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História Estudo em Vermelho - Deux - História escrita por mj_ohara - Spirit Fanfics e Histórias
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História Estudo em Vermelho - Deux


Escrita por: mj_ohara

Capítulo 2 - Deux


02

Quando Jongup abriu a porta do escritório de Daehyun, tinha a sensação de que encontraria algo como uma casa de ópio, cheia de homens fumando, jogos de azar e entupida de fumaça; mas não, encontrou apenas uma sala não muito grande, com uma escrivaninha de mogno com detalhes bem pequenos, uma estante cheia de livros que cobria as paredes da sala como se fosse papel de parede, uma porta ao fundo e um homem com uma cara de poucos amigos sentado em uma poltrona chique.

— Tenho o prazer de saber o que veio negociar? — o provável Jung Daehyun disse. Tinha um sotaque muito forte de Busan e sua voz tinha um tom baixo. Ele parecia ler alguma coisa antes de ser interrompido por Jongup.

O detetive Moon tratou de olhar para trás, observando que Himchan acenava para Daehyun antes de fechar a porta e deixá-los a sós. Jongup tinha certa curiosidade em saber que tipo de negócios o tal Jung lidava ali, naquela sala, e de quem eram as visitas que ele recebia; mas, por fim, achou melhor seguir como havia sido combinado com Yongguk. Apresentando-se devidamente.

— Moon Jongup, detetive do departamento de homicídios de Busan. — ele abriu rapidamente o sobretudo, deixando que Daehyun tivesse um vislumbre de seu distintivo na parte interna da roupa antes que ele fechasse o traje novamente. — Estou aqui para recolher informações para a resolução de um caso. Tenho algumas perguntas a fazer.

— Ah. — Daehyun deu uma risada de escárnio, recostando-se em sua cadeira. — Eu imaginava que mais cedo ou mais tarde algo do tipo aconteceria. É até bom, de certa forma, saber que alguém está tentando resolver os problemas. A polícia não seria tão inútil então? — o tom que ele usava não agradou em nada a Jongup. — Sente-se, detetive. — ele gesticulou para uma cadeira à frente de sua escrivaninha, cadeira que Jongup não havia reparado até então. O detetive pensou duas vezes, mas achou melhor sentar-se. Não sabia quanto tempo permaneceria ali conversando com Jung. — Sobre o que quer falar, exatamente?

Jongup poderia dizer que poucos homens tinham um contato visual tão marcante quanto Daehyun, ele certamente podia contar nos dedos de uma mão com quantos caras assim ele lidara no passado. Sabia que aquilo era coisa do trabalho que ele havia escolhido e que tendo o tipo de contatos que Jung Daehyun tinha, havia a necessidade de que ele tivesse um olhar intimidador. Mas Jongup precisava ser tão manipulador, sórdido e certeiro quanto ele.

— Bom, como acredito que já saiba, três de suas… funcionárias morreram há pouco tempo. — Jongup começou. — Digamos que minha lista de suspeitos inclui algumas pessoas óbvias, e acredito que você saiba quem uma delas é.

Daehyun deu uma risada falsa e apoiou o queixo na mão antes de falar com a sobrancelha erguida.

— Deixe-me adivinhar, você é da equipe de Bang Yongguk?

Jongup ficou surpreso, mas não expressou em seu rosto. Pensou rapidamente antes de respondê-lo, mas logo Daehyun continuava a falar sem que desse tempo para ele pensar.

— Não precisa mentir, eu sei que é. Isso é o tipo de coisa que Bang Yongguk faria, vir atrás de mim como um gato faminto tentando encurralar um rato qualquer. E o problema, detetive Moon, é que eu não sou um rato qualquer. Apesar de que sim, provavelmente tenho quase todos os tipos de informações e negócios que vocês podem precisar. — e logo depois ele reclinou em sua poltrona, limpando a garganta com um pigarro. — Mas, bem, detetive, me colocar em uma lista de suspeitos assim, dessa forma… não acha que talvez esteja exagerando? Quero dizer, não há motivo para que eu tenha matado essas moças… ou há? — ele fez uma expressão de falsa surpresa e Jongup descobriu porque Yongguk o detestava tanto. Jung Daehyun tinha um temperamento terrível.

