Levando meu sofrimento para as multidões, escrevendo meus poemas para os poucos
Que olham para mim, tiram de mim, me sacudiram, sentiram
Cantando com um coração partido pela dor, pegando a mensagem que está em minhas veias
Falando a lição que está em meu cérebro, vendo a beleza através da
Dor!
Pov's Ivy
Andamos por Hilltop, matando os caminhantes que vagavam pela comunidade. Como era de se esperar, o tiroteio atraiu muitos deles e não demoraria para o lugar ficar infestado pelas criaturas sedentas por carne. Tínhamos que eliminá-los antes que eles se tornassem uma ameaça incontrolável. Teríamos muito trabalho pela frente, o caos havia se espalhado por Hilltop, os estragos feitos pelo grupo de Negan foram muitos e não seria possível repará-los de imediato.
Rick estava inconsciente, mas estava bem. Meredith, a médica do Reino, precisou sedá-lo para retirar a flecha de seus abdômen. Agora ele recebia os cuidados de Carl e Michonne, que não saiam de seu lado nem mesmo por um só instante. Haviam muitos feridos, uns em estado mais graves, outros com apenas ferimentos superficiais, mas todos espalhados pelo grande salão da Casa Barrington. Kyle, Rose, Liam, Laureen, Carol, Chelsey e Holy ajudavam Meredith a cuidar dos feridos, enquanto eu e os outros que estavam em perfeito estado físico cuidávamos dos zumbis.
Cravo minha faca na cabeça de um dos mortos fazendo sangue coagulado respingar na minha roupa. Suspiro profundamente, afastando os fios dos meus cabelos que caem sob os meus olhos e usando o dorso da minha mão esquerda para limpar o suor que escorria por minha testa. Em seguida caminho até o outro errante que se aproximava e sem delongas finco a faca em sua têmpora direita, a criatura cai no chão morta, agora definitivamente.
— Eles continuarão vindo. – Jesus diz. Ele chuta a perna de um outro morto e pisa em sua cabeça com força, esmagando seu crânio. — Esse é só o começo. O barulho que fizemos irá atrair mordedores de milhas de distância. – ele aponta em direção aos portões derrubados. — A noite chegará logo. Negan e os Salvadores provavelmente irão acampar nas redondezas para cuidar dos feridos e atacarem novamente assim que puderem.
Maneio a cabeça, mostrando ter entendido. Giro minha faca entre os dedos e observo um pequeno grupo de zumbis adentrando a comunidade em passos lentos e arrastados, eram uns dez no total. Como Jesus disse, eles continuarão vindo de todos os lugares. Precisávamos de um plano para impedir a entrada dos errantes.
— Vamos abrir caminho até os portões. – eu digo a Jesus. — Podemos usar um ônibus do Reino e alguns carros como barricada. –sugiro. — Foi o que fizemos quando os muros de Alexandria caíram.
— Certo. – ele assente. — Eu vou pela direita e você pela esquerda.
Eu sacudo a cabeça, em concordância. Trocamos breves olhares e então nos dirigimos em direção a pequena horda.
Atinjo o centro da testa de primeiro errante, e em seguida retiro a minha faca e acerto outro, dessa vez no olho direito. Jesus, com seus movimentos ágeis, conseguia com facilidade cuidar dos mortos que se aproximavam na tentativa de atacá-lo. Eu chuto a perna da criatura á minha frente fazendo com que a mesma quebre o seu corpo caía no chão. Piso sobre sua cabeça diversas vezes até esmagá-la. Um outro surge ao meu lado inesperadamente e agarra meu braço que está com a faca em punho, pronto para me morder, mas antes que isso aconteça, Jesus crava sua faca na cabeça do morto. Suspiro alivia e lanço um olhar de gratidão para ele, mas o mesmo não percebeu pois estava ocupado com o errante que tentou agarrá-lo pelas costas.
