POV HANNA
Durante todo o caminho para a casa dos Fields não falamos uma só palavra, acredito que todos estavam presos em seus próprios pensamentos e orações. O acidente da Alison pegou todo mundo de surpresa e o fato dela não ter acordado ainda nos enchia de preocupação. Eu tentava me manter positiva e animar as pessoas em minha volta com palavras boas. Geralmente eu era assim com tudo em minha vida, sempre que eu enfrentava algo ruim, eu tentava me manter feliz e forte, afinal se você abaixar a cabeça, só vai piorar ainda mais as coisas. Acredito que em um momento de dor, o melhor remédio seja o sorriso, por menor que ele seja.
Caleb achou uma toalha para mim, me conduziu até o banheiro e deixou com que eu tomasse meu banho primeiro. Ele estava mais calado que o normal, falava apenas o básico e procura não me olhar nos olhos. Eu não sabia o que estava acontecendo e temia perguntar se tinha algo de errado, por mais que eu seja a favor da verdade, devo confessar que às vezes ela machuca. Não saber o que eu tinha com o Caleb me torturava e já não era novidade para ninguém, pensei sinceramente em fazer o pedido de namoro, mas eu ao menos sabia o que ele sentia por mim. Emily já havia me “ensinado” algumas coisas sobre Caleb e se tinha algo que eu aprendi direito foi: não pressioná-lo. Emily disse que ele sempre fugia quando se sentia pressionado ou inseguro.
…
Caleb enrolou mais que o normal no banho e na sua troca de roupa, por isso decidi descer com as meninas para tomar café. O silêncio ainda reinava na mesa, Emily comia forçadamente as coisas que Pam colocou em seu prato, Wayne ficou apenas no café preto e o resto de nós comeu tranquilamente. Eu estava faminta, pois não havia comido nada antes ou durante o baile dos veteranos. A Sra. DiLaurentis ainda não havia ligado e fazia pouco tempo que havíamos saído do hospital, então poderíamos dormir e ver a Ali quando acordássemos mais tarde, pois a visita só seria liberada depois do horário de almoço. Quando finalmente o Caleb desceu eu já havia terminado de comer, mas o esperei comer tranquilamente. Notei que ele comeu pouca coisa, porém demorou um século para comer o pouco que havia colocado em seu prato. Acabamos ficando sozinhos na cozinha, todos foram pros seus respectivos quartos para descansarem enquanto nós ainda estávamos ali parados e bem acordados.
—Está tudo bem? – Perguntei o encarando.
—Está sim, acho que só estou... – Ele começou falando e olhando em meus olhos, mas desviou o olhar rapidamente.
—Em choque? – Perguntei sugestiva. Não consegui pensar em outras palavras para completar sua frase.
—Pode ser isso. – Ele falou e suspirou pesadamente. —Vamos subir? Você precisa descansar.
—Vamos sim. – Concordei enquanto me levantava. Tomamos o cuidado de deixar a cozinha em ordem e depois subimos a escada de mãos dadas. Abri a porta do quarto de Caleb e um aroma de flores invadiu minhas narinas. Acendi as luzes e pude ver pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo quarto inteiro e principalmente na cama. —Caleb, o que é isso? – Perguntei ainda incrédula. Havia um cupcake de pelúcia no centro da cama, me aproximei e notei que representava o sabor que eu tanto amo, chocolate.
—Gostou? – Ele perguntou atrás de mim. Me virei para encará-lo e me deparei com ele ajoelhado.
—Amei, mas o que isso significa, por que está ajoelhado? – Perguntei confusa.
