● Alyssa Bieber
Chicago, Illinois
13 de fevereiro de 2019
12:38
— Eu odeio com todas as minhas forças o dia dos namorados. Não entendo pra que serve, só gastar dinheiro com presente. — disse irritada. — É tanta gente na rua que me estressa. — ergui as sobrancelhas.
— Relaxa Kath, é só uma vez no ano.
— Pelo menos isso. — revirou os olhos.
Chamei Kath para almoçar comigo fora do refeitório do jornal, e desde que saímos do prédio, ela não parava de reclamar sobre o quanto odiava o Valentine's Day, que seria amanhã. Nem quando estávamos almoçando ela aquietou. Eu já tinha terminado meu almoço, estava apenas esperando ela.
— E é a pior coisa passar esse dia sozinha. Eu evito entrar no Instagram, porque são tantas declarações que me dão enjoo… se bem que a maioria são falsas, tem casais que passam o ano inteiro brigando, mas vivem de aparência na redes sociais. — falou e depois voltou a comer.
— Eu sei. — murmurei.
Ela levantou seu olhar até o meu rosto
— Mas e você? Você é casada, o que vão fazer amanhã? Já comprou o presente dele?
— Não. — neguei.
— Por que? Vai me dizer que também não gostam… — soltei uma fraca risada.
— Tem um tempo que a gente não comemora o dia dos namorados... acho que desde que casamos.
— O que? Não é porque vocês se casaram que não são namorados. — dei de ombros.
— Sei lá.
— Eu queria casar, mas às vezes penso que não… Uh, só é chato demais ficar sozinha nessas datas.
— Não precisa casar se não quer ficar sozinha.
— Eu sei, eu sei… mas é tão cansativo todo aquele lance de namoro, queria piscar os olhos e já está casada. Estaria ótimo pra mim. — observei ela tomar mais um gole do seu suco de cor vermelha.
Queria dizer que ela iria preferir passar por cada "estágio" de um namoro do que simplesmente acordar casada com alguém, que ela iria está perdendo a melhor parte.
Mas não disse nada, apenas dei um sorriso mínimo.
— Mas você e o seu marido… como é o nome dele?
— Justin.
— Justin. — repetiu. — Deviam fazer algo, sei lá… nem que fosse trocar presentes ou passar o dia juntos, sair talvez… tenho certeza que seria legal.
Pisquei os olhos e continuei lhe encarando e processando a sua fala.
— Bom, vamos? Não quero mais comer. — sorriu fraco.
Revirei os olhos. Paguei pelo nosso almoço, mesmo com ela reclamando que deveríamos dividir. Seguimos para a Chicago Tribune.
— Bom trabalho. — murmurou.
— Pra você também.
Deixe ela na recepção e segui para o corredor, onde ficava os banheiros e o bebedouro. Fui rapidamente no banheiro antes de ir em direção a sala do meu chefe.
— Boa tarde. — abri a porta após ele dizer que eu podia entrar.
Lewis já tinha avisado que só chegaria depois das 12h, quando eu saí para o almoço, consegui ver o seu carro entrando no estacionamento.
— Boa tarde. — entrei na sala e fechei a porta. — Seu horário de almoço acabou?
Encarei ele que estava organizando alguns papéis em cima da sua mesa.
— Sim. Em que posso ser útil? — cruzei as mãos em frente ao meu corpo.
Ele desviou o olhar dos papéis e levou até os meus, soltando uma risada. Franzi o cenho.
— O que?
— Nada. — dei de ombros. — Venha cá.
Fez um sinal para que eu sentasse em uma das cadeiras em frente a sua mesa, e foi o que eu fiz.
— Preciso que ligue para algumas pessoas.
Ele puxou um papel de uma gaveta e me entregou, tinha uns quatro números de telefone ali. Percebi pelo código de discagem que alguns não eram daqui.
— Ligação internacional?
— Inglaterra e Holanda. — balancei a cabeça.
— Qual o assunto?
— É a minha família.
Encarei o papel novamente, e vi que ao lado de cada número tinha nomes. No dois primeiros tinham escrito, "Joan" e "William", respectivamente. No terceiro tinha: "Camila"; e no quarto: "Joseph".
— Ah, sim.
— Os dois primeiros são os meus pais, a Camila é a minha irmã e o Joseph é um primo meu.
