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História Faces de um só. (Drarry) - Capítulo 15 - História escrita por TheMOBfanfics - Spirit Fanfics e Histórias
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História Faces de um só. (Drarry) - Capítulo 15


Escrita por: TheMOBfanfics

Notas do Autor


Boa leitura anjos 💚

Capítulo 15 - Capítulo 15


Naquela noite, eu me sentia pensativo e levemente reconfortado por ouvir mais que falar. É engraçado, sei que deveria ser ao contrário, mas ouvir quase exatamente o que sinto em alguém do outro lado, me sentia menos sozinho.

Na verdade não era a mesma coisa, ele era amado, almejado e um herói, coisa que nunca iria ser, mas me surpreende o fato de até mesmo os heróis tenham seus próprios demônios. Poderiam não ser tão fortes ou intensos como os meus, ou até eram, mas se havia alguma coisa que admitia todos os dias a mim mesmo, e apenas a mim, era que Draco Malfoy era um garoto ainda assustado, traumático e aterrorizado demais para lidar com isso. 





POV. Harry





— Fala sério Harry, Parvati Patil era até que gente boa.—  


— Essa é literalmente a pior forma de falar que alguém não é tão atraente sem ser ofensivo Rony.— Ron deu de ombros a Hermione enquanto eu ria dos dois. 


Era terça feira de manhã e estávamos jogados em nossas camas, estando Hermione e Ron na dele e eu só na minha. 


— Mas sério, não rolou nada?— Ron insistia em questionar minha falta de interesse em relações desde que havia acordado e contara sobre seu sonho em que Gina e eu, ainda estávamos juntos. 


Franzi o cenho em uma cara desinteressada enquanto brincava com a ponteira do cordão de meu moletom escuro.


— O que esperava que rolasse Rony? Harry não é como você e a estranha sem vergonha da Lilá Brown.— Hermione as vezes era tão simples como complexa, pelo menos para mim, era fácil e perceptível qualquer emoção que ela insistia em esconder, e ali era nítido os resquícios de ressentimento mesmo que Lilá já estivesse morta desde a Guerra. 


— Você fala como se não fosse estranha e sem nenhum pingo de vergonha quando estamos sozinhos.— 


— Aah Rony!— Joguei meu travesseiro no mesmo que continha um sorriso travesso e recebera o revirar de olhos de Hermione. — Me poupa disso! —


— Sem noção.— Hermione bufou agora corada, mas Ron nem parecia se importar. 


— Mas fala, dentre as várias garotas naquela escola que eram loucas por você além de Cho e a Gina que foram seus relacionamentos definitivamente, nem mesmo minha irmã que é um mulherão conseguiu prender você. Qual seu problema Harry Potter? — 


Ron parecia mais curioso que indignado, foi um alívio enorme quando o mesmo parou de implicar tanto com o fato de Gina e eu estarmos em um relacionamento, na verdade, estávamos. 


—Nenhuma garota era extremamente “louca” por mim Rony, elas eram loucas pelo Eleito.— 


— Tenho que discordar de você Harry.— Hermione iniciou se sentando ao meu lado.— Você é doce, é corajoso, de uma inteligência duvidosa....— A mesma riu quando fechei a cara numa falsa indignação.— ..continuando, tem um coração bom, uma energia pura e incrível, além de cavalheiro mesmo com esse jeitinho tímido e desconcertado ao fundo quando se atrapalha com alguém que gosta. Esse charme em você que fazem as meninas se encantarem, claro, além disso, você é lindo demais mesmo andando que nem desleixado.—


— Nossa Hermione, você é doce como uma patada.— Brinquei vendo a mesma rir e continuar.


— E também cheira muito bem o que conta com 50% do encantamento, mulheres adoram um perfume marcante, normalmente é ele que chega primeiro antes da pessoa que o usa, então o mesmo é responsável por atrair a atenção.—


— Então eu sou cheiroso, bonito e cavalheiro?— Ron perguntou parecendo ignorar metade do que Hermione havia dito.


— Não seja egocêntrico Ronald, nem tudo o que disse de HARRY, se aplicam a você.— Hermione e eu caímos em risos quando Ron nos olhou indignado com uma falsa tristeza. 


