Seokjin olhou uma última vez para Jimin apenas para poder checá-lo. Todos estavam aliviados por saber que ele apenas precisou dormir um pouco para repor suas energias. Então, deixando o quarto, seguiu para a cozinha onde Baekhyun estava sentado à mesa. Não demorou para escutar os passos de Taehyung atrás de si, vendo ele passar rápido para ir se encontrar com o ex-professor primeiro. Respirou fundo e então adentrou o cômodo, vendo o caçula atento.
— Não precisa se preocupar, Taehyung. Não farei mal algum a Baekhyun — disse sentando-se em outra cadeira e então passando as mãos em seu rosto. Agradeceu a Jisoo que ofereceu café a si também.
— Com licença, Seokjin. — Quando ouviu seu nome ser citado, olhou para cima, vendo Jinyoung sentar ao seu lado, ainda com a postura tensa e a expressão séria, julgando Byun apenas com o olhar. — Quero participar da conversa.
— Fique à vontade, Jiny.
— Então você contou a todos eles? — Baekhyun perguntou interessado, vendo o Park franzir o cenho e estreitar os olhos. — Você soube de tudo, Taehyung?
— Você sabia disso tudo? — Ele perguntou extremamente surpreso, assim como os demais.
— Não é o único que consegue ler mentes, pirralho. Tem outros experimentos que conheci naquele lugar que também tem essa habilidade. — Olhou para os médicos. — Vocês sabem disso mais do que eu.
— Vamos ao que interessa. Você está sofrendo ameaças? Por que? — decidiu ser direto e não desviar a conversa.
— Eles sabem que nos encontramos, Seokjin. Desde que foram a minha casa, passei alguns meses em paz antes que aparecessem. Querem que eu volte a fazer alguns trabalhos sujos. Estavam crentes que estávamos mantendo contato.
— Bem, isso agora não parece mais mentira. — Jinyoung olhou para Taehyung que respirou fundo e colocou as mãos na mesa.
— Ele é meu amigo, Jinyoung! Não posso deixá-lo para trás para sofrer com esses abusos. Baekhyun pode ter sido a pior pessoa no passado, mas já está claro que ele mudou e quer nos ajudar! — Se explicou totalmente irado.
— Taehyung, eu concordo com o Jinyoung. — Jin resolveu intervir, ganhando a atenção do filho. — A vida da nossa família está em jogo novamente. Qualquer coisa é motivo para desconfiarmos. Você fez uma escolha impensada, Tae. Seria melhor você ter falado para todos nós para que pudéssemos analisar a situação melhor.
— E se eu tivesse falado? Teriam aceitado ele aqui?! — Elevou um pouco a sua voz.
— Não importa mais o passado, Tae. — Jinyoung encerrou a possível discussão que estava por surgir. Baekhyun mantinha-se em silêncio. — Agora temos que resolver sobre ele — apontou.
— Você sabe sobre alguma coisa a mais, Baek? Algo que tenham falado? — Assim que Seokjin perguntou, Namjoon se aproximou junto com Jackson e Bambam para ouvirem a conversa.
— Não deram nenhuma informação. Queriam apenas que eu voltasse a fazer os desejos deles. Neguei até não conseguir mais. Agradeço muito ao Taehyung por ter me salvado. — Olhou para o menino e sorriu. — Eu peço novamente desculpas por tudo que eu já tenha feito. Quero me redimir com vocês completamente. Não estou aqui como inimigo, nem mesmo o ex-professor dos seus filhos, mas como ser humano, como quem eu sou de verdade. Se eu pudesse, voltaria no tempo para consertar as coisas, mas o que me resta é conseguir mudar o agora. Por favor, me deixem ficar…
— Deixem ele ficar. — Namjoon disse, ganhando a atenção de todos. — Ele fica e irá ajudar os meninos com os poderes, como fez com Taehyung há um tempo. — O citado sorriu. — Querendo ou não, ele é experiente nessa área.
— Namjoon, não é assim que decide uma coisa que pode afetar a nossa família. — Jin levantou.
— Jin, ele já disse seus motivos e objetivos. Não tem mais nada que possamos tirar dele agora. Você disse que iremos fazer uma festa de Natal, então vamos focar nisso por enquanto. Sem mais discussões. — Ele mudou sua atenção para Byun. — Você está avisado, Baekhyun. Se fizer algo, morrerá.
— Eu vou fazer o meu melhor, Namjoon.
— Jin, podemos conversar? — O marido perguntou, vendo ele assentir com a cabeça. Jinyoung respirou fundo e encarou Baekhyun, ganhando sua atenção imediata. — Jinyoung, estou confiando em você. — Taehyung franziu o cenho.
— Pode deixar, Namjoon. Vamos conversar um pouco mais com Baek. — O ex-professor ficou atento.
— Vamos.
Seokjin acompanhou o marido até o quarto dos dois e fechou a porta por ser o último a entrar. Em silêncio, caminhou até a sua cama, vendo-o pensativo ainda em pé. Esperou o tempo dele, sem apressar ou julgar. Queria que Namjoon tivesse a iniciativa. Não queria piorar mais as coisas.
— Primeiro, peço desculpas. — Seokjin manteve o contato visual firme quando seus olhares se encontraram. — Desculpa por estar distante, por gritar com você e por não ter conversado quando tivemos oportunidade. Sei que fui muito grosso muitas vezes e acabei descontando estresse demais em você.
Silêncio.
Respirou fundo.
— Não estava sendo um bom pai e muito menos marido esses dias. Quando queria conversar, eu fugia ou alegava estar ocupado. E eu estava, mas você sempre vem em primeiro lugar, angel… Sempre será você a minha prioridade, junto com nossa família.
Estava se sentindo muito culpado. Consegue reconhecer suas falhas e admite que nas últimas semanas só tem pensado naqueles que acabaram com a sua vida, deixando de lado aquilo que tem de mais precioso no mundo inteiro. Estava perdendo sua família antes mesmo dela ser arrancada de si.
— Eu não falei isso, mas doeu dormir no sofá… — Desviou o olhar. — Não pelo desconforto em si, mas por termos discutido. Por saber que tudo isso poderia ser evitado se eu estivesse disposto e com a cabeça fria.
Seokjin não seria hipócrita. Não foi somente Namjoon que evitou uma conversa e agiu como se tudo pudesse se encaixar aos poucos, naturalmente. Também fugiu pois achou que assim seria melhor.
— Você é o melhor marido e pai que já pude desejar, Kim Namjoon. — Se aproximou, pegando suas mãos e então entrelaçando os seus dedos. O mais novo ia negar, porém foi interrompido. — Você pode ter extrapolado um pouquinho, mas não deixou de cuidar da nossa família. Tantos anos ao seu lado, Namjoon, e eu só consigo amar você cada vez mais. — Foi perceptível a emoção do outro. — Acho que, como adultos, temos chance de errarmos muitas vezes, principalmente um com o outro.
— Não fiz um bom papel de marido. Deveria te contar minhas frustrações e conversar sobre o que está acontecendo.
— Você não precisa se forçar a isso. — Deslizou a palma sobre o rosto do homem. — Não estou aqui para que sinta obrigação de me agradar. Estou aqui para somar na sua vida, te ajudar no que eu puder, quando você precisar. Sim, foi uma situação complicada te ver se isolando, mas o que doeu mais em mim foi não poder cuidar de ti. — O sorriso triste apareceu em seus lábios. — Eu vi você não dormir, não comer direito e não ter paz… Isso me doeu, amor. Isso acabou comigo.
— Não torne isso a sua culpa — sussurrou, implorando. Apertou as mãos do marido, encostando suas testas.
— Acho que está na hora de tentarmos melhorar, como sempre fizemos. — A sua outra palma vagou pelo rosto do marido também, anotando cada detalhe e contemplando a maciez da sua pele. — Me… — Foi interrompido.
— Não. Eu tenho que começar. — Seokjin riu e negou com a cabeça, deixando ele continuar. — Me desculpa, angel. Me desculpa por te preocupar tanto.
Mesmo com o orgulho reinando, conversas e reconhecimento dos próprios erros conseguem reverter a situação para melhor. Nada é mais incrível quando a discussão termina bem após esclarecerem algumas coisas. Para isso é necessário a maturidade. Nada é mais maduro do que se ver como alguém que pode errar tanto quanto o próximo. Enxergar suas atitudes é uma ação admirável, nada mais do que linda e correta.
— Me desculpa por me afastar, querido. Isso não vai mais acontecer. — Então o puxou para um abraço, querendo proteger aquilo que tem de mais precioso. Embora tenham passado dias em um péssimo clima, aquela simples e simbólica conversa fez com que todos os muros construídos entre eles se quebrarem. Como sempre, podem contar com o companheirismo que os envolve.
— Eu te amo.
