Por mais que Taehyung soubesse que conseguiria fazer com que as memórias de Yoongi voltassem após um bom tempo tentando, não poderia focar nisso, não agora. Precisava encontrar seu irmão gêmeo; necessitava saber se ele estava bem e seguro. Tinha plena consciência que Baekhyun o ajudaria com as memórias de Min, contudo não queria nada além de encontrar seu irmão. As memórias do mais velho eram o menos importante até então, comparando a ausência do caçula da família.
Ele focava, tentava muitas vezes achar o seu irmão, mas não conseguia, como se sentisse uma barreira sendo formada sempre que pensava no mais novo. Falhava, mas não desistia de modo algum. Iria persistir até conseguir achar seu irmãozinho.
— Taehyung, você precisa comer. — Hoseok foi até ele, levando consigo uma caneca com chocolate quente dentro. — Toma, está esfriando. — se sentou ao lado do loiro, percebendo como ele estava pensativo. — No que tanto pensa?
— No Nini. — Tae olhou para si e sorriu mínimo, vendo Hoseok sorrir e assentir com a cabeça. Sentia falta do garotinho inocente e que, infelizmente, amava insetos, pois Jung odiava. — Vou começar a procurá-lo agora. — bebeu um pouco do chocolate quente. — Só espero que seja tão rápido quanto encontrei o Guinho. — sorriu triste.
— Você vai encontrá-lo, ursinho. — Hoseok colocou uma das mãos no ombro do mais novo, massageando ali e sorrindo para incentivar o mesmo. — Eu acredito em você. — selou a bochecha dele, se afastando e vendo como Taehyung estava corado e tímido.
— Obrigado. — olhou para o mais velho e riu tímido, vendo Jungkook ir na direção dos mesmos. — Você tá bem? — indagou ao olhar a sua expressão.
— Sim. — sorriu pequeno e se sentou ao lado dos dois, encarando os carros passando na rua. — Se passou dois dias… — suspirou, olhando de canto de olho para Taehyung. O Park sabia o que aquele olhar indicava, julgava que Jungkook estava mais ansioso do que si para encontrar seu irmão caçula.
— Eu vou tentar me comunicar com ele, Jungkook. Vou começar hoje, se quer saber. — o mais velho desviou o olhar novamente e passou a mão em sua nuca.
— Você não vai se sobrecarregar, Taehyung. — Hoseok disse firme. — Não quero você como da outra vez. — segurou a mão do mais novo, apertando a mesma.
— Hobi, você sabe que isso é inevitável. — riu soprado, achando fofo a preocupação do mais velho consigo. — Estou mais perto do que nunca de encontrar Jimin e não será agora que irei parar ou esperar mais tempo. — Yoongi, que estava atrás da parede, escondido, escutava tudo com o cenho franzido. Tinha chegado a pouco tempo e já estava escutando a conversa da "sua família". Ele queria saber o que tanto escondiam e sobre esse tal de Jimin, provavelmente era a segunda criança; o segundo gêmeo.
— Conte comigo para o que precisar, Tae. — Jungkook olhou para o irmão mais novo. — Eu sei que não posso fazer muito, mas… — se interrompeu ao sentir a mão do Park em cima da sua.
— O seu apoio é mais do que suficiente, irmão. — sorriu e então olhou para Hoseok. — Obrigado por estarem aqui comigo, vocês dois. Sei que todos juntos, juntamente com nossos pais e Yoongi, vamos achar o Nini.
— Falando no Yoongi, vamos contar quando para ele? — Hoseok indagou curioso e ansioso, afinal, queria contar para o amado sobre tudo: sobre os poderes, o laboratório, os experimentos e tudo o que passaram.
Yoongi franziu o cenho, querendo saber do que eles estavam falando. Não conseguia entender o motivo dos mesmos para esconder coisas de si, isso só faria o mesmo ficar ainda mais desconfiado. Era algo duvidoso, para ser bem sincero, mas intrigante.
— As memórias dele não se foram totalmente. — o esverdeado se aproximou ainda mais um pouco para ouvir com mais clareza. — Estão em algum lugar do seu subconsciente, ele apenas precisa de algum gatilho para que elas possam vir a tona. — Taehyung levou a mão ao queixo. — Coisas que lembram o passado, apelidos, brincadeiras, lugares que já fomos. Ele lembrará, mas depende muito do tempo e dessas pequenas coisinhas que fazem uma grande diferença.
— Então devemos começar agora! — Hoseok falou, como se fosse óbvio. Para que esperar mais?! — Vamos tentar trazer essas memórias com essas coisas.