—Hanna, eu sei que sou extremamente confuso e calado. Minha vida sempre foi um pouco conturbada e, por esse motivo eu me afastava de tudo e todos que tentavam se aproximar de mim. Eu temo até hoje a palavra apego, temo que tudo isso seja um sonho e sinto uma parte de mim morrer cada vez que me imagino acordando desse sonho. Mas nos últimos meses eu conheci uma pessoa que mudou tudo em mim, mudou meu modo de ver e sentir o amor. Você Hanna Marin, você reconstruiu meu coração, você o reformou para fazer morada nele e eu só consigo desejar que essa morada dure para sempre. Você foi a primeira que esteve disposta a construir uma ponte para chegar até a mim e derrubou todas as barreiras e muralhas que eu ergui teimosamente ao meu redor. É por esse motivo que eu te quero ao meu lado, eu quero que você faça parte dos momentos bons e ruins da minha vida, mas para isso, eu preciso perguntar... – Ele fez uma pausa e respirou fundo. Seus olhos levemente lacrimejados encontraram os meus já inundados e transbordando minhas lágrimas, deixando meu rosto molhado. —Você aceita namorar comigo?
—Claro que eu aceito! Eu nem preciso pensar para responder essa pergunta. – Falei rapidamente e me ajoelhei em sua frente. —Eu quero que você saiba que eu jamais te deixarei sozinho, jamais partirei sem um motivo. Eu sou um desastre, tenho que estudar diversas vezes para uma única prova e demoro mais de dez minutos para responder uma única questão, mas o meu tempo dobrou depois que você chegou na minha vida, porque eu me perco no meio da pergunta e me encontro pensando em você Caleb. Por favor, me deixe fazer morada em seu coração, me deixa cuidar de você e te ajudar a superar todos os seus medos. Aceita namorar comigo?
—Eu aceito meu amor! – Ele falou sorrindo, me abraçou e me beijou em seguida. Nos levantamos do chão quando encerramos nosso beijo e Caleb me conduziu até sua cama. Voltamos a nos beijar enquanto tirávamos cada peça de roupa de nossos corpos, sem pressa nenhuma deixamos o clima nos conduzir e nos amamos durante toda a manhã.
…
Estávamos todos sentados na sala vendo TV enquanto esperávamos Emily chegar em casa, ela havia ido para o hospital assim que acordou e não havia ligado ainda dando notícias. Talvez a Alison não tenha acordado, o que fazia a nossa preocupação aumentar. Eu não entendia nada de termos médicos, mas estávamos todos cientes de que Ali estava bem, ela não tinha se machucado com gravidade, porém ainda dormia profundamente. Ouvi a porta da frente ser aberta, me levantei e corri em direção a Emily. Seus ombros estavam murchos, sua cabeça levemente abaixada, uma expressão tristonha em seu rosto e seus olhos inchados.
—E ai filha? Como está Alison? Ela acordou? – Pam perguntou atrás de mim. Emily nos encarou, vi seus lábios tremerem e seus olhos encherem de lágrimas. Abri meus braços e ela se jogou contra meu corpo. A abracei com todas as minhas forças e acariciei seus cabelos.
—Acho que já sabemos a resposta. – Ouvi a voz de Caleb.
—Vai ficar tudo bem, calma. Ela só está dormindo. – Sussurrei em seu ouvido. O corpo de Emily tremia compulsivamente, ela chorava sem parar e soluços poderiam ser ouvidos por toda casa. Pam pegou um copo de água com açúcar e fez minha amiga tomar com muito custo. Chamei Aria no canto e olhei para ela. —Reunião! Já! Liga pra Spencer e pra Mona, peçam pra elas virem pra cá enquanto eu me encarrego do banho da Emily. Explica pra Pam o que queremos fazer e pergunta se temos sua permissão.
—Ótima ideia! Deixa comigo. – Aria falou sorrindo de forma doce e saiu em busca do seu celular.
—Vem, vamos tomar um banho mocinha. – Declarei pra Em. Pam me agradeceu pelo olhar, sorri para ela e ajudei a Emily subir as escadas. Tomei o cuidado de tirar todas as peças de roupa da minha amiga que relutava em me deixar cuidar dela. —Dá pra você colaborar?
—Eu não quero tomar banho, eu só quero deitar na minha cama e ficar aqui até a Alison acordar. – Ela fez drama e cruzou os braços.