— Nossa Hermione, você me odeia mesmo.— A mesma mandou um beijo para o outro que revirou os olhos mas logo com um sorriso no rosto.— Sabe Harry, acho que se daria bem com Luna, ela é estranha mas é muito linda e legal.— 


Franzi o cenho inclinando a cabeça para o lado, talvez esse questionário de Ron me fizesse pensar que tinha razão....Bom, talvez, a única certeza de que tinha era que não pertencia a ninguém, e nunca iria pertencer, não desde que isso significasse ser controlado como fui um dia. 


— Ela não é bem meu tipo.— 


— Nem ela e nem qualquer outra garota você quis dizer.— Hermione brincou porém encarando-me enquanto Ron parecia distraído, tentando não parecer que havia escutado, voltei a ponteira distraidamente. Não é como se não soubesse o que a mesma pontuava, mas era algo estranho, era novo e era uma questão apenas minha, não sabia nem como rolava, principalmente com os atuais acontecimentos com Draco Malfoy. 


Não sabia se era ele ou apenas eu....


— Se bem que Patil e Lilá eram meio chatas.— Ron comentou parecendo se lembrar de antigamente, pude reparar na reação azeda de Hermione que logo se endireitou cruzando os braços. 


— Chata é apelido, definitivamente aquela garota era desprovida de qualquer noção e senso do ridículo.— A mesma parecia comentar sem perceber fazendo-me rir. 


— Nisso você tem razão Mione, apesar de estar me referindo as duas e não só a Lilá.— Pude ver o rosto de Hermione se avermelhar e virar lentamente para Ron que paralisou. 


— Ih, deu merda.— Disse mais para mim mesmo quando a voz dos dois em uma discussão com trocas de argumentos mais idiotas que ja tinha ouvido, foi o único som ecoando no quarto pelos minutos que se seguiam. Nos dois primeiros, me levantei rendido e sai do quarto em direção ao banheiro, não tinha o porque nem pra quê, mas era o único lugar que poderia passar ao menos quinze minutos completamente só. 


A fora, pude ouvir as vozes de Parkinson e Zabini, logo em seguida a de Malfoy com poucas palavras e objetivas para evitar muitas especulações. Com alguns poucos dias, me vi conseguindo entender mais o loiro do que a mim mesmo, como fala, como anda, como observa tudo e retira coisas úteis guardando dentro de si. Me via mais fascinado por alguém que conhecia a tantos anos mas ao mesmo tempo não sabia nada sobre. 


Desde aquela noite, não que houvesse mudado muita coisa, Malfoy seria o mesmo em qualquer universo em que estivéssemos, mas podia sentir que se diferia dos outros dias, pelo menos com relação a mim. Não havíamos virado amigos, muito menos colegas, mas não haviam mais insultos, muito menos paredes de gelo que o faziam ignorar cada resquício da minha existência. 


Era quase como se Malfoy me permitisse existir em sua vida.


E talvez, me pegando ali pensativo, flagrei-me imaginando que iria fazer juiz a essa existência e me mostraria ali.




— Harry?— O toque suave na porta seguido da voz de Potter, fez-me acordar e destranca-la logo em seguida. — Preciso falar com você.— Assenti com o rosto vendo o mesmo se virar e adentrar ao escritório. Ouvir sua voz se dirigindo a mim me fez observar o quanto tinha ficado diferente, mesmo que com os mesmos traços marcantes que nos entregavam sermos definitivamente a mesma pessoa, eu não tinha crescido nem um pouco, mas estava mais encorpado e de certa forma, com o ar mais adulto. O que me faz perguntar o que um dia me fez mais sério e agora um pouco estranho, me conhecia bem para saber que alguma coisa tinha, então me lembrei do dia na sala de Minerva onde o tacar, foi como vivenciar sua vida por outra perspectiva, eu era ele e ouvia tudo, um bolo de vozes e gritos ensurdecedores junto com imagens borradas, era agonizante. 


Atravessei o corredor adentrando a mesma porta que Potter, fechando-a logo em seguida. O mesmo se escorou na mesa e eu me sentei no pequeno sofá próximo. 


— Então, gostaria que me ajudasse com um empecilho.— 


Soltei uma pequena risada leve que fez o mesmo arquear uma sobrancelha. 


— Eu sou você, não precisa falar comigo como se fosse um estranho. Nós dois sabemos bem o que um e o outro pensa.— Potter parece relaxar seus ombros e pensar um pouco. 