— Ah… Seus pais são separados? — estranhei.
— São sim.
— Certo. E o que eu digo?
— Somente para perguntar se eles vem para o dia de São Patrício.
— Hm, você sabe que ainda falta um mês, certo?
— Você não faz idéia do quanto é importante ligar umas semanas antes, eles sempre mudam de idéia. Até março, já desistiram. — ele revirou os olhos, o que me fez rir.
— Desculpa se eu for intrometida, mas já me intrometendo, por que você mesmo não liga?
Ele piscou os olhos várias vezes.
— A minha família me tira do sério, melhor não.
Assenti.
— Certo. Somente isso?
— Por enquanto sim.
Balancei a cabeça novamente e me levantei, dei meia volta, indo em direção a porta. Aqui no novo prédio, não tinha uma porta que ligava a minha sala a de Lewis, já que a minha sala ficava agora, de frente para a dele, porém não na mesma direção da sua porta, e agora, nos meus momentos de preguiça, eu detestava isso.
Assim que entrei na sala e sentei na minha cadeira, telefonei para os números que Lewis havia me dado. Comecei pela a sua irmã, que não atendeu, o que me fez deixar um recado na sua secretária eletrônica. O seu primo, confirmou a vinda e disse que depois ele mesmo ligaria. Liguei para o seu pai, e ele demorou alguns segundos para atender. Foi super educado e disse que não tinha certeza ainda, mas que eu fiz o certo, já que tinha o lembrado. Eu ri quando me disse que realmente não lembrava que tinha prometido ir e me perguntou se já estávamos em março. Demorei mais tempo falando com ele; o senhor William ainda contou que onde ele estava, na Inglaterra, já era mais de meia noite; me desculpei e perguntei se tinha acordado ele, Lewis não tinha me dito, e nem eu lembrei, que lá já era muito tarde. Ainda lhe disse que a sua filha Camila não havia me atendido — sabia que era sua filha porque Lewis já tinha me dito que só tinha irmãos por parte de pai —, ele me respondeu que como ela estava na Holanda, e lá também já era noite, devia está dormindo. Despedi-me dele, após o mesmo dizer que depois ligaria para a sua filha. A mãe do meu chefe atendeu rapidamente, ela falava muito rápido, e, ao contrário do seu ex-marido, não foi nada educada; perguntou o porquê dele pedir para mim ligar e porque ele nunca falava com ela. Exigiu que eu transferisse a ligação para Lewis, mesmo com eu dizendo que não era possível, que o mesmo estava ocupado. Senti vontade de desligar na cara dela, quando começou a falar um pouco mais alto; sem pensar mais, transferi a ligação. Ele que se entendesse com ela.
O resto do dia passou se arrastando e, por muito tempo, eu fiquei sem fazer nada. Esse tempo livre me fez pensar sobre o que a Kath disse, de eu e Justin sairmos ou algo do tipo. Eu sinto que 90% do porquê da nossa relação está assim é por minha culpa. Acho que eu não me esforçava o suficiente para fazer dar certo ou voltar a dar certo. Com certeza, não.
Logo estava na hora em que eu podia ir embora. Arrumei a minha mesa — com o pensamento de que devia realmente colocar nem que fosse um quadro nessa sala, que era maior do que a outra; a única coisa que sentia falta era da grande janela que dava vista para o centro de Chicago — e saí da sala, com a minha bolsa pendurada no meu ombro.
— Estou indo. Boa noite. — disse assim que entrei na sala de Lewis.
Coloquei apenas a minha cabeça para dentro da sua sala. Não queria demorar mais.
— Certo. — seus olhos encontraram os meus. — Minha mãe te irritou muito?
— Só um pouco. — ri fraco. — Até amanhã.
— Até.
Fechei a porta e girei o meu corpo, indo em direção ao elevador. Kath não estava mais na recepção, hoje ela tinha me dito que sairia mais cedo. Em questão de poucos minutos estava no saguão de entrada do prédio. Rapidamente, peguei um táxi — sentindo falta do senhor José, quase sempre esquecia de ligar para ele; gostava das suas conversas. Mas sem falta, amanhã ligaria pedindo pelo seu serviço de taxista.