Quando finalmente terminamos de cuidar dos walkers, Maggie colocou um ônibus do Reino na entrada de Hilltop, como eu havia sugerido, depois, com a ajuda de Chase, Nate e mais alguns, nós enterramos os corpos do nosso pessoal que perderam suas vidas em combate. Morreram quinze pessoas no total, eu não as conhecia, mas mesmo assim sentia muito. Mas não havia tempo para o luto, não no auge dessa guerra.
— O que faremos com eles? ‒ Chase pergunta se referindo aos corpos dos Salvadores.
— Vamos queimá-los junto com os zumbis. ‒ eu digo. — Esses merdas não merecem serem enterrados.
Todos concordam. Conforme passamos pelos corpos no chão, os arrastamos até a área principal de Hilltop, formando pilhas. Depois de arrastas todos os corpos, tanto de errantes quanto de zumbis, Jesus joga gasolina sobre os mesmo e eu acendo um fósforo e ateio fogo. Logo as chamas se espalhamos, consumindo os corpos.
Fito os rostos que todos ali e vejo o quanto isso está sendo difícil para todos. Suspiro profundamente e digo:
— Fazemos o que deve ser feito, quando deve ser feito. É dessa forma que sobrevivemos. ‒ alterno meus olhar entres todos que estão ali. Eles assentem e aos poucos vão se dissipando, restando apenas eu, Nate, Jesus, Chase e Maggie.
O silêncio se estende entre nós. Ninguém dizia uma só palavra, apenas observávamos as chamas consumirem os corpos. Permanecemos assim por uma tempo, até que ouvimos uma voz chamar pelo nome de Maggie.
— Você precisa ver isso. ‒ amesma voz diz, e agora eu a reconheço, era a voz de Enid.
Maggie segue em direção garota e nós vamos logo atrás.
— O que houve? ‒ela pergunta assim que chegamos até Enid. A menina aponta para o chão, onde havia uma faca com o símbolo de um taco de baseball, com certeza pertencia aos Salvadores. Sua lâmina estava suja de sangue, sangue seco. Encaro Maggie e noto que a mesma fita a faca fixamente.
— Tem sangue seco nela. ‒ Jesus percebeu o mesmo que eu. — Não tem como ser de nenhum dos nossos...
— E não é. ‒ Maggie afirma. Ela cerra os punhos e inspira profundamente. — Isso é sangue de zumbi. Eles infectaram as armas brancas com sangue contaminado dos mortos.
— Meu Deus... ‒ Enid sussurra. — Isso quer dizer que...
— Todos aqueles que foram feridos pelas armas brancas dos Salvadores estão infectados. ‒ eu digo.
Olhamos uns para os outros, todos percebendo a gravidade da situação. Rick havia sido ferido por uma flecha de Dwight, e se a minha conclusão estivesse realmente certa, a vida dele estava correndo um sério risco.
[...]
Meu pai socou a parede com força. Ele ficou extremamente furioso quando contamos a respeito das armas infectadas dos Salvadores. A teoria sobre o sangue contaminado havia sido confirmada depois que Rose nos revelou que alguns dos moradores feridos estavam com febre alta, mesmo depois que seus ferimentos foram limpos e enfaixados, era como se eles tivessem sido mordidos.
Estávamos eu, meu pai, Maggie, Carl, Jesus, Michonne, Rose e Gregory reunidos em uma das salas da Casa Barrington que servia como escritório. Meu pai andava de um lado para o outro, visivelmente irritado, já Carl estava parado próximo a janela e eu estou ao seu lado, desde que contamos sobre nossa descoberta ele não havia dita uma só palavra, assim como Michonne. Eles pareciam tentar digerir tudo aquilo.
— Eu vou matar aquele desgraçado! ‒ meu pai diz entre dentes, se referindo a Dwight.
— Daryl, tente se acalmar. ‒ Rose pede calmamente.
— Eu não quero me acalmar! ‒ ele responde num tom grosseiro e Rose apenas suspira.
— Eu avisei, desde o princípio. ‒ Gregory diz e eu reviro os olhos. Afinal, que diabos ele fazia aqui? Maggie agora é a líder de Hilltop e ele é apenas um encosto inútil. — Vocês nunca deveriam ter começado essa guerra. Agora todos iremos morrer.
