O mundo parou. Eu olhei para o médico em busca de algo mais a acrescentar ao que ele dissera, mas não disse mais nada, simplesmente sentou-se ao meu lado e me envolveu com seu braço para me abraçar. Uma lágrima caiu em cima de seu ombro nu, e outra em seguida. Mas pra falar a verdade não sei porque estava chorando exatamente, o fato de eu ser adotada não me deixa triste, talvez o fato de ninguém ter falado isso pra mim antes, ou o fato de ter muita coisa acumulada dentro de mim e esse choro ter outras razões por trás dessa. Parei de abraça-lo e me virei de frente, ele me olhou nós olhos e enxugou outra lágrima que caia até que eu finalmente falei:
— Então quem são meus pais a final?
— Bom, eu te disse que responderia todas as perguntas que pudesse, mas infelizmente não posso responder a essa. - não quis dar inicio a mais um drama e implorar pela resposta, tinha outras perguntas em mente e pra falar a verdade, não fiquei tão interessada em saber quem eram naquele momento, mas sinto que mais cedo ou mais tarde vou descobrir.
— Ok, mas me diga, quem é você? Qual é seu nome? E por que me parece tão familiar?
— Selena, essa não é a primeira vez que nos vimos, e no hospital também não foi. Meu nome é Josh, eu tenho 20 anos, sou 2 anos mais velho que você, te acompanho a 3 anos Selena, converso com seus pais reais e adotivos, fico de olho em você para mante-la segura, estou nas filas de compra, no fundo da lanchonete, já até esbarrei com você, por isso deve me achar familiar. - as coisas finalmente começaram a fazer sentido, eu sabia que já tinha visto ele em algum lugar!
— Ahhh… - murmurei - e você é médico?
— Não - riu ao falar - mas tive que fingir para você sair de lá na hora necessária.
— Mas eu meio que fui obrigada a sair.
—Sim, mas se eu não estivesse lá de qualquer forma, você provavelmente não estaria aqui falando comigo - ele sorriu.
— É… É verdade - sorri de volta.
Ele se levantou e voltou a mexer nos medicamentos na bancada, eu fiquei lá sentada apenas olhando. Josh. Gostei dele, parece ser muito legal e gente boa… Tá, admito que o fato dele estar sem camisa e dele ser ainda mais bonito sem a camisa tenha me animado mais. Tirou a faixa que cobria seu grande machucado e colocou alguns remédios e por cima colocou outra faixa.
— Me desculpe… - disse olhando para seu machucado enfaixado.
— Não há porque se desculpar Selena. - disse guardando os medicamentos em uma caixa - Além do mais, estará bom logo - sorriu.
— Se não fosse por mim você não precisaria melhorar… -olhei para baixo.
— Ei… - ele ergueu minha cabeça em direção a dele - não foi nada, tudo bem?
— Tudo. - acabei concordando, mas pretendo retribuir o favor quando surgir a oportunidade.
Ele ia falar algo quando a porta se abriu e um sujeito forte, bonito, entrou.
— Josh, faltam 30 minutos. - ele apontou para o relógio. - Olá Selena - disse acompanhado de um sorriso quando notou minha presença ali.
— Oi... ?
— Justin.
— Ah, oi Justin - falei super sem graça. É como se todos me conhecessem, mas eu não conhecesse praticamente ninguém.
— Selena, esse é meu meio-irmão mais novo, Justin. - fez sinal para que eu olhasse para ele.
— Creio que teremos mais tempo para nos conhecermos melhor mais tarde Selena. - ele sorriu e saiu, em quanto eu sorria de volta sem saber o que falar direito.
— Faltam 30 minutos para que? - me virei de volta a Josh.
— Para partimos em direção a Londres. - ele abriu a janela e pude perceber que o trem havia parado. - Temos tempo pra um lanche, deve estar com fome. - realmente estava, faminta na verdade.
Ele colocou uma camisa e depois disso saímos da cabine e andamos até a saída do trem, descemos os degraus e andamos juntos até uma pequena praça de alimentação na estação.
— Podemos comer alí? - apontei para o starbucks.
— Claro! Hoje você que escolhe - ele sorriu, naquele momento percebi como tinha um sorriso lindo, assim como o irmão.
Sentamos em uma mesinha no starbucks, pedimos nossa comida e em quanto comíamos conversávamos um pouco. Depois que pagamos, restavam ainda alguns minutos antes do trem partir, então sentamos em um dos bancos no meio da estação para esperar, ainda tinha muitas perguntas sem respostas, mas resolvi aproveitar os poucos minutos para deixar minha mente livre desses pensamentos. Ficamos em silêncio por um bom tempo durante os minutos, não tinha quase ninguém na estação, e todos que estavam no trem pouco se importaram em descer. Josh era uma boa companhia, me fazia sentir confortada e de um certo modo protegida, mesmo quando eu o estava enchendo de perguntas, ele era sempre gentil, e desde o atentado acho que foi a pessoa que passou mais tempo ao meu lado.
— O trem sai em 3 minutos, devemos ir agora - ele interrompeu meus pensamentos.