Pela janela do carro, olhava o céu e não me agradava o que eu via. O sol já não estava mais presente, apenas pequenos raios de luz solar, ao longe, iluminavam, fazendo com que o céu ficasse em tons de um amarelo alaranjado e azul escuro. Nuvens pesadas e escuras tomavam conta e um vento frio soprava. Olhei no relógio do meu celular e constatei que eram 18h e 15 min. Ainda bem que estava próximo a minha casa, porque mesmo no carro, conseguia sentir um pouco de frio, já que as janelas não estavam totalmente fechadas. O trânsito de Chicago estava colaborando e logo o taxista parou em frente a minha casa, agradeci pela corrida e paguei pela mesma.
Entrei rapidamente em casa, notando que tudo estava silencioso. Deixei a minha bolsa no chão e procurei pelo interruptor, logo encontrando-o; quando a luz da lâmpada clareou a sala, peguei a minha bolsa e a joguei no sofá.
— Justin? — chamei pelo seu nome mais duas vezes, até ter certeza de que ele não estava em casa.
Aproveitei e fui direto tomar um banho, depois iria comer algo. Senti a água gelada molhar as minhas costas, ao mesmo tempo em que pensava na fala de Kath. Seria realmente legal fazer algo para amanhã, deveríamos pensar nisso juntos, para que fosse mais especial, mas eu daria a iniciativa e faria algo, quem sabe depois que eu chegar do trabalho.
Obviamente, não conseguiria pensar em algo muito grande para fazer em um curto espaço de tempo. Poderia comprar algo para ele no meu horário de almoço, e eu faria. Pensei em fazer um jantar mas eu não conseguiria tão rápido, então achei melhor se fossemos jantar fora, seria legal e havia muito tempo que não fazíamos isso. Na segunda seria feriado, e podia deixar isso pra esse dia mas já estaria muito longe.
Saí do banheiro com um sorriso no rosto. Eu não tinha dúvidas de que ele gostaria da idéia.
Quando saí do closet, após vestir um short leve e um top, escutei o barulho da porta da frente abrindo. Incrivelmente feliz, fui até a sala, saltitante.
— Amor, que bom que chegou.
Apoiei-me no sofá e encarei a sua costa enquanto ele fechava a porta.
— Eu tive uma ideia legal… você sabe, amanhã é dia dos namorados e pensei que seria legal se a gente fosse comer fora, depois do meu trabalho talvez.
Demorou um par de segundos para que virasse seu corpo na minha direção. Ele me encarou com tédio.
— Não gostou da idéia? Podemos ir em qualquer lugar. — torci a boca.
Justin largou o molho de chaves no centro de mesa, passou por mim, indo na direção do corredor. Fechei os olhos quando um cheiro forte, vindo dele, invadiu as minhas narinas.
— Justin? Justin? Eu estou falando com você.
Segui ele corredor adentro e só parei quando chegamos no quarto.
— O que foi? Você pode decidir o lugar… Ah! Eu soube que tem um filme incrível nos cinemas, poderíamos assistir. — falei a última frase com mais empolgação.
— Fala baixo. — murmurou e entrou no banheiro.
Fui até a porta e encarei ele que lavava o rosto.
— Como? — balancei a cabeça rapidamente. — Bom, a gente podia ir ver o rio… Ou, deixamos isso pro final de semana. O que me diz?
Sorri, mas o meu sorriso se desfez quando ele bateu a porta do banheiro com força, que até então estava aberta.
Suspirei.
— Mas, me diz o que você prefere. — falei mais alto para que ele pudesse me ouvir do outro lado. — Só imaginei que seria divertido, tem tanto tempo que não fazemos nada disso. — mordi o lábio. — Você sabe, ultimamente tudo tem sido uma correria, não conseguimos fazer nada.
Não estava sendo uma correria, mas achei o certo a se dizer. Eu realmente estava empolgada com isso e só desistiria quando conseguisse convencê-lo.
— Justin, vai ser legal. — dei uma leve batida na porta. — Prometo.
— Porra, será que você não pode calar a boca por um segundo? — praticamente gritou.
Um Justin irado saiu do banheiro, fazendo-me dar passos para trás, completamente confusa.
— Eu só… só quero que você me responda.
— Te responder que merda?
Passou direto e entrou no closet. Pisquei os olhos rapidamente.
— Se você topa da gente sair amanhã.