— Esta bem....Espero que entenda o porque, nunca pensei que vocês e até mesmo eu na sua idade fosse algo tão difícil de lidar. Adolescentes passando para a fase adulta são os piores.— O mesmo riu descontraidamente assim como eu. 


— A gente ainda não teve tempo de conversar.— Apontei vendo o mesmo se tencionar novamente. 


— É....tem coisas demais acontecendo.— Encarei-o debaixo a cima analisando-o.— Bem, te chamei porque finalmente consegui entrar em contato com Kingsley, o mesmo travou um pouco mas logo soltou onde os Malfoy estão, pedi sigilo como uma missão pessoal da Ordem para que ele não voltasse a falar sobre e chegasse aos ouvidos do nosso eu de hoje. — Escutava com atenção.— Teremos que nos preparar, eles estão sob alta vigilância sim, mas nada que eu não possa lidar. Quando Narcisa subornou e ameaçou muitos cobrando dívidas e favores de pessoas de dentro do ministério, Lucius Malfoy foi liberado, portanto não está em Azkaban. — 


— Mas Kingsley arrumou outra forma de faze-lo pagar....— Potter assentiu com a cabeça. 


— Antes de Lucius ser liberado, Kingsley já temia que isso iria acontecer antes mesmo do julgamento, então procurou maldições intensas, recorrendo até mesmo a magia negra. Ele achou uma em que se assemelha a um inferno pessoal, Lucius não pode dormir, cochilar ou parar um segundo para pensar, se não sua mente se escurece e as imagens de todos seus delitos, cada lembrança ligada as mais fortes emoções obscuras, fica passando em sua mente uma atrás da outra se repetindo como em um lupe. — 


Eu sabia que deveria sentir compaixão ou sei lá, mas não por Lucius, não por aquele Malfoy especificamente. Se soubesse que aquele tipo de maldição existia, o teria sentenciado a isso eu mesmo em seu julgamento, imagino como seria algo pior que a própria morte....


E por um vago lampejo, Draco Malfoy veio a minha mente, todas as últimas vezes em que conversamos e mesmo dava o mínimo do mínimo de pistas sobre ele. Então minha mente se iluminou como uma luz, ou pior, uma luz fraca no meio do escuro, era assim que Malfoy se sentia, poderia ser isso, um castigo tão cruel que vai surgindo do nada e se apossa de todo ele. 


Ele era o próprio carrasco, ele tinha uma maldição autodestrutiva e talvez isso fosse a justificativa de tudo.....Mas não, não era mágico, não era enérgico, era apenas ele e o próprio manicômio mental...


— Harry?— Acordei vendo Potter agachado a minha frente.— Você está bem?— Com meus pensamentos nem havia percebido que meus dedos apertavam a almofada com força e meu rosto se franzia sozinho...


— E-Eu...to bem..— Potter sorriu pequeno e se sentou a no chão.


— Eu sou você, não precisa falar comigo como se fosse um estranho.— O mesmo repetiu a frase que havia o dito logo que entrei.— Eu sei que a algo de errado e sei muito bem que não sabe lidar com todos os problemas do mundo sozinho. Posso não ser tão bom quanto Hermione mas por incrível que pareça, me desenvolvi internamente um pouco.— 


— Isso não pegou bem.— Ri descontraído com o mesmo que logo me seguiu. 


— É, realmente.— Então logo dissipando, Potter percebeu meu olhar longe e um pouco pensante. 


— Posso te fazer uma pergunta?— O mesmo assentiu com um sorriso reconfortante, com meros pensamentos regados de sensações e sentimentos que não intendia bem, respirei fundo encarando minhas mãos.— Quando a guerra acabou e você seguiu a vida, percebeu alguma vez que tudo que pensava ser certo, não passava de uma ilusão e que a realidade é assustadora....— Parei um pouco vendo o mesmo um pouco confuso com o que havia dito.— ...quero dizer, algum dia, descobriu talvez ser algo em que nunca pensou e pareceu ser totalmente confuso e....merda!— 


Cobri os olhos com as mãos, esfregando-os e mantendo ali. Me sentia uma bola de perguntas sem respostas e sensações novas, completamente estranhas e assustadoras ao mesmo tempo. O que era engraçado, o Eleito domava dragões, matava monstros, arriscava a vida por todo o mundo bruxo desde que se entendia por gente, mas não sabia lidar com o próprio coração.