— Eu te amo mais — sussurrou.
Assim que as duas bocas se encontraram, o casal pôde desfrutar do carinho que tem um pelo outro. Depois de tanto tempo, aquilo faz parecer como a primeira vez que se beijaram, ou quando se casaram. Poderiam dizer que desejavam um ao outro de forma carnal também, porém, embora pudessem, não estavam preparados. A situação que se encontravam ainda era frustrante. Estavam prestes a dar uma festa natalina para comemorar com Dongyul, quem anda muito doente e de cama há dias. Não sentiriam mais prazer do que passar momentos felizes com sua família e um com o outro.
Decididos, desceram de mãos dadas, conseguindo ver os sorrisos entre seus filhos. Namjoon teve que aguentar as piadinhas do melhor amigo, como sempre, mas não deixava de rir. Estava tão contente após a conversa que teve com o marido que qualquer coisa poderia tirar um sorriso dos seus lábios.
— Deve ser lindo amar e ser amado. — Baekhyun pensou alto, ainda sentado junto com os outros. Ao ganhar a atenção deles, desviou o olhar e fingiu não estar afetado com a visão que estava tendo daquela família. Era inevitável sentir inveja, é algo humano.
Quando Taehyung abriu a boca para falar algo, olhou para o lado, vendo Jimin tocar sua mão de forma delicada. De supetão se levantou, assim como os outros que estavam presentes. Ninguém viu ou ouviu ele chegar. O menor parecia um pouco fora de si enquanto encarava seu ex-professor.
— J-Jimin! — Sem jeito, continuava olhando para o irmão, sem saber o que falar. Ao notar sua preocupação, procurou entrelaçar os seus dedos e apertar sua mão. — Quer conversar agora? — Ao vê-lo negar com a cabeça, respirou fundo. Encarou Baekhyun e depois seus pais. Eles esperavam alguma atitude do mais novo.
— Eu quero continuar decorando a casa.
Jennie suspirou de alívio ao perceber que nada da casa seria quebrado de novo.
— Você está melhor? — Assim que recebeu a sua confirmação, sorriu. — Então vamos. Eu vou te ajudar. — O puxou para longe do ex-professor, sabendo que ele não estava preparado para uma conversa. Não o pressionaria, como já fez algumas vezes por querer uma resposta rápida ou que as coisas fossem do seu jeito. Agora, adulto, consegue perceber e se colocar no lugar do próximo quando situações assim surgem.
Byun piscou algumas vezes, tendo que se apoiar na mesa. Vendo os dois de costas, indo para mais longe, teve a imagem deles crianças. Se lembra de ser recompensado quando fez tudo o que foi pedido, mesmo tendo desejado recusar após a batalha com Taehyung. Agora, perto deles e da família, tem certeza que deveria ter acolhido isso e ajudado quando eles mais precisaram.
[...]
— Levanta os braços, velho. — Yoongi pediu, ajudando-o a se vestir com uma roupa de papai Noel que Rose e Mina haviam feito juntas, algo especialmente para ele. — Olha, eu facilmente acreditaria que papai Noel existe se você aparecesse na floresta, carregando um saco nas costas e rindo estranho — brincou, sorrindo de lado, continuando a ver a vestimenta.
Apenas os dois estavam no quarto já que grande parte da família estava preparando a ceia, decorando ou na cidade comprando mais algumas coisas.
Yoongi dedicou todo o seu tempo e esforço para fazer algo especial para aquele velho durante toda a semana, algumas vezes ficando com ele para cuidar. Agradecia mentalmente a ajuda de Daehyun que aparecia para checá-lo e também trazia consigo alguns remédios e equipamentos para ele usar. Seus familiares também ajudavam no possível. Não podia reclamar.
— Não acreditaria, não — gargalhou. Dongyul não podia deixar de admirar o neto de coração, conseguindo ver todo o seu cuidado ao lhe tocar.
Passou os últimos meses precisando ser vigiado, tornando-se dependente de remédios e também ajuda alheia para tudo, praticamente. Embora envergonhado e querendo fazer as coisas sozinho, não tinha condições para isso. Mesmo não querendo admitir, precisava da ajuda da família que demonstrava bem disposta e feliz em fazer isso, o deixando mais para baixo ainda por não poder retribuir de alguma forma.
— É, não acreditaria. Você tem razão. Porém, eu faria um esforço.
— Obrigado, garoto. — Min parou o que fazia apenas para olhar nos olhos do mais velho. — Você ter aparecido na minha vida foi a melhor coisa que já aconteceu a esse velho doente.
— Para. Você não precisa falar isso.
— Eu preciso. — Deu uma pausa para tossir. O problema da sua tosse é não parar mesmo depois de um tempo. Isso o deixa sem ar, algumas vezes engasgado.
— Calma. Tome. — Segurou o copo de água e esperou ele beber com calma. Pacientemente, cuidou dele, dando seus remédios. — Não precisa falar. Eu sei o que você sente sobre mim. O senhor também foi uma das melhores coisas que já aconteceu na minha vida. — Ofereceu o seu sorriso gengival e então se agachou lentamente na frente do outro, segurando suas mãos firmemente. — Não me arrependo de nada.
— Eu também não me arrependo de acolher você. — Tossiu mais uma vez e então passou a mão no cabelo verde do mais novo. — Me prometa uma coisa. — A expressão do outro mudou.
— Sem promessas, velho. — Se levantou, ficando de costas para guardar os medicamentos.
— Promessas não significam despedida. — Tentou mais uma vez.
— Mas, para mim, sim. Nada vem de bom em promessas. — Olhou para ele. — Não há nada que eu precise prometer tendo a consciência de que farei sem relutar e… — Se interrompeu quando o seu braço foi segurado firmemente por Dongyul. Olhou para ele, um pouco surpreso, percebendo sua falta de equilíbrio já que tremia.
— Eu preciso que prometa que vai ficar vivo e protegerá essa família. — Com a expressão firme e séria, pediu. — Yoongi, prometa.
— Eu irei. — Soltou em um sopro suas palavras, vendo, em seguida, os olhos dele se encherem de lágrimas e o alívio sobressair suas respirações com a expressão. — Eu vou proteger vocês.
— Você é um bom garoto, sei que vai. — Ele sorriu, se levantando com a ajuda. — Pareço um papai Noel então? — Riu e então tossiu mais uma vez, sendo levado para a frente do espelho.
— O melhor — observou pelo reflexo, ainda focado na conversa que tinham acabado de ter. Não conseguia imaginar a família sem ele, então os protegerá até fazer o impossível.
— Guinho? — Taehyung entrou no quarto, sorrindo ao ver o velho e o namorado já prontos. — Nossa, que lindo que o senhor está! Com certeza o melhor papai Noel.
— O Yoongi disse que agora acredita na magia no Natal. — Continuou brincando com o seu bom humor. Park gargalhou, achando aquilo fofo.
— A noite vai ser mágica hoje. — Mudou o seu olhar para o menor. — Ela será feliz. — Ao vê-lo assentir com a cabeça, sorriu. Então, encarou o mais velho. — Pronto?
— Fará sua mágica incrível novamente?
— Desde que o meu irmão me ensinou, nunca vou parar de querer ajudar o senhor.
Após sua fala, o idoso conseguiu controlar muito bem seus movimentos. Em agradecimento, sorriu para a causa disso. Com passos firmes, seguiu para fora do quarto, sendo seguido pelos dois. Pôde contar nos dedos os anos que ficou sem andar direito, sem nenhuma intromissão da sua saúde física. Parece um sonho, de tão irreal, justamente por ter sonhado com isso por muitos anos. Agora, aproveitará sua despedida e seu último natal com a família que sempre sonhou em ter.
Ao chegar no primeiro andar, seu sorriso cresceu. Toda a família estava ali, com roupas bonitas e novinhas que fizeram questão de comprar apenas para aquela ocasião. Com a sala enfeitada, admirou as misturas das cores e também as luzes piscando. No canto, havia uma árvore de natal média, também muito bem decorada. O que mais surpreendeu foram os presentes abaixo dela. Não deixou de sorrir.
— O que achou? — Yoongi perguntou, parando ao seu lado, segurando firmemente a mão do amado.
— Encantador, filho. Encantador… — disse, ainda perdido na decoração. Seu coração pulsava forte. Os gêmeos conseguiam ouvir. Com trocas de olhares cúmplices, conseguiam dizer que tinham alcançado o maior objetivo daquele natal.
— Senhor Song, fizemos a sua comida favorita. — Jin apareceu, o chamando para ir à cozinha. O citado ficou envergonhado por ser tão mimado.
— Não precisava.
— Precisava. — Yoongi o calou e o direcionou ao outro como, sorrindo quando conseguiram capturar o cheiro da refeição quentinha. Estava delicioso.
