Não fui ajudar no armazém, pois como o movimento não é muito grande, não vi necessidade da minha humilde presença lá.
Anthony e Lourenço dão conta do serviço sem mim. Minha presença lá só causaria mais brigas.
Fiquei em casa e aproveitei esse tempo livre para ajudar minha mãe. Não me atrevi a cozinhar, porque não quero botar fogo na casa, mas para não fica sem fazer nada, descasquei algumas batatas.
E eu até que corto direitinho. Sou uma descascadora profissional.
Enquanto eu estava nessa árdua missão de descascar batatas, batidas na porta foram ouvidas.
Minha mãe logo se apresou em atendê-la, recebendo com beijos e abraços a Sra. Walter, que entrou em nossa casa com um embrulho misterioso em suas mãos.
— Ah, querida! Me desculpe pela demora, mas você sabe como fico cheia de encomendas nessa época do ano. É uma loucura! — diz sorrindo enquanto gesticula com a mão livre.
— Não tem porquê se desculpar. Sente-se perto da lareira, lá fora está um gelo, você não precisava ter vindo aqui hoje — minha mãe tenta acomodá-la em nossa sala.
— Não se preocupe comigo — dá um tapinha no ombro de minha mãe — Estou aqui para entregar uma encomenda especial... — finge que está cochichando com minha mãe mesmo sabendo que estou ouvindo — Onde está a Vanessa? Ela não está aqui? Bem, acho que este pacote terá que voltar comigo — fala como se não tivesse me visto.
Curiosa sobre o pacote, deixo as batatas de lado na cozinha e vou até a sala.
— O que é? — pergunto assim que me aproximo delas.
Analiso o pacote e tento adivinhar o que é. Talvez seja uma roupa para o frio, uma touca ou algum agasalho, pois a Sra. Walter é uma ótima costureira.
Na verdade, ela é a melhor do vilarejo.
— Só vai saber se abrir.
A Sra. Walter me estende o pacote pardo, que está amarrado com um lindo laço azul.
O pacote é simples, mas o laço é tão lindo que abro delicadamente o pacote para não danificá-lo.
— Mio Dio! — falo surpresa — È perfetto! È bellissimo! Você se superou, Sra. Walter!
Diferente do que eu imaginei, não é uma roupa de frio. É um vestido esplêndido, parece um vestido de baile. Nunca tive algo igual.
Ele é cinza, um pouco misturado com o azul, e sua saia tem um longo comprimento, suas mangas são bufantes e um pouco curtas. Perfeito para ser usado com uma luva mais longa.
É maravilhoso! Estou fascinada nele. Toco nele sentindo a suavidade do tecido.
— É lindo! Mas... Por quanto ele vai ficar? — pergunta minha mãe também deslumbrada com o vestido, mas temerosa quanto a seu preço.
— Deixe de besteira, Lucena, é um presente. Já fui duplamente paga com as reações de vocês duas — sorri para mim e logo se aproxima de mim pegando em meus ombros e me empurrando em direção às escadas — Agora suba e prove, quero ver como ele fica em você.
Subo alegremente as escadas com o vestido, mas quando estou na metade do caminho, ouço a porta da frente ser aberta com brutalidade.
— Onde está aquela inútil?! — a voz de Anthony soa no andar de baixo.
— Controle seus modos, temos visita — minha mãe tenta repreendê-lo.
Mas o clima de alegria já foi estragado. Todos agora sentem a tensão no ar. E tudo piora ainda mais quando Anthony me vê parada no meio da escada.
— Bom... Acho que já vou indo. Tenho ainda muito trabalho para fazer. Até outro dia Lucena; e Vanessa, depois me diga como ele ficou em você — Sra. Walter se despede enquanto anda até a saída.
Antes de sair ela acena com a cabeça para Anthony, mas ele não retribui.
Ele está com tanto ódio em seu olhar, que duvido que ele enxergue algo além de mim.
