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História Extinct World (Reescrevendo) - Real World - História escrita por SenhoraDixon - Spirit Fanfics e Histórias
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História Extinct World (Reescrevendo) - Real World


Escrita por: SenhoraDixon

Notas do Autor


Oi oi pessoas, como vcs tão? Então desculpa a demora para postas, mas é que eu estava meio sem tempo esses dias. Quero agradecer a NathyDixon e a NathaliaCamille por favoritarem a fic, um grande beijo para vcs e muito obrigado <3

Capítulo 9 - Real World


Fanfic / Fanfiction Extinct World (Reescrevendo) - Real World

Francamente, o que você esperava aprender a respeito daqui?
Se eu fosse um outro alguém, isso tudo desabaria aos pedaços?
Estranho, onde você estava quando começamos este show?
Eu queria que o mundo real simplesmente parasse de me perturbar...
Real World  — Matchbox Twenty

| MUNDO REAL |

~ Carl Grimes ~

O dia foi exaustivo e confuso, e eu estou aflito e preocupado. Meu pai havia passado do limite, ele estava surtando... Exatamente como Shane. Era impossível não me sentir apreensivo com isso, afinal, depois que se passa do limite não há mais voltas... E Shane acabou morto. A verdade era que eu estava com medo, medo de que o mesmo acontecesse com o meu pai.

Já era tarde, por volta das três horas da manhã e aqui estou eu, deitado de barriga para cima, na escuridão aconchegante do meu quarto, encarando o teto como se fosse uma das coisas mais interessantes do mundo. Ainda não consegui fechar os olhos e dormir, pois as preocupações não davam descanso para a minha mente. Eu queria acreditar que tudo ficaria bem, assim como Ivy havia dito, mas simplesmente não conseguia. Parece que nem mesmo ela acredita em suas próprias palavras. 

Ivy é uma garota boa, gentil e legal. Ela não é nem de longe uma ameaça como eu havia pensado, é apenas uma garota que sobreviveu ao inferno e agora está tentando se acostumar com uma realidade totalmente diferente da qual estava acostumada. Mesmo a conhecendo tão pouco, eu já pude notar que ela é durona, mas assim como a maioria das pessoas que enfrentaram o mundo lá fora, ela carrega cicatrizes. Aquelas feridas que fecham, mas fazem com que o ferido jamais volte a ser o mesmo...

Eu não sabia explicar o motivo, mas me sentia muito bem quando Ivy estava por perto, o que era estranho considerando o fato de que nos conhecemos há uma semana, mas esses dias foram o suficiente para perceber que ela é uma garota incrível.

Passo as mãos pelo cabelo, suspiro profundamente e me levanto. Desço calmamente as escadas, tentando não fazer barulho, me direciono até a cozinha e bebo um pouco de água. Aproveito que já estou aqui e resolvo deixar a mamadeira de Judith preparada, pois a mesma acordaria com fome.

Vou em direção á geladeira e abro a mesma, pego o vidro de leite, despejo o líquido em uma panela vazia e ligo o fogão para esquentá-lo. Ouço o som de passos descendo a escada e logo Ivy adentrou a cozinha. Assim que me vê ela sobressalta, colocando as mãos sobre o peito e me encarando com um semblante assustado.

— Você me assustou! ‒ ela diz e em seguida sorriu. Eu retribuo o sorriso.

— Desculpa. ‒ eu digo e Ivy apenas faz um gesto displicente com a mão.

— Então, por que ainda está acordado á essa hora? ‒ ela pergunta enquanto caminha até a geladeira e abre a mesma, pegando uma garrafa de água e um copo no armário.

— Não estou conseguindo dormir. ‒ solto um longo suspiro. — Então resolvi deixar o leite da Judy pronto caso ela acorde com fome. ‒ digo e Ivy esboça um sorriso.

— Você é um ótimo irmão, Carl. Judy é uma sortuda. ‒ ela se vira e abre a geladeira novamente, guardado a garrada de água.

— Ahn... Eu faço o que posso. ‒ dou os ombros. Ela não diz nada, apenas bebe sua água e em seguida leva seu copo até a pia. — Agora é minha vez de perguntar, o que faz acordada á essa hora?