— Isso me lembra a minha infância. — Vagou por memórias antigas.
— Pois bem, podem se servir. — Seokjin gesticulou, fechando a expressão quando BamBam chegou perto da comida. — O senhor Song primeiro — murmurou baixinho para que apenas ele entendesse, não deixando transparecer o desprazer que teve ao ver aquela cena.
— Tudo bem, tudo bem. — Levantou as mãos em rendição. — Eu acho que vou para as bebidas.
— Se eu soubesse que você viria dessa forma, eu teria te ajudado com a escolha das roupas. — Daehyun comentou ao observar a melhor amiga, Mina, com um suéter horrível de natal. — Nem estamos no inverno.
— Mas… Não tenho tantas roupas assim. E ela é confortável. — Cheirou a sua própria vestimenta. — Está tão ruim assim? Acho que passei muito perfume.
— Não, você está no tema da festa. — Nayeon apareceu com uma taça de vinho em mãos. — Junto comigo e o senhorzinho. Isso deixa o clima mais natalino.
— Bem… Podemos dizer que você caprichou mesmo. — Dae desceu o olhar pelo corpo da amiga, vendo ela com um vestido natalino colado, contendo apenas alguns babados nas bordas. Era vermelho sangue, então chamava muita atenção. — Parece animada.
— Não é todo dia que se pode colocar essa belezinha de vestido, Dae. O importante é se divertir. — Piscou. — Onde estão os meus meninos? Tenho presentes!
— Ainda não está na hora de presentear.
Jennie chegou com o braço por cima dos ombros de Jisoo. Ambas bebiam alguma bebida alcoólica que estava sendo servida por BamBam e Jackson.
— Ora, mas eu tenho alguém que realmente preza pela moda aqui. — Com felicidade, Nayeon se expressou.
— Modéstia sua. — Jisoo riu. — Estão servidas?
— Aceito. — Kim disse. — Como está Dongyul? Ele parece animado hoje, assim como todos. — Observou o velho que sorria enquanto via Taehyung cantar uma música natalina que tinha posto na televisão. — Tenho que confessar, é muito estranho comemorar o natal mesmo ele já tendo passado. Porém, está sendo a melhor festa assim que já participei em toda a minha vida.
— E olha que foram muitas. — Nayeon complementou, causando risadas entre as mulheres.
— Ele está bem, apesar de fraco. Bem, ele vai aguentar muito. Aquele velho é forte. — Jennie brindou. — Ao natal passado!
— Ao natal passado! — falaram em coral.
— Só mais uma música. — Taehyung implorava a Jungkook que estava cheio da sua cantoria.
— Não, você tá cantando desde que começamos com a festa. Deixa uma música legal tocar e pare de cantar. — Park viu ele pegar o seu controle, mas segurou com força. Ambos estreitaram os olhos um para o outro.
— Crianças, não briguem! — Song disse preocupado. Yoongi, que estava ao seu lado e ria vendo aquela cena. Não iria se estressar com eles dessa vez, apenas aproveitaria ao lado do velho.
— Isso pode ser resolvido tão fácil. — Bambam interviu, segurando um copo cheio de bebida alcoólica. — Apenas usem seus poderes. Fácil, não acham? — Jungkook encarou Taehyung, ganhando sua atenção imediata. Não demorou para a mão do mais novo começar a esquentar, porém foi afastado com força até largar o controle.
— Meu bem, você ainda acha que é páreo para mim? — Park gargalhou alto, piscando para ele. Quando foi dar continuidade ao karaokê, a televisão mudou completamente para uma música diferente, onde o cantor cantava. Confuso, tentou apertar nos botões do controle, mas não funcionava. — Mas que porra?!
— Olha a boca, Tata. — Jimin apareceu por trás e segurou o que estava em suas mãos, deixando na estante mais uma vez. — Os nossos pais vão ouvir.
— Você… — Apertou os punhos assim que percebeu o sorrisinho de lado do irmão. Voltou a encarar a televisão, tentando mudar o canal com a sua mente, porém nada funcionava. — YAH! — irritado, gritou com ele, vendo-o apenas dar as costas. Foi então que enxergou o sorriso convencido de Jungkook. Riu falso e tombou a cabeça para o lado. Colocou a mão no bolso e tirou-a dali logo em seguida, mostrando seu dedo do meio. Não demorou para vê-lo mostrar também enquanto coçava, discretamente, o rosto. — Diabo…
— Taehyung. — Seu corpo congelou ao ouvir a voz de Namjoon. Ao se virar, manteve o sorriso amarelo em seu rosto. — Guarde esses presentes debaixo da árvore, por favor. — Diferente do que pensou, ele não estava ali para dar uma bronca em si. Assentiu com a cabeça e respirou fundo, aliviado. Então foi fazer o que foi pedido.
— Esses dois… — Yoongi riu enquanto negava com a cabeça, voltando a beber.
— Toma, senhor Song. — Hoseok se agachou em frente ao homem, segurando um copo com suco natural. O ajudou a beber, sendo observado pelo namorado. — Está bom?
— Muito. Você que fez? — Ao ver sua confirmação, sorriu grande. — Está ótimo! Garoto, experimentou isso?
— Não mesmo. Hobi, posso? — Ele sorriu e assentiu com a cabeça. Segurou o copo e então bebeu. Passou a língua nos lábios após engolir. — Hm… — gemeu de satisfação. — Isso está realmente bom! Com quem aprendeu?
— Tata e eu estamos tentando aprender a cozinhar com o pai Jin. Você passa tanto tempo na garagem que decidimos fazer algo que possa te ajudar — riu soprado. — Acho que essa é a minha terceira tentativa de fazer um suco. Das últimas vezes ou ficou muito doce ou muito aguado. Está bom mesmo? — indagou com preocupação.
— Acredite, filho. Está muito, muito bom. — Dongyul disse com sinceridade antes de receber mais ajuda para beber.
— O senhor está muito fofo nessa roupa de papai Noel. — Hoseok elogiou, se sentando ao lado dele. — Sabe, eu sempre quis acreditar que coisas assim existiam… — Formou um bico com os lábios enquanto brincava com os dedos, tímido. Abaixou a cabeça, ficando vermelho. — Sei que não sou mais criança, mas isso me deixa feliz.
— Não deixe de acreditar. — Deu leves tapinhas em seu joelho. — Não vai pela cabeça dura do seu namorado Yoongi. Continue acreditando que isso existe. Eu, até alguns meses atrás, não conseguia acreditar que pessoas com poderes ou asas pudessem existir. E, bem, tive uma surpresa! Uma surpresa boa.
— O senhor fala como se isso fosse totalmente bom, mas não estamos seguros. — Sem perceber, Jung deixou seus pensamentos escaparem, chamando a atenção de Min.
— Filho… — Dongyul segurou sua mão. — Mesmo com essa perseguição, vocês conseguiram criar memórias lindas. Prefiro acreditar que o bem sempre vencerá. — Hoseok sorriu com seu pensamento otimista. Sempre foi assim, como ele, porém, com os últimos acontecimentos, a esperança de que um dia finalmente irão escapar e viver novamente está se esvaindo aos poucos. Quem dera poder fazer algo para que tudo fosse melhor. — Então não pare de lutar. — Manteve o olhar firme, assim como seu tom de voz. — Não pare nunca de proteger sua família.
— Nossa família — sussurrou, vendo o sorriso dele surgir. — Eu vou, vovô. — O homem então o puxou para um abraço apertado, onde pode acariciar suas costas para passar conforto e proteção.
Yoongi desviou o olhar deles e encarou o seu copo com a cabeça abaixada. Respirou fundo duas vezes antes de tentar mudar a sua atenção para qualquer canto da casa, dispersando pensamentos negativos no momento.
BamBam cantarolava com um dos braços levantados, segurando uma bebida nessa mão. Com a outra, a mantinha abraçada com os ombros de Jackson que estava no mesmo estado que o seu. Os dois cantavam, alegres, uma música qualquer que haviam recordado juntos. Jinyoung, que estava perto, permanecia em silêncio e pensativo. Embora quisesse fazer outras coisas, continuou ao lado de Wang para cuidar um pouco dele, não querendo deixá-lo sozinho já que o conhece o bastante para perceber uma leve alteração. Não demoraria muito para ser procurado por um homem chorão e carente.
— Ok, já chega vocês dois. Mal distribuímos os presentes e já estão assim. — Todavia, sempre há um salvador. Seokjin, ocupando o lugar, apareceu para separar os dois cantores e fazer com que eles dessem uma pausa.
— Não estamos bêbados, apenas felizes! — argumentou BamBam.
— É triste quando não percebem a clara diferença. — Jackson riu e levou o copo para a boca, mas teve ele tirado de si. Ao olhar para o lado, enxergou Jinyoung com uma cara nada boa. — Amor…
— Chega. Vamos comer um pouco. — Deixou o copo de lado e abraçou o braço do maior.