— Vamos achar o Jimin primeiro. — Taehyung o respondeu. — Vamos focar nele e assim que ele estiver conosco, focamos na memória do Guinho. — sorriu e olhou para a parede atrás dos mesmos, rindo soprado enquanto negava com a cabeça. — Vamos, está frio. — se levantou. — Yoongi, me lembro dos nossos pais ensinarem para todos que ouvir a conversa dos outros é uma coisa feia, tsc, tsc. — se apoiou na parede e jogou a cabeça para o lado, ficando a centímetros de distância do esverdeado, que arregalou os olhos.
— C-Como…? — Taehyung sorriu e se conteve em não chegar mais perto ou abraçá-lo, ainda precisava dar espaço para ele.
— Vamos Guinho, tá frio. — Hoseok e Jungkook riram da cara do citado, vendo Taehyung se afastar com um enorme sorriso no rosto.
[...]
No cômodo um pouco decorado, com cores pastéis e que davam a todos uma sensação calma, estava Jimin, dançando, enquanto escutava uma das suas músicas favoritas. Ele cantava e dançava sem parar, carregando uma maçã pela metade na mão. Park já tinha comido três frutas naquele curto período de tempo, contando com essa que ele estava comendo, quatro. Não podia ficar sem comer por conta da sua energia, principalmente quando resolvia dançar.
Seu corpo não estava na melhor condição, a sua saúde ainda pior, mas ele não deixava que isso se tornasse um obstáculo grande para si. Ele ia até o limite até conseguir e foi assim, aos poucos, que conseguiu chegar onde está; até descobriu que dançar faz muito bem para seu corpo e mente. Ele gostava, ele fazia.
Seu guarda-roupa estava vazio, a cama arrumada, as gavetas sem nada dentro. Tinha esvaziado tudo e deixado organizado e limpo para que pudesse sair em viagem com as mais velhas. Sabia que estava indo encontrar a sua família e estava mais do que animado para isso, então dançou para que a ansiedade de encontrá-los passasse, pelo menos um pouco. Mina estava terminando de arrumar a sua mala, já Dahyun e Nayeon não tinham chego ainda.
O menor movimentava o seu corpo sem dificuldade, dançando com os olhos fechados e acompanhando o ritmo, absorto do mundo afora daquele seu quarto. Gostava do tempo que passava sozinho, dançando, porque parava de pensar em muitas coisas, parava de sentir tudo a sua volta e ali ele era apenas Park Jimin, um garoto normal que sonha em ser dançarino e que tem grandes sonhos e objetivos.
— Jimin? — parou de se movimentar ao ouvir batidas leves em sua porta, acompanhado com a voz doce de Mina que esperava por sua resposta do lado de fora. — Jimin? — o chamou mais uma vez, acreditando que o citado não escutou seu chamado.
Park foi até a caixinha de som e a desligou, colocando uma camisa e então indo até a porta, abrindo e dando de cara com a mais velha que sorriu para si, se encostando no batente da porta e cruzando os braços.
— Estava dançando? — sorriu ainda mais ao ver o mais novo concordar com a cabeça. — E seu corpo, como está, querido? — indagou, entrando no quarto e se sentando na ponta da cama, acompanhada por Jimin.
— Dói, mas é algo que consigo suportar. — respondeu. Ele sentia as mesmas dores todos os dias, então era algo que já estava acostumado.
— Vem, vou fazer uma massagem. — o menino riu soprado e ficou de costas para a mais velha, sentindo as mãos dela irem de encontro ao seu ombro, começando a massagear ali. — Coma depois que eu terminar aqui, tudo bem? — disse olhando para as cascas das frutas que o menor tinha comido, ou apenas o caroço delas.
— A Dahyun já está pronta? — indagou curioso, estava ansioso para sair daquela cidade e ir atrás de sua família. O momento, finalmente, tinha chego.
— Ela mandou mensagem avisando que Nayeon passará para pegá-la no trabalho, assim, virão para cá. — sorriu e passou uma das mãos no cabelo do loiro, notando como estava grandinho. — Espero que a sua família seja bem receptiva. Vai ser meio difícil nos receber com uma Nayeon junto. — brincou, rindo, sendo acompanhada por Park.
— Vocês vão gostar deles. — sorriu e abaixou a cabeça, se lembrando de como todos eram. — Eles são gentis, compreensivos e legais. Tudo o que sou hoje é graças a eles. — olhou para Mina que sorria, assentindo com a cabeça. A mais velha se levantou e ajeitou sua roupa.