— Ei...— Senti o estofado do sofá se afundar ao meu lado e logo julguei ser Potter se sentando. — Sabe, acho que me lembro desse exato momento, porém de outra forma.— Levemente curioso pelo comentário, levantei um pouco o rosto olhando-o.— Acho que sei exatamente o que está sentindo. Eu não tive um eu do futuro extremamente incrível como você tem agora para lhe ajudar com isso...— O mesmo deu uma pequena pausa fazendo-me revirar os olhos.—...Mas eu ainda acho difícil na sua atual situação.— 


Arqueei uma sobrancelha não entendendo, era evidente que Potter já teria presenciado tudo pelo que estávamos passando, mas não deixava de ser estranho.


— Eu, só não entendo, não consigo entender como ou quando foi, as vezes penso que poderia estar apenas ali e eu nunca reparei.... Mas ao mesmo tempo parece fugir tanto da minha própria realidade...— 


— Harry.— Parei ouvindo-o.— Pense que, a vida toda, você tinha um propósito, nasceu com ele e mesmo tendo achado que tudo acabou, eu apareço do nada e jogo mais uma bomba encima de vocês. Desde então, você viveu e vive pra isso, nunca tirou nada dessas coisas para si, claro que, ganhou uma família enorme, amigos que são como irmãos, viu e fez coisas que jamais alguém pensou. Mas nunca parou para pensar em si, se descobrir e ver quem é o verdadeiro Harry.—  


O ouvia atento, era engraçada a forma como você mesmo estar se ouvindo se aconselhar, mas de que forma seria melhor por alguém que viveu, vive e viverá a mesma vida que você, lhe entender extremamente bem para isso. 


— Nós dois sabemos do que estou falando Harry.— O mesmo atraiu minha atenção novamente. — Não posso dizer muito, não posso interferir mais que o necessário, mas acho que no fundo nós dois sempre soubemos, mas esteve adormecido conforme fomos nos colocando de lado... Sabe, peço apenas para que não deixe essa “descoberta” para depois, só irá lhe fazer mal.— 


Então o mesmo sorriu mais uma vez e se levantou. 


Eu estava num estado entre estático e inquieto, um meio termo bem agonizante. Eu mais que ninguém, repudiava títulos, rótulos, estereótipos, e meio que a vida me jogou contra minha própria crença. Eu era Harry Potter, O menino que sobreviveu, o Eleito, a esperança do Mundo Bruxo, O descendente dos irmãos Peverell, O menino que matou Voldemort e salvou o Mundo Bruxo, eu era tudo....menos eu mesmo.


Quem era o Harry?


Apenas o Harry.....Nem mesmo eu sabia as vezes, ai então me descobri alheio a qualquer limitação, inclusive aquela de que “não sentirás atrações por Sonserinos ex Comensais da morte”. 


Ok, tá certo que eu inventei essa agora, mas estava perdido, sabia que me encontrava ferrado, já havia prometido a mim mesmo de que não me faria passar pelo surto de me descobrir atraído por homens. 


Não, era a menor das minhas preocupações...


A única e pior parte era finalmente assumir para mim mesmo que me sentia horrendamente atraído sim por um único homen, esse homem em específico ser Draco Malfoy, o fucking Draco desgraçadamente lindo e ridículo Malfoy. 


E se até mesmo meu eu do futuro pediu para que não relutasse contra isso....então talvez eu estivesse realmente condenado a aceitar.....talvez.





Passei o resto da manhã ali, Potter tinha voltado a parecer um pouco distante e mais sério, eu queria perguntar, me sentia no dever....Mas também sentia que não era a hora e a resposta pra mais essa curiosidade, poderia sobrecarregar minha cabeça que já latejava em dor. 


Pelo visto, Lucius parecia ter enlouquecido, e apenas Narcisa ainda o mantinha perto e o cuidava, mas essa não era a pior parte. Eu estava em conflito comigo mesmo literalmente, a única forma para que pudéssemos entrar na mente de Lucius sem que o mesmo percebesse, seria simulando a lembrança mais cruel e horrenda com Malfoy, e eu não teria coragem de pedir isso, não para ele. 


Malfoy teria que atuar simulando seu próprio pesadelo e não precisava ser o mais empático do mundo para saber que aquilo destruiria até as mais fortes mentes. E neste exato momento eu tinha certeza de que a de Malfoy era sensível demais para isso. 