—Pode parar Emily! Alison pode estar dormindo, mas eu não! Então me obedeça! Eu não vou deixar você ficar com uma aparência horrorosa, pois quando sua namorada acordar, ela vai querer te ver linda, como sempre! Eu sei que não é fácil ok? Eu sei que você a ama e te garanto que isso também me machuca! Eu cresci com a Alison e a amo tanto quanto você, mas não vou deixar você se acabar por isso! Você é minha amiga e se eu precisar te bater para que você pare de drama, eu farei! – Declarei séria e Emily me olhou assustada.
—Me desculpe. – Emily falou e abaixou a cabeça.
—Não precisa se desculpar ok? Eu sei que está sofrendo, mas me deixa te ajudar? – Pedi sorrindo e Emily me olhou. Um lindo sorriso se formou em seus lábios, ela levantou seus braços e me permitiu tirar sua blusa.
Enchi a banheira enquanto Emily tirava suas peças intimas e entrava na água. Tirei minhas sandálias, sentei na beira da banheira e coloquei minhas pernas dentro da água. Por sorte, eu estava se shorts, então a água não molharia minha roupa. Fiz sinal para que Emily virasse de costas para mim e comecei a lavar seus cabelos enquanto ela me falava sobre a ida até o hospital. Emily me contou que havia falado com a Alison enquanto ela ainda dormia, mas que Ali não esboçou nenhuma reação durante a “conversa”. Em acabou dormindo no hospital, então estava sem sono agora, mas confessou que estava começando a ficar com fome. Enxaguei seus cabelos, a ajudei lavar as costas, em seguida saí do banheiro para dar mais liberdade para Emily e desci as escadas para ver se Aria havia acatado tudo que eu havia pedido. Para a minha surpresa Mona e Spencer já haviam chegado, ambas trouxeram doces para comermos. Pam me avisou que já havia pedido as pizzas e Caleb se encarregado de colocar os colchões na sala. Pam, Caleb e Wayne saíram para jantar fora em seguida, assim quando Emily se juntasse a nós, faríamos a verdadeira noite do pijama. Queria que Alison estivesse aqui, mas eu sabia que ela ficaria feliz por saber que estávamos tentando deixar a Emily feliz.
POV EMILY
LIGAÇÃO ON:
—Alô? – Falei ainda meio sonolenta. Eu não sabia que horas eram, mas sabia que ainda era madrugada por conta da escuridão lá fora.
—Emily, é a Jessica. Eu preciso que você venha para o hospital agora! – Aquela frase fez todo o meu sono sumir por completo.
—Aconteceu alguma coisa? – Perguntei preocupada. Meu coração disparou só de pensar que algo ruim pudesse ter acontecido a Alison.
—Alison acordou e quer te ver! Se puder, avise o Jason e as meninas, venham para cá!
—Claro, estamos indo!
LIGAÇÃO OFF.
Pulei do sofá e acordei a Hanna, havíamos dormido enquanto assistíamos a um filme. Expliquei para Hanna o que estava acontecendo, peguei apenas mais um casaco grosso para mim e calcei meus tênis. Não estava de pijama, muito pelo contrário, estava pronta para sair de casa a qualquer momento caso Alison acordasse. Saí de casa correndo para chamar Jason, apertei a campainha da casa dos DiLaurentis diversas vezes, mas ele não atendeu. Virei a maçaneta e a porta se abriu, corri pelas escadas, entrei no quarto do meu cunhado e, me deparei com Jason dormindo. Pulei em sua cama e comecei sacudi-lo com rapidez.
—Emily? O que faz aqui? – Ele perguntou confuso enquanto me encarava e se sentou na cama.
—Anda Jason, levanta! A Alison acordou e sua mãe pediu para irmos até lá. – Falei eufórica. Eu ainda não conseguia acreditar que Ali tinha acordado.
—Sério? – Ele perguntou e levantou da cama em um pulo. Esperei Jason se trocar e saímos de sua casa rapidamente. Spencer e as meninas já nos esperavam do lado de fora de minha casa.
—Vamos? – Spencer me perguntou e eu assenti com a cabeça.