— Fala mais baixo caralho. — sua voz surgiu no quarto novamente.
— Não estou falando alto.
Continuava parada no meio do cômodo sem saber o que fazer.
— Está sim, e a sua voz de pato não ajuda a minha dor de cabeça.
Sentou na cama e colocou duas peças de roupa em cima da mesma, que ele havia trazido do closet. Ele começou a se despir ainda sentado.
— Voz de que? — revirou os olhos. — Eu não tenho culpa se está sentindo dor de cabeça.
— Claro, você nunca tem culpa de nada. — riu sarcástico, puxando a meia que estava no seu pé direito.
— Eu… — respirei fundo. — O que me diz? Tudo certo? Eu venho do trabalho e só me arrumo, então podemos ir.
Encarou-me por milésimos de segundos.
— Eu não vou sair com você.
— Como?
— Está surda hoje, caralho?
— Justin, para de xingar.
— Você acha que é a minha mãe.
— Hum? — balancei a cabeça negativamente. — Só me diga a droga da resposta.
— Quem sabe se eu tiver tempo. — tirou a camisa polo.
— Se tiver tempo? Você não faz nada. — deixei escapar. — Você nunca faz. — completei.
Ele me encarou com os olhos ardendo em raiva. Rápido, estava em pé na minha frente.
— Repita.
O seu bafo fedendo a cerveja, vodka, e seja mais o que fosse, entorpeceu-me.
— Você está fedendo a álcool puro, vá tomar um banho.
— Repita o que disse. — se aproximou mais.
Empurrei seu corpo que quase não se mexeu.
— Quem sabe depois que você tomar um banho e escovar os seus dentes, talvez eu possa repetir.
— Cala a boca. — sua voz saiu entredentes. — Minha cabeça está latejando.
— Eu não posso fazer muita coisa, ninguém mandou beber todas.
Revirei os olhos. Iria sair daquele ambiente, mas ele foi mais rápido e segurou meu pulso com força.
— Quem você acha que é pra falar assim comigo?
Aproximou o seu rosto do meu. Prendi a respiração, não duvidava que se eu passasse mais uns minutos perto dele seria capaz de colocar meu almoço para fora. O odor estava insuportável.
— Você vomitou, Justin?
Encarei o seu peito que tinha uma mancha já seca.
— Repete, caralho. Não vem pagar uma de preocupada.
— Você realmente não está bem.
— O que?
Senti seus dedos esmagarem o meu pulso. Não segurei um gemido de dor, quando ele o torceu.
— Você está me machucando, me larga. — murmurei, mas sabia que ele estava escutando tudo.
Seus lábios se abriram em um pequeno sorriso de canto.
— Idiota. — esfreguei o meu pulso quando ele finalmente o soltou.
Ele simplesmente deu as costas e se trancou no banheiro. Joguei-me na cama e tentei controlar a minha respiração, que estava meio descompassada. Segurei as lágrimas idiotas que queriam sair.
Eu não podia, sempre, desistir quando as coisas ficavam difíceis. Ainda assim, insistiria.
Logo, Justin saiu do banheiro, já vestido e com a cara de mais sóbrio, mas tinha a consciência de que ele não estava totalmente. Passou perfume, calçou um vans, colocou um relógio no pulso esquerdo; fazendo tudo sem me encarar. Quando sua mão foi até o criado mudo, do lado da cama, para pegar uma corrente, vi que a sua aliança não estava onde ela deveria estar.
— Cadê a sua aliança? — levantei meu corpo, ficando sentada na cama.
Ele somente deu de ombros.
— Justin?
— Eu não sei, merda. Devo ter perdido.
Saiu do quarto, rapidamente estava atrás dele.
— Perdeu? Isso não deveria sair do seu dedo.
— É só a droga de um anel, para de encher o meu saco, que caralho! — só me respondeu quando entrou na cozinha.
Seu palavreado estava me dando raiva.
— Para de xingar e trate de achar a aliança.
Deu uma risada irônica, o que me fez respirar fundo. Observei ele abrir o armário e pegar um biscoito qualquer, foi até geladeira e tirou de lá a jarra do suco, despejando um pouco do conteúdo em um copo de vidro. Ele sentou em um dos bancos que ficavam ao redor da ilha e começou a comer despreocupadamente. Isso me irritou.
