Aparecemos em frente as portas duplas na entrada do salão principal.
-Hoje vocês conhecerão um lado meu que não sei se gostarão, mas espero que depois de tudo isso, ainda consigam me amar como eu os amo! - Harry disse sem nos olhar e eu encarei seu rosto de perfil.
-Do dia que nos conhecemos até aqui, você tem sido a resposta para todas as orações que fiz nesses mais de trezentos anos. - Carlisle disse com carinho - Eu nunca fui a favor de matar, mas se você disser que quer dizimar o mundo inteiro, esteja certo que estarei lutando ao seu lado! - declarou, fazendo Harry encará-lo profundamente, antes de sorrir parecendo agradecido.
A mente de todos ali refletia as palavras de Carlisle, eles seguiriam Harry até o fim do mundo se necessário, e eu também.
Sem mais uma palavra, senti Harry erguendo uma barreira ao nosso redor e empurrou as portas, entrando no salão.
As vozes silenciaram imediatamente e foi perceptível a mudança de atmosfera.
Aro nos encarou como se fossemos fantasmas e Caius estava ainda mais pálido, se é que possível. Marcus foi o único que nos direcionou uma expressão agradável.
-Ora, que surpresa! - Marcus disse de seu assento - É muito bom revê-los, devo admitir que você fez falta menino Harry! - cumprimentou com um pequeno sorriso, o qual Harry retribuiu.
-É bom revê-lo também Marcus, pena que seja em uma situação tão desagradável! - disse voltando seu olhar para Caius que permanecia congelado na cadeira. Seus pensamentos estavam confusos, aterrorizados.
Ele pensava que Harry deveria estar morto, mas não era tolo, se ele estava ali, significava que tudo tinha dado errado e que aquilo significava sua morte.
-Não! - ele sussurrou, sua mente paralisada de medo.
Marcus olhou para Caius em questionamento, aparentemente, ele não sabia de nada. Já Aro, refletia o mesmo pavor do irmão, sua mente buscando meios de livrar a si mesmo da fúria de Harry.
-Não se dê ao trabalho Aro! - eu disse com uma coragem que não sabia de onde vinha. O conhecia apenas das memórias de Harry, mas eu tinha uma antipatia profunda por ele.
Ele me encarou emitindo um rosnado que colocou a guarda em alerta.
-Harry, do que isso se trata?! - Marcus perguntou voltando sua atenção a nós novamente.
-Se trata do extermínio de seus irmãos e de sua guarda! - informou dando alguns passos a frente para que todos o vissem - Caius tentou contra mim, meu companheiro e minha família junto a Isabella Swan. Ele ordenou que Darius fosse com ela a Forks e destruísse nossos vínculos, além de forjar um vínculo dele com Isabella.
Marcus se levantou de sua cadeira e virou-se para Caius.
-Está louco irmão?! - questionou incrédulo - Harry e Edward são companheiros e seu vínculo possui a benção da Lady Magic. O que você fez fere o próprio curso do destino. - repreendeu abismado.
Caius não retorquiu, manteve-se em silêncio.
-Isso é realmente terrível! - Aro tentou, mas sua voz parecia derrotada até para ele mesmo - Harry, eu garanto que Caius será castigado devidamente, em consideração a você!
Harry encarou Aro com uma sobrancelha erguida, então minha mente foi bloqueada e Caius começou a pegar fogo.
Os dois antigos saltaram pra longe do irmão, enquanto Caius gritava a plenos pulmões e o cheiro de carne podre queimada tomava conta do ambiente.
Harry interrompeu o fogo e vimos Caius com queimaduras de segundo e terceiro graus, alguns pedaços mais chamuscados caiam no chão, mas sua pele já começava a regenerar.
Todos nós olhavamos Caius com expressões que oscilavam entre nojo e horror. Ele gemia e lamentava enquanto sua pele voltava ao normal, mas quando a regeneração estava quase completa, ele pegou fogo novamente.