—Alguma de vocês pode ir comigo? Eu não queria ir sozinho em meu carro, ainda mais com sono do jeito que estou. – Jason falou e eu olhei para ele.
—Eu vou com você, aproveito e dirijo. – Me manifestei e fui em sua direção. Spencer segurou meu braço e me encarou.
—Está ficando louca? Do jeito que está eufórica vai acabar batendo o carro! – Spencer falou e eu concordei com a cabeça. —Aria, vá com o Jason, você tem carta e está bem acordada.
—Tudo bem! – Aria concordou e seguiu em direção ao carro de Jason acompanhada dele.
—Agora vamos! – Hanna suplicou e entramos todas no carro de Spencer.
—Espera! E meus pais? Preciso ligar para eles. – Falei enquanto procurava meu celular no bolso da minha blusa.
—Já liguei para eles. Eles vão nos encontrar lá junto com Caleb. – Hanna falou e alisou meu braço.
—Obrigada banana. – Agradeci e sorri para ela.
O hospital parecia ter ficado mais longe, tinha a sensação de que já estávamos no carro há um século, por mais que Spencer estivesse dirigindo o mais rápido que pudesse. Eu brincava com meus dedos sem parar e meu coração pulava dentro do peito. Eu estava tão ansiosa para ver Alison acordada que mais nada me importaria nesse momento. Mal esperei Spencer estacionar o carro e saltei do mesmo, corri em direção a porta do hospital. Fui direto pra recepção, me identifiquei, peguei meu crachá e esperei as meninas para subirmos todas juntas. Jason e Aria chegaram segundos depois de nós e já se identificavam também. Entramos no elevador todos juntos, Hanna havia me dado sua mão e eu a apertava, mesmo sem me dar conta. As portas do elevador se abriram, avistei minha sogra do lado de fora do quarto de Alison e corri em sua direção.
—Como ela está? – Perguntei apressadamente.
—Ela está bem, só um pouco confusa, fique calma. O médico está lá dentro examinando-a. – Jessica falou me acalmando e sorriu para mim.
—O que ela falou? O que aconteceu? Como ela foi parar no carro do nosso pai? – Jason perguntou encarando sua mãe.
—Calma, ela ainda não falou nada. Só pediu para que eu ligasse para Emily e perguntou o que havia acontecido. – Jessica nos explicou e eu não pude evitar sorrir. Ela quer me ver.
—Mas ela não se lembra do que aconteceu? – Spencer perguntou confusa.
—O médico afirmou que ela pode lembrar a qualquer momento, mas que ainda está bastante confusa por ter acabado de acordar. – Jessica falou e assentimos com nossas cabeças. O médico saiu do quarto de Ali e fechou a porta atrás de si.
—Como ela está doutor? – Jason perguntou impaciente.
—Bom, está tudo ótimo com a Alison! Ela está menos confusa e está se lembrando aos poucos do que aconteceu. Eu perguntei a Alison se ela estava com fome ou sede, porém tudo que ela me pediu foi para ver a tal Emily... – Ele falou sorrindo e me olhou. Ele sabia que eu era sua namorada, pois Jessica havia falado quando entramos para vê-la na primeira vez que estivemos aqui.
—Eu posso entrar? – Perguntei encarando todos.
—Você deve! – Jason afirmou e sorriu largamente para mim. Andei em direção a porta, coloquei minha mão na maçaneta, respirei fundo e a girei lentamente. Entrei no quarto devagar, vi que Alison estava sentada na cama e encarava a porta.
—Emily? – Ela perguntou e eu praticamente corri até sua cama. A abracei com cuidado para não tirar o soro de seu braço ou machucá-la de alguma forma. Alison parecia não se importar com nada disso, muito menos com seu braço enfaixado, pois ela me apertava com tanta força que eu poderia perder o ar a qualquer momento.
—Está tudo bem amor, eu estou aqui, já passou! – Sussurrei em seu ouvido para acalmá-la.
