! — A voz gentil, e conhecida chamou sua atenção. O moreno abriu os olhos devagar, amenizando o efeito da claridade. E logo pode ver os dois rostos o encarando. Se assustou se sentando rápido encostando as costas na parede. Luhan estava ajoelhado no chão o encarando e Baek olhava da porta.
— Você estava sonhando... — Luh disse ainda com sua voz calma
— Na verdade você estava tendo um pesadelo, e pelos gritos, era bem ruim. — O loiro falou, sua voz era um pouco assustada. Do os olhou por um tempo antes de responder, devia ter gritado, levou a mão ao rosto.
— Me desculpe, foi um pesadelo, eu... eu estava me afogando. — Passou a mão no rosto, tentando espantar aquela sensação de confusão.
— Tudo bem, quer água...
— Não, eu tô bem...
— Então tá... — o loiro apagou a luz e saiu do quarto. Luhan levantou do chão e foi para a cama sentando ali.
— Você está bem mesmo?
— Sim... — abraçou os joelhos e olhou para o outro – eu estou bem...
— Você estava se afogando... no sonho?
— Sim... é melhor dormir, amanhã temos plantão...
— Vem aqui comigo...
— Não, eu tô bem aqui – deitou cobrindo a cabeça.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Faça – descobriu o rosto.
— Era uma lembrança... do seu primeiro cio? Você repetiu várias vezes que estava queimando...
— Sim... — deitou de costas, olhando para o teto — … tenho inveja de você por isso.
— O que?
— Talvez aconteça, talvez não... — apertou o lábio tentando não chorar — , mas... esqueça, precisamos dormir.
Kyung ficou em silêncio, não falaria mais nada, mesmo que o outro insistisse em conversar apenas fingiria estar dormindo. E foi o que fez, apenas fingiu dormir, pois não conseguiu pregar os olhos.
…
Luh mantinha os olhos no teto, o pesadelo do moreno fez ele lembrar dos próprios medos, o cio que talvez nunca chegaria a ter, suspirou fechando os olhos, Soo estava dormindo e não sonhava mais o
Rosado já tinha o outro como um amigo e ver ele sofrendo deixou Luh preocupado a ponto de não conseguir dormir, e quando o despertador tocou levantou desanimado.
…
Como Jongin tinha imaginado, KyungSoo, nem olhava em sua cara novamente. Mas dessa vez não ia correr atrás estava cansado. Os dois foram designados para verificar um pós-operatório na geriatria. Entraram no elevador em silêncio. Do não tinha conseguido dormir depois do sonho, as lembranças ficavam rodando em sua mente. O mais alto olhou algumas vezes de canto, esperando se o outro faria algo, mas ele parecia bem cansado.
— A noite foi longa?
— Tive um sonho ruim... — a resposta foi tão sincera que o Kim se assustou.
— Quer falar sobre isso?
— Não... vamos! — Disse assim que a porta do elevador abriu.
…
Kai tinha dito a si mesmo que não correria atrás do menor, mas se sentia na obrigação de o ajudar como colega. Principalmente quando pela primeira vez ele disse algo espontaneamente, de alguma forma o castanho se sentia mais próximo. Mas sua ilusão acabou no instante que o moreno viu o doutor Jung no corredor.
— Dr. — o menor deu alguns passos animados até ele.
— Dr. Do, como estão as coisas?
— Como sempre. — Tinha um sorriso malicioso no rosto, mas Jongin ainda estava ali o seguindo. Taek olhou de um para o outro.
— Imagino que estejam ocupados...
— Nem tanto...
— Sim, estamos com vários pacientes de pós para verificar.
— Sim, vários. — Do revirou os olhos e riu – nos vemos dr. — seguiu pelo corredor, e o castanho o seguiu, ainda dando uma última olhada para o loiro.
****
Baekhyun acordou naquele dia com o coração batendo rápido. Ele suava frio e as mãos tremiam.
Na realidade, o ômega nem tinha dormido. Estava preocupado, ansioso e nervoso.
Pensar que em uma hora teria de estar no cartório, assinando os papéis que definiriam a sua vida.
Que diriam que ele não era mais Byun Baekhyun e sim Park B. Baekhyun.
O ômega sabia que precisava se acalmar de algum jeito, ele dizia para si mesmo que estava fazendo a coisa certa, que aquilo não era tão ruim como parecia ser. Mas nada adiantava, por isso no caminho para o cartório ele parou em um mercado qualquer e comprou todo álcool que podia tomar. A experiência passada da balada não foi o suficiente para o fazer esquecer os seus problemas, para o fazer relaxar um pouco. Pelo contrário, ver Chanyeol foi ainda mais estressante do que ir preso…
É errado encher a cara quando se está prestes a fazer uma das coisas mais importantes e marcantes da sua vida, mas também é errado você deixar outras pessoas lhe roubarem a oportunidade, o sonho de planejar o seu próprio casamento, com a sua pessoa especial… por isso Baekhyun bebeu até se sentir enjoado, até que o chão embaixo de seus pés parecesse ser macio o suficiente para querer deitar nele.