O dia se passou rotineiro, Hermione, Pansy e Luna haviam saído juntas para averiguar a comunidade, seria extremamente incrível se não fosse Potter obrigando-as a conviver como seres humanos normais. Ron, Potter e eu estávamos sentados no balcão da cozinha sendo os dois de um lado e eu de frente para a sala de estar, Ron tentava mais uma vez extrair informações do futuro sobre sua vida de Potter, mas com toda paciência que eu realmente não sabia de onde havia tirado, o mesmo parecia sempre contornar suas perguntas com alguns assuntos que os faziam rir. Esses mesmos assuntos que não sabia sobre o que eram, muito menos havia reparado que Ron não estava mais ali, estava ocupado demais observando Malfoy sentado ao lado da janela com seu caderno negro em uma mão e um lápis entre os dedos, cujo a ponta encostava levemente em seu lábio inferior juntamente com a feição concentrada do mesmo. 


— Você tem sorte de Rony ser extremamente lerdo.— Potter comentou atraindo minha atenção a si.— Hermione tinha razão,eu realmente nunca fui muito discreto.— 


Corei levemente abaixando o rosto, era óbvio, não adiantaria negar para mim mesmo. 


— Vai fazer algo sobre?— O mesmo questionou fazendo-me levantar o rosto olhar Malfoy novamente.—


— Eu....eu não sei.—


— Se eu fosse você, pensaria menos. Você não é bom com isso. —


— Você diz como se nós não fôssemos iguais.—


— Nós nãos somos Harry, você vai passar por constantes mudanças, vai rir, vai chorar, vai se desapontar, vai procurar alguém para apontar a culpa. Tudo isso até chegar ao o que eu sou hoje.— 


Suspirei abaixando a cabeça na mesa entre meus braços, eu estava esgotado.


— Isso tudo é muito pra mim.— 


— Já passou por muito mais que isso Harry, sei que a pior guerra é aquela dentro de nós. Comece do começo.— Potter sorriu, se levantou e saiu deixando a única presença naquela sala, ser apenas a minha e a de Malfoy. 


Por um momento de coragem, me levantei e me sentei na cadeira a frente do loiro que apenas olhou-me de canto e voltou ao pequeno caderno. Um silêncio se instalou por um tempo longo até o mesmo largar os objetos encima da mesa e se alongar, um gesto tão simples, tão insignificante, mas para mim, ou pelo menos para minha imaginação inquietante era como uma obra de arte em câmera lenta. 


— Você não é muito original não é Potter.— Sua voz soou surpreendendo-me, franzi o cenho vendo o mesmo voltar a sua postura impecável e folhear o caderno. Malfoy parou em uma página colocando o mesmo encima da mesa e arrastando-o com os dedos para minha direção. 


Era um desenho lindo, uma junção de três desenhos na verdade, uma libélula quase realista, como se a qualquer momento fosse saltar da folha e sair voando por ai, a outra era uma pequena anatomia, mostrava com perfeição o corpo do inseto, e por último um desenho livre, apenas linhas sem muito sombreamento ou algo do tipo, me era familiar e eu reconhecia bem. 


Levei meus olhos aos de Malfoy sorrindo singelamente.


— Você me pegou.— Me recostei a cadeira e cruzei os braços vendo o mesmo arquear uma sobrancelha. — Posso ser criativo, mas você sabe passar as suas criações com perfeição para o papel. Lembra quando lhe disse que havia visto algo e me lembrei que havia um significado especial..— O mesmo inclinou a cabeça graciosamente para o lado, Merlin, eu queria socar quem fosse o estupido que tivesse criado Draco Malfoy, não era humano, não poderia ser... — Confesso que o vi muitas vezes com esse caderno e me vi tentado quando estava sentando no sofá com o mesmo e eu passei atrás olhando-o. Estava por terminar esse mesmo desenho.— Apontei para o finos traços no papel.— É um artista Malfoy...— 


Em um breve tempo, pude jurar ver o mesmo desviar os olhos dos meus e então puxar o caderno de volta para si, fechando-o. 


— Não devia xeretar as pessoas Potter.— A feição do mesmo era um misto de pequena irritação com indiferença, eu estava novamente confuso, então antes mesmo de pensar, as palavras saíram de minha boca expelindo anseio. 