— Não podemos descartar suspeitos, senhor Jung. Mas ninguém aqui está te acusando de nada; só preciso de informações e espero que você consiga me explicar bem o que sabe sobre o caso.— Jongup cerrou os olhos. — Afinal, é assim que se faz uma investigação. E eu preciso que responda algumas perguntas.

Daehyun fez uma expressão de tédio antes de gesticular um “vá em frente” com as mãos.

— Alguma dessas moças já se envolveu em alguma discussão com alguém em comum por aqui? — Jongup perguntou rapidamente a primeira coisa que ele tinha refletido após sair do escritório de Bang.

Daehyun franziu a testa, olhando para a mesa.

— A única coisa que eu sei sobre o que aconteceu é que elas foram encontradas mortas, com as gargantas cortadas. Se não me engano, as duas primeiras mortes foram uma seguida da outra e… a de Gain, a mais recente. — depois ele olhou para Jongup. — Eu não sei se você percebeu, mas eu não permaneço no mesmo local que meus empregados. Não monitoro como eles se relacionam entre si ou com os clientes, desde que eu veja e toque em todo o dinheiro circulante, sem exceção alguma para ninguém. — e ele sorriu. — Afinal, é com isso que lidamos aqui, não é mesmo? O dinheiro.

Definitivamente, Jongup não gostava de Daehyun.

— Não creio que você seja tão aparentemente esperto ao ponto de não perceber que isso o traz prejuízo? — Jongup cerrou o olhar, observando como Daehyun se postava. — Enquanto não pegarmos o assassino, você continuará perdendo seu precioso dinheiro. A não ser que… como você tem outras formas de consegui-lo, a prostituição não seja realmente tão importante nessa sua fonte de renda.

Mas naquele momento, Daehyun pareceu ter ficado um pouco confuso, antes de sorrir de canto e quase revirar os olhos.

— Talvez Bang Yongguk esteja um pouco atrasado em sua grande perseguição a mim, ou não me observe tanto quanto ameaça… ou talvez tenha esquecido de lhe dizer apenas, mas eu não lido mais com — e ele fez aspas com os dedos, antes de cruzar os braços. — “outros tipos de negócios”. Isso não é algo que eu goste de comentar, mas se me tira de sua lista de suspeitos absurda e óbvia.

— Não lida mais? — Jongup estranhou. Jung Daeyoung, seu pai, ganhara muito dinheiro com tráfico de drogas, pessoas, órgãos, armas, cirurgias e transplantes ilegais e experiências médicas em seres humanos, além da prostituição é claro. — Isso quer dizer que sua única fonte de lucro atualmente é essa casa?

Daehyun assentiu como se fosse óbvio.

— Eu não vou dizer que aqueles assuntos eram os meus favoritos. É claro que meu pai provavelmente está se revirando no túmulo, mas… — ele sacudiu a cabeça, desviando o olhar para algum ponto em específico na mesa. — eu não gostava de lidar com aquelas coisas, principalmente com a parte de cirurgias e experiências em seres humanos. — e ele ergueu o olhar para Jongup. — Acredito que saiba disso, não é? Meu pai era famoso pelo que fazia, um imenso filho de uma puta. Cortei as conexões e negócios que ele tinha estabelecido com quaisquer outras fontes ilícitas e cá estou, meu ganha pão é essa casa, detetive. Acha que isso é o suficiente para que você me tire de sua lista?

Jongup franziu a testa. As coisas eram tão estranhas. Estranhas, principalmente porque faziam sentido. Não era como se aquilo não fosse real. Daehyun provavelmente era um homem milionário devido aos negócios passados de seu pai e a certa fortuna que ele havia herdado, com certeza aquilo era coisa de bilhões na conta. Além disso, ainda havia o dinheiro dos políticos e das autoridades que o financiavam para manter aquela casa ilegal funcionando. Não era como se uma ou duas funcionárias fizessem falta… a não ser que fizessem para certos clientes influentes. E certamente Daehyun não iria querer perder sua fonte de renda certeira que era aquele financiamento ilegal que recebia para manter a casa.

— Talvez. — Jongup respondeu por fim. — Talvez por enquanto.