—Eu fiquei com tanto medo, me desculpa! Me desculpa te fazer passar por isso. – Alison falou baixinho enquanto seu corpo começava a tremer. Ela estava chorando, eu sabia que estava.
—Ei, tá tudo bem! Você não tem culpa de nada. Está tudo bem agora, já passou meu amor. – Declarei mais uma vez e a apertei mais ainda em meus braços enquanto me acomodava na cama com ela. Alison ainda chorava compulsivamente, seu corpo tremia e soluços descompassados escapavam de sua garganta. Respirei fundo por ter a Ali em meus braços novamente e acariciei suas costas com minhas mãos.
—Quanto tempo eu fiquei desacordada? – Alison perguntou enquanto me soltava.
—Quase dois dias amor. – Falei e passei meus dedos por seu rosto para enxugar suas lágrimas.
—Meu Deus, você deve ter ficado em pânico, me desculpa, por favor! – Alison pediu olhando em meus olhos. Acariciei seu rosto de leve e depois o segurei entre minhas mãos. Depositei um selinho demorado em seus lábios e sorri.
—Já passou, você está bem e isso me deixa bem. Não me peça mais desculpas amor, você está aqui e está bem. É a única coisa que me importa no momento. – Falei com sinceridade e Alison sorriu para mim. Aquele sorriso era capaz de curar qualquer dor presente em mim, aquele sorriso iluminava a minha vida, aquele sorriso me dava a certeza de que eu a amo.
—Obrigada pelas flores e por ter ficado comigo. Minha mãe me contou que ficou aqui e não queria ir embora enquanto eu não acordasse. – Ela falou sorrindo e me deu mais um selinho.
—Não precisa me agradecer por nada, eu faria tudo novamente! Eu te amo Alison! – Declarei e vi mais um sorriso se formar em seu rosto.
—Eu te amo! Eu te amo muito! – Ela falou e nos beijamos mais uma vez.
—Amor, o que aconteceu? – Perguntei curiosa e Alison me encarou séria.
—Eu prefiro contar para todos de uma vez, se você não se importar meu amor. – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
—Claro, eu vou chamá-los. – Falei e me levantei da cama.
—Espera! – Alison pediu e eu a olhei.
—O que amor? – Perguntei e Alison sorriu fraco.
—Pode me dar mais um beijo antes? – Ela pediu sem graça. Sorri para ela, me aproximei novamente da cama, selei nossos lábios e dei inicio a um beijo rápido. Vê-la acordada me deixava tão feliz que eu jamais conseguiria explicar a intensidade desse sentimento. Alison era tão linda e tão amável que eu não podia imaginar como uma pessoa conseguia fazer o mal para ela, ainda mais essa pessoa sendo seu próprio pai.
POV ALISON
Ainda me sentia confusa com tudo que estava acontecendo desde que acordei. Minha mãe havia feito um pequeno resumo do que aconteceu enquanto estava inconsciente e a única coisa que consegui guardar em minha mente era a informação de que Emily tinha ido até ao hospital me ver e, ficar comigo. O buquê de rosas que ela havia me levado era a única coisa que dava vida aquele quarto e me fazia sorrir brevemente por saber que ela esteve ali. Enquanto o médico me examinava e me fazia perguntas, eu só conseguia pensar no sofrimento que fiz minha namorada passar por eu ter ficado desacordada todo esse tempo. Eu não fazia noção de quanto tempo dormi, mas sabia que não tinha sido somente algumas horas. Aos poucos fui me recordando do acidente e de como tinha chegado até o hospital. Lembro-me de pequenos flash's enquanto estava na ambulância ou eram sonhos? Eu não sabia distinguir, mas posso afirmar que não foi nada agradável. O médico me explicou que eu havia fraturado o punho esquerdo, mas por conta dos remédio eu não deveria sentir tanta dor no momento. Acabei constatando que era verdade, pois não sentia nada, apenas não conseguia movê-lo como queria.
—Você está com fome ou sede Alison? – O médico perguntou enquanto segurava uma prancheta em suas mãos.
—Não. – Respondi com sinceridade e ele me encarou.