— Se arrepende?— 


O mesmo parou, parou o que quer que estivesse fazendo e levantou seu olhar a mim novamente, me sentia descoberto, completamente exposto para aqueles olhos profundos, para o que quer que eles quisessem saber....


— Não.— 


Aquele mesmo lupe de encare e silêncio se instalou como tão de costume entre nós, aqueles olhos tão abertos a mim como os meus a ele... 


Era uma aflição pura.....puramente boa e viciante.






A noite chegou em uma rapidez enorme, estávamos todos sentados a sala ao que pareciam curiosos para presenciar a volta das três ao apartamento. E logo lá estavam, Hermione e Luna conversando sobre um assunto aleatório interessante para elas, mas Parkinson ao lado revirando tanto os olhos que pareciam não voltar mais. 


— Como foi?— Zabini perguntou sem precisar se virar a Parkinson que logo se jogou ao seu lado no grande puff.


— Vestir o uniforme da Lufa-Lufa por uma semana, seria um castigo melhor.— 


— Para eles você pode fingir o quanto quiser, mas Pansy Parkinson andou pela Londres trouxa como uma criança visitando o Beco Diagonal pela primeira vez.— Hermione riu descontraidamente vendo a cara de revolta da outra.


— Viram alguma coisa?— Foi a vez de Potter. Hermione assentiu fazendo um gesto para que o mesmo a seguisse para o escritório.


— Por que eles sempre tem que ir pra aquele escritório sozinhos?— Ron encarava a porta do mesmo se fechando.


— Com ciúmes do melhor amigo Weasley?— Pansy alfinetou e o mesmo pareceu ignorar que a pergunta veio dela.


— Não deixa de ser um homem sozinho com a minha namorada em um quarto.— 


Pela primeira vez vez, Ron havia me incomodado, sem nem reparar, tinha as sobrancelhas franzidas e o olhar redirecionado a ele. 


— E não deixa de ser seu melhor amigo.— Ron olhou-me mas logo abaixou a cabeça. Eu não queria continuar, não queria iniciar uma conversa que acabaria desencadeando em uma briga feia, Ron se tornava cada dia mais idiota e estava começando a me incomodar também. Então quando penso que as coisas terminariam ali, Pansy Parkinson tinha que abrir aquela boca venenosa fazendo-me corar.


— Sabe, o Weasley até que tem razão, Potter é um homem bonito e atraente, seria fácil dar um deslize.— As orelhas de Ron se avermelharam em um misto de irritação e medo, a mesma continha um sorriso provocativo no rosto.


— Você tem um gosto questionável Pansy.— Foi a vez de Zabini olhando-a. 


— Ah para Blaise, Potter é até que bonitinho sim, e aqueles olhos verdes parecem que vão te devorar a qualquer momento.—  Tinha certeza que me encontrava mais vermelho que o brasão Grifinório e Ron com o estopim mais curto que o meu, já havia se levantado e ido para o quarto. Pude jurar que havia visto Malfoy se remexendo em seu próprio lugar. 


— Nos seus sonhos, talvez aconteça anjo.— O sorriso meio malicioso de Blaise foi seguido de um por ela. 


— Vai me dizer que não faria se tivesse a chance?— Engasguei-me com atraindo a atenção dos mesmos. 


— Fique tranquilo Potter, isso também se estende a você.— Minha boca se abriu em um perfeito “o”, não sabia se Parkinson tinha algum problema ou era desprovida de noção mesmo. 


— Vai com calma Pansy, está assustando o garoto.— Blaise ria minimamente o que parecia fazer a mesma se empolgar. 


— Sejamos francos Blaise, olha pra esse rostinho.— O azar que já me era comum, faz com que o fato de estar sentado próximo a mesma, a deu a permissão de tocar em meu rosto e vira-lo bruscamente em direção a Zabini. O mesmo me observava agora com seu sorriso diminuindo, mas não era o foco de meus olhos, logo atrás do mesmo, Malfoy fixava seus olhos em mim com a mesma feição arrogante, mas eu podia sentir, poderia ter a quase certeza de que algo o incomodava, e a forma como seu maxilar pareceu se travar e seus olhos se semicerraram, me fez sentir uma onde quente e calafriosa até as pontas de meus dedos. Carreguei aquele olhar até Parkinson virar novamente meu rosto agora para si, tinha uma pele tão clara, seus cabelos negros acima dos ombros assim como a maquiagem ao redor dos olhos azuis, contrastavam com o batom vermelho e o sorriso malicioso. Era uma mulher extremamente bonita, mas feia, ridiculamente feia por dentro. — Você é um brinquedinho interessante Potter.— 