Naquele exato momento, ambos foram interrompidos por uma porta que se abriu. Era aquela porta estranha que ficava ao fundo da sala, após a escrivaninha de Daehyun. Por ela entrou um homem magro, provavelmente com a idade de Daehyun, com os cabelos pretos e com uma bandeja na mão. Assim que ele abriu a porta, pareceu olhar surpreso para Jongup e por fim direcionou-se a Daehyun.

— Perdão, eu deveria ter trazido para dois? — ele gesticulou para a bandeja. Jongup não conseguia ver o que era, mas devido à falta de cheiro forte, supôs que fosse chá.

— Ah, não, Youngjae. — Daehyun falou rapidamente, o tom de voz novo que usou fez Jongup arquear a sobrancelha. Era quase amigável e o detetive podia jurar que quase via um sorriso aos lábios do outro. — O detetive Moon está de saída. Não precisa se incomodar.

O homem se aproximou e colocou a bandeja na mesa de Daehyun, ajeitando os utensílios rapidamente e enquanto isso Jongup o observou. Ele vestia roupas diferentes das outras pessoas que trabalhavam por ali. Vestia roupas normais. Sem decotes, sem couro, sem rasgos, sem gargantilhas. Apenas um conjunto de moletom comum. Daehyun por um momento pareceu esquecer-se completamente do detetive, apenas esperando o outro servir seu chá — é, era chá mesmo — e Jongup reparou na mão quase discreta de Jung na parte baixa das costas do outro.

— Obrigado, Jae.

— Senhor, eu…

— Depois a gente conversa. — Daehyun o cortou, mas, mesmo assim, o tom de voz parecia delicado demais comparado à forma com a qual Daehyun conversava com Jongup. — Não vou demorar muito aqui.

Youngjae apenas assentiu e voltou pelo lugar do qual viera, fazendo Jongup retornar sua atenção a Daehyun que o olhava mais mortalmente do que antes.

— Nem pense em se aproximar dele.

Jongup sorriu de canto.

— Não estou pensando.

Daehyun não pareceu levar aquilo muito a sério, reclinando-se sobre a mesa antes de voltar a ter aquele olhar frio que quase, só quase, poderia ter arrepiado Jongup até a alma; mas felizmente ele tinha mais do que experiência com criminosos que sabiam olhar feio.

— Estou falando sério, detetive. Você pode investigar o que quiser aqui nesse local, pode revirar a vida pessoal de qualquer um deles, interrogá-los, aterrorizá-los com o fato de que a polícia está por aqui, até mesmo os clientes. Mas eu não quero nem mesmo ouvir falar que você encostou um único dedo no Youngjae.

— Não ouvirá. — Jongup assentiu. Parece que o grande herdeiro do senhor do crime da Coreia tinha um ponto fraco; magro, pequeno, com os cabelos pretos e cara de inocente. — Então, se me der licença, darei uma olhada lá na frente. Ver se consigo alguma informação que pode ser útil. — e levantou-se da cadeira, observando como Daehyun o olhara de forma suspeita antes de puxar o ar para continuar falando. — E não se preocupe, espero que poucos de seus funcionários descubram que a polícia está metida nisso. Mesmo porque isso poderia nos atrapalhar.

E quando estava quase se despedindo, Daehyun falou sem olhá-lo nos olhos.

— Apesar de eu já odiar você, detetive, e odiar Bang Yongguk também… espero que encontrem logo esse assassino. — Jongup quase sentiu sinceridade em suas palavras. — Aliás… seria bom se você mandasse uma mensagem minha para o Yongguk.

Jongup ficou curioso por alguns segundos, e logo Daehyun prosseguiu.

— Diga a ele que se ele quiser esquecer as coisas do passado e quem sabe conversar civilizadamente… eu não acharia tão ruim.

— Coisas do passado? — a mente de Jongup deu um nó e ele repetiu aquela parte em voz alta, quase se constrangendo quando viu o sorriso estranho no rosto de Daehyun.

— Você é curioso demais. Gosto disso. — ele bebeu um gole do chá, lambendo os lábios e voltando a dar aquele sorriso estranho. — Digamos que o Yongguk me culpe um pouco pelo irmão dele ter… se dado mal. Apesar de que eu não tiro minha parte na parcela de culpa.