Esse processo se repetiu por mais três vezes antes que Aro reencontrasse sua voz.
-Harry, pare com isso! - pediu com medo impregnado em sua voz, como se testemunhasse sua própria condenação - Mate-o se é o que quer, mas isso é sadismo.
Harry riu, tirando seu olhar de Caius em chamas para olhar para Aro.
-Vocês atacaram meu companheiro, isso não é nem o começo! - disse e o pavor enfeitou as feições de Aro.
-Não assistirei isso de braços cruzados! - avisou trêmulo e olhou rapidamente para Jane e Alec que avançaram, mas atingiram a barreira ao nosso redor que os jogou em direção a parede com força.
-Ninguém pode nos atingir, assim como ninguém pode sair daqui! - as palavras de Harry causaram uma histeria entre os membros da guarda que estavam ali - Hoje é o dia em que o reinado dos Antigos acaba e construiremos uma nova era para os vampiros com Carlisle no comando!
Aro arregalou os olhos em realização.
-Você acha que os vampiros o seguirão?! Nós levamos séculos para organizá-los e nos estabelecermos como líderes! - vociferou com ódio em seus olhos. Aparentemente, perder seu posto de líder era pior do que sua morte iminente.
-Vocês construíram um reino sob mentiras e manipulações, se não fosse o poder de Marcus, eles jamais os seguiriam. - Harry devolveu despreocupado - E duvido que Marcus fizesse qualquer coisa por vocês se soubesse que você matou sua própria irmã Didyme, companheira dele, apenas para ter controle sobre seu poder.
Marcus encarou Harry com seus olhos muito saltados, antes de direcioná-los para Aro que parecia um fantasma de tão pálido.
Harry estava obviamente se divertindo e eu estava me sentindo em uma experiência imersiva de um livro de suspense.
-Ainda que eu acredite em Harry com a minha vida, diga que isso não é verdade Aro! - demandou Marcus, seu tom traído denunciava sua dor.
Aro não olhava para Marcus, ele encarava Harry o tempo todo, como se pedisse ajuda e eu tinha a impressão de que eles conversavam em pensamento.
-Maldito! - Aro sibilou para Harry entredentes. Antes de Marcus avançar sobre ele e ser segurado pela magia de Harry.
-Desculpe Marcus, mas quero que Aro veja tudo que acontecerá aqui antes de dar fim a sua existência, mas não se preocupe, deixarei essa honra para você! - Harry disse puxando Marcus para perto dele.
-Eu esperarei, apenas por saber que Aro teme sua morte mais do que qualquer outra coisa, e saber que ela chegará enquanto você mata os outros, trará mais angústia para ele do que ser decapitado imediatamente. - Marcus disse com veneno na voz.
-Vamos começar a festa então! - Harry disse convocando Luna que entrou pela porta com Isabella e Darius flutuando atrás dela.
Ela os jogou no chão, aos pés de Aro cuja mente estava uma bagunça.
-Marcus! - Luna cumprimentou com um pequeno sorriso que ele retribuiu apenas assentindo.
-Você poderia desfazer os vínculos que criou com os membros da guarda?! - Harry perguntou a Marcus que desviou seu olhar assassino de Aro e direcionou a ele.
-É claro! - Marcus fechou os olhos e começou a desfazer um por um. Alguns ficavam confusos e zonzos, suas mentes sentindo o vazio onde antes o vínculo existia.
Os poderes de Marcus e Darius eram semelhantes, o que os diferenciava eram os tipos, enquanto Marcus construía lealdade, sentimentos voltados a devoção, obediência e respeito, Darius construía vínculos afetivos, amizade, amor, desejo.
