Dormiram pela terceira noite seguida, e mais grudados do que a primeira vez. O loiro não se sentia tão esquisito quando abriu os olhos, e a primeira coisa que vira fora os fios escuros com o cheiro de seu shampoo perto de seu rosto.
A noite anterior, na hora do jantar, foi até que agradável para o Park e seu primo não o provocou, toda vez que olhava de soslaio para o mesmo Jungkook desviava o olhar para a comida, sendo pego flagrante e as bochechas ficavam vermelhas facilmente.
Jimin ria meia boca das diversas vezes que fazia o moreno agir de tal forma, meio que provocou-o com isso. Nada além disso.
Os dois e a dona Park tiveram um breve momento na sala, e no sofá do meio os dois estavam lado a lado; Jimin dando mousse de morango na boca do primo, Jungkook que já adorava o mimo repentino do mais velho.
Yara olhava para a cena e suspirava. Ela tinha seus motivos.
Quando foram dormir, Jungkook tinha a cabeça no peitoral do loiro e recebia cafuné no cabelo, já que era assim que ele conseguia dormir rápido em questão de poucos minutos e não tinha tempo de pensar em sua mãe.
Jimin fechou os olhos abruptamente quando viu Jungkook, com o rosto abaixo de seu nariz, espremer os olhos ainda fechados, e o loiro fingiu estar dormindo. Sentiu a mão encaixar em sua mandíbula e o dedão alheio acariciou sua bochecha.
— Senti tanta sua falta, hyung.
Jungkook sussurrou, achando que o outro estava dormindo. Contrapartida, desceu a destra alisando o torso até a clavícula óssea do loiro, fazendo um trajeto imaginário com a ponta do dedo indicador no local, e sorria em deleite quando o ocorrido da noite anterior apossou em sua mente, relembrando o ato obsceno que fez no mais velho.
Jimin forçou um bocejo e abriu os olhos vendo Jeon encarar sua clavícula sorrindo e inerte no dedilhar do dedo em si.
— Por que está sorrindo? — iria dizer o nome do moreno, mas ele iria exigir outra vez para que o chamasse de "Kook", portanto, não dissera para não relembrá-lo.
— Por que estou feliz. — disse o óbvio.
— Entendi.
— Você não está feliz também, hyung? — fitou os olhos do loiro.
— É, estou.
Tocou a mão do mais novo e a segurou, logo tirou de si com cuidado para não ser interpretado de forma errada. Jungkook então fortificou a encarada, tinha como ter um primo mais lindo do que Jimin? A reposta era, obviamente, não.
— Eu vou ter que sair hoje... — Jeon franziu o cenho, cessando o riso. — Mas é aqui do lado, vou no Taehyung fazer a prova lá.
Ah, é mesmo, Jimin havia mudado o dia da prova pois não tivera como fazer com o primo em cima de seu colo. Mandou uma mensagem pro amigo avisando que iria usar o PC dele e o mesmo confirmou estar em casa para que ele fosse durante a tarde.
— Quem é Taehyung? — quis saber o mais novo, sendo nítido no incômodo de ouvir o outro lhe informar.
Sim, sentiu ciúmes. Por isso Jungkook levantou mais a perna e deixou-a por cima da pélvis do loiro, possesso.
— Meu melhor amigo. — desdenhou.
— Melhor amigo? — indagou e Jimin assentiu. — Você não falou dele desde que cheguei aqui, e caso ele fosse importante em sua vida, você teria falado algo sobre ele.
— Ih, nada a ver isso aí. — gargalhou o Park e apertou fraco o nariz do outro.
— Tudo a ver, hyung. — fez bico. — Você já falou de mim pra ele? Aposto que sim e... Por que você tá com essa careta?
— Bom, eu te odiava, Kook. — apelou o chamando pelo apelido, mas não surtiu efeito e Jungkook empurrou seu tronco e tirou sua perna em cima de si. — Ei, ficou bravo?