—Só vou poder te dar alta após você se alimentar, tudo bem? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça. —Amanhã levarei você até a ortopedia e colocaremos um gesso em seu braço, após isso você poderá ir para casa. – Ele falou sorrindo.
—Tudo bem doutor... Quando posso ver a Emily? – Perguntei esperançosa.
—Assim que ela chegar aqui, suas visitas já estão liberadas. – Ele falou e pendurou a prancheta nos pés de minha cama novamente.
—Obrigada doutor. – Falei e sorri de lado.
—Imagina, qualquer coisa peça para as enfermeiras me chamarem e se sentir fome, não hesite em pedir comida! – Ele falou e eu assenti com a cabeça. Ele se despediu de mim e saiu do quarto me deixando sozinha novamente. Eu nunca gostei de hospitais, sempre os achei sem vida. Nunca me imaginei estar em uma cama de hospital e muito menos sofrer um acidente de carro, ainda mais com meu pai no volante. Eu sei que fatalidades acontecem a qualquer pessoa, mas isso não era uma simples fatalidade, meu pai colaborou muito para eu estar aqui. Um barulho na porta fez com que eu despertasse de meus pensamentos, meu coração acelerou e eu encarei a porta com a esperança de que fosse a Emily. Abri um leve sorriso ao ver aquela morena entrando no meu quarto.
—Emily? – Perguntei para ver se o que eu estava vendo era mesmo real. Era a minha namorada em carne e osso entrando pela porta mesmo e, correndo em minha direção nesse exato momento. Emily me abraçou com cuidado enquanto eu a apertei com todas as minhas forças.
—Está tudo bem amor, eu estou aqui, já passou! – Emily sussurrou em meu ouvido. Parece que ela sabia exatamente o que eu precisava escutar. Ouvir aquelas palavras de sua boca me fizeram desabar por completo e me lembrar do quanto a fiz sofrer nesse tempo que estive desacordada.
—Eu fiquei com tanto medo, me desculpa! Me desculpa te fazer passar por isso. – Falei baixinho e comecei a chorar descontroladamente.
…
Após Emily ter conseguido me acalmar e ter me beijado com todo seu carinho, pedi para que ela chamasse o pessoal que estava esperando do lado de fora do meu quarto e aos poucos foram entrando um por um. Claro que Jason foi o primeiro a entrar e me abraçar, ele perguntou se eu estava bem e afundou seu nariz em meu pescoço. Isso era engraçado de certa forma, pois Jason era maior que eu e agora parecia uma criança de cinco anos assustada.
—Nunca mais me assusta assim! – Jason pediu e eu sorri.
—Pode deixar! – Falei e ele sorriu. Jason se afastou para dar espaço para Hanna que me abraçou cuidadosamente.
—Que bom te ver! E que bom te ver acordada! – Ela declarou de forma sincera e eu ri.
—Digo o mesmo! – Falei sorrindo e Hanna deu espaço para Spencer me abraçar.
—Só você pra nos causar uma quase morte, não faça mais isso! – Ela brincou e me deu um beijo na bochecha.
—Me desculpe. – Falei e sorri sem graça.
—Nada de desculpas, você não tem culpa de nada! – Mona falou sorrindo e tomou o lugar de Spencer em meus braços.
—Tem lugar pra mim também? – Pam perguntou sorrindo e me abraçou em seguida.
—Sempre tem! – Declarei em meio ao nosso abraço.
—E pra mim? – Wayne perguntou quando Pam se afastou de mim.
—Claro! – Falei sorrindo e ganhei um daqueles abraços gostosos que só meu sogro sabia dar. Ele era o mais próximo de um pai que eu poderia ter, ainda mais depois do que aconteceu.
—Eu também quero! – Caleb se manifestou e acabei me surpreendendo co sua presença. Até ele estava aqui? Sério mesmo?
—Óbvio que você não podia faltar né cunhadinho?! – Falei brincando e Caleb riu.