Percebi que alguns dos membros da guarda, embora tivessem vínculos forjados, serviam aos Volturi por suas próprias vontades. Alguns tinham pensamentos de grandeza e poder, visto que como membros, eles tinham posições que os destacavam. Outros os seguiam por seu desejo de sangue, eles gostavam de matar, punir e torturar os transgressores e abusavam de suas posições para satisfazer seus desejos sanguinários. Eles me deram asco.
-Eu sei, com Voldemort era a mesma coisa! - Harry disse para mim e eu o encarei, ele lia mentes?!
Harry riu e piscou para mim. Trapaceiro! - pensei.
-Luna, deixe ir os membros que foram forçados! - Harry pediu e ela recitou um feitiço, antes de fazer a porta se abrir.
Eles se atropelaram para sair, porém quando um tentou e imediatamente pegou fogo, se transformando em uma pilha de cinzas, todos pararam.
-Só conseguirão passar pela porta os que verdadeiramente estavam sendo manipulados por Marcus a seguir os Volturi, qualquer outro virará pó! - Harry avisou despreocupadamente e apenas mais três vampiros deixaram a sala. O restante voltou para onde estavam antes.
-Nós não teremos direito de lutar por nossas vidas?! - um dos membros da guarda gritou - Que tipo de julgamento é esse?!
Harry riu se virando para ele.
-Voces já foram julgados, o que estão recebendo agora é sua sentença! - respondeu causando um alvoroço entre os remanescentes.
Eles começaram a atacar e eram repelidos pela barreira em nossa volta.
-Harry, deixe-nos lidar com eles! - Jasper pediu trocando o peso de uma perna para outra. Ele estava visivelmente animado com a perspectiva de lutar e seu pedido acendeu nos outros a mesma vontade.
-É isso que querem?! - Harry perguntou olhando entre todos os nossos que assentiram.
-Então, divirtam-se! - Harry disse e imediatamente tudo se tornou um caos.
Jasper correu em direção a Demetri, iniciando um embate onde ele era obviamente superior. Alice foi em direção a Jane que repetia o comando 'Dor', mas quando percebeu que nada acontecia, seu tom foi ficando mais desesperado. Alice pulou encima dela, suas pernas ficando nos ombros de Jane com a cabeça da loira entre elas.
Alice arrancou sua cabeça com facilidade e o corpo caiu inerte no chão, enquanto Alice saltava de volta ao chão segurando a cabeça pelos cabelos. Ela sorriu diabolicamente e jogou-a aos pés de Aro que fez uma careta, ameaçando atacar Alice, mas ele se viu imóvel e olhou para Harry com raiva.
-Faz muito tempo que eu quero fazer isso! - Alice disse feliz e eu observei os outros.
Emmett desmembrava vampiros como se fossem de papel. Rosalie dançava, desviando de alguns vampiros que queriam por as mãos nela e deixava para que Emmett os matasse.
Carlisle estava com Esme, lutando em dupla, enquanto um segurava os braços para trás, o outro arrancava a cabeça.
Luna, Severus e Jacob observavam a princípio, mas parece que Jacob ficou entediado de apenas assistir e logo se transformou em lobo, causando certa comoção entre os vampiros.
A maioria nunca tinha visto um de seus inimigos naturais. Jacob os estraçalhava entre os dentes, enquanto Severus explodia qualquer um que tentasse pegar Jake de surpresa.
-Não vai participar?! - Harry perguntou se aproximando de mim.
-Ainda não me sinto confiante em uma luta! - respondi observando os embates. Harry assentiu e se virou para Aro.
-Acho que ele poderia ter um derrame a qualquer momento! - comentou sorrindo e eu o acompanhei.
Era verdade, Aro parecia estar presenciando a realização de todos os seus pesadelos.
Caius já havia se regenerado novamente e olhava tudo com ainda mais assombro.
-Reunam-se! - Harry pediu e todos os nossos familiares se juntaram no centro do salão novamente.
Luna juntou os corpos na lateral do salão, formando uma pilha, e ateou fogo.