Com a saída da Sra. Walter, Anthony volta a me atacar com seus insultos.
— Eu acho bom você me dá uma boa desculpa por não ter aparecido no armazém hoje. Sabe o quanto o seu irmão e eu tivemos que nos esforçar hoje?! — pergunta para mim, mas ele mesmo responde — Mas é claro que você não sabe! É uma inútil, só vive na vida mansa! — fecha os olhos com força mas volta a abri-los — Além disso, agora você tenta levar o Lourenço para a moleza junto com você! Fica pondo minhocas na cabeça do garoto. Aconselhando ele a não ir trabalhar na fábrica.
Escuto tudo calada. Já brigamos várias vezes, mas nunca vi tanto ódio em seu rosto como agora.
Lentamente ele começa a subir as escadas, e só para quando está cara a cara comigo.
Anthony aperta suas mãos com força, por um segundo penso que ele vai me bater, mas sua atenção é desviada quando ele nota que estou segurando um vestido novo.
— Olha só, que belezura! — diz ironicamente — Não trabalha, mas gasta o meu dinheiro com um vestido novo, pois observe o que eu faço com o seu lindo vestidinho — ele arranca o vestido da minha mão e faz menção que irá rasgá-lo.
Tento puxar o vestido de volta para mim, mas Antony é mais forte. Ele luta comigo pelo vestido e facilmente vai ganhando esse “cabo de guerra”.
Mas antes que ele consiga estraçalha-lo; sem pensar, chuto sua perna boa. O que faz com que ele perda o equilíbrio e role escada a baixo.
— Anthony! — minha mãe grita apavorada e corre para socorrê-lo no pé da escada.
— Eu, eu não queria... Foi sem querer, eu não pensei antes de agir — tento me explicar também assustada com o que fiz.
A imagem de Anthony no chão, sangrando com um corte na cabeça, gela minha coluna.
Eu matei ele?!
Para meu alívio e desgraça. Anthony recobra os sentidos e lentamente vai se sentando no chão. Logo seus olhos focam em mim e me fuzilam de uma forma gélida.
— QUERO VOCÊ FORA DAQUI ATÉ AMANHÃ! — grita — Não vou mais aguentar desaforo de uma garota que nem minha filha é!
— Não fale assim, ela é nosso filha! Você não pode mandá-la embora — minha mãe tenta me defender já com lágrimas nos olhos.
— Eu posso! A casa é minha, não quero mais ela aqui. Essa ingrata tentou me matar! Eu poderia estar morto, Lucena, MORTO!
Anthony tenta se levantar mas vacila para o lado. Minha mãe tenta ajudá-lo, mas ele se solta do apoio das mãos dela e se levanta só.
Assim que seu equilíbrio volta, ele sobe as escadas novamente e passando por mim. Mas quando chega no topo, ele para e me olha.
— Se você ainda estiver nesta casa amanhã, eu te mato! — faz sua ameaça.
Por fim, ele me dá as costas e se retira para seu quarto.
Eu fico ali, parada, ainda assustada com tudo que aconteceu. Sentindo o peso de cada palavra que ele disse.
O único som que é emitido vem do choro de minha mãe.
— Não dê ouvidos a ele, meu bem. Ele está de cabeça quente, amanhã tudo vai ficar bem — minha mãe fala ainda chorando.
Não sei se ela está tentando me consolar, ou tentando consolar ela mesma.
Porque eu sei que Anthony não vai mudar de ideia amanhã. Nada vai ficar bem.
...
Quando voltei a sentir as minhas pernas fui para meu quarto. Passei um bom tempo tentando organizar meus pensamentos.
Para onde eu vou agora?
Não tenho para onde ir. Para a casa dos Walter’s eu não posso ir, pois o Anthony e o Sr. Walter são praticamente melhores amigos. Ele apoiará o Anthony, e também não me dará abrigo.
Aquele velho asqueroso.
E infelizmente nem mesmo a Sra. Walter, que gosta tanto de mim, conseguirá convencê-lo.