— Insônia. ‒ ela se senta á mesa. — Quase sempre perco o sono.

O silêncio se estendeu entre nós, mas o mesmo foi quebrado por um som um pouco abafado vindo do andar de cima. Logo o reconheço como o som do choro de Judith que pelo jeito acabou de acordar.

— Parece que alguém acordou. ‒ Ivy comenta e eu seguida se levanta. — Eu cuido dela enquanto você termina a mamadeira.

Antes que eu tivesse a chance de agradecer Ivy já havia deixando o cômodo.

Desligo o fogão e despejo o leite quente na mamadeira de Judith, tampando a mesma e a chacoalhando. Verifiquei se o leite não estava quente demais e então fui para o andar de cima, encontrando Ivy com Judy no colo cantando uma canção. Minha irmãzinha estava com a cabeça encostada no ombro da menina e brincava com as pontas do cabelo da mesma. Um sorriso discreto se formou em meus lábios, era impossível não sorrir com a cena. A voz de Ivy era muito bonita e Judith parecia concordar, pois sorria para a garota.

— ...How could she be so cool? How could she be so fine? I owe a favor to a friend. My friends, they always come throug...‒ ela se interrompe ao notar a minha presença.

— Continua, ela estava gostando. ‒ eu digo e noto as bochechas de Ivy corarem.

—  Ahn... Sério? Eu acho que se ela soubesse falar já teria me mandado calar a boca. ‒ ela diz num tom brincalhão, o que me fez rir.

Entrego a mamadeira para Ivy, e ela se senta em minha cama, ajeitando Judith em seu colo e entregando o leite para a mesma. Permaneço alguns segundos em silêncio a observando, ela passava a mão delicadamente pelo ralo cabelo dourado de minha irmã e sorria. Ivy era linda, ninguém podia negar isso, e ao mesmo tempo em que ela parecia sensível e frágil, parecia também decidida e selvagem, como se nada no mundo a abalasse. Mas eu sabia que isso não era verdade, bastava olhar em seus olhos claros para ver que ela carregava uma grande tristeza dentro de si.

— Você é boa nisso. ‒ eu me refiro ao seu jeito de lidar com um bebê. — Tinha irmãos?

— Eu era filha única. ‒ ela responde desviando seus olhos de Judith para me encarar. — Mas eu tinha um irmão adotivo, quer dizer, ele era meu vizinho e nós crescemos juntos. Ele foi o mais próximo de um irmão que eu tive. ‒ ela sorriu.

— O que aconteceu com ele? ‒ eu pergunto, mas me arrependo assim que noto o olhar triste de Ivy. Eu já até podia adivinhar o que aconteceu...

— Ele... ‒ ela pondera por alguns instantes.  — Ele foi assassinado.

— Você viu? ‒ pergunto curioso e logo repreendo a mim mesmo por ser assim.

— Sim... ‒ ela responde vagamente. — O tiro, o corpo dele caindo sobre o meu colo, minhas bochechas tingidas com o sangue dele... ‒ ela fecha os olhos com força e chacoalha a cabeça, provavelmente tentando espantar as memórias que vieram à tona. Eu me sinto culpado por ter a obrigado a reviver lembranças ruins... — Foi horrível.

Permaneço a encarando em silêncio e sem saber o que dizer. Se havia uma coisa que eu odiava era que tivessem pena de mim, e Ivy parecia odiar isso também, pude perceber isso ontem durante o jantar quando Eugene perguntou sobre seus pais.

— Minha mãe morreu quando Judith nasceu. ‒ eu começo a falar e Ivy me encara. — Eu precisei fazer uma escolha, sabe? Ou eu a matava ou ela voltaria como uma daquelas coisas... ‒ faço uma breve pausa. Falar daquele assunto era difícil, não importava quanto tempo se passasse, ainda seria difícil. —Então eu atirei. Eu a matei... Tinha que ser eu.

A essa altura Ivy já não tinha seus olhos focados em mim, agora ela fitava o chão.