Aro observava a pira macabra com angústia.
-Vou começar por Darius! - Harry disse ao homem que parecia catatônico, olhando para o fogo - Levicorpus! - murmurou e Darius ficou em pé, alguns centímetros longe do chão.
-Por favor..seja rápido.. por favor..- ele sussurrava, os olhos fixos na pira crepitante e fétida.
Harry sussurrou uma frase em latim, se entendi direito era algo como "Queime de dentro para fora!". Darius começou a gritar e seus vasos sanguíneos ficaram evidentes em sua pele pálida.
Eles eram como caminhos pretos em todo seu corpo. Seus olhos arregalados adquiriram um tom vermelho escuro e sangue escorreu deles, como se Darius chorasse.
Era uma cena grotesca e assustadora.
Os gritos de Darius começaram a ficar estranhos, como se ele gritasse embaixo d'água, então de sua boca escorreu sangue. Os vasos que estavam evidentes ondulavam estranhamente como se houvessem bolhas por dentro, e a pele começou a derreter, formando buracos.
Ele estava literalmente queimando de dentro para fora, as bolhas eram seus músculos e o sangue grosso fervendo e desmanchando.
Em alguns locais era possível ver os ossos, com a carne derretida se desprendendo e caindo no chão.
Darius já não gritava, o lugar onde antes era sua mandíbula e pescoço, agora era apenas um buraco oco, com nada além de ossos manchados de sangue. Ele caiu de joelhos e um de seus olhos saltou da órbita, ficando pendurado.
-Incendio Tria! - Harry sussurrou e os restos de Darius pegaram fogo.
Nós observamos o corpo derreter nas chamas azuis que rapidamente consumiu tudo, inclusive ossos, deixando apenas um punhado de cinzas para trás.
-Agora, Caius! - Harry disse e o antigo se empertigou.
-Não! - pediu aterrorizado - Por favor, por favor.. deixe-me e eu desaparecerei, nunca mais ning- sua língua caiu da boca para o chão. Ele fez um barulho de engasgo enquanto pressionava suas mãos na boca.
Harry não pronunciava mais nada, mas cortes foram surgindo no corpo de Caius. A princípio, eram superficiais e pequenos, mas foram ficando mais fundos e maiores. Até chegar ao ponto de decepar.
Primeiro os dedos das mãos, um por um foram divididas as falanges, então pedaços da mão, braço, e assim por diante. Seu corpo não se regenerava mais.
Caius fazia um som estrangulado, engasgado com sangue.
Parte por parte, Harry arrancou dele, até sobrarem apenas o tronco e a cabeça.
-Persous! - assim que Harry pronunciou a palavra, o que sobrou do corpo de Caius começou a inflar.
Em algum momento ele parecia um balão, e então, explodiu, lançando pedaços externos e internos dele para todos os lados.
Nós não fomos atingidos, pois estávamos protegidos pela barreira que Harry ergueu, mas os outros foram e eu poderia ter vomitado se fosse capaz.
Aro tinha pedaços das entranhas de seu irmão sobre seu rosto e cabelo. Isabella recebeu a maior parte, por estar mais próxima e parecia em choque com tudo aquilo.
Jacob não suportou a visão e se afastou um pouco, vomitando próximo a porta, com Severus passando a mão por suas costas e perguntando se ele preferia sair dali.
-Não, estou bem, apenas fui pego de surpresa. - respondeu o lobo - Lembre-me de jamais irritar Harry.
-Não se preocupe Jake, Severus me mete mais medo do que eu jamais conseguiria infligir em você! - Harry comentou.
-Muitos anos de prática! - Severus respondeu com um pequeno sorriso.
Eu olhei ao redor do salão me sentindo estranho. Em um lado, corpos de vampiros desmembrados estavam queimando, do outro lado, os vampiros remanescentes estavam amontoados e evidentemente aterrorizados. Na frente, os restos de Caius estavam por todo lado, Aro aparentava alguém que tinha tomado banho em dejetos, bem como Isabella.