—Cala boca Gregory. ‒ Maggie manda, autoritária.
— Há um boa chance de Rick não ter sido infectado. ‒ Rose diz. — A maioria dos feridos já apresentaram febre, mas até agora Rick permanece bem. E também temos que considerar o fato de Dwight estar do nosso lado.
—É. Há uma boa chance de Rick não ter sido infectado, mas também há uma boa chance de Rick Grimes já ser um homem morto. ‒ Gregory diz e eu vejo Carl se remexer no lugar, desconfortável.
— Cala essa merda de boca, Gregory. ‒ dessa vez quem diz sou eu.
— Estou apenas dizendo a verdade. Rick vai morrer e nós também... ‒ após essas palavras, Carl avança para cima de Gregory, mas eu entro em sua frente, o impedindo.
— Ei, se acalme. ‒ eu digo com as mãos em seus ombros. — Não dê ouvidos para o que esse CUZÃO diz. ‒dou ênfase na palavra ''cuzão''.
— Gregory, saía daqui. ‒ Maggie manda.
— Mas eu...
— Dê logo o fora daqui, seu filho da puta de merda, antes que um enfie uma flecha no meia da sua testa! ‒ meu pai diz num tom ameaçador.
Gregory engole a seco e então se dirige até a porta, deixando a sala.
—O que faremos agora a respeito da situação de Rick? ‒Jesus pergunta a Rose.
— Vamos esperar.
— Quanto tempo? ‒ a voz carregada de angústia de Michonne se faz presente pela primeira vez.
— 12 horas. Se Rick não apresentar nenhum sintoma durante esse tempo, é provável que ele não esteja infectado. ‒ Rose diz.
Nós nos entreolhamos e assentimos, aquela situação era difícil para todos. Se Rick morresse, seria o fim, tudo o que fizemos teria sido em vão. Rick era o símbolo de luta e perseverança, ele era a cola que unia todas as partes dessa aliança contra os Salvadores. Ele lutava por nós, e nós lutávamos por ele.
— Vem, vamos sair daqui. ‒ digo a Carl num tom baixo, apontando para a porta com a cabeça. Ele assente e então caminhamos em direção a mesma.
Deixamos o escritório e cruzamos o grande salão da Casa Barrington, que estava repleto de pessoas feridas, a maioria delas deitadas em colchões espalhados pelo chão. Eu guio Carl até as escadas que davam acesso aos quartos da casa, nós a subimos sem nenhuma pressa. Assim que chegamos em frente ao quarto onde eu estava hospedada com Tara, Cher e Rosita, eu abro a porta e nós entramos. Fico parada e encostada no batente,, já Carl se senta em uma das camas, ele suspira profundamente, tirando seu chapéu de sua cabeça e passando os dedos por entre deus cabelos. Fito minhas próprias botas por alguns instantes, e então dou alguns passos em sua direção até ficar de frente com o mesmo, que agora olhava fixamente para um ponto fixo no chão. Suspiro e me sento ao seu lado.
— Amor... ‒coloco minha mão sob sua perna e ele me olha. — Fale comigo, diga alguma coisa, por favor.
Carl fecha o olho por um instante e balança a cabeça em sinal de negação.
— Eu não posso perdê-lo. ‒ ele diz encarando meus olhos. — Eu... ‒ ele faz uma pausa e uma lágrima solitária escorre pelo seus olho. — Eu simplesmente não posso...
— E não vai. ‒ eu digo tentando confortá-lo. — Tudo ficará bem, você vai ver. Nós encontraremos um jeito. E se não encontrarmos, eu ainda estarei com você.
Carl assente e eu esboço um sorriso, selando nossos lábios rapidamente. Ele me abraça de lado e deposita um beijo no topo da minha cabeça. Não sei por quanto tempo ficamos ali, abraçados, mas quando demos conta já era noite. Carl então deixou o quarto para ter notícias de Rick, e eu resolvi tomar um bom banho.