— Por que está me contando isso? ‒ sua voz estava embargada. Sei que ela quer chorar, mas eu tinha certeza que ela não faria isso, pelo menos não na minha frente. Ivy parecia ser o tipo de garota que não gostava de chorar na frente de outra pessoa.

— Porque... ‒ penso por alguns instantes antes de responder. A verdade era que eu não sabia ao certo porque estava contando sobre aquilo, mas por alguma razão sentia que eu precisava compartilhar isso com ela. —... Todos nós perdemos pessoas importantes. Você não é a única que sofre com a ausência de alguém. Eu entendo Ivy, eu sei como é perder pessoas, sei como é enfrentar situações difíceis e sei como é sobreviver em um mundo feio como esse. A vida não foi gentil conosco, todos nós já nos machucamos em algum momento, mas nós sobrevivemos. Tudo que passamos e fizemos nos tornaram quem somos hoje. Devemos sentir orgulho as nossas cicatrizes.

Após as minhas palavras o silêncio reinou no quarto. Ivy permanecia calada enquanto afagava o rostinho de Judith com o polegar. Seu olhar era triste e aquilo me incomodava, eu queria abraçá-la naquele momento, mas era covarde demais para fazer isso.

Eu não fazia ideia da intensidade das coisas pelas quais Ivy passou antes de chegar até aqui, mas eu havia descoberto algo sobre ela hoje, ela estava quebrada. E por algum motivo eu simplesmente senti que era meu dever ajudá-la a juntar cada um dos seus caquinhos.

~ Ivy Dixon ~

O dia já havia amanhecido quando eu  deixei o quarto de Carl e voltei para o meu. Conversamos bastante e eu pude conhecê-lo um pouco mais. Carl era tão atencioso, cuidadoso e amoroso com a irmã e eu admirava a capacidade afetiva que ele possuía. Mas não era apenas isso que eu admirava nele, Carl também era um bom amigo, ele me entedia e por algum motivo eu sentia que podia compartilhar qualquer coisa com ele. Talvez fosse por termos histórias parecida, quer dizer, erámos apenas crianças quando a merda foi jogada no ventilador e tudo virou uma tragédia, perdemos pessoas, fizemos coisas e sobrevivemos de alguma forma.

O relógio marcava sete horas da manhã quando eu me levantei e tomei um banho um pouco demorado, depois desci para o andar de baixo e encontrei o grupo reunido na mesa para o café da manhã, exceto Rick e Michonne.

— Bom dia. ‒ eu os cumprimento com um sorrio e me sento ao lado de Carl.

— Bom dia! ‒ eles respondem em uníssono.

Pego o pacote de cereal e despejo um pouco dentro de uma tigela para comer.

— Rick ainda não acordou? ‒ Carol pergunta a Carl que nega com a cabeça.

— Não. Quer dizer, ontem eu e Ivy ficamos até tarde com ele, mas até então ele ainda não havia acordado. ‒ Carl diz e Carol assente.

— Você e Ivy, hum? ‒ Abraham diz lançando um olhar um tanto sugestivo para Glenn, que riu pelo nariz. Eu alterno meu olhar entre os dois, sem entender e Carl parece estar tão perdido quanto eu. — Vocês estão se dando muito bem...

— Somos amigos. ‒ eu o olho assustada e respondo rapidamente.

Abraham nos encarou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso sacana nos lábios enquanto os outros tentavam conter o riso. Eu sinto minhas bochechas esquentarem.

— Nunca disse o contrário, certo gracinha? ‒ ele tinha razão, eu que havia entendido errado. — Mas vocês formariam um par bonitinho.

Carl engasgou com o suco que tomava, eu arregalei os olhos e os outros caíram na gargalhada. Respirei fundo e lancei um olhar para Carl que estava completamente vermelho, não sei se por vergonha ou por ter se engastado, e então começamos a rir também.

Ok aquilo havia sido constrangedor, mas de alguma forma também foi muito engraçado.

O café foi tranquilo, mesmo que a tensão que pairava no ar fosse quase palpável. Abraham de vez ou outra fazia um comentário engraçado tentando quebrar aquele clima ruim, mas não estava funcionando muito. Hoje seria um grande dia e todos estavam preocupados com qual seria a decisão de Deanna.