Suas expressões eram de pavor, o medo da incerteza, da dor, da crueldade.
Eles sabiam que Harry não seria piedoso com eles e em sua mente, Aro desejou poder se suicidar, antes que Harry chegasse até ele.
Apesar da zona de guerra onde estávamos, Harry e os outros ainda conseguiam fazer piadinhas entre si, e eu não encontrava em nenhuma parte de mim, qualquer sentimento negativo em relação a Harry e a tudo que estava acontecendo.
Eu era apenas um espectador, e ouso dizer que aquilo até me deixava orgulhoso, pois Harry estava fazendo tudo aquilo por mim, por nós.
-Agora, quem gostaria de ser o próximo?! - Harry perguntou se virando para Aro e Isabella. Ambos se encolheram e desviaram o olhar, como se a falta de contato visual fizesse eles não serem escolhidos.
-Deixe Isabella para o final! - eu pedi, decidindo não apenas assitir. Todos haviam participado de alguma forma, eu era companheiro de Harry e foi a mim que eles atacaram. Eu poderia participar também.
Harry me encarou e assentiu, me dando um pequeno sorriso.
-Nesse caso, chegou sua vez Marcus! - Harry disse fazendo Marcus sorrir diabolicamente.
-Finalmente, mas antes, se importaria de fazê-lo sofrer um pouco?! - ele pediu e Aro o fuzilou com os olhos.
-Será um prazer! - respondeu - Sectumsempra! - Harry sussurrou e cortes profundos e irregulares começaram a surgir por todo o corpo de Aro.
-Você sempre foi melhor nesse feitiço do que eu! - Severus elogiou e Harry sorriu sem desviar o olhar de Aro que gritava a plenos pulmões.
O sangue grosso e escuro de Aro manchava sua pele e as roupas que eram cortadas também. Um corte abriu em seu rosto, descendo desde a sobrancelha até a altura dos lábios, mas não atingiu seu olho.
-Você gostaria de mais, ou acha que já está bom?! - Harry perguntou para Marcus que observava o irmão sangrar e gritar com satisfação.
-Nenhum desses cortes doeu mais nele do que o terror de tudo que ele viu nessa sala! - respondeu simplesmente - Nem sua morte doerá mais do que saber que Carlisle liderará os vampiros de agora em diante!
Harry assentiu suspendendo o feitiço e Aro caiu no chão de joelhos.
-Eu dediquei minha imortalidade a manter a comunidade vampira protegida dos humanos e de si mesma. - Aro sussurrou, sua voz falhada pelos cortes em seu pescoço.
-Você não fez nada que não fosse para seu próprio benefício! - Marcus retorquiu se aproximando lentamente.
Aro parecia não conseguir fazer seu corpo responder aos seus comandos. Sua mente estava gritando de pavor, a cada passo que Marcus dava para mais perto. Ele tentava reagir, fugir, ou pelo menos lutar, mas os cortes em seu corpo pareciam ter atingido seus nervos e ainda não havia regenerado o suficiente para ele se mover.
Marcus parou atrás de seu corpo, segurando os cabelos de Aro e levantando sua cabeça para olhá-lo nos olhos.
Eu fiz uma careta para o corte profundo no pescoço de Aro que, nessa posição, se abriu ainda mais.
-Espero que eu não te encontre mais, nem mesmo no inferno! - Marcus disse antes de puxar a cabeça de Aro que começou a se desprender do pescoço. Ele não conseguia gritar, pois as cordas vocais foram rompidas quando Marcus ergueu sua cabeça.
Sua mente era um mar de angústia, desespero, horror, dor e ódio.
Seu último pensamento foi de que gostaria de ter matado Carlisle. Então, sua cabeça foi arrancada e seu corpo tombou para frente.