O que vou fazer?
Terei que ir para um bordel?
Será que vou ter que me sujeitar a isso?
Deito em minha cama e deixo as lágrimas de desespero molharem meu travesseiro.
Toc toc
Alguém bate em minha porta, e eu tento enxugar as minhas lágrimas. Provavelmente é minha mãe, ela está extremamente preocupada comigo.
Ela até tentou fingir normalidade depois do ocorrido, pensando que era só mais uma briga boba. Mas depois que ela foi para o quarto, para cuidar do ferimento na cabeça de Anthony, ela viu como ele estava possesso e ainda se mantinha firme em sua decisão.
Já pensando em uma maneira de acalmá-la, abro minha porta e me surpreendo com a presença de Lourenço.
E quando ele me vê, ele estranhamente sorri para mim de orelha a orelha.
Ele está feliz com a minha desgraça, ou ainda não sabe o que aconteceu?
Lourenço invade meu quarto, quase passando por cima de mim, e antes que eu consiga perguntar o motivo de seu sorriso, ele joga uma mochila em minha cama e se deita nela.
— Mamãe me contou sobre a briga que você teve com o nosso pai. Não se preocupe mais com isso. Eu tenho a solução para os nossos problemas. Já pode começar a me agradecer — o sorriso brincalhão não abandona seu rosto enquanto ele fala.
— Você bebeu? — pergunto porque é a única coisa que posso supor com base no seu comportamento estranho.
Certamente ele não está sóbrio!
— Ei! Eu venho aqui para ser o seu salvador e você me trata assim? Francamente, eu esperava algo diferente. Vamos, chore de alegria, ou então, beije meu pé — estica seu pé fedorento em minha direção.
— Tire seu pé podre de perto de mim, eca! — empurro o pé dele — Você até agora falou, falou, mas não disse o que realmente importar; que “solução” é essa que você encontrou para resolver os nossos problemas?
Lourenço me olha de forma presunçosa; como se ele tivesse achado a cura do câncer.
— Nós vamos sair daqui! Dessa casa e desse vilarejo! — fala com firmeza e convicção na voz.
Eu não me aguento e caio na gargalhada com o absurdo que ele disse. “Nós vamos sair daqui” — como se fosse fácil assim.
— Só você mesmo para me fazer ri em um momento desses. Eu realmente tenho que saí daqui, Anthony não parecia estar blefando quando me ameaçou. Mas você... — dou uma pausa e aponto meu dedo pera seu peito — Você não vai a lugar nenhum. Tão pouco vai sair do vilarejo, você sabe que isso é impossível. Quer me fazer companhia? Ótimo. Vá me visitar quanto eu estiver morando na praça, estarei lá junto com os corvos.
Gasto minha saliva a toa, pois ele mexe em sua mochila e não se importa com nada que falo.
— E você acha que eu vou te deixar desamparada na rua? Ou que vou fica aqui, sentado, esperando o meu pai me arrastar até aquela fábrica maldita? Se você acha isso, saiba que está terrivelmente enganada — puxa um mapa de dentro da mochila e o sacode em meu rosto — Isso vai me tirar daqui. Se você não quiser me acompanhar o problema é seu. Pelo menos eu tentei te ajudar.
Ele fala já se levantando para ir embora, mas eu seguro em seu braço antes que ele vá.
— O que é isso? — pergunto sobre o mapa.
— A chave para a liberdade.
Olho para ele cética.
— Um mapa velho? Vai fazer o que com isso? Desenterrar um tesouro pirata?
— Continue, Vanessa, continue debochando da sua salvação — diz ele já ficando mal-humorado.
— Então me explica como isso vai nos salvar.