— Vamos deixar as coisas lá fora? — jogou a cabeça levemente para o lado e Jimin sorriu, confirmando.
O menor pegou tudo o que precisava e que realmente seria necessário. Deixou o que não usaria em algumas caixas guardadas em seu guarda-roupa, fechando todas as janelas. Com ajuda da mais velha, deixou as malas fora de casa e foi nesse exato momento que as duas restantes chegaram. Enquanto Mina e Dahyun colocavam tudo no porta-malas, Nayeon e Jimin iam até uma lojinha ao lado para comprarem algumas coisas pra comerem na estrada.
Escolhiam as coisas a dedo, apesar da mais velha sempre querer levar tudo para Park que, gentilmente, negava. Jimin estava ansioso e imaginava como seria quando encontrasse a sua família. Todos estavam bem, certo? Esperava muito que sua família estivesse bem e segura. Os encontraria logo, logo, sentia isso.
— Ele está olhando muito para você. — Lim comentou baixinho, com um sorriso no rosto enquanto deixava as coisas na cesta. Jimin voltou a realidade, encarando a mais velha todo confuso.
— Quem? — indagou, perdido.
— O mocinho do caixa. Ele é bonito. — sorriu de lado para o mais novo, indicando com a cabeça a direção onde Jimin deveria olhar. Quando o menor olhou para o lado, viu um garoto de cabelo preto e alto. Conhecia-o muito bem, mas não tinha nada para falar com o moreno então apenas não fazia questão de prolongar as conversas que ele iniciava.
— Ah, o Taemin… — Jimin desviou o olhar rapidamente, sem interesse algum, voltando a pegar algumas coisas que Mina tinha escrito na pequena folha de papel. Nayeon olhou indignada para o menor, afinal, aquele garoto estava realmente a fim de si, porquê desperdiçar essa chance?
— Vai falar com ele! — arregalou os olhos, tentando fazer com que o menor fosse até o bonitinho. — Aproveite enquanto ainda é jovem e bonito, Jimin! Vai, ande! — ela empurrou Park que negava com a cabeça, tentando se esquivar de seus braços. Estava corado, envergonhado por estar passando por uma situação como aquela. Nayeon era uma mulher incrível, companheira, muito sincera e teimosa, mas não sabia escutar e fazia o que queria e Jimin não gostava disso.
— Nay, por favor! — implorou, não aumentando o tom de voz em nenhum momento por conta do respeito por ela ser mais velha. — Eu não quero. — sussurrou para que Lee não pudesse escutar. — Eu não quero me envolver com ele dessa forma, só vamos continuar a pegar as coisas, por favor… — implorou novamente, vendo a mais velha revirar os olhos e levar uma das mãos para a própria cintura.
— Jimin, me escuta. — ela segurou no ombro do mais novo, escutando seu bufar. — Você é Jovem, bonito, inteligente, tem um corpo divino e ainda se nega a aproveitar? Cara, você está vivendo na casa das minhas amigas há anos!! Você é jovem e tem que aproveitar. Sei que estamos fugindo deles, — deu ênfase. — mas você não pode parar a sua vida, garoto. — estalou os dedos na frente da face de Jimin, em um tom óbvio, vendo ele piscar os olhos algumas vezes. — Vai lá e fala com ele, tá tudo bem. — sorriu, o incentivando.
— Nay, você não entendeu. — Jimin respirou fundo e se virou para a mais velha, procurando coragem e paciência para falar o que iria falar agora. — Eu não quero me "envolver" — fez aspas com os dedos. — com ninguém dessa forma porque já tenho alguém. Eu gosto dessa pessoa e somente dessa pessoa. — deu ênfase. — Ele está esperando por mim e eu estou indo até ele. — sorriu pequeno para a mais velha, vendo seus olhos se arregalarem muito mais.
Ela passou segundos encarando o mais novo sem reação alguma, com os olhos arregalados e ainda absorvendo o que ele tinha falado. Piscou, processou, mas não soube como reagir. Não sabia o que sentir, se pulava de alegria ou se agarrava seu pescoço pela raiva.
Oras, como ele ousa esconder isso?!
Jimin finalmente pegou tudo e foi até o caixa com a mais velha o seguindo silenciosamente. Ele até deduziu que ela só tinha ficado quieta por conta do choque ou por conta da vergonha, mas não disse nada e apenas sorriu para Taemin que não tirava os olhos de si.