Marcus levantou a cabeça até a altura de seus olhos e sorriu.
-Nunca pensei que me sentiria tão livre em não ser mais um Volturi! - disse jogando a cabeça de Aro no fogo.
Harry sorriu pequeno para ele antes de se voltar para Isabella.
-Agora só falta você! - disse sombriamente e ela se encolheu, abraçando os joelhos.
Harry se aproximou dela, parando a poucos passos de distância. Ele recitou um cântico e uma criatura estranha começou a aparecer.
Meus instintos gritavam para fugir daquilo, o ambiente ficou frio ao ponto de minha respiração sair como fumaça.
Eu me reuni aos outros, aparentemente, eles sentiam o mesmo . Harry estendeu uma mão para nós e a sensação ruim desapareceu, assim como o frio.
Suspiramos aliviados, mas nos mantivemos juntos e longe daquela coisa horrenda.
Ele era enorme, pelo menos duas vezes o tamanho de Emmett. Era coberto por uma capa preta esfarrapada e flutuava há alguns centímetros do chão. Não possuía olhos, mas tinha uma espécie de boca circular e cheia de dentes pontiagudos. Suas mãos eram a única coisa que apareciam para fora da capa, além da boca, elas eram ossudas, com uma fina camada de pele cinzenta recobrindo-as.
Isabella se arrastou no chão, sentada, se afastando da criatura.
-Você quer se divertir querido?! - Harry perguntou para aquela coisa que praticamente ronronou para ele e se ajoelhou aos seus pés.
Eu julguei minha sanidade mental quando achei sua demonstração de poder extremamente sexy. Uma criatura com tamanho poder e periculosidade, se submetendo a Harry como se ele fosse seu superior e provavelmente era, mexeu comigo.
Péssima hora! - pensei me repreendendo e Harry me encarou erguendo uma sobrancelha. Eu estava mortificado.
-Você pode brincar com ela e não preocupa-se em matá-la, mamãe está ocupada e não virá buscá-la tão cedo! - disse e a criatura imediatamente avançou sobre Isabella.
Ela gritou aterrorizada e tentou se proteger com as mãos, mas aquilo a atravessou. Isabella se debateu desesperada e olhou para seu corpo como se visse algo nele. Imediatamente ela começou a bater as mãos em seu corpo como se tentasse se livrar de algo que estivesse em si.
Aparentemente ela estava vendo uma ilusão, Isabella batia com força em si mesma e logo começou a passar as unhas nos braços e pescoço, arrancando pedaços de sua própria pele.
Era uma visão asquerosa.
Em pouco tempo seus músculos estavam visíveis e novamente a criatura se aproximou, passando através dela.
Seus olhos reviraram, ficando apenas com a parte branca visível e ela gritou horrendamente, caindo de joelhos e puxando os cabelos.
-Harry, o que está havendo?! - perguntei quando ele se aproximou de mim e envolveu minha cintura, plantando um beijo em minha testa.
-Aquilo é um Hanyo, cruzamento entre um filho de Érebo e um dementador. Eles são criaturas obscuras que habitam no submundo, fazem com que a pessoa viva cada um de seus medos como se fossem reais. - explicou admirando a criatura que flutuava através de Isabella novamente - Cada vez que ele atravessa o interior dela, traz a tona um medo que ela já teve na vida, potencializando-o e o tornando real na mente dela. Agora a pouco ela via larvas andando por seu corpo e saindo de dentro de sua pele, como se ela fosse um cadáver em decomposição, pois quando criança ela viu uma dessas e teve medo de brincar no parquinho, achando que elas só apareciam em defuntos, portanto, deviam haver pessoas mortas naquele lugar.
Eu olhei para Isabella que tinha sua mão estendida como se tentasse alcançar alguém. Sua mão faltava alguns dedos que ela mesma decepou em seu desespero com alguma coisa que apenas ela via.
-Ela vai se destruir sozinha! - eu sussurrei em realização e Harry assentiu.