— Não, amor…. Amor, por favor! — implorava enquanto era puxado para a cozinha.
Jimin observou eles passando por si, vendo Jinyoung respirar fundo, tentando arranjar paciência. Riu com aquela cena, não demorando para poder assistir Jackson choramingar enquanto insistia em não comer. Continuando a ir para sala, parou ao ver Jungkook distribuindo petiscos para todos, parando para conversar com Mina.
Soube há pouco tempo que ele admira muito as três mulheres que cuidaram de si durante cinco anos e quer retribuir de alguma forma. Seu coração ficou feliz mais uma vez por ter escolhido a pessoa certa para amar.
Caminhou em passos firmes até ele para ficar ao seu lado, porém parou quando Sehun apareceu com dois copos em mãos. Encarou ele um pouco confuso já que sua mente estava em Jungkook, determinado a conversar com ele até a noite acabar. Piscou algumas vezes, focando no homem à sua frente. Então desceu o olhar para o que ele estava lhe dando.
— Servido? — perguntou em um tom gentil.
— Hm, não… Eu não quero beber, mas obrigado. — Jimin sorriu pequeno, negando com educação.
— Não? — confuso, encarou o copo. — Você já bebeu? — Ao ver sua negação, um ponto de exclamação enorme formou-se em sua cabeça. — Não quer experimentar?
— Eu gosto de estar no controle do meu corpo. Sei como isso pode mexer com alguém — riu fraco. — Além do mais, quero me lembrar de hoje. Eu quero aproveitar. Você gosta? — indagou com interesse.
— Eu gosto, mas não bebo tanto como antes. A primeira vez que experimentei faz um tempo. Tem bebida que você simplesmente não gosta de beber — suspirou. — Você tem certeza? Experimentar não dói. Você ainda vai continuar em pé. — Tentou mais uma vez. Oferecia sem segundas intenções, apenas queria ver o amigo aproveitar a vida e decidir o que gosta ou não.
— Realmente não quero — sorriu. — Obrigado, Sehun. — Ele assentiu com a cabeça, aceitando.
— Nós podemos conversar mais tarde? — Jimin abriu a boca algumas vezes, não sabendo o que falar. — É uma conversa de amigos. Tenho algo a te dar — revelou, extremamente tímido. Abaixou a cabeça, sentindo suas bochechas coradas.
— Ei — chamou. — Nós podemos conversar. — Ficou ainda mais feliz por ver o sorriso aparecer nos lábios do mais novo.
— Posso? — Taehyung apareceu abraçando Jimin pelo ombro, apontando para o copo. Sehun assentiu com a cabeça e entregou. — Não vai beber, Nini?
— Não. Pode ficar, Tata. Só toma cuidado — avisou.
— Eu vou tomar cuidado. Vou beber de pouquinho em pouquinho — disse com confiança.
[...]
— Então eu queria beber… beber não, beijar e eu não sabia 'beja. Vai que o beijo sai horrível?! — Taehyung contava aos poucos, se atrapalhando nas palavras. Quem escutava era Nayeon, Mina, Daehyun, Lisa e Jimin. — Aí eu peguei um… uma laranja! Eu beijei ela!! — gargalhou alto. O irmão colocou a mão em seu rosto, vermelho de vergonha alheia. — O Nini viu 'tudin! — contava enquanto ria, apontando para o citado.
— Tae… Vamos parar agora, sim? Vamos comer agora. Já está bom. — O caçula ainda tentou tirar ele daquela situação constrangedora. Seus pais logo notariam sua embriaguez.
As mulheres não sabiam o que achar da situação. A única que ria e achava uma boa técnica era Nayeon, contudo ela também estava bêbada.
— Uma vez eu tava marcada de beijar um garotinho. Eu ia perder o meu bv, Tae. — Ela contava com a voz arrastada. — Só que eu não sabia! — Aumentou o tom, sentindo sua amiga, Mina, segurar seus braços já que gesticulava de forma exagerada. — Aí eu peguei um limão e beijei ele! Beijei o espelho, beijei minha mão, beijei tudo para aprender. No dia… No dia eu vi ele beijando outra garota. Aquele filha da puta era um filha da puta de verdade, sabia?
— Amiga, já chega. Deu. — Mina a puxou.
— Me deixa, Mina! — exaltou um pouco, resmungando ao ser puxada para o banheiro.
— Você é um chato! — Park balbuciou para o gêmeo mais novo. — Chato!
— Tá bom, tá bom. Vamos lavar um pouco o seu rosto antes que nossos pais vejam. — Levou ele.
— Chato! Seu chato! Chato pra caralho! — Jimin fechou a boca dele, ouvindo apenas os seus resmungos, mas sequer o olhou e apenas continuou o levando a força ao banheiro.
Yoongi olhou a situação e os seguiu, bufando ao entrar no cômodo e ver Taehyung reclamando com o irmão. Segurou seu braço e o puxou de volta para a pia, começando a molhar o seu rosto.
— Por que é tão teimoso?
— Amor, eu não sou… — Formou um bico em seus lábios. Jimin riu e continuou ajudando o irmão, não falando nada para não atrapalhar.
— É sim. Você exagerou com o álcool. — Olhou Jimin. — Pode ir buscar um doce, por favor?
— Qualquer doce?
— Qualquer doce — repetiu para confirmar. Ao vê-lo sair, voltou a encarar o namorado e negou com a cabeça. Se surpreendeu ao ter um selinho roubado. Corou. — Tá louco?
— Por você, guinho. Também pelo Hobi, mas ele não tá aqui… — Deitou a cabeça no ombro do menor, esfregando sua bochecha ali. — Eu estava contando da laranja. — Sua voz saiu como um sopro, evidenciando o seu cansaço.
— Laranja? — perguntou, sem saber que história era essa. Molhou mais um pouco da mão e, com cuidado, passou-a na nuca do mais novo. — Como assim?
— A laranja é minha amiga… — cantarolou. — Mas uma amiga colorida — enfatizou.
Yoongi arregalou os olhos e empurrou ele levemente. Segurou firme em seus ombros e encarou seus olhos, escutando sua gargalhada. Que história era aquela?
— Como é?
— Voltei. — Jimin anunciou quando entrou no banheiro, segurando um doce em suas mãos. No entanto, parou ao notar que os dois não paravam de se encarar. Enquanto Min parecia sério, seu irmão se divertia. — Aconteceu algo?
— Que merda de história é essa?! — Ele continuou perguntando, irado.
— Jimin, seu chato, conta pra ele!
— O que tem para me contar, Jimin?
— E-Eu… O que eu tenho para contar? — Colocou a mão em sua cabeça, tentando se lembrar.
— Da laranja, seu chato!
Foi então que descobriu. Tentou sair de fininho após dar o doce para o irmão, porém Yoongi o puxou de volta.
— Diga. — Engoliu em seco ao ouvir a voz sombria dele.
— Não vai querer saber. — Ele estreitou os olhos. — Eu avisei. — Se recordou da cena do seu irmão beijando uma laranja na cozinha e fez com que Yoongi também enxergasse tal cena. Em câmera lenta conseguiu notar os olhos dele crescendo cada vez mais, suas bochechas ficando ruborizadas a cada milésimo de segundo e o seu rosto se contorcendo em surpresa. — Eu disse…
— Não, você não disse! — Passou as mãos freneticamente em seu rosto após molhá-las. — Você me fez visualizar a cena, Jimin! Eu… Merda! Nunca vou conseguir esquecer isso. — Cobriu a boca com o braço, ainda pensando no que tinha acabado de ver. Estava com muita vergonha.
— Você já esqueceu uma vez. — Colocou as mãos para trás, abaixando a cabeça e o tom de voz.
— Eu já esqueci, mas bati a cabeça no chão!! Eu… Só não te bato agora porque não vai valer a pena. — Mordeu levemente o punho antes de respirar fundo e tentar se recompor. Encarou Taehyung e segurou o seu braço. — Ok, nada demais. Vamos. — O puxou para fora, passando por Jimin, esse que segurou a risada o máximo que pôde.
— O que aconteceu? — Jeon apareceu de repente, passando pelo irmão mais velho que resmungava algumas coisas com Taehyung. — Hum? — Se aproximou do mais novo e o puxou para um abraço acolhedor, onde cheirou seu cabelo e deixou beijinhos ali.
— O Tata está um pouco fora de si. Fiz o Yoongi ter a visão dele beijando uma laranja — explicou, fazendo-o arregalar os olhos. Gargalhou com a sua expressão. — Não conta para ele que te contei. É um segredo.
— Você realmente viu isso? — Não conteve a risada ao imaginar aquela cena nojenta.
