— Vou roubar um dinheiro extra do Fushiguro, então a gente vai.
— Você está brincando, não é?
— Me espere aqui! Nada de ir embora, ouviu bem?!
— Ok… — derrotado pela natureza difícil dela, Yuuji suspirou pesado, despedindo-se. — Boa sorte, no que for fazer.
A ruiva em segundos fez sua saída para fora da sala, checando algo em sua bolsa durante o trajeto.
Porque era difícil para ela aceitar que ele pagasse pelos dois no cinema? Tudo bem, o rapaz sabia que Nobara odiava o cavalheirismo desnecessário, mas era bem melhor do que arcar com as consequências de um Megumi irado por ter tido sua carteira violada. Em qualquer alternativa para o fim da história, Yuuji soube que sofreria as consequências de qualquer maneira, nisso, ele respirou fundo, esticando-se sobre o sofá onde se encontrava sentado.
Mas para sua desgraça, o jovem não deixará de esquecer que presente junto dele na sala de descanso, estava Satoru, anteriormente fingindo mexer no seu celular para ouvir a conversa alheia.
O mais velho olhou pra ele, e quando Yuuji estranhou, um sorriso maroto brotou nos lábios ao fazer-lhe a pergunta: — Então, você e a Nobara estão namorando há quanto tempo?
— Hm? — ele teve dez segundos para processar, e então gritou. — O QUE?!
— Você me ouviu. Vai, diz aí pro sensei, têm quanto tempo?
— A gente não namora, meu Deus! — esbaforido com a insinuação, o rapaz arregalou os olhos, agoniado.
— Não? — Satoru manteve-se pensativo, sua expressão coberta pela venda negra sobre a testa. — Você está mentindo, Yuuji, mentir é feio. — foi o que ele pensou que seu aluno estava fazendo, e nisso sorriu de novo.
— 'To falando sério, sensei, eu e ela somos só amigos.
— Já se pegaram, em?
— Não! Eu disse, somos só amigos! Não vejo a Kugisaki assim… — travado pela vergonha imensa, Yuuji só desejava que ele parasse.
— Até parece que me engana. — mais uma provocação, e quase como se tivesse certeza, o sensei argumentou: — Você está caidinho na ladeira por ela.
— Foi isso o que você deduziu só por essa interação da gente agora há pouco?! — quase gritou Yuuji, o rosto queimando pelo sangue acumulado nas suas bochechas.
O pior de tudo, como ele sabia disso?! O jovem tremelicou, nervoso. Deixara tão claro assim que possuía uma leve, talvez gigantesca, queda pela sua colega de grupo? Há ponto do seu sensei desconfiar e enchê-lo de perguntas inconvenientes? Yuuji quis seriamente pular a janela à frente deles apenas para fugir do constrangimento imenso.
— Acredite em mim, eu sei bastante sobre o amor. — Satoru garantiu, mostrando-se um bom entendedor.
— Não acredito de jeito nenhum. — o mais novo respondeu, garantido de que ele seria a última pessoa no planeta Terra a vir compreender o assunto. Então de súbito, a curiosidade veio em si, e sem medo de ser direto, ele indagou. — Mas, sensei, posso te perguntar uma coisa? — o homem ficou calado por uns segundos, mas logo acenou com a cabeça, confirmando. Yuuji piscou, para perguntar inocentemente: — Você e a Utahime sensei são bem íntimos e se conhecem há anos, quer dizer... por acaso vocês dois alguma vez já-...
— Bem que eu queria… — antes de deixá-lo completar a frase, o mais velho balbuciou, suspirando baixo.
— O que disse?
— Nada.
O silêncio por si só se instalou na sala, enquanto os dois se encaravam inexpressivos. Yuuji não precisou ser um gênio para saber o que ele estava pensando, pois depois de realizar-se do acontecido, Satoru desviou o olhar, torcendo os lábios, meio inquieto.
— Então o Fushiguro estava certo, ela te odeia mesmo.
— Ela não me odeia, ok?! Eu e ela somos amig-... — precisando interromper-se a si mesmo, o mais velho recordou da sua relação com a morena carrancuda em questão, e rapidamente travou.
Seu aluno levantou uma sobrancelha, curioso. Ao que parecia, o sujeito por si só reconhecia o desprezo que sua senpai de Kyoto tinha para sua pessoa. Por isso o viu sorrir fraco, aparentemente suando frio no seu rosto ladino.
Até tentou disfarçar, mas dá pra ver que ela odeia mesmo ele.
— Nós somos colegas de trabalho, só isso. — atônito, Satoru procurou fugir da conversa.
— Sei, sei… — em desdém, Yuuji quis rir baixinho, divertindo-se às custas da pose definhada dele.
— Yuuji, qualé! Eu vou te reprovar, viu?!
Mas, sem tempo de levar a sério a ameaça do seu sensei aturdido pela raiva e vergonha, ambos foram abordados pela presença de Nobara, que aos poucos voltava para a sala. Logicamente, tendo concluído sua missão.
— Vamos? — ela chamou pelo colega de grupo, que rapidamente assentiu, louco para fugir daquela sala e das perguntas descabidas do seu sensei. — Que cara é essa? Vou bater em você. — a garota, supersticiosa pela expressão cabisbaixa dele em sua direção, ameaçou raivosa.
Ele ainda se encontrava deslocado, ainda mais depois de lembrar-se a si mesmo do crush que sente por ela.
— Não é nada. — Yuuji negou, tomando rumo para a porta.
— Bom passeio, pombinhos…
Ao longe, ele ouviu Satoru soar alegre, e com isso, apenas bufou, literalmente acabado. Sorte que Nobara não ouviu, concentrada demais em falar sobre o filme que eles escolheriam ao chegarem no tal cinema.
Mas antes de sair por completo, um toque de chamada baixo soou no ambiente e todos pararam imediatamente.
— Alô? — após atender, o xamã rapidamente sorriu avulso, descobrindo de quem se tratava, por isso quase gritou ao exclamar o nome: — Utahimeeee!
Só colegas de trabalho em? Yuuji sofreu um tique nervoso. Quem era ele para palpitar sobre os romances dos outros, afinal de contas?
— Está zangada? Porque já está gritando comigo? Que diabos eu fiz? — de imediato, Satoru mostrou-se ofendido, segurando o peito. Seus dois alunos juraram ouvir Utahime urrar furiosa com ele pela outra linha, mas ele prosseguiu, em provocação encenada. — Assim você parte o meu coração, eu nunca faço nada de errado!
Nobara ao seu lado, o cutucou, um pouco interessada na interação dos dois adultos ao soltar a pergunta baixinho e desconfiada.
— Ei, você acha que aqueles dois…?
Yuuji expirou com força, apenas para sair e negar levemente com a cabeça. Soando sincero ao respondê-la: — Eu não quero nem saber.
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