-É o que ela merece! - afirmou ele e eu concordei - Você está bem?! - Harry perguntou me observando. Eu desviei meus olhos de Isabella e o encarei.
-Sim! - respondi sinceramente - Devo me preocupar com minha sanidade?! - perguntei de volta e ele riu.
-Certamente! - brincou e eu ri com ele.
Eu não me sentia mal por Isabella, Aro, Darius ou qualquer outro que tenha sido morto hoje. Eu queria estar com Harry e com minha família e eles tentaram tirar isso de mim. Encarei Isabella enquanto ela arrancava os próprios olhos e os jogava no chão, os pisoteando e não senti qualquer pena, culpa ou remorso.
Lembrei-me das palavras de Carlisle e voltei a olhar para Harry que continuava me observando. Dei-lhe um selinho rápido e sorri, se Harry quisesse colocar fogo no mundo, eu o seguiria e o ajudaria.
-Deixe-a perceber o que ela fez! - pedi e Harry chamou a criatura.
-Libere-a! - pediu gentilmente e o Hanyo voltou até ela, a circulando uma vez.
Isabella paralisou por um instante e seu grito foi ainda pior que os outros.
-Pare com isso! - pediu colocando o que restou das mãos nas órbitas vazias.
-Você mesma causou tudo isso! - Harry disse indiferente e eu entendi a dualidade da resposta.
Isabella trouxe isso para si ao ir atrás de nós, bem como estava se destruindo com as próprias mãos.
-Apenas me mate.. por favor.. eu quero morrer! - choramingou.
-Bem, minha mãe não quer saber de você, então, acho que você terá que lidar com isso durante mais tempo. - ele disse, antes de assentir para o Hanyo que atravessou Isabella novamente.
Ela recomeçou a gritar e pedir para que René fugisse.
-René é a mãe dela! - Harry explicou - Ela está vendo vampiros indo em direção a mãe dela e a cercando. - Harry silenciou e suspirou.
-Ela está vendo eles a matando não é?! - perguntei, visto o grito desesperado que ela deu.
-Sim, mas eu não compreendo, como uma pessoa que temia que vampiros matassem seus pais, decidiu se transformar em uma vampira que escolheu beber de humanos, podendo ela mesma vir a matá-los a qualquer momento?! - realmente, não fazia sentido algum. A menos que Isabella não tenha calculado bem o que significava se tornar vampira.
-Ela estava muito obcecada em ser uma de vocês para pensar nos detalhes! - Jacob comentou e eu olhei em sua direção.
Ele assistia o desespero de Isabella com a mesma expressão impassível que eu. Seus pensamentos estavam tranquilos, ele não estava incomodado ou ressentido com o que Isabella estava passando.
-Acho que já podemos finalizar! - eu disse quando ela arrancou parte de seu abdômen com as mãos, fazendo suas vísceras vazarem pelo buraco.
-Se é isso que quer, mas Mors não virá buscá-la ainda, provavelmente ela ficará no limbo por um tempo. - Harry comentou, e eu apenas assenti, embora não tenha entendido bem.
Ele chamou a criatura de volta e recitou o cântico, mandando-a embora, depois de acariciar sua cabeça.
Isabella estava caída no chão, gemendo coisas desconexas, parecendo fora de si.
-Acho que a mente dela se quebrou! - Severus comentou indiferente e Harry a observou.
-Ela só está presa em sua última ilusão! - Harry disse e estalou os dedos, fazendo ela puxar o ar como se tivesse levado um susto.
Ela não conseguia se levantar mais, estava mais morta do que viva, embora consciente.
-Eu quero morrer...quero morrer..por favor..me mate.. - ela murmurava sem se mexer.
-Eu acho que você merecia mais um tempo com meu animalzinho de estimação, mas meu consorte é muito piedoso e pediu-me que terminasse com seu castigo! - Harry comunicou sem emoção e ela soluçou como se chorasse.