— Oi Jimin. — disse sorridente, colocando as coisas na sacola, olhando com segundas intenções para o menor. Afinal, ele queria algo com o menino e não era surpresa para ninguém, só ficava frustrado por Jimin não demonstrar o mesmo interesse por si.
— Oi Taemin. — sorriu e pegou as sacolas, olhando para Nayeon que encarava Taemin. — Nay?
— A-Ah, o dinheiro! — pareceu acordar para a realidade, fazendo Park rir e novamente ganhar o olhar do moreno alto com nariz um pouco grande.
— Então… Eu queria saber se você quer sair comigo, sabe, podemos ir em um restaurante qualquer ou você mesmo pode escolher o lugar. — Taemin falou rápido, usando toda a sua coragem e confiança para conseguir "fisgar" aquele peixinho dourado. Jimin, entretanto, apenas suspirou sabendo que teria que lidar com aquilo de alguma forma.
— Olha, Taemin… — respirou fundo, olhando para o mais velho e notando que ele tinha muita confiança ao notar pelo seu sorriso e postura. — Bem, eu… sabe, estou indo para bem longe hoje e não voltarei então, não. — sorriu, vendo o sorriso no rosto do mais alto sumir em seu rosto. — Mesmo assim, obrigado! — levantou a sua mão esquerda, pegando as sacolas com as compras, vendo Nayeon finalmente o pagar.
Por fim, saíram da lojinha e Jimin, finalmente, pode respirar direito, fechando os olhos e os abrindo logo em seguida, sorrindo. Nayeon, contudo, segurou a mão do menor, fazendo-o parar de caminhar e olhar para si.
— Como assim você não me contou que já tinha alguém?! — perguntou, indignada com aquilo. — Park Jimin, eu te compro roupas, comida, levo para passear toda vez que Mina e Dahyun deixam e é assim que você me agradece?! — o loiro riu e desviou o olhar, envergonhado e sem saber o que falar diante aquilo.
— Desculpa, é que é algo somente meu, tia Nay. — suspirou e olhou para a mais velha que negava com a cabeça. — Eu tenho alguém, mas… — antes que continuasse, Lim o cortou.
— Calma! — levantou a sua palma, pedindo tempo. — Ok, respira fundo. — fechou os olhos e respirou fundo antes de voltar a encarar o garoto. — Nome, idade, onde conheceu ele; é bonito?! Me fale como ele é e o que ele planeja para o futuro. — pegou o seu celular, começando a anotar todas as suas perguntas, esperando ser respondida naquele mesmo instante.
Park ficou perplexo, até tonto com tantas perguntas sendo feitas todas de uma vez. Entretanto, não podia esperar menos de Nayeon que investigava, literalmente, qualquer garoto que tentava se aproximar de si.
Jimin não se achava interessante, muito menos bonito, então realmente se assustava quando Lim do nada apontava para alguém, seja menina ou menino, alegando que eles estavam o encarando com certo interesse no olhar. Mas, mesmo com isso tudo, seu coração pertence e sempre irá pertencer a uma única pessoa: Jeon Jungkook.
— C-Calma!! Mas eu tenho que falar agora?! — perguntou atordoado, ainda carregando as sacolas.
— Nesse instante. Vamos! — olhou para o menino, esperando que ele levasse aquilo com a devida seriedade. Isso era extremamente necessário pois não iria deixá-lo com qualquer um.
— Bom, — novamente procurou paciência para explicar tudo a mais velha. Não precisava dar detalhes, somente responder as suas perguntas. — Ele se chama Jeon Jungkook. — sorriu ao pronunciar o nome de seu coelhinho, sentindo seu coração bater mais rápido como sempre acontecia ao pensar no mais velho. — Acho que agora ele está com vinte e um anos, acredito eu. — falou pensativo, enquanto Nayeon anotava tudo em seu celular, no bloco de notas de coisas importantes que devem ser lembradas. — Ele era do laboratório… — abaixou o tom de voz, olhando para os lados e ganhando a atenção da morena. — De onde eu vim. — especificou, vendo ela ficar ainda mais surpresa.
— Ele também tem poderes?! — sussurrou ao questionar, sem tirar os olhos do seu menino. Jimin concordou com a sua cabeça.
— E sim, ele é muito bonito. — sorriu, corando violentamente enquanto se lembrava do menino que, há cinco anos atrás, tinha apenas dezesseis anos. Não sabia como Jeon se encontrava agora; se estava mais alto, se continuava tímido como antes, ciumento e com a mesma cor de cabelo. Jimin não sabia de nada e ansiava descobrir.