— Humpf, não acredito que você não falou de mim pra ele... — objetou birrento.
Jimin achou uma graça, e então, sem pensar coerente, pegou a perna do moreno e colocou no mesmo lugar de antes, passando a acariciar a coxa do garoto.
— Eu falei sim de você. — sorriu azedo. — Mas como eu disse, eu te odiava, ou seja...
— Ou seja? — suponhou o menor fitando profundamente o loiro, esperançoso.
— Falei muito mal de você.
— Af. — bufou, mas quase gemeu quando sentiu Jimin arranhar sua coxa por cima do pano da bermuda.
— Mas hoje eu irei mudar isso. Sabe o que eu vou falar? — Jungkook murmurou um "hm", indiferente. — Vou falar que você beija muito bem.
— Você, você teria coragem, hyung?
Jimin riu, tinha brilho no olhar do Jeon.
— Por que não?
— Seu amigo também é gay?
"Como assim também?", pensou Jimin. Ah, claro, também porque o moreno era e não porque ele era, chega seu raciocínio pifou em pensar desse jeito.
— Não, ele não é gay. — riu, nervoso. A palavra gay impregnou em sua mente. — Ok, vou levantar e... Jungkook, me larga, eu, eu preciso ir.
Jungkook ficou por cima do mais velho e não quis sair por nada. Jimin ficou atento, estava só de cueca e não queria que o primo percebesse isso, não duvidaria que o mesmo iria aproveitar de saber que o loiro dormiu só de cueca box enquanto ele de bermuda.
— Só mais mais cinco minutos!
••••
Yara analisava seu filho sorrindo para si e para o sobrinho enquanto tomava o café da manhã, fazia dias que não via esse sorriso meigo do loiro, o mesmo que o seu, e tentava encontrar alguma coisa diferente fisicamente no mesmo.
Aí tinha coisa, pensou Yara.
No entanto, era tão maravilhoso ver o filho radiante, desde que seu marido passou a sumir ultimamente Jimin não sorria na mesa, mal comia a refeição inteira nela. E com o primo ao lado ele estava um tanto diferente, precisamente naquela manhã de terça-feira.
Não estava sendo mais necessário ir até o filho para pedir que desse atenção para o primo, Jimin havia prometido que iria cuidar de Jungkook e estava fazendo por onde, orgulhando-se por seu menino estar sendo um bom exemplo para o primo.
Após o café tomado, Jimin avisou a sua mãe que iria na casa de Taehyung fazer prova e que Jungkook não podia ir lá — sequer deu motivos. — e antes que ela falasse algo, ele já estava saindo pela porta. Não olhou para trás pois parecia que estava se mudando de casa e o primo fosse um cachorrinho que teria que deixar com a mãe.
Bateu na porta maciça da casa dos Kim e logo Taehyung abriu a porta para si, dando um tapa na mão do loiro em cumprimento. Adentrou a casa de dois andares, igual a sua, mas com tintura lilás.
Taehyung estava normal até a hora de fechar a porta, após, ele tossiu falso, coçou a nuca e olhou para Jimin com cautela.
Queria dizer algo para o amigo, mas era algo tão asqueroso que não sabia se podia falar com o melhor amigo sobre tal assunto que perambulava em sua cabeça.
— Quer dizer algo? — Jimin sentou, de pernas e braços aberto, no sofá preto. O Kim nem se importou em sentar-se. — Eu te conheço, Taehyung. Diz logo, pois eu também quero dizer algo e...
— Sério? Ótimo. — o ruivo bateu palma. — Nós dois falamos na mesma hora, pode ser?
Park assentiu e ambos tossiram antes de se pronunciarem em uníssono.
— Eu beijei um cara.