— Baek!
As horas passaram, Baekhyun foi andando para o cartório e o efeito do álcool já estava mais baixo, ele chegou lá no mesmo instante que a sua irmã descia de um táxi.
— Você veio!
Abraçou a garota que decidiu vir de última hora, ela não estava se sentindo bem a semanas e ir ali era um grande esforço…
— Eu não podia te deixar sozinho nisso! Agora vamos entrar.
E com isso ela apressou o passo na frente, Baekhyun ficou para trás apenas para respirar um pouco de ar puro e rolar alguns comprimidos na boca. Demorou um pouco para engolir os calmantes, como médico sabia que podia passar mal, tomar remédios com álcool no sangue tinha muitos riscos e além disso teve de tomar alguns a mais para que fizessem efeito. Mas o ômega não se importava com nada agora. Ele não queria avaliar os seus sentimentos para não se machucar, não queria pensar em nada...
Baekhyun ficou alguns segundos parado em frente a porta fechada da sala que aconteceria o casamento.
Ele estava lúcido o suficiente para poder entrar sem passar vergonha, mas os calmantes passavam a fazer efeito e ele sentia sua mão amortecida. Também tinha o seu próprio dilema interno sobre entrar ou não.
No fim, a porta foi aberta e o Byun puxado para dentro. Todos já estavam ali, menos Chanyeol.
Baekhyun apertou os olhos no rosto da única senhora desconhecida ali. Ele a tomou como a mãe de Chanyeol, mas não conseguia ver o rosto dela com clareza já que seus olhos estavam ardendo com sono e a sua visão cada vez mais borrada e turva.
A única coisa que percebia era que todos lhe sorriam para tentar passar um pouco de conforto. A família Park falava algo, mas era tudo desconexo e Baekhyun só podia assentir gentilmente, ou ao menos ele achava que fazia.
— Meu amor, seu noivo logo vai chegar.
Sua mãe disse com a voz suave e segurou a sua mão.
— Você está gelado!
Ela exclamou e Baekhyun tentou sorrir e puxar algum assunto qualquer.
Todos ali pareciam bem animados com tudo aquilo e o ômega era quase deixado de lado em todos os assuntos.
Já fazia alguns dias desde o primeiro jantar que tiveram e os próximos se seguiram mais curtos graças ao pouco tempo que os noivos tinham. Então as duas famílias não eram tão estranhas. Diferente dos noivos.
Chanyeol e Baekhyun ainda eram dois estranhos, eles não costumavam passar muito tempo juntos ou se empenhar em descobrir mais sobre o outro, apenas agiam como conhecidos, colegas de equipe…
— Chanyeol!
A senhora Park exclamou quando viu o filho se aproximar. Ele estava atrasado e se desculpou por isso, lançou um olhar para o Byun e o ômega sentiu um arrepio percorrer a sua espinha. Chanyeol parecia bravo enquanto o encarava e o Byun cogitou a hipótese do Park ter visto algo mais nele…
— Vamos logo com isso!
Baekhyun gritou, se enrolou em algumas palavras, mas a frase fez todos se mexerem. Seu próprio pai checou o relógio de pulso e constatou que o tempo já estava se esgotando, concluiu tudo isso com a tão famosa frase: “tempo é dinheiro”.
O ômega sorriu como um bobo quando a sua irmã lhe deu mais um abraço e os seguintes acontecimento foram nebulosos, ele podia ouvir vozes e duas novas pessoas entrando no local, então sentiu seu corpo sendo puxado por Chanyeol até que ambos ficassem um ao lado do outro mais à frente de todos e o casamento se seguisse.
Baekhyun estava nervoso, desde o começo da cerimônia até o seu fim. Ele mal percebeu o que acontecia a sua volta. Estava tentando agir o mais normalmente possível mesmo se sentindo drogado, seus pés doíam por ter andado muito, a cabeça rodava e por vezes imagens aleatórias apareciam. Seu corpo não podia se equilibrar sozinho, e ele parecia pesar cem quilos, o ar que respirava parecia rarefeito e ele não conseguia se concentrar nas palavras dirigidas a si. Por mais de uma vez ele teve de buscar algo em que se escorar já que a falta de equilíbrio não o permitia ficar em pé. E por isso agradeceu mentalmente, ou pensou que o fez, quando Chanyeol passou um braço por sua cintura e o sustentou.
— Baekhyun!
Em algum momento o ômega ouviu a sua mãe gritar. A voz aguda fez seus ouvidos doerem e o sono que sentia se dissipou minimamente.
— O que?
Perguntou depois de muito tempo e quando não recebeu respostas olhou para Chanyeol.
— O que eu digo? — Perguntou baixinho e o alfa negou silenciosamente antes de lhe sussurrar: “diga o que você quiser. ”
— Certo! — Baekhyun aumentou o tom de voz para que todos escutassem. — Aonde eu assino?
…
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