— Pois bem, só me escute e não me interrompa, tudo bem? — concordo com a cabeça — Hoje eu estava lá no armazém, carregando umas caixas, quando o Duque chegou para entregar as mercadorias que o Anthony tinha encomendado. Ele conversou brevemente com o nosso pai e depois, quando eu fiquei sozinho, ele puxou conversa comigo. Ele disse: “um rapaz tão jovem como você deve ter vontade de sair deste fim de mundo”. Eu não sei como, mas parecia que ele já sabia que eu estava querendo achar um jeito de não ir para a fábrica. Ele me vendeu este mapa e me ensinou um caminho pelo norte, para sair do vilarejo, sem ninguém nos ver. O Duque disse que ninguém mais anda, ou se lembra, dessa trilha. É 100% segura. Se formos por lá os Lordes não vão nos pegar. É nossa chance de fugir!
— E você vai confiar no Duque?! Ele é praticamente um Lorde também, algo está errado, pode ser uma armadilha. Como você mesmo disse, parecia que ele já sabia que você não quer ir trabalhar na fábrica, pode ser um teste para ver se você tem coragem de quebrar as regras de Mãe Miranda, com certeza seremos pegos e punidos. Pise fora dos muros e pode se considerar morto! No norte ficam as terras da Lady Dimitrescu. Já imaginou o que ela fará se pegar a gente lá? Nem quero imaginar; e ainda tem os demônios comedores de carne, Mãe Miranda disse que eles vagam pela floresta. Os muros não estão cercando a vila atoa.
— Eu sei disso! — olha para mim emburrado — Mas fala sério, demônios comedores de carne? Nem eu, e nem você, acreditamos nisso. Tem gente morando no norte, os fazendeiros vivem lá, plantando vinhas para a lady.
— A diferença é que eles tem a proteção da lady lá fora. Agora nós — aponto para nós dois — Não vamos ter a proteção de ninguém. Mãe Miranda só nos protege aqui dentro.
— Não precisamos da proteção de ninguém.
— Não precisamos?! Mio Dio, você está louco!
— Não, não estou. Não existem demônios, e o Duque não mentiu para mim. Por que ele faria isso? Vamos, arrume suas coisas e fuja comigo! Você já não tem mais uma casa, e não tem para onde ir. Quando sairmos daqui podemos ir para a Itália, lá acharemos a sua família de sangue. Essa não era a sua vontade? Achar a sua família e descobrir porquê eles te abandonaram.
Olho para o mapa e penso em tudo que ele disse. Isso me cheira a encrenca, mas é como ele disse, eu não tenho nada a perder, e se eu não for, ele irá sozinho. Se esse caminho realmente existir, essa será a nossa chance de ouro para sair aqui, mas se ele estiver errado é o nosso fim.
Mas já que estou no fundo do poço, porquê não ariscar?
— Está bem, eu vou com você.
...
Rapidamente separei as roupas que iria levar comigo, e as coloquei junto com as de Lourenço dentro da mochila. Não queríamos levar muito peso, porque não sabíamos quanto tempo teríamos andar até chegar em outro vilarejo, ou até mesmo, em alguma cidade.
Não deixei nenhum bilhete para trás, afinal, o que eu iria escrever?
“Adeus, mãe. Estou partindo em uma perigosa fuga pela floresta e ainda estou acompanhada de seu único filho legítimo. Fique bem, sozinha.”
Péssimo para uma carta de despedida.
Por isso não tive coragem de escrever algo para minha mãe; sei que estamos magoando ela partindo assim, mas tenho fé de que um dia ela irá nos perdoar.
Já do lado de fora da casa, partimos rumo ao norte. Com Lourenço sempre na frente, para guiar o caminho com sua bússola.
Não foi difícil pular o muro, ninguém o vigia, todos do vilarejo temem a floresta e suas lendas; Mãe Miranda faz um belo trabalho amedrontando todos.
Depois de já termos pulado o muro, encontramos a tal trilha indicada pelo Duque e seguimos nela floresta a dentro.
O frio não está para brincadeira nesse inverno. Sinto o vento congelante quase cortar meu rosto, meu nariz até deve ter caído lá atrás e eu nem percebi, pois não sinto ele faz tempo.