— Eu não…

— Detetive, eu não estou aqui para te contar meu passado. — ele pareceu irritado. — Só me faça esse favor e eu deixo você investigar o que quiser por aqui. Aliás, talvez eu tenha esquecido de te dizer, mas… a pessoa que encontrou os dois primeiros corpos, o de Minhee e o de Bom, foi a mesma que te trouxe até aqui. — e o sorriso malicioso voltou para seu rosto. — Talvez você queira falar com Kim Himchan. E não se preocupe com sua identidade, ele sabe guardar segredos.

Jongup riu pra dentro, sacudindo a cabeça levemente antes de sair da sala, mas mantendo as últimas palavras vívidas em sua cabeça; Himchan encontrara as moças já mortas? Isso também o colocava em sua lista de suspeitos, mesmo que não significasse nada. Precisava falar logo com ele. E ao pisar fora da sala, concluiu que Jung Daehyun era estranho, mas Jongup talvez tivesse conseguido enxergar um pouco do ser humano que havia dentro dele.

*****

Quando Jongup voltou para o salão da frente, onde estavam todas as pessoas, precisou olhar duas vezes antes de ir em busca de Himchan. Ele nunca se sentira tão invisível como ali, as pessoas ficavam tão interessadas no que faziam e em quem as entretinha que nem sequer olhavam para ele. Aquilo até que era bom, afinal ele conseguiria fazer o que Bang pedira sem ser percebido.

Procurou Himchan com os olhos e não demorou muito para encontrá-lo — não havia muitos homens trabalhando por ali, muito menos os que tivessem um cabelo daquela cor, tão descolorido que era quase branco. Mas ele parecia muito ocupado no momento, sentado no colo de um homem que Jongup não conseguia ver o rosto, apenas reparara homem que ele usava um casaco cinza, felpudo, imenso e chamativo. Jongup lambeu os lábios, olhando em volta rapidamente e dando uma caminhada discreta para o balcão do bar; ali poderia conversar com algumas pessoas e ver o que Himchan fazia.

Assim que sentou-se, uma moça se aproximou. Ela parecia estar responsável pelo balcão do bar, e logo sorriu abertamente.

— Quer alguma bebida?

Jongup olhou para ela rapidamente, antes de olhar novamente para Himchan. Ele dava risada de algo que o homem sussurrava em seu ouvido e de relance o detetive percebeu que o cliente não parecia ter nem mesmo trinta anos. Em um momento que Himchan riu e o homem deslizou a mão por sua perna coberta pela calça de couro, seus olhares se cruzaram e Himchan deu uma piscada para ele sem que o cliente percebesse.

— Senhor? — a moça o chamou, fazendo com que ele a olhasse rapidamente. — Seu pedido?

— Ah. Uma dose de uísque. — ela assentiu e foi pegar a bebida e logo Jongup estava olhando para Himchan novamente. O garoto de programa de alguma forma conseguia olhá-lo entre o assunto que conversava com o cara, e logo Jongup recebeu um “espera aí” gesticulado com a mão que passava pelo ombro do cliente.

— Interessado nele? — a moça colocou o copo na sua frente, o barulho dele contra a madeira do balcão fez Jongup se sobressaltar. — Himchan é um pouco difícil de estar disponível, viu? Principalmente quando aquele cara está aqui.

— Sabe quando poderei falar com ele? — perguntou, segurando o copo. A balconista olhou para um relógio de parede meio escondido ao fundo.

— Ah, logo, logo esse cara aí está indo embora. Ele nunca demora muito, apesar de gostar apenas de Himchan. Mas se quiser, tem outras pessoas que podem te atende, tem outros garotos por aqui. — e ela sorriu. — Afinal, todo mundo está aqui pra isso. Apesar de que… eu acho que nunca te vi por aqui?

— Não. — Jongup falou rapidamente. — É a primeira vez que eu venho.

— Ah, sim. Sou Hyosung, prazer.

Naquele momento, sabia que devia entregar um nome falso, mas Hyosung continuou falando e provavelmente estava acostumada a não receber o nome de ninguém. Pelo que Daehyun falara, pessoas influentes iam ali naquele local, e certamente essas pessoas não gostavam de entregar seus nomes assim.