— Claro, vamos. - nos levantamos e começamos a andar.
— Ah, espere, quase esqueci - ele parou - Isso é seu - ele tirou do bolso o meu pingente que estava agora preso a uma corrente - use-o
Vendo que estava com uma das mãos em uma ponta da corrente e a outra mão na outra ponta, eu me virei entendendo que ele fosse colocar o colar em mim, ergui meus cabelos sobre o s ombros e ele o colocou.
— É o pingente que minha mãe me deu, não é? - perguntei para confirmar, nunca havia percebido como ele era grande e pesado.
— Sim, ele mesmo, tome cuidado com ele Selena, ele tem um valor muito especial, a corrente é grande o suficiente para conseguir esconde-lo por detrás da sua blusa, é bom que não deixe ninguém ver que está usando-o. - ele estava com uma voz muito seria que até me deu medo, mas fiz o que sugeriu, coloquei o colar por debaixo da blusa.
— O que faz ele ser tão valioso?
— Há pessoas que o querem, custe o que custar, mas é importante que sempre o mantenha com você, nunca o tire. - não foi uma resposta muito direta, mas percebi que não se sentia a vontade falando disso então deixei pra lá.
Continuamos andando até o trem, a medida que eu ia andando o colar ia "pulando" sobre meu peito, ele era grande e pesava, estava me dando agonia aquele peso sobre meu pescoço. Subimos no trem e ele partiu, entramos em uma cabine qualquer e nos sentamos.
— Quantas horas de viajem? - perguntei para quebrar o silêncio.
— Muitas. - foi apenas o que disse, em quanto olhava pela janela.
— Ta tudo bem? - senti que algo estava errado quando ele falou das horas.
— Sim, é que falar nesse colar me deixa meio angustiado.
— Então não fale! - falei de um jeito meio divertido tentando quebrar o clima tenso - vamos mudar de assunto então.
— Pode ser - ele sorriu - Você ainda deve ter muitas perguntas, pode perguntar!
— Não, também não quero falar sobre isso, terei outros momentos para falar disso, mas agora vamos falar de algo menos tenso, algo que não envolva esse atentado ou coisas assim, vamos nos divertir um pouco. - ta, isso soou estranho, mas não acho que ele percebeu.
— Tudo bem, sobre o que você quer falar então? - disse ainda sorrindo.
— Você tem namorada? - depois que falei me toquei o quão idiota e desesperada pareci ao falar disso. Mas então ele riu e eu ri junto pra acompanhar - Não, não era pra ter soado as…
— Não, não tenho - ele me interrompeu olhando pra baixo e rindo, parecia envergonhado.
— Me desculpe… Não era pra eu ter falado desse jeito, é que…
— Não tem problema - me interrompeu de novo, mas dessa vez olhando pra mim. - E você?
— Você não ficava me investigando? - disse com um tom de sarcasmo. - Você deveria saber que eu não tenho.
— Eu sabia, perguntei mais por educação - ele riu.
— Ah é?! - peguei uma almofada que estava do meu lado, o bati de leve e rimos juntos.
Em seguida Justin abriu novamente a porta e nós paramos de rir.
— Desculpe incomodar… Mas, Selena, Demi quer falar com você na lanchonete do trem.
— Certo, estou indo. - me levantei e fui até a porta onde Justin estava
— Por ali - ele provavelmente imaginou que eu não fazia ideia de onde ficava essa lanchonete e apontou para onde eu deveria ir.
— Obrigada - sai em seguida em direção a tal lanchonete.
Então o trem tinha uma lanchonete. Que coisa estranha, mas vamos lá, caminhei através de um corredor estreito e abri a única porta que havia ali. Foi como se o trem houvesse expandido, estava mais largo, mas comprido, haviam cadeiras, mesas, pessoas, e a tal lanchonete, era um ambiente bem confortável. Vi Demi sentada em uma cadeira, na sua frente tinha uma mesa pequena e redonda e do outro lado da mesa, uma cadeira vazia a minha espera.
Andei em direção a mesa, quando Demi me olhou eu sorri, mas ela não sorriu de volta, estava com uma cara seria, então parei de sorrir no mesmo instante e me sentei na cadeira vazia.
— Ta tudo bem? - perguntei
Ela não respondeu. Simplesmente ergueu a mão e entregou-me uma carta e por fim disse:
— Recebi isso hoje, quase agora. É pra você. - disse seria.
Sem dizer mais nada, tirei a carta de suas mãos e a examinei. Não era uma carta normal, não tinha remetente, nem endereços, a única coisa que estava na carta era meu nome e um símbolo estranho. Sem selos, sem mais nada.
Olhei pra Demi esperando que fosse acrescentar mais alguma coisa, mas ela ela fixava seu olhar na carta. Por fim, resolvi lê-la e acabar logo com esse drama. Abri o envelope, tirei a carta e comecei a ler.
"Selena, leia esta carta até a ultima palavra, preciso que entenda tudo perfeitamente bem, mas primeiro: por favor, minha filha, cuidado, tenha muito cuidado.[...]"
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