— É o que veremos. — falou, ainda focada no celular, fazendo com que Park franzisse o cenho por sua resposta.
— Continuando… — pigarreou. — Ele é fofo, cuidadoso, um pouco ciumento e atrevido, mas eu sempre gostei disso apesar de não falar. Afinal, eu era uma criança, uma criança com muita sorte. — riu. Dizia tudo isso sorrindo. — Ele sempre cuidou de mim e se importou comigo, mas éramos muito novos e inocentes para entendermos algo. Além de que meus pais não queriam que meu irmão e eu tivéssemos um relacionamento amoroso por conta da nossa idade. Hoje eu vejo que eles fizeram a escolha certa. — olhou para o lado, não vendo Nayeon. — Nay? — olhou para trás e encontrou a mais velha apoiada na parede, olhando para o chão com uma expressão assustada. Ela estava pálida e isso preocupou Park.
— V-Você tem um i-irmão? D-Digo, de sangue…? — olhou para Jimin, o vendo com a expressão confusa.
— Sim. — respondeu e logo completou: — Um irmão gêmeo. — Nayeon começou a tossir, levando a mão para a sua boca e quase caindo no chão se não estivesse se segurando na parede de uma casa qualquer do bairro. — Nay, você tá bem? — Jimin se aproximou para ajudar a mais velha.
— Um irmão… gêmeo… — levou a mão a sua cabeça, percebendo que sua pressão estava baixa. — Eu tô passando mal, eu tô passando mal, eu tô passando mal!! — repetia, em desespero.
— Você tem certeza que sabia de tudo? — indagou, notando como a sua reação foi totalmente diferente da que tinha imaginado. Talvez ela não soubesse da história inteira. Talvez não, era uma certeza.
[...]
Jungkook se encontrava sentado em alguns pneus, sentindo um arrepio em suas costas e olhando para os lados a procura de quem estava falando de si. Ele estava segurando o caderno de desenhos que Min tinha emprestado após muita insistência do mais novo. Desenhava Jimin, com um lápis de escrever e na outra mão, estava segurando um isqueiro, algumas vezes brincando com o fogo.
Ele usava apenas aquilo e as luzes fracas da oficina para que pudesse ter uma melhor visão do desenho. Todos estavam na cozinha ou no quarto, Jungkook não se importava, ele apenas encarava o desenho de Jimin ali em sua frente, pensativo.
Jeon sabia como o menor gostava de desenhar, então passou os últimos tempos aprendendo a fazer isso e hoje consegue fazer um desenho perfeito do rosto de seu Nini. Não só desenhava ele, como a casa onde moravam, sua família, a natureza e coisas que lembravam o pequeno Park. Aquilo o fazia se sentir melhor, de alguma forma; perto do seu primeiro e único amor.
— Merda… — bufou, cansado, encarando a folha desenhada. Passava horas encarando os desenhos que fazia, mas por mais que buscasse estar perto do menino dessa forma, isso também o trazia a sensação de perda, solidão, medo de ter perdido o pequeno menininho. Não conseguia fazer um desenho de Jimin atualmente, apenas como ele era em sua infância e isso o frusta ainda mais. — Onde você está?! — fechou o caderno e o deixou ao seu lado, suspirando.
Às vezes se imaginava com o menor; pegando em suas mãozinhas pequenas novamente, olhando em seus olhos puxados e pequenos, contudo intensos. Jungkook queria ver, tocar, sentir Park Jimin, mas até isso parecia impossível. Cada vez mais longe, cada vez mais cansado e louco.
— Porra! — xingou, pegando um cigarro e então indo acender, mas foi impedido por Hoseok que chegou de surpresa atrás de si, pegando aquele negócio. — Hoseok! — tentou pegar de novo, porém falhou. — Me devolve isso!
— Não. Não vou devolver para acabar com a sua vida. Sabia que isso faz mal, não é? — Jungkook revirou os olhos ao ver o irmão se sentando ao seu lado. — Já falei pra você, não deveria estar fumando sendo que isso vai acabar com a saúde que você tem. Se quer se desestressar, use outra coisa que não vá te prejudicar!
— Não vem me dar lição de moral, Hoseok. Não estou com cabeça para isso. — estendeu o braço para pegar o cigarro da mão do irmão, mas sendo impedido por ele. — Porra, me dá essa merda logo!!