Depois que terminamos o café da manhã, Carl e eu decididos dar uma volta pela comunidade com Judith. Caminhávamos lado a lado conversando sobre assuntos aleatórios enquanto Carl empurrava o carrinho da irmã pelas ruas de Alexandria.

— Aqueles são Bob e Natalie Miller. ‒ Carl diz apontando com a cabeça para um casal de idosos que estavam descasando na varada de uma casa. — Eles tiveram cinco filhos e doze netos.

— Nossa. ‒ sorrio admirada. — Eu achava que a minha família era grande, mas os Millers venceram.

— Como era a sua família? ‒ ele pergunta enquanto acena para o casal de idosos.

— Em modéstia parte, era a melhor família do mundo. ‒ esboço um sorriso. — O meu avô era gentil e bem humorado, sempre nos fazia rir. Minha avó era carinhosa e adorava mimar os netos, e ela também fazia uma torta de maçã maravilha. ‒ fecho os olhos por um instante e suspiro fundo. Era quase como se eu pudesse sentir o cheio da torta de maçã da vovó JoAnna. — O tio Marco era sério, mas sempre entrava nas brincadeiras e ria com a gente. Tia Elisia era a mais brincalhona, acho que ela puxou o bom senso de humor do vovô George. E a minha mãe... ‒ sinto um nó se formar em minha garganta. — Ela era o meu ponto seguro.  ‒ olho para Carl e ele sorria.

— Vocês eram muito felizes, não é mesmo? ‒ ele pergunta e eu assinto.

— Muito. ‒ sorrio ao me lembrar de cada momento feliz que passamos juntos. — E como era a sua família, Carl? ‒ eu paro de caminhas e Carl faz o mesmo.

— Erámos felizes também. ‒ ele sorri. — Minha avó, meu avô, a tia Evie, minha mãe... ‒ ele parecia perdido nas lembranças. — Sinto muito falta deles. ‒ Carl ergue sua cabeça e observa o céu, eu faço o mesmo. — É estanho saber que todos estão mortos agora.

— Pois é. ‒ suspiro fundo. — Eu me lembro de como foi difícil quando tudo virou do avesso. Parecia um daqueles pesadelos em que você só quer acordar e correr para os braços da sua mãe, sabe? ‒ balanço a cabeça em sinal de negação e volto a fitar o rosto de Carl que agora me encarava. — Mas eu não tinha mais os braços da minha mãe para me proteger. ‒ novamente sinto um nó se formar em minha garganta.

— Posso fazer uma pergunta? ‒ eu assinto e então ele continua. — O que houve com você antes de chegar aqui?

Muita coisa. Foi a primeira resposta que veio em minha mente. Muita coisa aconteceu comigo, mas eu não queria falar sobre isso, pois doía, machucava tanto que eu sentia como se não conseguisse respirar.

— Não importa. ‒ minha voz sai um pouco embargada, mas eu não podia chorar. Respiro fundo e umedeço a garganta na tentativa de não deixar nenhuma lágrima escapar.

— Sim, importa. Coisas ruins também aconteceram comigo. ‒ eu desvio o olhar enquanto coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Eu entendo que você não queira conversar sobre isso, mas quero que saiba que se precisar conversar, desabafar, ou sei lá... Eu vou estar aqui.

Retorno meu olhar para o rosto de Carl e fito seus olhos azuis por um instante esboçando um sorriso em seguida.

— Obrigada... Por tudo. ‒ agradeço.

— Pode contar comigo. ‒ ele sorri. — Temos que ajudar uns aos outros, certo? Afinal, somos amigos não é mesmo?

— É. Parece que somos. ‒ digo soltando uma risada curta. Carl e eu então voltamos a andar.

— Você vai à reunião? ‒ ele pergunta mudando totalmente de assunto.

— Acho que sim. Tem algumas coisas que eu gostaria de dizer para aDeanna.

— Tipo o quê?