Me dispo, abro o chuveiro e deixo a água escorrer pelo meu corpo. Esfrego meus dedos por entre os meus cabelos, tirando qualquer resíduo de sangue e bílis que voaram sobre mim enquanto eu ajudava a exterminar os errantes. A água estava ótima e eu me permito relaxar um pouco. Após terminar o banho, coloco roupas limpas, penteio os meus cabelos e em seguida deixo o quarto. Desço devagar os degraus da escada, mas detenho os meus passos quando estou no meio dela depois de ouvir um choro vindo de andar de cima. Franzo o cenho e subo novamente, olho para o corredor esquerdo e posso ver uma criança no final no mesmo. Era um menino, entres os 7 anos, ele estava sentado no chão, abraçando suas próprias pernas, chorando. Caminho calmamente até o mesmo e paro em sua frente, ele então ergue a cabeça e me encara com os olhinhos azuis inchados por conta do choro.
— Oi. ‒ digo esbouçando um sorriso. O menino não responde, apenas me encara. Suspiro profundamente e me sento no chão também, de frente para o mesmo. — Como você se chama?
— Tommy. ‒ ele responde num fio de voz.
— Nome legal. Eu sou a Ivy. ‒ eu me apresento. — Então Tommy, eu sou uma menina muito curiosa e gostaria de saber o motivo para um garoto tão lindinho estar chorando.
Ele permanece em silêncio por um instante, mas resolve dizer:
— O papai... ‒ sua voz saí falha e embargada pelo choro. — Ele vai morrer. Mamãe disse que ele vai ficar bem, mas eu sei que ela está mentindo. Ele está doente e vai morrer igual o tio Calvin.
Suspiro profundamente, era difícil encontrar palavras certas para dizer a uma criança que está prestes a perder o pai.
— Sabe... ‒ eu começo, mas logo pondero. — Era para eu ter me acostumado com as mortes, mas isso não aconteceu. E eu acredito que nunca acontecerá, perder alguém sempre será difícil. ‒ o menino tinha os olhos focados em mim e prestava atenção em cada palavra proferida por mim. — Algumas pessoas dirão para você se acostumar com isso, esse sentimento de medo e tristeza... Elas dirão que será melhor quando você aprender a ignorar isso tudo. Mas não dê ouvidos a essas pessoas. Se apegue a isso, lembre-se disso, não esqueça... E quando você crescer, se tornará um homem forte e capaz de proteger quem você ama. ‒ Tommy desvia o olhar, fitando suas próprias mãos sob seus joelhos. — As pessoas que se morrem...‒ continuo. — não se vão totalmente. Elas permanecem com você, bem ai no seu coraçãozinho.
— Elas vão para o céu? ‒ ele pergunta e eu posso ver um filete de esperança em seus olhos.
— Eu... ‒ faço uma breve pausa, pensando no que responder. —Eu não sei. Mas realmente espero que sim.
— Você tem alguém lá no céu?
— Sim. ‒ esboço um sorriso. — Minha mãe e muitos amigos.
O menino assente e pela primeira vez sorri para mim. Sinto uma estranha sensação boa ao ver aquele sorriso tão inocente, um sorriso que o mundo ainda não havia contaminado.
— Tommy! ‒ ouço uma voz atrás de mim chamar pelo menino. Olho por cima dos ombros e vejo uma mulher, deduzo que ela seja a mãe do garoto. Eu me levanto e ele faz o mesmo.
— Mãe. ‒Ele caminha até a mulher e eu o sigo.
— Graças a Deus. Eu procurei você por toda parte. ‒ ela diz ao filho. Seus olhos também estavam inchados, provavelmente estava chorando.
— Desculpe. ‒ eu digo. — Tommy e eu ficamos aqui conversando e esquecemos do tempo, não é mesmo? ‒ encaro o garoto e pisco para ele. Tommy assente.
— Mãe, essa é a Ivy, ela é muito legal. ‒ o menino diz e a mãe dele e encara e esboça um sorriso.