-Obrigada.. obrigada..por favor.. me mate.. eu quero morrer..quero morrer.. - continuou murmurando e Harry estalou os dedos, fazendo-a pegar fogo, como havia feito com Caius.
Isabella gritava novamente e eu sentia uma sensação de alívio. Como se tudo tivesse acabado.
Harry colocou alguma barreira para silenciar seus gritos e voltou para meus braços.
Ele me abraçou pela cintura e eu escondi meu rosto na curva de seu pescoço. Era como se tudo estivesse em seu lugar finalmente.
Carlisle veio até nós e Harry se moveu, apenas descansando seu queixo sobre minha cabeça, sem desfazer do abraço.
-Bem, e quanto aos outros?! - perguntou, apontando para os membros da guarda que ainda permaneciam ali.
Novamente ele estalou os dedos e todos queimaram.
-Acho que você é piromaniaco. - Emmett comentou fazendo Harry rir - Devo me preocupar?! - perguntou e Harry lançou nele uma flecha de fogo, que caiu aos seus pés, o fazendo pular para longe.
-Apenas se você me irritar o suficiente! - respondeu rindo e todos nós o acompanhamos, olhando para a cara chocada de Emmett.
-Você não me incendiaria, não é?! - perguntou ainda com cara assustada.
-Merlin, você ouviu algo do que eu disse sobre seus anéis de herdeiros?! - Harry questionou revirando os olhos para ele - O fogo não afeta vocês, enquanto estiverem os usando! - disse e fez sinal para que Emmett tocasse a flecha que ainda queimava no chão.
Muito hesitantemente ele o fez, a segurando como se ela não estivesse em chamas.
-Legal! - ele gritou e saiu correndo em direção aos corpos dos membros da guarda em chamas, passando através do fogo e saindo do outro lado, apenas para voltar a fazer mais uma vez.
-Cristo, eu casei com um idiota! - Rosalie reclamou negando com a cabeça e nós rimos.
Harry desfez nosso abraço e segurou seu pingente, entoando um cântico de invocação.
Em pouco tempo tinham cerca de vinte pessoas ali paradas, eles trajavam vestes iguais e se posicionavam como soldados.
-Limpem tudo, por favor! - pediu e imediatamente alguns homens começaram a lançar feitiços apagando as chamas, fazendo desaparecer as cinzas e restos de corpos que ainda não haviam queimado, enquanto outros faziam desaparecer as marcas nas paredes, chão e moveis, deixando tudo como se nada tivesse acontecido ali.
Quando terminaram, Harry os agradeceu e os mandou de volta.
-Como eles podem fazer magia mesmo depois de mortos?! - Alice perguntou com um biquinho. Perder sua magia era algo com que ela jamais se conformaria.
-A magia é vinculada a nossa alma e não ao nosso corpo, desde que se tenha morrido podendo fazê-la, sua alma sempre será mágica. - Harry explicou simples.
-Bem, como vamos fazer com que os vampiros saibam que Carlisle é seu líder agora?! - Jasper perguntou desviando o assunto, sabendo o quanto sua companheira ficava chateada em não ter magia.
-Isso será tarefa de mestre Basy! - Harry respondeu - Vocês irão até Gringotts e ele cuidará de tudo!
-Você não virá conosco?! - Carlisle questionou confuso e Harry negou com a cabeça.
-Como eu disse antes, nós resolveriamos tudo aqui e depois eu tiraria férias com o meu consorte, portanto, a partir desse momento Severus e Luna se encarregarão de levá-los ao banco e tudo o mais, enquanto Edward e eu estaremos indo para uma de minhas casas indetectaveis. A menos que vocês estejam em risco iminente de morte e nem Sev e nem Luna possam protegê-los, não nós contatem! - Harry disse antes de me abraçar forte e aparatar para longe dali.
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