Os dois amigos riram aliviados e na mesma hora cessaram o riso, encarando um ao outro, impassíveis. Taehyung correu até o sofá de frente para o loiro e apoiou os cotovelos nos joelhos. Se encararam novamente e Jimin arqueou a sobrancelha para que o amigo fosse o primeiro a relatar o acontecido tão inesperado para ambos que, coincidentemente, tiveram o mesmo acontecimento.
— Sabe a festa da minha faculdade que eu te chamei e você disse não podia ir? — Jimin concordou com a cabeça. — Então... Eu peguei um carinha lá. No banheiro. Não me xinga!
— Uau, quem diria, Tae! — expressou sua reação de saber que seu melhor amigo havia pegado um cara e justamente no banheiro; ele também, mas o caso era incomparável, se é que os entende. — Quem foi? Eu conheço?
— Sim. — Taehyung torceu a boca, em dilema se falaria ou não quem foi o cara.
— Então... — insistiu o loiro.
— Lembra daquele garoto que me bateu na quinta série porque eu gabaritei a prova de matemática e ele errou apenas uma?
Ah, Jimin lembrava dessa cena precária. Abriu a boca, incrédulo.
— Você ficou com o Hoseok!?
— Não! S-sim! Quer dizer, não! Foi só um beijo, ou dois, ou três, ou...
— Tá, eu entendi, Taehyung. — Jimin bracejou risonho. — Sério? Eu achei que ele não ia com a sua cara, até sabia que ele curtia caras e tals, mas pegar você? — apontou para o ruivo, este que franziu o cenho.
— O que tem eu? Sou tão feio assim, Park Jimin? — o Kim pressionou os olhos.
— Não é isso, é que ele te bateu. Poxa! Vocês pareciam cão e gato, nunca pensei que isso ia acontecer. — riu ladino ao finalizar.
— Eu que nunca achei que iria beijar um homem na minha vida toda! — Taehyung se lamentou e jogou o tronco para trás.
— Hm... — isso Jimin já não podia dizer, já que nos últimos dias pensara como era beijar um e acabou beijando Jungkook.
— Hm, né? — o ruivo ergueu só a cabeça e fitou o amigo. — Fala você agora. Quem foi o carinha que você beijou?
— Meu primo. — sussurrou contido.
— Seu... Seu primo!? — o ruivo abriu a boca, que nem o loiro antes fizera. — Dez a um pra você, Jimin!
— Engraçado você, não é mesmo? — o Park revirou os olhos.
— Que primo? Aquele de Busan que você tinha rixa quando eram crianças? — riu ao perguntar, sabia da existência do Jeon.
— Sim. — Jimin coçou a testa. — Ele tá ai desde sábado e só vai embora domingo.
— Agora eu quem digo: quem diria, Jimin! — brincou com o loiro. — A sua mãe não brigou?
— Tá louco? — exasperou Jimin, olhando para todas as portas que a casa contia. — Não sei qual seria a reação dela se pegasse o filho aos beijos com o sobrinho...
— Hm... E só rolou beijo mesmo?
Quase que Jimin engasgou com o ar, iria se entregar de bandeja.
— O que você quer dizer com isso!? É claro que foi só beijo!
— Se exaltou por que, posso saber? — Taehyung mordeu o lábio inferior, sugestivo. — Só estou perguntando isso porque vocês estão na mesma casa e, vem cá, aonde ele está dormindo?
— Comigo. — Jimin sussurrou de novo.
— Puta merda... O negócio é bem mais sério do que eu imaginei. — coçou o queixo olhando para o tapete do meio entre eles.
— Imaginou? Pra que ficar imaginando essas coisas, Taehyung? Não vamos passar de beijo, pirou foi? Não sou gay.
— Oh, nesse caso eu não posso dizer mais o mesmo. — Taehyung assoviou e olhou para cima dando um de desentendido.
— Por quê?
— Ah, você é meu melhor amigo e não tenho o que esconder. — deu de ombros e se ajeitou no móvel. — Esse meu rolo com o Jung não finalizamos lá. Ele pegou meu número e a gente vem marcando de ser ver e...