— O que está acontecendo? — Jin indagou, chegando atrás dos dois. Jungkook gelou, ficando parado e engolindo em seco, já seu irmão olhou para o mais novo e escondeu o cigarro. Não queria brigas, sabia como todos estavam sensíveis emocionalmente e não queria piorar isso. — Parecem que viram fantasmas… cruzes! — negou com a cabeça, se sentando ao lado de Jungkook. — Como eles conseguem ficar confortáveis nisso aqui? — reclamou, fazendo um bico nos lábios enquanto tentava se ajeitar naquele pneu, levando Hoseok a rir. Jungkook ainda estava com o coração na mão, tenso.
— Chegou em boa hora pai… — Jung começou, levando seu olhar para Jungkook com um sorriso de lado. O antes citado arregalou os olhos e virou a cabeça lentamente para o irmão, o ameaçando com o olhar.
— O quê? — Jin, sem entender o que estava acontecendo, encarou o filho com confusão em sua face. — Como assim? Estavam tendo uma conversa interessante? — sorriu fechado, juntando as mãos e olhando para Jungkook. — Do que conversavam?
— Nada demais! — respondeu rapidamente. — Não é, Hoseok? — virou a cabeça lentamente para o irmão, novamente quase o matando com o olhar.
— Oh, sim! Claro. — Jung mentiu, contra a sua vontade, sorrindo para o pai. — Estávamos falando em como devemos manter nossos pulmões saudáveis até a nossa morte. — Jin fez uma careta, não entendendo. Entretanto, Jungkook quase avançou em seu irmão, mas apenas se conteve em dar um sorriso falso para seu pai e concordar com a cabeça.
— Que tema mais inusitado. — pensou alto, murmurando. — Bom, eu acho que isso é o que todos devemos fazer, não é? — intercalou o seu olhar entre seus dois meninos, interessado na respostas deles e até mesmo o tema daquela conversa. Adorava, pois era médico.
— Creio que sim, pai. — Jungkook riu alto, exageradamente, indicando, claramente, nervosismo, para o seu irmão. — O mínimo, puff! — dessa vez quem riu foi Hoseok, que quase caiu para o lado, procurando ar. Seu irmão era mesmo um cara de pau! — Hoseok…
— Parece que a conversa está boa aqui. — Namjoon chegou enquanto esquentava a sua mão, se sentando ao lado de Jin, ajeitando a sua jaqueta para que pudesse ficar ainda mais quente naquele frio. — Do que estão conversando?
— De saúde. — respondeu Jin, olhando para o marido que franziu o cenho em confusão. — É, isso mesmo. Cuide bem do seu pulmão, Joon. — brincou, rindo.
— E porquê eu não cuidaria do meu próprio corpo? — fez uma pergunta retórica, rindo enquanto negava com a cabeça. Jungkook olhava para o pai, agora se sentindo extremamente culpado por fumar, mas desde que começou não conseguiu parar de usar, se sentia preso. Tinha virado quase uma necessidade fumar quando estava nervoso ou estressado.
— Boa pai! — Hoseok fez jóia com a sua mão, sorrindo grande. Namjoon devolveu o sorriso antes de pegar o seu celular para conversar com Jackson e as meninas. Mantinha contato todos os dias para saber como estavam as coisas, mas nunca falavam demais por medo de descobrirem onde estavam. Yugyeom sempre vigiava o celular de todos por conta disso.
— A conversa parece estar interessante! — todos olharam para cima, vendo Dongyul se aproximar com um grande sorriso enquanto puxava Yoongi pelo braço. O antes citado estava com uma cara brava, parecia estar ali contra a sua vontade. — Podemos nos juntar?
— Mas é claro! Por favor! — Jin se animou ao ver o filho tão perto, olhando para o rosto dele enquanto sorria grande. Yoongi se sentiu desconfortável, contudo apenas se sentou e desviou o olhar. Não tinha tido escolha já que Song tinha o levado ali, mesmo contra a sua vontade.
— Hoje está muito frio, haha! — Dongyul, nervoso em iniciar uma conversa com aquela família - pois se sentia deslocado -, falou sobre a temperatura, esfregando suas mãos em sua calça para esquentá-las. Jin pareceu notar o seu nervosismo e diante disso, falou:
— O inverno está chegando, eu amo o frio! — disse com entusiasmo. — E o senhor? Parece-me que o senhor prefere dias mais quentes, ou seja só minha intuição falhando. — riu. O velho automaticamente ficou mais relaxado. Ele, apesar de não conhecer nenhum deles, se sentia mais próximo a cada dia que se passava.