— Uhum… Tenho pesadelos algumas vezes — brincou, ouvindo mais risadas ainda. Parou para admirar o mais velho e corou ao ter totalmente a sua atenção para si mais uma vez. — Você já comeu? — perguntou, preocupado.
— Um pouco. Não quero comer tudo agora, só depois de entregar os presentes. Por falar nisso, espero que goste do meu presente. — Jimin arregalou os olhos ao saber que ele tinha algo para si. Antes de negar, foi beijado; um beijo de tirar o fôlego. Ao ser solto, se atentou ao sorriso travesso dele. — Não recuse, apenas aceite o que tenho para te dar. É especial.
Jungkook segurou as mãos do menor e deixou beijinhos em cada uma delas, transmitindo todo o seu amor e carinho por ele.
— Meninos? — Se viraram para o lado, encontrando Seokjin sorrindo para eles. — Vamos tirar uma foto juntos. Venham.
Assim que todos estiveram em seus lugares na sala, Yoongi correu para ajeitar o celular que apontaria para eles. Todos, menos Baekhyun sorriam, ansiosos por aquilo. Taehyung então percebeu a ausência de alguém e saiu dos braços de Hoseok para ir até Seokjin, sussurrando em seu ouvido.
— Baekhyun? — O citado olhou para Jin, vendo-o chamar. Ficou confuso e surpreso, então se encolheu ainda mais. — Estou chamando você para tirar foto com a gente.
— M-Mas eu… não faço parte da família.
— Que coisa mais idiota! — Taehyung riu. — Vem logo! — O puxou com sua telecinese, vendo-o gritar e se segurar em algo quando foi parado perto de Jinyoung e Jackson. Engoliu em seco, sabendo que estava sendo metralhado por olhares naquele momento. — Todos prontos?
— Sim! — gritaram em uníssono.
— Lá vai! — Yoongi avisou e correu para perto do velho que estava no meio de todos. Assim que ela fotografou todos três vezes, a família comemorou juntos. Alguns foram ver as fotos enquanto outros se preparavam para entregar os presentes.
— Venham! — Namjoon puxou o caçula da família e acariciou seu cabelo enquanto olhavam para a árvore de natal.
— Cuidem dele, tá legal? Já volto. — Yoongi avisou enquanto encarava a foto. Hoseok e Taehyung estavam na sua frente.
— Você vai conseguir a tempo? — O Ruivo perguntou, apreensivo.
— Amor, máquinas são inteligentes. Algo que sempre chamou atenção dos humanos é a sua rapidez para efetuar as coisas. Isso vai ser rapidinho. Já tenho o modelo pronto. Só não deixe ele sentir minha falta durante esse tempinho.
— Impossível. Vocês são um chiclete um com o outro. Mas vai lá. Vamos esperar.
— Obrigado! — Arregalou os olhos quando suas bochechas foram seguradas e então ganhou um beijo roubado. — Pelo visto ficou mais sóbrio, né?
— Cala a porra da boca, Yoongi. Vai logo pra lá! — O empurrou, vendo sua gargalhada. — Nem parece que já enfrentei um veneno mortal para mim. — Revirou os olhos e sorriu para Hoseok antes de deixar mais beijinhos nele, se escorando em seu corpo.
— Vamos, ursinho. Temos um trabalho a fazer.
— Bem, acho que devemos começar já que somos os anfitriões. — Namjoon disse enquanto se posicionava em frente a árvore de natal junto ao marido. — Antes quero que saibam que Jin e eu escolhemos fazer esse discurso de agradecimento, mas não são obrigados a fazerem o mesmo.
Jackson comemorou, fazendo todos rirem. A energia do lugar estava ótima.
— Não pudemos comprar um presente decente para todos, porém fizemos o nosso melhor para escolher.
— Não precisavam fazer isso. — Jisoo falou.
— Foi por amor. — Seokjin respondeu. — É o primeiro "Natal" — Fez aspas. — que comemoro depois de perder meu irmão. — Jungkook ganhou a sua atenção, vendo-o respirar fundo e sorrir de lado antes que desse continuidade: — Eu não aproveitei muito naquela vez. Não fiz questão de dizer coisas que acho que mudariam o rumo de algumas coisas, mas dessa vez eu não vou me abster. Quero dizer com todas as palavras o quão orgulhoso estou de cada um aqui. Não só dos meus filhos, mas também dos amigos que, mesmo com todos esses desastres acontecendo desde o início, não largaram a nossa mão e ficaram conosco até então. Sou grato por todos e pelo seu esforço — sorriu.
Então, pegou alguns presentes pequenos que haviam debaixo da árvore e foi entregar para cada um dos amigos, junto a Namjoon. Abraçou cada um deles com um enorme sorriso em seus lábios, ouvindo seus agradecimentos imediatos.
— Pode chorar? — Bambam indagou, já com lágrimas nos olhos enquanto segurava seu presente. Jackson riu e bateu levemente em seus ombros, entregando para ele o copo de água que antes estava bebendo. — Obrigado — agradeceu e caiu no choro, tocado pelo companheirismo dele.
— Eu não sabia o que dar para o senhor, Dongyul, porém não precisei pensar muito depois de observá-lo bem. Vi que carrega alguns chapéus e achei que comprando um que que seria a sua cara, faria o senhor feliz. — Estendeu o embrulho, vendo-o envergonhado e sem jeito para receber o presente, afinal, não havia comprado nada. O pouco dinheiro que tinha, fez questão de dar aos mais novos, mesmo sendo recusado.
— Não precisa, Seokjin…
— Aceite, Dongyul. Considere o presente como gratidão por ter cuidado de Yoongi. — Namjoon o puxou para um abraço, onde apertou-o com cuidado. — Obrigado! — sussurrou e então se afastou, vendo ele sorrir grande enquanto tentava abrir o presente. Ao ver o chapéu, comemorou, fazendo todos ficarem mais felizes ainda.
— Deixa que eu ajudo, vovô. — Jimin se aproximou e segurou o chapéu, colocando com cuidado e carinho sobre sua cabeça levemente calva, restando alguns fios brancos. — Ficou lindo!
— Você acha que eu conquistaria alguém assim, filho? — Ele perguntou, piscando em meio a brincadeira.
— Sim! — respondeu após rir.
— Uma gracinha, velho! — O citado assustou ao ouvir a voz de Yoongi atrás de si. — Acho que combinou muito bem esse chapéu no senhor. Tá uma gracinha. As mulheres com certeza ficariam babando. — Ao ver as bochechas dele corarem, soltou uma gargalhada alta.
— Bem, agora nossos filhos. — Seokjin, animado, pegou os presentes e mal estendeu, já vendo Taehyung dando um passo à frente. — Querido… — chamou sua atenção, sorrindo ao vê-lo recuar um pouco, mas ainda continuar animado. — Não foi difícil. Cada um tem personalidades e gostos distintos, então Namjoon e eu devemos ter escolhido bem.
Entregou uma coleção de carrinhos para Jungkook, para Hoseok um videogame; Taehyung uma câmera fotográfica; Yoongi mais equipamentos para ele montar suas máquinas e observá-las; Jimin quadros para pintar junto com uma paleta com alguns recipientes com cores diversas.
Embora tenham focado nos gostos de cada um que carregam desde quando crianças, preferiram gastar mais do que o planejado. Não com brinquedos, mas coisas profissionais ou de colecionadores. Não importa a grana que gastaram para comprar, o sorriso que tiveram de cada um fez qualquer papel perder o seu valor.
— Woah! Isso não é muito? — Hoseok olhou impressionado para o seu videogame, ganhando a atenção dos outros.
— Você acha? Seu pai e eu não achamos. — Jin riu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Jinyoung sorriu observando eles e depois encarou Jackson, ganhando o seu abraço. Com o seu olhar, achou que seria a oportunidade perfeita para presentear seus filhos mais uma vez. Esperou que ele trouxesse as sacolas e então se colocou na frente dos gêmeos, vendo a surpresa e confusão formar em seus rostos.
— Eu não seria louco de deixar vocês dois sem algo também. Eu não comprei nada, mas trouxe uma coisa que gostariam de receber. — Da sacola, tirou dois cachorrinhos com pelos dourados. Estavam novinhos, apesar de não serem pelúcias que ainda são feitas. — Bora e eu compramos para vocês quando descobrimos sobre a gravidez. Desde então os mantive guardados. Não pensei que os tiraria da sacola algum dia, pois me trazem memórias terríveis de coisas que foram arrancadas de mim. — Piscou algumas vezes, querendo expulsar a vontade de chorar ao se lembrar do passado. Sorriu pequeno e voltou a encará-los. — Mas acho que eles podem ser ressignificados por vocês. Como era nosso objetivo antes, hoje eu os entrego. — Estendeu as duas pelúcias.