— Quero dizer que ela não sabe que porra está fazendo, que as decisões dela cedo ou tarde vão destruir esse lugar... ‒ faço uma breve pausa. — E o mais importante, Rick Grimes não é o perigoso ao ponto de ter que ser expulso, ele sabe o que deve ser feito e faz sem hesitar. Rick não é uma pessoa ruim, ao contrário, ele é uma das melhores pessoas que eu já encontrei nesse mundo.

— Uau. ‒ Carl riu pelo nariz. — Meu pai ficaria muito contente em ouvir você falando dele dessa forma.

— Não quero que essa conversa chegue até os ouvidos do dele, certo?  ‒ digo num tom de brincadeira. — Eu sou durona, preciso manter minha imagem.

— Claro. ‒ ele ri. — Você é durona, mas tem sentimentos.

— Exatamente, Cowboy. ‒ afirmei sorrindo.

— Com certeza isso vai entrar na minha lista de ‘’Coisas que eu sei sobre Ivy Marshall’’.  ‒ solto um riso anasalado. Ele realmente tinha essa lista?

— E o que você sabe sobre mim até agora, Grimes? ‒ pergunto curiosa.

— Não muita coisa. ‒ ele deu os ombros enquanto empurrava o carinho de Judith. — Você ainda é um mistério, Senhorita Marshall.

Eu ri com ‘‘Senhorita Marshall’’. Formalidades não combinavam comigo, nem com Carl.

— Todos somos um mistério para os outros e para nós mesmo, Grimes. ‒ pisco para ele, que ri.

— Você tem razão. ‒ ele assente.

— EI CARL! ‒ ouvimos uma voz, paramos de caminhar e nós viramos na direção de onde a mesma partiu.

Eram três pessoas, dois garotos e uma garota, eles aparentavam ter a minha idade. Eu logo reconheci a menina, era a mesma que ajudou Carl a se levantar depois que o mesmo caiu no chão após tentar conter a briga entre Rick e Pete.

— E aí, Ron, Mikey. ‒ Carl diz cumprimentando os dois garotos com um High Five.

A garota me olha dos pés até a cabeça por alguns segundos e eu faço o mesmo. Acho que Carl percebeu isso, pois logo falou:

— Galera, essa é a Ivy. Ela é nova por aqui. ‒ os garotos focaram seus olhares em mim e sorriram enquanto a menina permanece sem esboçar nenhuma reação.

— Oi Ivy. ‒ um dos garotos me cumprimentou. — Eu sou Ron, Ron Anderson. E esses são Mikey e Enid. ‒ aponta para os outros dois respectivamente. — Bem vinda á Alexandria.

— Obrigada. ‒ sorri timidamente.

Encaro a garota por mais alguns segundo e então ela esboça um sorriso e eu retribuo.

— Então Carl, a gente estava indo lá em casa jogar videogame, quer vir? Você também pode vir se quiser Ivy. ‒ Ron diz e no mesmo instante olho para Carl, buscando uma resposta. Ele esboça um sorriso e maneia a cabeça como se dissesse ‘’Tudo bem, eles são gente boa’’.

— Eu topo. ‒ Carl diz mais uma vez os olhares foram voltados para mim.

— Ahn... Eu também topo. ‒ contraio os lábios em uma tentativa falha de sorrir.

— Certo. Vamos então. ‒ Ron diz sorrindo.

— Vocês podem ir primeiro. Eu vou deixar Judith em casa. ‒ Carl diz e então olha para mim. — Por você tudo bem? ‒ quis dizer que não, eu ainda estava reaprendendo a me acostumar com pessoas, mas eu precisava tentar me relacionar com outras, mesmo que a ideia me deixasse um pouco apreensiva.

— Tudo bem. ‒ assinto.

O caminho inteiro foi em silêncio e eu me senti completamente desconfortável. Mikey e Ron tentavam puxar assunto comigo, mas eu apenas respondia com respostas simples, já Enid permanecia quieta e eu pude notar que ela não era de falar muito. Eles eram legais, o problema era eu mesma. É como se houvesse um fardo sobre mim me puxando para o chão e eu ainda estou tentando me livrar dele. Um dia de cada vez, certo?...