Meus olhos se arregalaram mas minhas sobrancelhas se franziram em desgosto, tirei sua mão de meu rosto com certa agressividade e levantei-me 


— Encosta a mão em mim de novo e eu vou...—


— Vai o que Potter.— A mesma se levantou com um sorriso sarcástico interrompendo-me.


— Chega Pansy.— Zabini disse ao fundo percebendo o limite que a garota havia ultrapassado. 


— Ah Blaise, está tão divertido.— A mesma não tinha um pingo de noção.— Olhe como ele está mais vermelho que cabelo do Weasley. Aposto que deve ser virg...— 


— Cale a boca Pansykim.— A voz de Malfoy soou séria e cortante fazendo com que todos olhasse-mos surpresos para o mesmo. O loiro continha raiva nos olhos e encarava Parkinson, não tive muita certeza, mas soube logo de cara que a mesma acataria a ordem de Malfoy, como a perfeita cadelinha que era. 


Percorri os olhos por todos a sala parando em Malfoy, eu estava cansado demais para descobrir mais uma curiosidade estranha e estupidamente atraente sobre o mesmo. Me senti grato pela interferência, mas irritado pelo fato de só ter o feito agora, e então três vezes mais por me perguntar como teria tanta falta de amor próprio dentro de si para se envolver com uma pessoa como aquela. Dai me lembrei que pior que Parkinson, era Malfoy que a usava por pura diversão e prazer, mesmo que deixasse aquilo explícito para todos, não deixavam de serem dois escrotos ridículos. 


Me encarreguei de passar a pior sensação da qual estava sentindo para Malfoy que sabia conseguir observar bem. 


E bingo! Desviando seus olhos dos meus, eu sabia que realmente estava incomodado...Totalmente cansado e irritado, dei as costas adentrando ao primeiro quarto que havia visto logo trancando a porta e me atirando a cama. 


Eu sabia o porque estava tão inquieto, tão incomodado, tão indignado e tão irritado com a situação, mas eu realmente não queria me permitir sentir isso por aquele tipo de gente. Eu queria arrancar aqueles cabelos pretos um por um até não sobrar nada, mas além disso, eu queria gritar tanto que não pudesse mais falar. Eu queria ela longe de Malfoy, queria que Pansy Parkinson tivesse sumido depois da Guerra, queria que a mesma nunca tivesse existido para começo de conversa, assim nunca teria ousado tocar naquele corpo. 

 

Sem noção alguma do que estava fazendo, soquei o travesseiro repetidas vezes até a fúria sem sentido em mim se esvair.  Ao final me joguei novamente no colchão macio. 


Eu estava perdido. Por que estava assim? Como aconteceu? Por que comigo? Eu não sabia dizer, parecia que a vida estava me pregando uma peça de mal gosto de novo.....


Eu não queria sentir, eu não queria desejar tanto aquela vaca longe dele, eu não queria saber o que isso significava. 


Mas como a vida era filha da puta o bastante, Harry Potter estava tendo uma crise de ciúme pela primeira vez.....e o pior, por Draco Malfoy.


Notas Finais


Ai gente, to tão feliz que esteja gostando... Sei que a história as vezes possa ser confusa ou grande, mas é pensada e escrita de uma forma que sinto como os personagens realmente seriam nessas situações.
A intensidade que to tentando passar é para sentirem como se fossem os próprios personagens mesmo, me perdoem por transformar tudo kkkkkk, mas em tds as fics que já li (E SÃO MUITASksk), faltam sempre um pouco de “realismo” na personalidade de todos ent espero que entendam esses conflitos e conversações, quero que imaginem como realmente seriam rivais com preconceitos induzidos tendo que trabalhar juntos e ainda mais descobrindo sentimentos confusos.

E ainh gente eu fiquei mt cute com o Harry tentando conversar sobre a sexualidade e os sentimentos com o Harry do futuro.....É MT NENÉM MSM.🥺

Espero que tenham gostado ^-^


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