Taehyung foi o primeiro a estender a mão para pegar a pelúcia em meio aquele silêncio emocionante. Quando tocou os pelos, seu peito se encheu de ar para ser liberado logo em seguida, trazendo consigo lágrimas de emoção por sentir, de alguma forma, o amor da mãe no presente. Então não relutou em abraçar com força.
Jackson abraçou Jinyoung com força por trás, observando os meninos com grande orgulho no olhar. Sempre os amou como seus sobrinhos-filhos, então vê-los felizes é uma conquista.
Jimin pegou o seu logo em seguida e sorriu para a pelúcia, se recordando das memórias de sua mãe que conseguiu através de Jinyoung. Encostou a sua testa com a do cachorrinho e fechou os olhos. Respirou fundo, conseguindo captar um cheiro doce, mas não tão enjoativo. Ele provavelmente tinha sido lavado recentemente para ficar com tal aroma gostoso.
Seokjin olhava para eles enquanto sorria. Não sentia mais ciúmes como antes. Percebeu, após refletir um pouco, que o coração sempre pode acolher mais uma pessoa, sendo ela da família ou não. Não tem muitas diferenças com Jinyoung, pois ambos sacrificaram muita coisa para proteger os filhos da forma que puderam. E fariam de novo ou mil vezes se fosse preciso.
Então, ao olhar para o lado, conseguiu ver Sehun em seu canto, mexendo com o próprio copo, vazio. Ele parecia pensativo. Se lembrou da lembrancinha que comprou para ele. Pegou o saquinho pequeno e foi até ele silenciosamente. Tocou gentilmente em seu ombro, ganhando sua atenção imediata. Ofereceu um sorriso reconfortante e balançou o presente em frente ao seu rosto.
— Pra mim? — perguntou, confuso e surpreso.
— É sim. Abra. E não ouse recusar. Eu espero que goste pois é do meu gosto.
Quando ele abriu, se surpreendeu ao ver um colarinho prata com uma frase bíblica e de conforto. Olhou para os olhos de Seokjin, sentindo seu coração receber aquele presente muito bem. Seu corpo estava recheado de felicidade e gratidão.
— Senhor…
— Você nunca vai estar sozinho, Sehun. Eu sei que a sua mãe acompanha seus passos lá de cima. Então, por favor, seja feliz. Faça o que for te fazer feliz, viva por você e não deixe que o mundo tire a criança do seu interior. — O puxou para um abraço, não prevendo que seria apertado entre os braços enormes dele. Riu e fez carinho em seu cabelo. — Não mude por causa dos outros, Sehun.
— Eu não irei. — Mais feliz, ele afirmou, segurando as lágrimas em seus olhos. Então, ajeitou o colar em seu pescoço, recebendo ajuda do maior.
— Obrigado! — Taehyung agradeceu, puxando Jinyoung para um abraço apertado, o surpreendendo. — Obrigado, obrigado!
O caçula então os encarou e sorriu, vendo os braços do progenitor acolherem Taehyung. Ao receber o seu olhar, corou e então abaixou a cabeça enquanto se aproximava, tomando um susto ao ser puxado rapidamente para ser acolhido também. Riu e fechou os olhos, aproveitando a sensação.
— Raios, estou chorando! — Bambam praguejou, indo pegar o celular para ligar para Mark. Talvez isso pudesse lhe distrair da emoção que sentia com a cena antes vista. — Amigo!
— Amigo!! — Ele gritou para gritarem em harmonia logo depois.
— Velho. — Yoongi chamou a atenção do homem, entregando, sem jeito, um quadro. Dongyul pegou, confuso, começando a tirar o embrulho, ansioso para ver o que teria para si. Todavia, ao enxergar seu presente, seu coração bateu mais rápido e seus olhos brilharam. Enxergou a foto que haviam acabado de fazer em retrato. — Computadores fazem as coisas rápido, você só precisa dar uma forcinha. Não ficou do jeito que imaginei, mas acho que ficou razoável. — A moldura não era nada modesta. Bem detalhada, ela deixava aquele momento gravado mais belo ainda.
— Garoto… — Ele sorriu fechado, feliz e emocionado, enquanto negava com a cabeça. Não parava de admirar a foto, dedilhando-a com os seus dedos.
— Sei que fiz um bom trabalho. Tá feliz?
— Como não poderia estar? — Abriu o sorriso, mostrando todos os seus dentes, alguns tortos, já que não tinha condições de ajustar quando era mais novo. Então, se virou para Yoongi e o puxou para um abraço, sendo retribuído no mesmo instante. — É minha família! Essa é a minha família!! — Logo em seguida mostrou para Hoseok e depois para quem estava perto, ganhando sorrisos sinceros, acompanhados de confirmações felizes.
— Vamos abrir mais uma garrafa! — Seokjin aumentou o tom de voz, chamando a atenção de todos. Não queria chorar agora, então deveria dar continuidade a festa.
— Olha, eu também fui muito modesta com os meus presentes. — Na sua vez, Nayeon pegou o que tinha para dar às amigas e também aos mais novos. Park Taehyung foi o primeiro a se aproximar. — Toma, querido. Depois me diga se gostou.
— Obrigado!! — Ao abrir, soltou um grito de comemoração. Era um conjunto completo de uma marca de roupas. Não demorou um segundo para correr para se trocar. Todos receberam conjuntos diferentes, mas da mesma marca.
— I-Isso é muito… — Jimin riu, vendo-a negar com a cabeça.
— Não ouse negar os meus presentes! Nem balançaram o meu cofre. Agora prove junto ao seu irmão e use em ocasiões especiais. — Deu uma olhada em Jungkook que estava prestando atenção em seu presente também, não se familiarizando muito com roupas chiques e chamativas. — Bem… — Pigarreou e se aproximou do menor. — Usar em um encontro de casal é uma boa escolha — sussurrou.
Jimin corou e olhou mais uma vez para a roupa antes de sorrir, querendo usá-la para esta finalidade.
— Cadê o Seokjin e o Namjoon? Tenho algo para eles também! — Buscou com o olhar, indo procurá-los logo em seguida.
[...]
Com algumas pessoas já dormindo pelo cansaço, o ambiente havia ficado calmo e sem muito caos. Os mais velhos preferiram ficar conversando na cozinha enquanto outra parte deles, a maioria dos homens, jogavam cartas na varanda da casa. Dongyul estava com eles, se divertindo e rindo, recebendo a ajuda de Hoseok e Yoongi para que segurasse as cartas e pudesse pegar outras. É claro que haviam discussões saudáveis entre o grupo já que Min, depois de entender o jogo, não parou com suas estratégias para que o velho vencesse.
— Toma, experimenta só uma vez. — Taehyung chegou até o irmão que estava sentado na grama, observando as estrelas. — O Jungkook está doido querendo falar contigo, mas a partida não termina logo.
— Ele vai ficar irritado se souber que você anda invadindo a cabeça dele, Tata. — Pegou o copo e cheirou a bebida alcoólica. Franziu o cenho ao não gostar, já perdendo a vontade de experimentar. — Por que vocês gostam disto?
— É bom não pensar nos problemas.
— Você não pensa nos problemas depois de tomar isso? — O outro negou. — E os nossos pais?
— Eles tão de boa com isso. Experimenta logo e cala a boca! — Segurou o copo e levou para a boca do irmão, fazendo ele tomar um pouco. Riu ao ver seu rosto se contorcer em uma careta de desgosto. Ele logo se afastou, tossindo. — Fraco. — Tomou o resto.
— Eu tô mal com você agora. — Se virou para ele, vendo seus ombros subirem e descerem rapidamente. — Oras! Tata, eu te odeio!
— Você não me odeia, você me ama. Somos gêmeos e inseparáveis. Ou se esqueceu que não largava da minha mão quando era mais novo? — O rosto de Jimin ficou vermelho, agora Taehyung não sabia se era de raiva ou vergonha. Talvez pelos dois. — Bobão!
— Tá bom, agora sei porquê o Merlin gostava mais de mim. — Querendo atingir o mais velho, disse, despreocupado, ainda tentando fazer o gosto horrível da bebida sumir da sua boca.
Taehyung arregalou os olhos e se levantou com os punhos fechados, abismado com a fala do irmão mais novo. Ele ainda tinha a ousadia de sorrir!
— Isso é mentira! Você é ridículo! — Jimin mostrou a língua para si e gritou quando foi jogando no gramado com o irmão em cima. Ambos tentavam se derrubar enquanto gargalhavam alto.
— Sai! — De repente, Taehyung foi jogado para o lado, não tão forte ao ponto de se machucar, mas o suficiente para que fosse separado do seu irmão. — Vem, bebê. — Então viu que se tratava de Jungkook.
— Yah! Jungkook, eu vou acabar com você!