— Prazer Ivy, eu sou a Nora. ‒ ele diz e eu retribuo o sorriso. — Temos que ir querido. Papai quer vê-lo para... ‒ ela faz uma pausa e seus olhos merejam. — para se despedir. ‒ o garotinho abraça as pernas da mãe e volta a chorar. Sinto um aperto no peito, vê-lo ali chorando era como ver a mim mesma anos atrás, quando perdi minha mãe.
— Eu sinto muito pela sua perda. ‒ eu digo para a mulher e em seguida passo pela mesma, descendo as escadas rapidamente e cruzando o salão da Casa Barrington rumo ao lado de fora, eu precisava tomar um ar.
Assim que estou fora da casa, solto todo o ar que eu havia prendido durante o curto percurso. Caminho em direção ao ''cemitério'' de Hilltop, e quando chego até o mesmo procuro pelas sepulturas de Glenn e Abraham, me sentando no chão próxima as mesmas. Encolho minhas pernas contra o meu corpo e as abraço. Permaneço ali, sem pensar em nada, apenas olhando para as cruzes nos túmulos que mal conseguia enxergar devido a falta de luz. Aqui era silencioso, os únicos sons que ouço é o som da minha própria respiração e o
cricrilar dos grilos.
—O que faz aqui?‒Dou um sobressalto disfarçado no lugar ao ouvir a voz que rapidamente reconheço como sendo a voz de meu pai.
—Aqui é calmo. ‒Dou os ombros. —Não há pessoas definhando aos poucos deitados em colchões e crianças chorando pelos corredores.
Ele não diz nada, apenas se senta ao meu lado. Deito minha cabeça sob seu ombro e ele apoia a dele na minha. Ficamos em silêncio por um tempo, até que eu resolvo puxar assunto:
—Como está o Rick?
—Aparentemente, bem. ‒Ele soltou o ar pela boca. —Até agora ele não apresentou nenhum sintoma. Talvez aquele desgraçado do Dwight tenha o acertado uma flecha não infectada.
—Ele ainda está do nosso lado. ‒Digo me referindo a Dwight. —Dwight nos ajudou quando Alexandria estava sendo bombardeada e nos avisou que o Salvadores atacariam Hilltop hoje.
—Sim, mas ele continua sendo um filho da puta. ‒Apenas assenti. Meu pai odiava Dwight, e o fato dele agora estar do nosso lado não mudava isso.
Suspiro profundamente e começo a cantarolar uma das canções que minha mãe costumava cantar. Meu pai riu pelo nariz e a princípio eu não entendi o motivo, mas as coisas fizeram sentido quando ele disse:
—Ela adorava essa música. ‒Ele estava falando da minha mãe.
—Sim, ela adorava. ‒Esboço um sorriso enquanto as memórias invadem minha mente. Fico em silêncio por alguns instantes, olhando para o chão. —Você a amava? ‒Eu o encaro
Daryl demorou alguns segundos para responder, acho que minha pergunta o pegou de surpresa.
—Liz foi a única mulher que eu amei. ‒Ele diz olhando fixamente em meus olhos. —Mas eu fui um cretino e a deixei escapar. ‒Ele desvia o olhar.
—Ela perdoou você. ‒Eu digo e ele volta a me encarar. —Antes de...‒Faço uma pausa. — morrer, ela me disse que você era um homem bom.
—Mas eu não fui bom para ela...‒Ele balança a cabeça em sinal de negação. —Eu não estava lá quando você e ela mais precisaram que eu estivesse.
—Não, não esteva...‒Esboço um fraco sorriso. —, mas agora você está aqui por mim. E é isso que importa. ‒Ele comprime os lábios formando uma linha reta. —Ela me disse que eu era corajosa como você. Ela me fez prometer que jamais permitiria que me dissessem o que fazer quando eu não tivesse certeza de que aquela fosse a coisa certa a ser feita, e que não abaixasse a cabeça para ninguém.