—Você acha que eu perco alguma agitação? – Ele brincou e eu ri. Caleb perderia qualquer agitação por um computador, videogame ou um jogo de futebol. Nos abraçamos brevemente, ele se juntou a Hanna e aos outros ao redor da minha cama.
—Bom, agora que estão todos aqui... – Comecei dizendo.
—Espera amor, tem mais uma pessoa que veio te ver. – Emily declarou séria e eu engoli em seco. Será que era meu pai? Não poderia ser ele, por favor! Eu ainda não estava pronta para vê-lo.
—Quem? – Perguntei ansiosa encarado a porta.
—Eu! – Uma voz familiar soou de fora do quarto. Então Aria surgiu com um enorme sorriso nos lábios.
—Não acredito! – Declarei incrédula enquanto Aria vinha até mim e me abraçava fortemente.
—Que saudade! – Ela declarou ainda abraçada comigo.
—Que saudade mesmo! Não acredito que você veio até aqui só para me ver! – Falei e ela riu.
—Alison, menos! Eu sou a convencida do grupo. – Hanna brincou e todos riram.
—A história é mais complicada amiga, mas depois conversamos sobre isso tá bom? – Aria perguntou quando nos soltamos e eu concordei com a cabeça.
—Agora nos conte filha, o que aconteceu? – Minha mãe perguntou curiosa. Encarei a todos e respirei fundo. Emily se sentou ao meu lado na cama, segurou em minha mão e sorriu. Eu sabia que ela estava fazendo isso para me dar apoio e transmitir coragem. Claro que funcionou e eu contei tudo que havia acontecido, desde a hora que fui dormir até a luz forte que foi em direção ao carro de meu pai. Não ocultei nenhum detalhe, muito menos o fato do meu pai estar alcoolizado e gritando coisas absurdas e, horríveis para mim. Todos ficaram incrédulos e Jason ficou revoltado. Eu ainda não tinha notícias do meu pai, não sabia ao menos se ele estava vivo.
—Eu não acredito que ele fez isso, ele vai ter que pagar pelo que fez! – Jason falou irritado e Wayne colocou sua mão em seu ombro.
—Fique calmo Jason, o que está feito, está feito! Nada que você fizer agora, mudará isso. Acredito que Kenneth irá se arrepender. – Wayne declarou sério.
—Mas não é justo. – Jason bufou e me encarou. —Se algo pior tivesse te acontecido...
—Mas não aconteceu, eu estou bem. Fique calmo! – Falei e abaixei a cabeça.
—Bom gente, vamos para casa? Alison precisa descansar e nós também! Amanhã ela estará em casa e nós poderemos vê-la! – Pam falou sorrindo. Me despedi de cada um com um breve abraço, todos pareciam estar aliviados por saberem que eu estava bem e acordada.
—Nos vemos amanhã? – Emily perguntou me olhando.
—Fica, por favor! – Pedi e segurei em sua mão. Emily olhou para seus pais e para minha mãe que assentiram com a cabeça. Só era permitido um acompanhante por vez, então minha mãe teria que ir para casa. Acredito que seja melhor assim, afinal ela não descansou quase nada.
—Eu só vou acompanhar as meninas até o carro e volto, tá bom? – Emily perguntou e selou nossos lábios antes de sair do quarto. Fiquei a sós com minha mãe e Jason, ambos me encaravam com um sorriso aliviado nos lábios.
—A gente vem te buscar daqui algumas horas, tá bom? – Jason perguntou e depositou um beijo em minha testa.
—Tá bom! – Concordei e sorri.
—Descansa filha e qualquer coisa peça pra Emily me ligar. Tem roupas naquela mala se você precisar. – Minha mãe explicou sorrindo.
—Tá bom mãe, mas antes de sair, eu quero perguntar uma coisa. – Falei e ela me encarou confusa.
—Pode perguntar. – Ela falou e eu sorri fraco.
—Como está meu pai? Ele está bem? – Perguntei curiosa. Notei que minha mãe e Jason olharam um para o outro, ambos pareciam buscar palavras me contar algo e eu me perguntava o que teria acontecido com meu pai? Ele está morto?
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