Ao chegarmos à casa de Ron entramos na mesma e logo uma mulher loira apareceu e nos cumprimentos. Eu a reconheci no mesmo instante, era a mesma mulher que também tentou separar a briga de Rick e Pete.

— Mãe, essa é a Ivy. ‒ Ron diz à mulher. — Ivy, essa é a minha mãe, Jessie.

— Olá Ivy. ‒ a mulher disse sorridente. — Rick falou sobre você. Seja muito bem vinda à Alexandria.

— Obrigada, Jessie. ‒ esbouço um sorriso para a mesma.

Subimos para o andar de cima e fomos para o quarto de Ron. Enid se jogou na cama assim que entrou no cômodo e Ron e Miley foram em direção ao videogame que havia ali, enquanto eu fiquei parada no batente da porta sem saber o que fazer. Ron pareceu perceber meu desconforto, pois se levantou e veio até mim.

— Então, o que você prefere: Videogame ou baralho?

— Ahn... ‒ penso por um instante. — Videogame...

***

— Merda! Não acredito que perdi de novo. ‒ Mikey exclama enquanto eu sorrio por ter vencido novamente. Estamos jogando um jogo de luta e eu havia vencido as três partidas que jogamos até agora. — Você só pode estar roubado.

— Eu falei cara, ela é muito boa nesse jogo! ‒ Ron diz e eu solto um riso anasalado.

Olho para Enid, que apenas observava a cena sem dizer nada.

— Sua vez Enid, vamos ver se pelo menos você consegue ganhar da Ivy. ‒ Ron chama a garota e ela se levanta e vem em nossa direção, se sentando ao meu lado. Ron entregou o controle para ele e eu iniciei uma nova partida.

O jogo tinha dois rounds e casa houvesse um empate teria o terceiro, foi o que aconteceu. Eu ganhei o primeiro, Enid o segundo e por fim, ela acabou vencendo o último também.

— Uau cara! Vocês duas são demais! ‒ Mikey diz num tom um tanto entusiasmado, o que fez Enid e eu rir.

O som de alguém batendo na porta chama nossa atenção, olhamos para a mesma e encontrando Carl parado ali.

— Ei Carl, você perdeu cara! ‒ Ron diz enquanto o garoto adentra o quarto. — Ivy e Enid são muito badass jogando! Elas são melhores do que a gente!

Carl me encara com uma sobrancelha arqueada e eu sorriso divertido nos lábios, eu apenas dou os ombros e esboço um sorriso.

— Ei Enid, será que eu posso jogar com a Ivy agora? ‒ ele pergunta para agarota, que não responde, apenas se levanta e entrega o controle para o mesmo. Carl se senta ao meu lado. — Você vai perder agora.

— Veremos, xerife. ‒ digo num tom brincalhão e início o jogo novamente.

A partida não teve muito graça, afinal eu ganhei os dois rounds com muita facilidade. Carl ficou indignado, o que rendeu muitas risadas de todos ali, até mesmo Enid, que era a mais séria de todos, riu. Eu realmente tinha gostado de passar um tempo na casa de Ron, foi como se a vida fosse normal e fossemos apenas adolescentes normais que passam um tempo juntos, mas eu sabia que aquilo era só uma ilusão.

Depois de um bom tempo jogando videogame na casa de Ron, Carl e eu resolvemos voltar para a nossa casa e quando chegamos até a mesma recebemos a notícia que Rick havia acordado. Foi um alivio para todos, principalmente para Carl que pareceu ficar um pouco mais tranquilo. Ele foi ver o pai e eu fiquei sentada na varada de casa observando a pouca movimentação nas ruas de Alexandria.

Foi quando ouvi passos se aproximando de mim e rapidamente olhei na direção deles, me deparando com Nathan e ao lado dele havia um garotinho que não devia ter mais de dez anos.

— Ei Ivy! ‒ ele para em minha frente.

— Oi. ‒ digo normalmente e então encaro o garotinho que sorria amigavelmente.

— Esse é o Simon, meu irmão mais novo. ‒ Nathan diz e eu assento, mostrando ter entendido.

— Oi Simon. Meu nome é Ivy. ‒ digo sorrindo para o garoto.