— Não, não. Você está certo! — sorriu grande, botando a mão no ombro de Yoongi, chamando a sua atenção secretamente. Queria que o neto participasse daquele conversa, que se aproximasse da sua família e tentasse recobrar suas memórias. — Eu amo o calor, sempre gostei de dias mais quentes porque não fico doente facilmente. — Jin e ele riram, achando graça naquilo.
Yoongi olhou para os dois, depois para Namjoon e então para Jungkook e Hoseok que pareciam brigar por algo. Estreitou seus olhos, querendo saber o porquê estavam agindo tão estranhos daquele jeito, mas ficou surpreso ao ver o ruivo tentar esconder um cigarro.
Hoseok fumava??!!
Yoongi rapidamente desviou o olhar, desconcertado, piscando diversas vezes com o coração se apertando. Estava preocupado, muito preocupado; com raiva e até mesmo indignado. Hoseok não podia fumar! Nenhum deles deveria.
Min estava estranhando todos os sentimentos que estava sentindo naquele momento, porém, não iria negá-los novamente e depois daria o seu jeito para, pelo menos, conscientizar Jung do que ele está fazendo.
Sua atenção foi totalmente roubada para o menino de cabelos loiros e a ponta do nariz vermelha, embolado em uma coberta, andando com dificuldade até eles. Corou, estava achando ele adorável enquanto tentava não sentir tanto frio.
— Oi gente… — respondeu fraco. Estava realmente esgotado já que começara a procurar por seu irmão há alguns dias. Se sentou ao lado de Yoongi, olhando para ele e sorrindo, vendo o esverdeado rapidamente desviar o olhar, vermelho.
Uma graça.
— Quer que eu te esquente, filho? — indagou Namjoon, vendo o menor negar com a cabeça, sorrindo. — Pelo visto, está tudo bem lá em casa. — sussurrou para SeokJin, mostrando as mensagens para o mais velho.
— Do que estavam falando? — Park questionou, olhando para todos presentes.
— Na verdade, eu perdi o rumo da conversa. — Hoseok falou sincero, olhando para o mais novo. — Você comeu? — perguntou preocupado. Min olhava para Hoseok e após a pergunta, olhou para Taehyung, querendo saber se o garoto tinha comido. Estava preocupado e queria se certificar que ele estava bem e se cuidando de forma correta.
— Sim! — respondeu, sorrindo. Tae levou seu olhar para Yoongi ao notar que esse o olhava. Encarou seus olhos durante alguns segundos antes de desviar o olhar para os seus lábios. O esverdeado sentiu seu coração falhar uma batida ou quase parar na sua garganta. Tinha gelado ao notar que o Park encarava sua boca, então rapidamente desviou o olhar para frente, abraçando suas pernas.
Taehyung riu, negando com a cabeça e então bocejando. Estava morrendo de sono e sentia seu corpo exausto de tanta energia que usou naquele dia. Notando isso, Namjoon resolveu parar a conversa que tinha começado novamente entre Jin e Dongyul, falando que seria melhor todos irem dormir.
Assim, cada um foi dormir. Dongyul e Yoongi em suas camas enquanto os outros dormiam em colchões, descansando os seus corpos. Estavam ajudando Song e Min a cuidarem da oficina além de oferecerem ajuda com as compras e a limpeza daquele lugar. Não queriam ficar sem fazer nada já que o velho estava sendo bom demais para todos, então queriam retribuí-lo de alguma forma.
[...]
No meio da noite, Taehyung, tentava encontrar seu irmão, mesmo dormindo. Ele se remexia no colchão enquanto soltava alguns resmungos de dor, suando da cabeça aos pés. Seu cabelo estava grudado em sua testa de tanto que suava, assim como a sua roupa, que estava molhada.
Em seu "sonho", ele se encontrava em um lugar totalmente escuro. Sentia a água gelada abaixo de seus pés enquanto andava, procurando por algo, ou melhor, alguém.
— Jimin!!! — gritou, ouvindo apenas o eco, olhando para todos os lados desesperadamente. Tinha que encontrar o seu irmão, estava, pela primeira vez, o sentindo. — Jimin!!! — berrou, com toda a sua força. Ao ouvir um barulho de carro atrás de si, se virou lentamente, enxergando um hotel médio e vermelho, distante de onde se encontrava.
Taehyung franziu o cenho e começou a se aproximar em passos lentos, que se tornaram apressados após começar a correr em direção a aquele lugar. Parou de andar quando ouviu mais um barulho de carro ao redor, olhando em volta, mas não encontrando nada. Então, continuou a ir para frente, subindo as escadas daquele hotel para chegar até a porta principal, de vidro.