— Por que você nunca me ajuda? Só eu que tenho que me esforçar aqui? — ele deu de ombros novamente. — Estou falando sério! Eu só queria que fizéssemos algo especial, mas você não dá a mínima.
— Uau, você finalmente percebeu. — bateu palmas.
Pisquei os olhos, meio desnorteada. Ele deixou o biscoito pela metade ali mesmo na ilha e colocou o copo vazio dentro da pia. Levantou, levou seus olhos até os meus e girou o corpo, saindo dali.
— Justin! — chamei-lhe com raiva.
Quando fechei a boca, um estrondo foi ouvido do lado de fora, olhei pela janela, percebendo que era um trovão e que agora chovia forte.
Meus passos me levaram a sala, a tempo de vê-lo levar a mão direita até a maçaneta da porta.
— Você vai sair? Não percebeu? Está chovendo.
Aproximei-me dele.
— E daí? Eu vou de carro. — me olhou com tédio.
— Meu carro. — dei entonação no "meu".
— Seu. — riu.
— Para onde você vai?
Andei até ficar de frente para ele.
— Para de pegar no meu pé, me deixa. Você está insuportável.
— Insuportável? Eu sou sua esposa Justin, e você não me dá uma satisfação. Acabou de chegar e vai sair de novo, o que você quer que eu diga?
— Eu realmente não tenho tempo para você. — abriu a porta.
— Não saia, eu ainda não terminei de falar com você.
Puxei o seu braço.
— Que caralho Alyssa, se eu soubesse que você era tão grudenta assim, eu nunca teria me casado com você. — deu um tapa na minha mão e eu imediatamente tirei a mesma, que ainda estava segurando o seu braço.
— Como é?
— A vadia ficou surda?
Ele iria sair, mas como não evitei as minhas palavras, acabou não saindo do lugar.
— Seu alcoólatra de merda. — só tinha raiva em mim.
Suas mãos se fecharam e eu vi que, se ele estava se controlando, era em vão. Seus olhos estavam vermelhos e sua íris muito mais escura. Gemi de dor, quando suas mãos apertaram com força os meus dois braços.
— Você não faz idéia do que eu tenho vontade de fazer com você, então não me provoque.
Sua voz saiu rouca e extremamente baixa, seu rosto estava assustadoramente próximo ao meu e seus olhos, antes castanhos mel, estavam fixados no meus, o que me causou medo. Sacudiu o meu corpo com força, antes de me soltar. Cambaleei um pouco, antes do meu corpo se chocar com uma poltrona que havia ali. A porta bateu com força, e quando escutei o som do carro, imediatamente comecei a chorar. Me encolhi, descendo até o chão, e apoiei meu corpo na poltrona, abracei meus joelhos, trazendo eles para mim. Meu pulso ainda ardia e, mesmo sem ver, eu sabia que meus braços estavam vermelhos.
Meus soluços preenchiam o ambiente, que estava completamente silencioso, a chuva ainda caía lá fora, mas silenciosa, como se até ela quisesse me escutar chorando. Fiquei ali quieta, até me acalmar o suficiente. Fiz menção de me levantar, mas me senti muito fraca, continuei ali. Minha cabeça pesava e latejava, como se eu estivesse carregando o peso do mundo todo.
Levantei, muito esperançosa, quando a campainha tocou, achando que seria Justin. Era Alaska. Idiota demais, até porque ele não precisaria disso, tem a chave. Olhei apenas pelo olho mágico, pedi que ela esperasse um pouco e corri pro quarto, coloquei um moletom grande demais, que era capaz de esconder meus braços e pulso. Lavei meu rosto e, antes de abrir a porta, forcei o meu melhor sorriso. Guardei toda a minha dor e raiva dentro de mim, quando ela me deu um abraço muito carinhoso.
Senti vontade de desabar no conforto dos seus braços, mas eu não podia.
Me disseram uma vez que nada cresce
Quando uma casa não é um lar
Isso é realmente verdade
Quando tudo é uma parte de mim?
Alguns anos de salas de espera
Encontrar Deus e perdê-lo também
Eu quero gritar, mas para quê?
Deitada sem sono e eu olho para a porta
Eu simplesmente não aguento mais
Me disseram que é inútil, que não há mais esperança
Mas, de alguma forma, eu só te quero mais
Te quero mais
More — Halsey.
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