— Maninho, essa é a menina bonita que você falou? ‒ o garoto pergunta. No mesmo instante as bochechas de Nathan ficam vermelhas e eu me contenho para não rir. — Ela é muito bonita mesmo! Parece uma princesa encantada.

— Gentileza sua. ‒ sorrio para o menino. — E do seu irmão também. ‒ olho para Nathan, que desvia o olhar.

— Simon, por que você não vai brincar com o Sam, uh? ‒ Nathan pergunta e Simon cruza os braços fazendo um bico muito fofo.

— Você quer ficar conversando com a menina bonita sozinha, não é mesmo Nate? ‒ solto um riso anasalado. Simon falava como se fosse um adulto.

— Anda logo, pirralho. Senão eu nunca mais vou roubar chocolates da Olivia para você. ‒ ele diz e o garoto arregala os olhos.

— Ok. Ok. ‒ Simon bufa, dando as costas e saindo dali batendo os pés. Eu ri, ele era muito fofo.

— Ahn... Desculpa por isso. Simon fala demais ás vezes. ‒ Nathan se senta ao meu lado.

— Tudo bem. Ele é uma graça. ‒ digo e ele ri pelo nariz.

Ficamos alguns instantes em silêncio, até que Nathan resolveu dizer:

— Então, eu fiquei sabendo de uma reunião que vai ter hoje...

— Pois é. ‒ solto um longo suspiro. — É a reunião onde irão decidir o que fazer com o Rick.

— Você acha que vão expulsá-lo?

— Não sei. ‒ dou os ombros. — Mas esse assunto está tirando a paz de todos, até mesmo a minha.

— A minha também. ‒ ele diz e eu o encaro com uma sobrancelha arqueada e sem entender seus motivos para estar preocupado. — Não quero que vocês sejam expulsos. Na verdade, não quero que você vá embora.

— Pena que não é você quem decide isso. ‒ balanço a cabeça em sinal de negação. — Seria mais fácil se fosse. Mas quem vai decidir será a Deanna. E eu espero que ela faça o que é certo.

— Eu também...

***

Depois que Nathan foi embora eu resolvi entrar e fui para o meu quarto. Acabei dormindo e quando acordei já era noite. Levantei em um pulo, correndo escada abaixo e deixando a casa. A reunião já devia ter começado e eu precisava chegar lá o quanto antes se eu quisesse ser ouvida por Deanna.

Assim que chego ao local onde estava acontecendo a reunião eu me posiciono ao lado de Maggie e escuto atentamente enquanto Carol discursava. Rick não estava presente, o que era preocupante.

— Eu serei direto. ‒ agora quem falava era Abraham. — Existe um grande oceano de merdas das quais vocês não sabem merda nenhuma! ‒ os moradores ali presentes ouviam atentamente. — Rick conhece cada pedacinho dessa merda. E muito mais.

O próximo a discursar foi um morador de Alexandria, eu não o conhecia, mas o odiei um pouco pelo mesmo apoiar a expulsão de Rick.

— Rick Grimes também salvou a minha vida. ‒ dou um passo à frente e fixo meu olhar em Deanna, que me encarava de volta. — Ele me trouxe até Alexandria, cuidou de mim... ‒ faço uma breve pausa. — Ele me deu esperanças quando não me restava mais nada! E mesmo o conhecendo pouco sei que ele não é uma má pessoa. Ele só quer sobreviver, ele quer que todos sobrevivam. Rick não é quem você pensa, Deanna. Ele não é quem VOCÊS pensam que é!

— Meu pai respeitava Rick Grimes. ‒ Maggie se colocou ao meu lado. — Rick é pai também. Ele é um homem de coração bom e sente as coisas que faz. ‒ ela afirma com convicção. — As coisas que precisa fazer. ‒ ela dá ênfase em ‘’precisa’’. — E todos nós que estávamos juntos antes de encontrar esse lugar, não importa como nos conhecemos, somos uma família agora. Rick começou isso e vocês não vão impedir. Vocês não podem. Nem querem. ‒ ela alterna seu olhar entre todos que estavam presentes. — Essa comunidade... Vocês... Aquela família... Vocês querem fazer parte dela.