— Vamos volta, nós não vamos chegar muito longe nessas condições, é inverno, vamos morrer congelados.
— Não vamos voltar, daqui a pouco a gente para, só precisamos achar um bom lugar para acender uma fogueira.
Não quero falar isso para Lourenço, mas, não é só o frio que me preocupa. Os demônios comedores de carne podem não existir, mas mesmo sem eles a floresta continua sendo assustadora, principalmente de noite como agora.
No escuro sinto como se mil olhos vigiassem os nosso passos na penumbra.
Para piorar, com a fraca iluminação do lampião que carrego, vejo um movimento estranho por detrás de uma árvore.
— Eu vi algo se mexendo ali! — grudo nas costas de Lourenço e aponto para onde vi algo se mexer.
— É coisa da sua cabe... — antes que ele complete a frase ouvimos um barulho vindo do mesmo lugar — Fique atrás de mim — Lourenço sussurra para mim e puxa um canivete de seu bolso.
— Sério, Um canivete? Essa é a sua arma para nos protege?
Tento implicar com ele, mas quando volto a ver o negócio se mexendo na escuridão, me calo imediatamente.
Lourenço dá um passo a frente, confiante, com seu canivete na mão.
Mas então...
Um coelho fofo e inofensivo salta em nossa frente.
— Aí está o seu monstro terrível, Vanessa — Lourenço zomba de mim.
Dou um fraco tapa nele para que ele pare de zombar de mim. Mas quando estou prestes a retrucar, ouvimos outro barulho vindo do mesmo lugar, só que bem mais forte desta vez, quase como um rosnado bestial.
— Corre!
É a última coisa que Lourenço diz antes de sair correndo. Assustada, não demoro muito para imitá-lo e também correr.
A coisa também corre atrás de nós, se antes era uma dúvida agora é algo inegável, estamos sendo caçados por algo.
Olho para trás e instantaneamente me arrependo, um vulto negro pula para me pegar. Mas por sorte, sinto Lourenço me empurrando antes que a criatura caia em cima de mim.
Caio no chão desorientada, mas quando volto a consciência, vejo Lourenço também no chão, com uma criatura enorme em cima dele.
Parece um homem, mas por causa da escuridão não consigo ver seu corpo em detalhes.
Tento me levantar para ir socorrer o meu irmão, mas outro homem aparece.
Porém, esse eu consigo ver bem sua fisionomia. Eles não são pessoas, são duas criaturas peludas, com dentes afiados e corpos descomunais.
São bestas, são demônios! As lendas são verdadeiras.
— Corre! CORRE!!!! — berra Lourenço para mim.
E como uma covarde, eu faço o que ele pede. Deixo meu irmão, sozinho, com um monstro enorme em cima dele.
Corro e o outro demônio vem atrás de mim. Dou tudo de mim, mas sei que não será suficiente. Ele é mais rápido, escuto seus passos cada vez mais perto de mim.
Até que, em um momento, não ouço mais seus passos pesados me seguindo. Fico atenta para ouvir eles novamente, mas é como se ele tivesse desistido de me seguir.
Ao longe vejo uma placa de madeira e me encho de esperança.
Será que ali é o fim do território dos Lordes? Se eu conseguir chegar em outro vilarejo, provavelmente vou achar ajuda para socorrer Lourenço na floresta.
Com essa esperança, me esforço mais ainda para chegar até a placa.
Estou correndo o mais rápido que consigo. Sinto os arbustos arranharem as minhas pernas; a ardência incômoda, mas não posso parar. Estou tão perto...
Quando estou a poucos metros de distância, piso em algo metálico.
Sinto uma dor dilacerante me paralisar no chão. Nunca senti tanta dor em minha vida. É assim que vou morrer? Tão perto da liberdade.
— Os coelhos correm, mas os lobos sempre os pegam — escuto uma voz desconhecida resmungar perto de mim.
Já sem forças, me rendo a escuridão.
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