— Hoje estou apenas como balconista, apesar de que não temos dias fixos. Às vezes Hwasa é a balconista, às vezes a Jessica. Acho que o Youngjae também vem trabalhar aqui no bar, mas é mais raro isso acontecer. Enfim, não é como se você conhecesse essas pessoas que estou falando não é mesmo? — e ela sorriu. — Só um minuto. — e de repente ela virou-se de costas. — Hwasa!

Outra mulher, com os cabelos longos e azuis, que estava ao longe virou-se na direção de Hyosung. Jongup aproveitou aquele tempo para voltar seu olhar para Himchan, arrependendo-se alguns segundos depois; não era muito interessante ver a forma como Himchan, parecendo de alguma forma tão delicado, se deixava envolver pelo outro homem, rindo de suas piadas e deixando que ele passasse a mão em seu corpo. Respirou fundo e bebeu logo o conteúdo em seu copo, escutando a conversa de Hyosung com a tal Hwasa.

— Troca comigo? Eu vou embora mais cedo hoje. — Hyosung dizia rapidamente enquanto Hwasa assentia. — Eu não posso mais sair no horário de sempre. Além do medo né, tenho um compromisso.

— Já conversou com o Daehyun? Pede pra ele trocar seu horário com o de alguém. — Hwasa comentava rapidamente. Elas falavam quase baixo, então Jongup fazia o máximo que podia para escutar através dos barulhos altos do local e da música que não estava mais tão alta.

— Então, amiga, de alguma forma alguém teria que sair no meu horário. — ela parecia preocupada. — Eu não acho que com o que está acontecendo as pessoas vão querer sair tão tarde.

Hwasa pareceu pensar.

— Você pode trocar com algum dos meninos. Eles não parecem tão assustados com o que aconteceu. — ela falou rapidamente, mas Hyosung permaneceu com a testa franzida.

— Eu não sei. Acho que vou ver com o Daehyun um horário que não interfira no quanto eu recebo. — ela falou por fim. — Preciso arranjar uma moto, como você, mas o dinheiro é apertado né. — e deu risada. Hwasa sorriu de volta. — Bem, acho que vou ver se aquele cara ali quer mais alguma coisa, aí já vou embora, certo?

As duas voltaram a fazer o que faziam antes, Hwasa parecia que conversava com alguém e Hyosung sugeriu mais uma dose, que Jongup aceitou, vendo ali uma oportunidade para puxar conversa.

— Você sabe alguma coisa daquele… problema que aconteceu aqui? — ele perguntou como quem não quer nada, vendo a surpresa aflorar nos olhos dela. — É que… minha irmã mais nova costuma usar esse caminho quando está voltando da faculdade. Eu já falei pra ela trocar, mas parece que não tem como. — mentiu, criando uma irmã mental.

— O senhor quer dizer… a morte das meninas? — Jongup assentiu rapidamente, fazendo a expressão mais preocupada que podia. Hyosung pareceu ficar um pouco ansiosa, mas logo o respondeu. — Bem, as mortes foram bem chocantes e inesperadas. Tínhamos notado que alguns pôsteres estranhos falando de uma limpeza haviam sido colados por aí, mas ninguém deu muita importância… Mas visto que o alvo parece que somos nós, não acredito que sua irmãzinha corra algum perigo. — ela falou com a testa franzida, mordendo o lábio inferior.

Jongup concordou com a cabeça, olhando para ela nos olhos e tentando passar alguma confiança no que dizia.

— Fico imaginando como eram essas meninas, fiquei sabendo que eram muito novas. — ele falou como se lastimasse. — Isso é uma coisa horrível.

Logo Hyosung voltou a falar, parecendo um pouco constrangida.

— Bom, eu confesso que, em se tratando de mim, Minhee e a Bom não fazem diferença nenhuma, as duas só serviam para me atrapalhar e roubar meus clientes. Mas a Gain me surpreendeu… quero dizer, se esse cara está atacando prostitutas aleatoriamente, quer dizer que todas estamos em perigo, não é? — Jongup fez que sim, indicando que escutava a conversa. — Bem, eu moro um pouco longe, assim como a maioria daqui, e também não tenho nenhuma moto ou carro…Confesso que fico um pouco assustada.