O silêncio se instalou entre nós por um instante, mas logo Deanna deu um passo a frente e começou a falar.

— Antes que alguém fale algo mais, eu gostaria de falar algo pelo espírito de transparência. ‒ ela junta suas mãos. — O padre Gabriel me procurou anteontem. Ele disse que os recém-chegados não são de confiança. ‒ cerro os punhos. Eu não conhecia o padre, apenas de vista, mas até onde eu sabia ele era parte do grupo de Rick.  — Disse que eram perigosos e que se colocariam acima desta comunidade. E nem um dia depois Rick pareceu demonstrar tudo que o padre Gabriel disse.  ‒ ela suspira profundamente. — Eu esperava que Gabriel estivesse aqui hoje.

— Mas ele não está. ‒ eu digo a encarando. — Então você só está repetindo o que alguém disse. ‒ arqueio uma sobrancelha e tombo minha cabeça para o lado. — Você o filmou dizendo isso, Deanna?

— Ele não está aqui. ‒ Maggie repete.

— Nem o Rick. ‒ Deanna rebate.

Novamente o silêncio se estendeu entre nós. Maggie encarava Deanna com um olhar de indignação.

— Com licença. ‒ a mulher diz e deixa o local. Eu pensei em fazer o mesmo, mas logo desisti, precisava saber onde essa conversa iria chegar.

Sento ao lado de Eugene e escuto enquanto um morador, Tobin eu acho, discursava. Ele falava sobre proteger sua família, mas ele não terminou seu discurso, pois Rick entrou no lugar completamente sujo de sangue e carregando um errante morto. Eu me levanto no mesmo momento em que ele joga o cadáver no chão e todos o olham chocados.

O portão estava aberto e errantes entraram, foi o que Rick disse. Ele começou um discurso, expondo toda a verdadeira sobre a nova realidade em que vivíamos, mas dessa vez não parecia um louco como quando apontou uma arma para pessoas inocentes. As pessoas acreditariam nele agora, eu sabia disso.

As coisas estavam indo bem até Pete aparecer completamente bêbado e descontrolado, gritando que Rick não era um de nós. Ele estava com a katana de Michonne e eu senti que algo ruim estava prestes a acontecer.

E aconteceu...

Reg, marido de Deanna, tentou impedi-lo, mas acabou recebendo um golpe de espada no pescoço. O homem levou as mãos até o pescoço ensanguentado e caiu nos braços de Deanna, que gritava desesperada.

Agora Deanna sabia a verdade, ela havia entendido...

Foi então que aquilo que devia ter sido uma reunião pacifica atingiu seu ápice.

— Rick, atire! ‒ foram as palavras de Deanna.

Sem nem ao menos hesitar, Rick mirou sua arma em direção a cabeça de Pete, que estava caído no chão sendo segurado por Abraham, e atirou. Um tiro certeiro...

O silêncio reinou, o único som que se podia ouvir era o choro desesperador de Deanna, que estava debruçada sobre o corpo de Reg. Mas o silêncio não durou muito, ele foi quebrado por apenas uma palavra, ou melhor, um nome.

— Rick?  ‒ era um homem moreno e junto a ele havia outro homem, que carregava consigo uma besta.

Foi automático, meu olhar se fixou no homem e eu o analisei cuidadosamente. Seus cabelos eram castanhos escuros, sua aparência era musculosa, não consegui ver a cor de seus olhos devido a iluminação ruim, mas eu tinha quase certeza que eram azuis como os meus, e ele usava com colete de couro. Por algum motivo, sinto que o conheço de algum lugar, mas não consigo me lembrar de onde. Era estranho, eu nunca havia sentido uma sensação como essa antes.

Desvio meu olhar para o corpo de Pete e depois para o corpo de Reg, suspirando profundamente.

Esse era o mundo real, um lugar horrível, um verdadeiro show de horrores... E agora essas pessoas sabem. 

Continua...


Notas Finais


Então gente é isso, espero que gostem no capítulo. Vou tentar não demorar mais para postar!
Beijão <3


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