Porém de nada adiantou. Jeon segurava a mão de Jimin bem firme enquanto levava ele para longe dos demais, querendo conversar a sós.
— O que foi, Koo? — perguntou, com um sorriso em seus lábios.
— Está na hora do meu presente, não acha? — Os olhos dele aumentaram. — Eu estava querendo ficar sozinho para te entregar. Não quero que nada nos atrapalhe. Por favor, não deixe o seu irmão se aproximar — sussurrou, com medo de que aquilo saísse do controle.
Jimin gargalhou alto e acenou com a cabeça. Faria o seu possível para manter o irmão longe, afinal, não queria que fossem interrompidos também.
Então finalmente viu o presente. Seu coração quase pulou para fora ao ver uma caixinha pequena em uma das suas mãos. Suas pernas quase perderam a força ao ver o que tinha dentro: um anel de prata com uma borboleta delicada em cima.
Não conseguia dizer algo, muito menos quando aquilo era colocado com cuidado em seu dedo. Sentiu as carícias em sua mão, então levantou o olhar para o amado mais uma vez, esperando sua explicação.
— Não sei o que isso possa significar para você, mas quero deixar claro com isso que você é meu. — Se aproximou, deixando o outro mais sem fôlego ainda. — Não preciso declarar algo que está muito óbvio.
— Jungkook…
— Diga, meu bebê — enfatizou. Levou suas mãos para o rosto macio do menor e sorriu, se aproximando cada vez mais.
Demorou para receber uma resposta, mas esperou pacientemente.
— Nós somos um casal? — contente, Jimin perguntou. Estava se recordando de um diálogo não tão distante que tiveram.
— Nós somos. — Então juntou seus lábios em um selinho demorado, fazendo com que aquela conexão aumentasse cada vez mais.
Para eles já estava claro que estavam juntos. Sempre foram um do outro, então não há nada para ser confirmado; nada que fuja da bolha deles.
— Eu vou voltar mais tarde.
Jimin ficou confuso com o seu afastamento repentino.
— Tem alguém querendo falar com você, então eu precisava vir antes. Mas depois você será meu novamente. — Deixou mais um beijo em seus lábios antes de sair dali, deixando-o para trás. Ao ver Sehun, sua expressão mudou de repente. Colocou as mãos nos bolsos da sua calça e passou por ele, carregando um ar confiante com um sorriso despreocupado nos lábios.
Sehun continuava a encarar o chão, apertando a caixinha que segurava, inseguro e ansioso.
— Jungkook, por que saiu? Faltava pouco para acabar! Vai continuar jogando? — Jackson perguntou.
Jimin olhava, espantado, para o melhor amigo que se aproximava, encolhido. Sorriu pequeno para ele e o abraçou apertado, fechando os olhos. Estava feliz por ter ele ao seu lado e acredita que há muitas coisas a serem esclarecidas para que voltem a conversar sem constrangimentos.
— E-Eu estava querendo falar com você antes, mas o Jungkook foi mais rápido — riu, sem graça. — Acho que ele não gosta de mim…
— Ele não tem nada contra você, apenas não se sente bem com algumas intenções. — Foi sincero, não tendo necessidade de mentir para ele. Notou o seu desconforto, então se preocupou.
— S-Sobre isso, eu… — Não poderia voltar atrás. — Eu queria te entregar isso. — Então deu-lhe a caixa, onde tinha um colar simples, mas delicado. Ficou feliz por ver a face do melhor amigo ficar radiante, parecendo ter gostado. — Você gostou?
— Muito! — respondeu, olhando para aquele acessório antigo e um pouco desgastado, mas preservado ao máximo.
— Era da minha mãe. — Jimin foi pego de surpresa. Então parou para olhar para Sehun, preocupado em devolver imediatamente. — Não! Por favor, fica com ele. Meu pai deu para ela, antes disso meu avô deu para a minha avó. E-Eu sei que não sou correspondido, mas não poderia deixar de dar a você. Sinto que é seu. Iria me arrepender se não te desse.
— Sehun, eu…
— Tá tudo bem. — Respirou fundo. — Eu te entendo. Sei que você gosta dele. Eu acho que estou pronto para superar.
Jimin sorriu. — Não está, não — disse ao escutar seus pensamentos. Embora seu comportamento com Jeon fosse respeitoso, conseguia ouvir seus xingamentos direcionados a ele.
— Jimin! — Elevou um pouco a voz, envergonhado. Olhou para trás, com medo de Jungkook saber. Seria morto queimado?
— Eu não vou contar a ele! — gargalhou. — Eu não seria louco de querer perder você.
— Então ele me mataria?! — Arregalou os olhos.
— Sem pensar duas vezes — brincou. Ambos tiram ao perceber o tom de ironia. — Seu pai e seu avô eram românticos. — Olhou mais uma vez para o colar.
— Eu acho que também sou. — Passou a mão na nuca, ganhando o olhar do Park. Mirou as árvores, sentindo seu coração pulsar mais forte em seu peito. — E-Eu acho melhor eu ir. Sinto que minhas costas estão queimando com o olhar de alguém. — Pigarreou. — Antes, eu posso…? — apontou para o colar, perguntando se poderia colocar em seu pescoço.
— Uhum. — Então se virou, sorrindo, ajudando ele a colocar o colar. — Sehun?
— Hm?
— Nós podemos continuar sendo melhores amigos mesmo assim? — Estava preocupado. Ficou claro que não quer nada com ele além dele uma amizade, então teme que isso seja impossível pelos sentimentos não correspondidos.
— Fica tranquilo, Ji — sorriu, triste, se afastando dele. Queria tocar em seus ombros expostos, mas não deveria. Continuaria a admirá-lo de longe. — Nós sempre seremos amigos. — Ficou em sua frente e sorriu, ficando aliviado ao vê-lo voltar a ficar feliz. — Vai lá — apontou com a cabeça na direção onde Jungkook tinha ido. Conseguia perceber a sua ansiedade de vê-lo.
Respirou fundo ao ser abraçado. Apertou Jimin entre seus braços antes de assistir ele partir na direção dos braços de outro homem. Apertou os olhos e estalou a língua no céu da boca. Encarou, então, o céu estrelado, acreditando ter feito o certo. Agora seria hora de deixá-lo para trás. Seu coração dizia isso.
Jimin se surpreendeu ao ser puxado pela cintura, de repente, e prensado na parede. Sem fôlego e assustado, encarou Jungkook que tinha o sorriso traiçoeiro nos lábios naquele momento.
— Eu sabia que seria meu novamente — riu. Então se aproximou com fervor, tomando os lábios do amor da sua vida, provando de todo o desejo que sentia por ele. E foi retribuído em todos os sentimentos.
Suas mãos procuraram uma pela outra, então seus dedos se entrelaçaram. Algo que Jimin não notou, era que Jungkook também tinha o anel prata no mesmo dedo que o seu, mas com um desenho de uma folha. Se completavam, assim como suas almas.
[...]
Baekhyun observava todos em silêncio. Numa cadeira, estava sentado enquanto bebia o quanto podia. Seus olhos estavam na família que festejava aquele dia com alegria. Não sentia nada, apenas uma grande inveja por não estar animado como eles. Queria provar da proteção, do companheirismo e também do amor. Porém, não é merecedor de tais graças.
— Você é calado assim mesmo? — Mina perguntou, chegando perto dele para colocar mais vinho em seu copo.
— Quem é você?
— Prazer, Mina Myōi. Cuidei de Jimin após o ataque na casa. — Elevou uma sobrancelha, observando a reação do ex-professor com a sua revelação.
— Então suponho que já saiba da minha infeliz participação no ataque — sorriu de lado, tentando esconder seus verdadeiros sentimentos com o assunto.
— Já sei, mas você já pediu desculpas e está tentando consertar os erros, não é? — Byun foi pego de surpresa. — Não quero te conhecer assim. Quem é você de verdade?
Ele respirou fundo antes de responder: — Ninguém, na verdade. Nunca tive uma identidade própria, sempre fiz o que me mandaram. Talvez a minha história comece aqui. — Olhou para a mulher, vendo-a concordar com a cabeça. — Acredita que eu possa ser perdoado?
— Uhum. Seria hipocrisia minha caso eu falasse que nunca agi contra alguém por interesse pessoal. — Ele ficou pensativo. — Só deve saber que os gêmeos te perdoaram. A família está disposta a perdoar também. Então se perdoe.
— Talvez um dia… — murmurou.
— Eu não acredito nisso! — Taehyung de repente chegou irritado. Ele foi pegar a garrafa de vinho, porém Baekhyun foi mais esperto e segurou antes, despejando o resto do líquido em seu copo. O mais novo o encarou, prestes a chorar. — O Yoongi fez uma merda de robozinho idiota pata imitar um cachorro! Aquela merda nem ao menos anda que nem um!