— Tome cuidado então. — Jongup disse da forma mais preocupada que podia, vendo que ela parecia desabafar com ele. — Mas eu sou novo aqui, então… não conheço nenhuma das moças que você está falando. — ele deu uma risada desconcertada, tentando fazendo com que ela falasse mais alguma coisa. Pareceu dar certo, já que ela continuou falando após dar uma risada para ele.

— Ah, elas não eram muito importantes não. Com certeza não vai fazer diferença para você que nunca vai conhecê-las. — Hyosung disse, recolhendo o copo que Jongup terminara de beber e limpando o balcão rapidamente. — É como eu disse, elas só se achavam e me atrapalhavam. E quer saber uma coisa? Posso até dizer quem serão as próximas. Intuição feminina, sabe? — ela falou rapidamente, mas não deu tempo nem para que Jongup franzisse a testa, pois logo ela acenou com a mão. — Tenho que ir logo, se quiser continuar bebendo a Hwasa irá lhe atender em breve. Foi um prazer te conhecer! — ela disse e acenou para Jongup, caminhando até a porta dos fundos que levava ao corredor da sala de Daehyun. O detetive suspirou, olhando para suas próprias mãos enquanto refletia em tudo o que acontecia. Era muita coisa e ele não tinha sequer trazido um bloquinho de notas; esperava que tudo se mantivesse fresco em sua mente para que ele passasse a limpo quando fosse para o escritório.

— Parece distraído. — arregalou os olhos, sentindo uma voz quase soprando em sua orelha e virou-se assustado. Atrás de si estava Himchan, usando o mesmo casaco cinza, felpudo e imenso que seu cliente usava há pouco. Jongup quase torceu o nariz com o cheiro forte do perfume amadeirado que exalava do casaco. — Percebi que me olhava muito… queria falar comigo? — ele perguntou, insinuante, e Jongup olhou em volta. O cliente com o qual ele conversava antes havia sumido dali.

— Na verdade eu ainda quero. — Jongup disse rapidamente. — Agora, se possível.

Um sorriso malicioso se abriu no rosto de Himchan e ele puxou Jongup para que ele se levantasse, quase colando seu corpo ao do detetive antes de continuar sussurrando em seu ouvido.

— Então venha comigo. Talvez você prefira a privacidade de um quarto? — apesar da entonação, não era uma pergunta. Jongup suspirou, afastando-se de leve e olhando para Himchan, que logo respondeu. — Se for a conversa de estar aqui a trabalho, você já fez o que queria fazer… já cuidou de seus negócios com Daehyun, não é? Precisa relaxar um pouco. E como eu te disse, eu também estou aqui a trabalho.

Jongup quase não respondeu, mas então sentiu os dedos do outro tocando levemente seu abdome por cima da blusa e segurou sua mão com força.

— Privacidade, seria bom.

E Himchan sorriu abertamente, pegando a mão de Jongup na sua e puxando-o até a porta que eles entraram há pouco, porém, em vez de seguirem pelo corredor que dava na sala de Daehyun, eles subiram as escadas. Era tudo muito escuro e estranho e Jongup sentiu como se fosse para o abate, novamente a única iluminação do local provinha de lâmpadas vermelhas bem parcas no corredor. Aquilo daria mais trabalho do que ele pensava, mas sua investigação até que estava levando para um caminho, e não podia simplesmente ignorar suas pistas quando elas lhe levavam para um local onde poderia jogar todas as verdades contra a parede.

Claro, não literalmente.

Por fim, Himchan abriu uma porta quase no fim do corredor do andar superior, revelando um quarto de um tamanho confortável e até que bem organizado, diferente do andar de baixo. Os lençóis da cama eram bonitos e os móveis eram simples, e Himchan logo andou até o meio do quarto encostando contra uma penteadeira e olhando para Jongup como se ele estivesse nu. Jongup encostou a porta atrás de si, vendo o olhar de Himchan percorrendo todo o seu corpo e sentiu-se até mesmo um pouco desconfortável. Principalmente quando Himchan falou com a voz baixa.

— E então, como vai querer?



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