História Eternos - Capítulo 39

POV HARRY 

Caminhei até Edward que parecia se encolher enquanto eu me aproximava.

-Há algo errado?! - perguntei suavemente.

-Sua presença é imponente, sinto-me desorientado.

Eu puxei minha magia de volta, o suficiente para deixá-lo mais confortável e o vi suspirar, mas ele ainda parecia perdido.

-Melhor?! - questionei para ter certeza.

-Por que me sinto assim em sua presença?! - perguntou de volta e eu parei confuso.

-Eu não consigo prender minha magia mais que isso, mas você nunca havia demonstrado sensibilidade a ela. - expliquei em tom de desculpas, mas ele negou com a cabeça.

-Não é a isso que me refiro! - disse me encarando com dificuldade - Sinto-me quente, olhar pra você me deixa desorientado pois tudo que desejo é tocá-lo.

Eu travei boquiaberto com a sua sinceridade, senti minhas bochechas queimarem e meu estômago se contrair. O silêncio se estendeu e eu me obriguei a dizer algo.

-Nós precisamos conversar Edward! - era a hora. Severus, Luna e Mors tinham razão, eu devo ser claro com ele e deixar que ele decida o que fazer.

-Olha, me perdoe, eu fui incoveniente e devo tê-lo ofendido.. - balbuciou nervosamente - Esqueça o que eu disse, só peço que não me evite, garanto que não voltarei a agir dessa forma inadequada! - pediu encarando o chão.

-Edward! - chamei firme e ele ergueu os olhos devagar - Você se sente atraído por mim?! - perguntei e ele assumiu uma expressão aterrorizada.

-E-e-u... E-u... - Edward abria e fechava a boca, mas não conseguia falar. Depois de algum tempo ele abaixou a cabeça e murmurou um "me desculpe!".

Meu coração galopava em meu peito e eu sorri igual um idiota. Me aproximei de Edward e levantei seu rosto para que ele pudesse ver seus olhos.

-Há algo que quero te mostrar, sobre como nos conhecemos e o que somos um para o outro, apenas veja tudo e então conversamos! - eu disse convocando uma penseira e puxando todas as lembranças que o envolviam, até nosso primeiro beijo. As cenas mais íntimas seriam um pouco demais agora.

Edward me olhava curioso, mas não fez perguntas, esperando até que eu terminasse.

-Essas são minhas memórias, do momento em que nos vimos pela primeira vez, até... Bem, você verá! - expliquei coçando a nuca - Apenas mergulhe sua cabeça na penseira. - orientei.

Edward hesitou por um instante e parecia nervoso, mas respirou fundo e mergulhou.

Eu me senti inseguro, com receio de qual seria a sua reação, mas agora não havia volta. Edward veria tudo através de meus olhos e então faria suas próprias escolhas.

Aproveitei esse momento para me vestir e me sentei na cama, aguardando até que Edward terminasse.

Meu coração batia freneticamente e todos os pensamentos negativos cruzaram minha mente. Eu estava me arrependendo de ter feito isso tão cedo, desejando que ele emergisse e esquecesse tudo.

Eu sentia que Edward não estava pronto, que fui precipitado e estava jogando minha chance no lixo.

Percebi que minhas mãos tremiam e comecei a fazer exercícios de respiração para acalmar, mas não estava obtendo resultados.

Então Edward emergiu. Sua expressão era de choque e algo mais que eu não consegui identificar.

Ele ficou certo tempo imóvel, encarando a água e segurando com força a borda da penseira.

Me mantive em silêncio, embora desejasse chamar sua atenção e perguntá-lo o que estava pensando.

Depois do que pareceu uma eternidade, Edward ergueu seus olhos que se prenderam aos meus com uma gama de sentimentos passando por eles.

Eu suspendi minha respiração, esperando que ele se manifestasse.

-Eu... não sei o que dizer! - ele parecia muito constrangido, mas seus olhos não se desviaram dos meus.

-Não precisa dizer nada! - falei me levantando da cama - Eu só peço que, por favor, não feche a porta para mim! - eu pude ouvir a súplica em minha voz, mas não me importei. Eu estava com medo.

Edward ficou em silêncio, me encarando pelo que pareceu tempo demais.