Assim que ele abriu, seu coração falhou e sentiu suas pernas fraquejarem ao encontrar um menino com roupas de frio de costas para si. Ele ouvia várias vozes, mas não conseguia reconhecer de quem eram, entretanto, a sua atenção estava apenas na do menino de cabelo loiro. O Park, começou a se aproximar lentamente, estendendo a sua mão, sentindo seu corpo cada vez mais fraco.
— Jimin… — sussurrou, sem conseguir gritar novamente. Estava surpreso demais, parecia que iria desmaiar a qualquer momento.
Jimin, que estava no hotel enquanto ouvia Nayeon falar com uma das recepcionistas, se assustou ao ouvir o sussurro do seu irmão gêmeo o chamando. Tinha saído já da sua cidade há alguns poucos dias e agora se encontrava em um dos hotéis que Nayeon indicou, em uma cidade desconhecida. Começariam a procurar a família por ela.
Ele sentiu seu coração se acelerar e algo o dizia para olhar para trás, então, assim o fez. Park arregalou os olhos ao ver o seu irmão atrás de si, olhando diretamente em seus olhos. Ele chorava, sussurrava o seu nome repetidas vezes. Jimin, que segurava a bolsa de Dahyun, deixou a mesma cair ao sentir sua pressão baixar.
As mulheres, até mesmo a recepcionista encararam o menor que olhava para o nada, estático, pálido.
— Jimin? — Mina chamou pelo menor, não obtendo respostas.
— T-Tata… — Jimin deixou a primeira lágrima cair, estendendo a sua mão para tocar Taehyung, finalmente movendo seus pés para ir até ele.
Taehyung estava alto, com cabelo curto, parecia mais forte fisicamente e mentalmente, mas ainda sim, permanecia o mesmo.
Jimin ainda era baixinho, seu cabelo estava grande e seu corpo bem magrinho, carregava uma cicatriz grande no rosto, parecia que estava fraco, mas ainda sim, permanecia o mesmo.
— N-Nini… — Taehyung sorriu e também deu seus primeiros passos até o irmão, vendo o sorriso dele nascer em seus lábios. — Irmãozinho!! — chamou pelo menor, correndo até ele enquanto ouvia a sua voz ecoar naquele lugar escuro e molhado em que estava. Entretanto, quando fôra tocar o menor, o mesmo sumiu como pó em sua frente. O Park mais velho nem teve tempo de pensar direito antes de deixar um gemido alto escapar da sua garganta, sentindo que sua cabeça explodiria naquele momento.
Ele gritou alto, até que sentisse fortes dores em sua garganta. Chorava por ter perdido o seu irmão novamente, mas também por, finalmente, tê-lo encontrado. O seu corpo, que antes estava no colchão, se sentou rapidamente e, como se tivesse despertado de um pesadelo, Taehyung gritou alto, levando as suas mãos para a própria cabeça, ouvindo os vidros da oficina e das lojas ao redor daquele bairro se quebrarem. As luzes começaram a piscar descontroladamente, e tudo isso fez com que todos acordassem assustados, perdidos, se desesperando ao ver o estado do loiro.
Segundos antes, Jimin ia finalmente tocar o seu irmão, mas uma dor terrível se apossou de todo o seu corpo, o levando de encontro ao chão em milésimos de segundos. Seu corpo estava mole, frio e sua cabeça doía horrores. Ele não conseguia focar sua visão, mas mesmo assim se obrigou a abrir os olhos e tentar olhar para frente, tentando encontrar o seu irmão, mas nada. Ele gritou, gritou até não conseguir mais, tentando descontar a dor em alguma coisa. Não conseguia se controlar.
As luzes daquele hotel e até mesmo das casas e comércios em volta começaram a piscar. As máquinas pararam de funcionar e os vidros quebraram, tudo isso em questão de segundos.
Tudo isso acontecia ao mesmo tempo, com ambas as famílias, ambos os gêmeos.
Jimin e Taehyung sofriam com as consequências de seus poderes, mas não estavam arrependidos e nem mesmo tristes. Apesar da dor horrível que sentiam, estavam felizes e esperançosos. Tinham certeza que as coisas melhorariam dali em diante. Iriam se encontrar, afinal, cada um sabia onde o outro estava.
Eles foram feitos para ficarem sempre juntos, sempre se encontrando, não importa a distância e não será cientistas ou pessoas ruins que irão mudar isso.
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