—Então a razão para você ser tão teimosa assim é a promessa que fez a sua mãe? ‒Ele pergunta e eu solto um riso anasalado.
—Não. Eu sou sua filha, Daryl. ‒Digo num tom brincalhão. —Uma Dixon. ‒Dessa vez é ele que ri.
—Teimosia vem do sangue...‒Ele diz e eu concordo com a cabeça, rindo.
—Pai...‒Volto a ficar séria. —, a minha mãe não precisa ser seu único amor.
—O que você está querendo dizer com isso? ‒Ele aqueia uma sobrancelha.
—Você sabe o que eu estou querendo dizer. ‒Afirmo. —, ou melhor, de quem estou falando.
—Já tivemos essa conversa, Baixinha...
—Sim, já tivemos. Mas eu vou insistir nisso até você perceber o quanto está sendo burro. ‒Digo me levanto e ficando em sua frente. Ele ergue a cabeça e me olha como se tivesse ''o que você acabou de dizer?''. —Eu já disse isso antes e vou dizer de novo, mas agora vê se coloca isso na sua cabeça oca. Rose não é a minha mãe, Rose não é a Beth. Rose está viva. Você está vivo. Então não use essa ideia de ''Não quero me apegar a mulher e vê-la morrer'' como desculpa, pelo simples fato de que você acha que não merece ser feliz. ‒Termino de dizer e cruzo os meus braços abaixo dos meus seios. Daryl me encara por um tempo e então diz:
—Merle tinha razão, eu sou um maricas...‒Ele solta um riso anasalado. —, estou levando um sermão da minha filha adolescente.
—É. ‒Eu também rio. —Sua filha adolescente que sabe o que deve ser feito. ‒ Pisco para ele.
—Você não tem jeito mesmo. –Ele balança a cabeça em sinal de negação, rindo em seguida.
[...]
Através da janela eu podia observar os primeiros raios dourados do amanhecer, um novo dia estava começando.
Estávamos eu, meu pai, Jesus, Ezekiel, Laureen, Maggie, Carl e Michonne reunidos novamente no escritório. Rick estava sentado sobre a mesa de madeira, ele estava ótimo, para o alivio de todos.
—Passaram-se doze horas e nada de frente. –Ele diz. —Não estou doente. –Lanço um olhar para Carl e esboço um sorriso, o mesmo retribui. —Considerando isso, juntamente com o que Jesus, Carl e Ivy nos contaram sobre o que Dwight fez durante o ataque a nossa comunidade, estou convencido de que ele está realmente do nosso lado. Dwight deve ter atirado uma flecha limpa. No entanto, acho que temos uma grande oportunidade aqui... –Ele alterna seu olhar entre todos naquela sala, que prestavam total atenção em suas palavras. — Negan acha que estou morrendo devido a infecção, ou que já estou morto. Por isso está acampado perto daqui, como Laureen disse. –Laureen havia nos dito que viu fogo ardendo na floresta ao norte, provavelmente era da fogueira feita pelos Salvadores. — Ele pensa que vamos nos render depois de perder tantas pessoas e ao vê-los prontos para atacar novamente.
—Aquele desgraçado está errando. –Meu pai diz e Rick assente.
—Sim, está. Quero mandar um grupo para fora, sem que os Salvadores os vejam. Assim que Negan e seus homens chegarem aos portões, esse grupo os pegará por atrás, os cercando e os obrigando a lutar em dois lados opostos. –Rick explica.
—Eu vou. –Laureen dá um passo a frente. —Não posso simplesmente esperar aqui até que eles ataquem novamente, preciso fazer algo. –Ela diz decidida e Rick assente.
—Daryl, Michonne, Jesus e Ezekiel... vão com Laureen. Juntem mais umas dez pessoas. Maggie mostrará a vocês uma saída que não esteja sendo vigiada por Negan. Os Salvadores com certeza então focados nos portões principais. –Rick toca seu ferimento e faz uma careta de dor, mas logo se recompõe. —Vamos, pessoal! Isso é o que deve ser feito. Essa guerra acaba hoje!
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