-É muita coisa para assimilar Harry! - disse finalmente - É confuso lembrar da minha infância, brincando com meus amigos na charneca, do início da minha adolescência, os sonhos, as metas, a doença, o medo da morte.. e de repente descobrir que se passaram cem anos desde o último momento, eu sou um vampiro e tenho um companheiro. - confessou desviando o olhar e caminhando até a janela.

-Eu entendo Edward! - afirmei voltando a sentar na beira da cama - Você viu minhas memórias, sabe o que sinto e o vínculo que temos. Você tem a opção de rejeitá-lo, mas eu peço que ao menos dê a chance de me conhecer novamente antes de se decidir! - insisti, eu não suportaria perdê-lo.

O riso de Edward chamou minha atenção e encarei suas costas.

-Desde o momento em que nossos olhos se cruzaram naquele hospital, meu interior grita que eu sou seu Harry! - disse se virando para me encarar e meu coração parou, antes de voltar a bater freneticamente - Eu vim até aqui procurando uma desculpa para passar alguns minutos com você, e vendo suas memórias, agora entendo o porquê dessa necessidade visceral de estar perto.

Eu me levantei da cama, mal registrando meus movimentos e me aproximei de Edward que não desviou seu olhar do meu.

Seu semblante era suave e determinado ao mesmo tempo.

-Isso significa.. que você me dará uma chance?! - perguntei esperançoso, parando em frente a ele.

Edward avaliou todo meu rosto de perto em silêncio, então sorriu pequeno.

-Minha mãe sabia não é?! - perguntou de volta e eu assenti - Como eu disse antes Harry, minha mãe nunca erra! - respondeu levando sua mão ao meu rosto, fazendo um carinho em minha bochecha.

Eu me inclinei ao toque e fechei os olhos.

-Eu acho tudo muito surreal ainda, mas eu mentiria se dissesse que não desejo me entregar completamente ao que sinto. - abri meus olhos, sentindo-os marejados. Eu temi tanto que a perca de suas memórias afetasse negativamente nosso relacionamento, mas Edward estava tão aberto, tão suave.

-Eu gostaria muito de te beijar agora! - confessei e sua mão parou de acariciar meu rosto, seus olhos um pouco mais abertos.

Edward ficou me olhando em silêncio por um tempo. Eu sabia que não era hora ainda, ele precisava de um pouco mais de tempo.

-Eu quero te conhecer Harry, quero me conhecer também, aos outros e a esse mundo que é novo para mim novamente! - disse baixando o braço - Eu conversei com Carlisle e Jasper, querendo saber como eu era antes de perder as memórias, o que vi em suas mentes me deixou triste. Obviamente, eles falaram coisas boas de mim, mas eu vi o que eles não disseram, o quanto era triste, sozinho, revoltado até. Isso é tão diferente de quem eu já fui enquanto humano, eu não quero voltar a ser assim, tampouco deixarei acontecer. Eu quero viver, não apenas existir! - Edward falava apaixonadamente, seus olhos brilhando em determinação e eu sorri.

-Eu sou muito sortudo! - meus pensamentos escorregaram por meus lábios, fazendo Edward rir.

-Posso dizer o mesmo, honestamente, a princípio os sentimentos e pensamentos sobre você estavam me causando coisas ruins, mas ver suas memórias me fizeram perceber que é ridículo. - disse dando um passo para mais perto de mim - Nós somos eternos Harry, essas pequenas coisas se tornarão insignificantes perto da imensidão do que podemos viver! - eu derreti com suas palavras, sentindo uma lágrima escorrer por minha bochecha.

-Eu concordo, e garanto a você que tudo que eu mais desejo é que você seja feliz...comigo! - sussurrei emocionado.

Edward sorriu largo e me abraçou pela cintura, encostando sua cabeça em meu peito.

Eu o abracei de volta me sentindo em casa. Edward era meu lar, seus braços eram onde eu me sentia completo.

Senti minha magia rodopiando ao nosso redor, fluida, forte, diferente de como estava com o vínculo fraco e suspenso.

-Eu estou tão feliz! - confessei sem me controlar e o apertei um pouco mais. Edward riu e eu posso dizer, com toda a certeza, que o som de sua risada é minha coisa favorita no mundo.