— Um cachorro?
— Ele não quer um cachorro de verdade. O Hoseok achou que seria uma boa apoiar ele nessa ideia de fazer um robô animal e ficou uma merda! Eu tô chateado! — suspirou, passando a mão em seu rosto. — Eu quero um cachorro de verdade!
— Pra quê? Cachorros fazem muita bagunça, não te deixam em paz, latem toda hora, principalmente a noite, e ainda marcam lugares com sua urina. O que vem de bom de um cão? — Baek perguntou enquanto bebia todo o vinho.
— Eu cuidaria dele que nem um filho!! Não me importo de cuidar de um animal! Nem os meus pais se importam com isso. Esse é o meu pior natal!
— Ora, pare de drama!
— Não é drama! — Elevou sua voz. Cruzou os braços ao ver Yoongi entrar na cozinha junto ao namorado. — Não chega perto de mim!
— Nossa, que merda é essa?! — Baekhyun ficou horrorizado ao ver o que era para ser um cachorro na mão de Hoseok. Ele sorriu amarelo, tentando escondê-lo.
— Amor, eu juro que vou fazer melhor. É que eu não sou muito bom em fazer um rosto animal, me entende? — Yoongi foi atrás de Taehyung com os braços abertos, vendo-o negar e fugir. — Tae!
— Crianças… — Mina riu soprado, negando com a cabeça.
— Hoseok!! — Ao ouvir o chamado de BamBam, o citado foi até ele, sorrindo quando encontrou seu amigo na tela do celular dele. — O Xiumin quer dar uma palavrinha com você.
— Como estão as coisas aí? — perguntou, procurando um lugar silencioso para poderem conversar sem interrompimentos.
— A mesma coisa de sempre. Nada anormal aconteceu. O seu amigo tem nos ajudado aqui em casa. Minha mulher está levando Aerum para experimentar algumas roupas para batizarmos ela. Queremos que compareça — sorriu.
— Eu vou sem falta. — Então respirou fundo após pensar se seria perigoso ou não. — Só estou com medo de levar o problema para vocês.
— Bobagem! Se não aconteceu nada da última vez, não acontecerá agora. Vai dar tudo certo, amigo. Eu quero que você compareça nesse dia. Quero a sua companhia. Além do mais, estará aqui para nos proteger, não é? — brincou, arqueando uma sobrancelha. Jung riu, concordando com ele.
— Sim. Eu os protegeria. Não sou tão bom com isso, mas sempre farei o meu melhor para manter você e sua família segura. — Xiumin conseguia acreditar nele facilmente, enxergando suas palavras sinceras. São como irmãos separados. Não precisam se falar sempre, muito menos estarem perto um do outro para que isso seja comprovado. Apenas o carinho e apoio um do outro vale muito mais do que qualquer prova que necessitem fazer.
— Para com isso! Você é o melhor! — Ambos riram, mas algo chamou a atenção de Kim. — Tenho que ir. Minha mulher tá chamando para a janta. Espero que esteja se divertindo.
— Uhum, eu estou. Logo verei vocês.
— Com toda a certeza, meu amigo.
Depois de entregar o celular para BamBam de volta, foi na sua missão para fazer com que Taehyung voltasse a ficar satisfeito. Não foi muito trabalhoso, afinal, ele é alguém carente de atenção. Recebendo isso, volta a ficar contente.
Não é mentira que também achou o cachorrinho eletrônico de Yoongi feio, porém ele deu o seu melhor, mesmo não saindo como planejado. Agora sabem que a solução só poderá vir futuramente.
Dongyul sorriu ao ver Yoongi vindo em sua direção, segurando aquele troço mecânico entre as mãos. É acostumado a mexer com coisas assim, porém aquilo está longe de ser parecido com um carro. Então preferiu não comentar o que o neto havia feito e que não agradou nada ao namorado. Talvez a sua sugestão não tenha sido tão boa para eles.
— Não deu certo. — Ele informou, frustrado.
— Invista em coisas mais simples, garoto. — Ganhou sua atenção. — Coisas simples são significantes em um certo ponto. Uma grande dosagem de charme pode não agradar muito. O simples é necessário. — Colocou a mão em cima do seu ombro, dando alguns tapinhas. Ainda segurava o retrato, o que chamava a atenção do mais novo.
— Tipo isso? — apontou.
— Tipo isso — sorriu. — Bem, apesar de eu poder dizer que isso não é nada simples. Porém, sabe o que nos faz enxergá-la assim? — Ao vê-lo negar, continuou: — É apenas um retrato — respondeu. — Mas uma recordação. Aqui está a minha família, vê? — Dedilhou os rostos. — Aqui estão as pessoas que são muito importantes para mim. Ela me faz vagar para muito longe e pensar naqueles que conheci antes e não estão mais comigo, mas de alguma forma me marcaram como agora. A linha tênue entre o passado e o presente. Aqui encontro o meu conforto… É isso o que a torna tão especial para mim.
— Algo significativo, o senhor quer dizer?
— Isso! Algo que me faça admirar e querer guardar. Isso aqui é mais do que um dia já pude pedir, garoto. Você me deu ouro!
Yoongi sorriu, admirando a forma com que o velho se importa com coisas pequenas. Será que algum dia poderá enxergar a vida como ele enxerga? Sem querer desejar mais, algo maior ou mais poderoso? Está acostumado a pensar dessa forma, afinal, é um inventor; aprende qualquer coisa facilmente, então muita coisa é tão vaga para si. Quer algo significativo, como um retrato.
Dongyul sempre amou pequenas coisas. Comemorando conquistas pequenas, mesmo não tendo conseguido viver uma vida fácil, ele sempre foi um homem feliz e com grandes esperanças.
Para ele, família é tudo e sempre será.
Aquele ambiente festivo o levou a crer que agora tem tudo o que mais sempre desejou. O destino pôde ter demorado, mas lhe trouxe um neto em uma situação crítica. Com ele, voltou a ter uma família, então, inesperadamente, surgiram mais pessoas e assim foi por diante. Perdeu sua loja, todavia ganhou mais do que isso: uma casa, amigos, momentos felizes e um paraíso para descansar.
Sua doença o atrapalhou, mas sua melhora repentina veio quando soube que deveria ser feliz uma última vez. Aquele retrato surgiu para que ele pudesse ficar gravado em sua mente, pois futuramente seria Yoongi o seu guardião.
Talvez, agora, ele pudesse saber valorizar algo tão simples, mas importante como aquilo.
[...]
Terça-feira amanheceu chuvosa. E dias chuvosos trazem um significado diferente em cada crença. Há aqueles que acreditam que são dias vitoriosos, aqueles que acham o dia perfeito para descansar ou apenas admirar. Também existe o que crêem no oposto: que são dias tristes, melancólicos ou um presságio do mal que está por vir.
Contudo, Yoongi prefere acreditar ser um dia de vida. A água abastece nossa terra, trazendo consigo o nascimento e a leveza que a natureza leva durante mudanças climáticas necessárias. Ela é a água pela qual a civilização sempre clamou e acumulou durante todos os anos.
No entanto, dessa vez, ele chorava pela morte de um ente querido.
O dia de vida que sempre acreditou durante toda a sua existência, estava fazendo jus aos maus olhares. Trazendo um ar de melancolia, ela anunciava o sofrimento de todos com a perda de Song Dongyul. O céu se iluminava rapidamente, como fogos de artifício claros, logo em seguida vinha aquele som estrondoso que silenciava qualquer grito de dor. A única coisa boa nisso tudo era que as lágrimas não eram notadas, sendo misturadas constantemente pelas gotas de cima.
Ele havia partido, para sempre, deixando apenas uma fotografia sua, recente, de que um dia já existiu. Seus momentos, risadas, sofrimento e voz serão lembrados eternamente pela memória daqueles que o guardarão como um membro da família.
Distante dali, uma casa em chamas não conseguia ser contida embora a vizinhança tentasse não deixar o fogo se espalhar. Seus gritos desesperados eram sufocados. Voluntários tentavam achar a família que ali morava, porém os corpos tinham se misturado com as cinzas. Uma visão marcante e triste era um berço rosa bem decorado em um canto de um quarto infantil. A bebê não estava ali, não havia ninguém vivo, ninguém que pudesse contar a história do ataque.
Uma arma descarregada estava ao lado de uma placa que se queimava aos poucos, contendo algumas letras que juntas formavam um nome feminino: Aerum.
Ao longe, um carro preto estava estacionado com alguns homens dentro. Não sentiam remorso, muito menos tristeza, mas sim leveza pelo trabalho bem feito. Um deles levou o cigarro à boca, inspirando enquanto aproveitava a cantoria barulhenta do céu.
Um mal presságio.
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