— E? — Jimin bradou, interessado.
— E que esse nosso "se ver" é eu dormindo na casa dele. — disse por fim.
— Hm. — riu Jimin, isso já era normal para si, de dormir com outro cara.
— Hm? — inquiriu Taehyung, abismado. — Querido, não vamos só dormir, me entende?
— Meu Deus, Tae. E você sabe como rola essas coisas com dois homens?
Taehyung gargalhou alto.
— Vai me dizer que não se passa nada em sua mente? — o ruivo apertou os olhos. — Vai me dizer que não sabe exatamente como rola sexo gay? Um é ativo e o outro é passivo, ou, pelo que li na internet, sim eu pesquisei sobre porque sou desses, tem uma palavra onde os dois é ativo e passivo ao mesmo tempo. Flex, meu caro Park.
— Sério? Tem como... Sabe? — Jimin não conseguia pedir um favor desse formalmente. — O que o ativo faz e, e o que o passivo faz?
— Senta que lá vem história. — brincou. — Bom, ativo, só a palavra já revela muita coisa, que é o que? Onde o parceiro quem faz a penetração no passivo, esse que dá a bunda e o flex já expliquei.
Como ele podia dizer essas coisas tão na cara de pau? Taehyung e seus caprichos em ler tudo na internet, pensou Jimin.
— Não me vejo dando a minha bunda, cara. — o loiro torceu a boca fazendo careta.
— É você não tem cara, mas acho que vou investir no flex. — Taehyung concluiu.
— Vou lá para o seu quarto. — levantou do sofá e passou a andar em direção a escada de caracol.
— Beleza, não vou te atrapalhar, então quando precisar de algo é só gritar. Minha mãe saiu e não precisa ter modos.
— Anotado. — Jimin riu em escárnio, a senhora Kim tinha TOC e qualquer coisinha bagunçada ou suja que via deixava a mulher com os nervos apurados.
Exatamente quatro horas depois o Kim abriu a porta e viu Jimin terminando de ler a última questão do teste.
— Acabou aí, cara? — perguntou.
— Quase. Por quê?
— Tem um adolescente aí querendo te ver. — Jimin virou o rosto para o amigo assim que percebeu o tom sugestivo do mesmo.
— Quem? — franziu a testa. — E eu lá tenho contato com crianças, Taehyung?
— Não sei, mas cujo nome é Jeon Jungkook e procura por sua pessoa.
Zombou na formalidade.
— Meu primo? — levantou rapidamente.
— Então ele é o seu primo!? — perguntou descrente, e não teve resposta já que Jimin passou por si sem mais, nem menos.
Desceu as escadas o mais rápido que pôde e viu o moreno de costas, sentado no sofá preto de couro.
— Jungkook? Aconteceu algo?
Jungkook levantou-se do sofá e olhou em direção que ouvira a voz, vendo o primo descendo o último degrau e ir de encontro consigo, pegando em seus braços e analisou seu rosto. Isso tudo era preocupação?
— A tia saiu e disse que era pra mim vir aqui. — fez um bico e abraçou o loiro.
— Certo, certo. — correspondeu o afeto.
— Terminou a prova? Já pode ir embora agora? — Jeon ergueu a cabeça para o fitar.
— Falta só uma questão, pode esperar mais um pouquinho? — Jungkook assentiu.
Descendo a escada lentamente, o Kim via a cena dos primos. Parou ao lado do loiro e não conteve a mente de pensar que o mais novo dali era lindo demais para alguém odiar. Jimin era um louco ou sua homossexualidade estourou as proteínas anormais em si.
— Senta ali, eu já volto. — o moreno fez o que fora pedido. Jimin girou os calcanhares e voltara para o mesmo lugar novamente, tocando no ombro de Taehyung. — E, ah! Nada de sentar do lado dele.
Jimin tinha que cuidar do primo, oras.
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