— Não pare Justin, não pare...
Meus dedos seguraram os cabelos da sua nuca e eu não parava de beijá-la, dessa vez com mais volúpia. Ela está apenas com um roupão por cima do corpo, estava tentando me controlar. Na verdade, é impossível, nossas respirações quase fora do eixo é o único som dentro daquele lugar.
— Mas e se... E se meu pai chegar?
Ela perguntava preocupada em meio do seu desequilíbrio, ela arqueou um pouco seu corpo e me deu espaço para beijar a curvatura de seu pescoço, o lóbulo da sua orelha, fui obrigado a susurrar em seu ouvido.
— Onde ele está?
— Em uma viagem, volta amanhã mas e se...
— Ele não vem, Mel. — eu disse soltando uma risadinha de canto, a fitei e ela estava me olhando atentamente.
Eu nunca tinha a visto com o olhar tão provocante e um sorriso tão doce ao mesmo tempo, ela segurou em minha nuca e me beijou novamente.
— Ruiva? — era a terceira voz na cena.
Eu paro de beijá-la devagar e ela estranha, me fitando enquanto eu olho a porta de canto de olho.
— O que foi?
— Pensei ter ouvido alguém.
— Não é ninguém Bieber. — então ela me puxa pela gola novamente, sinto seu sorriso enquanto a beijo e ela já está desabotoando minha camisa.
— Melanie?
Ela vai parando o beijo de repente respirando descompensadamente e passa o dedo no canto dos lábios.
— Tudo bem, agora eu ouvi, tem alguém em casa e não é meu pai.
— Só a Caitlin te chama de ruiva.
— Droga. — ela resmunga ajeitando os meus cabelos, rindo da situação que estávamos. — Preciso me vestir e você precisa fingir que está tudo bem.
— Nada aconteceu aqui senhorita Portman. — eu digo, debochando.
— Melanie? — é a voz da Caitlin de novo, não seria surpresa se ela estivesse impaciente.
Ela desceu da bancada em um pulinho e eu fui pra frente do espelho, ajeitar eu mesmo meu cabelo.
— Eu mandei mensagem pra ela mais cedo, pedi pra ela vir aqui porque estava me sentindo sozinha. — ela disse e riu sem graça. — Só que eu não sabia que você ia invadir meu quarto hoje, idiota.
— Uma surpresa da minha parte é sempre bom, te pego em momentos inesperados como esse. — falo e ela cora terminando de escovar os cabelos.
— Se apresse logo, tenho medo de quem mais pode aparecer.
— Pelo menos é a Caitlin, e não o seu pai. — abotoei minha camisa e ela selou um beijo casto em mim. — Vou dar um oi pra ela.
— Dessa vez eu concordo com você, bebê.
Então ela saiu dali de roupão mesmo, sorrindo de lábios vermelhos, enquanto eu estava em uma tentativa de ajeitar os cabelos bagunçados por seus habilidosos dedos. Quando o faço, saio do banheiro e percebo que Mel não está mais no quarto.
Vou até a janela e volto para o centro do quarto, paro ao lado da cama e percebo que a minha camisa da noite da praia está em cima do seu travesseiro, ela realmente se apoderou dela.
Gosto disso.
• Point Of View - Melanie Portman
Preciso trocar essa roupa.
Corri pro closet na velocidade da luz e vesti uma langerie e um vestido simples por cima, passei a mão nos cabelos e desci. Estava pior que um trapo, se ela me ver assim tenho certeza que vai comentar e vai ser na minha frente.
— Eu sei mãe, não é na casa dele. — ouvia a voz dela na ponta da escada, ao celular.
— Oi. — acenei e disse sem som para ela que me acenou de volta e me olhou de cima a baixo, franzindo o cenho.
— Depois disso tem que fazer o quê? — ela falava com a pessoa na linha e tirou os olhos de mim, virando-se de costas. — Falo isso mais tarde com a senhora, por ligação não tem coisa pior... Certo, até.
— Desculpa a demora, eu estava no banho. — digo a ela que tinha acabado de desligar o celular e me olha como se eu estivesse da cor verde, e me abraça.
— Menina, estava no banho mesmo ou acabou de voltar de uma maratona de corrida? Respira ruiva, vai morrer assim.
— Eu estava com pressa de me vestir, queria logo te receber e não queria queria te deixar esperando. — sorri para ela, que veio me acompanhando pra cozinha.
— Ah sim, entendi. Cadê o seu pai? Deixa eu adivinhar, está viajando assim como o meu.
— Viajou a trabalho também, não duvido que seja da mesma empresa. — dei de ombros e ela colocou a bolsa em cima da bancada.
— Ainda bem que você me ligou, estava querendo saber como Justin estava se sentindo a respeito do que aconteceu com a Jane... Ryan me contou ontem assim que voltou do hospital.
— Justin estava se sentindo muito culpado no início mas acho que agora está menos, quem está mais indignado é o Chaz. Mas eu não tiro a razão dele, pelo o que parece ele e a Jane se gostam.
Enquanto eu falava ia pegando um pedaço de torta de limão da geladeira, estava divino.
— Pena que eles não admitem, eu sinto tanto. — lamentou de coração. — Se eu soubesse que ela estava no hospital tinha feito uma visita mas nem pra isso o puto do Christian serve. E aliás, foi correto vocês ficarem em silêncio, o estupro é algo que causa sequelas até psicológicas.
— Eu sei Caitlin e isso já está acontecendo, infelizmente. — disse cabisbaixa e sentei-me a sua frente e dei um garfo a ela. — E eu queria muito saber o que se passa na cabeça daquela maluca da Kristen, meu sonho é vê-la pagando por tudo o que fez.
— Pelo jeito não deve passar nem vento Melanie, porque se ela tivesse consciência dos atos dela pelo menos se arrependeria, mas Deus está vendo. — tensa ela estava e eu assenti concordando, Caitlin de repente olhou para a entrada. — Espera, é isso mesmo que eu estou vendo?
— Ah, é o Justin. — murmurei divertida. — Até parece que nunca o viu.
Dei uma risada olhando pra mesma direção que ela olhava paralisada, ele se aproximou passando a mão nos cabelos loiros e arregaçando as mangas da camisa branca.
— Pensei que ficaria feliz de me ver. — ele abriu os braços se fazendo de triste.
Ela se levantou rindo mas olhou cúmplice pra mim enquanto abraçava Justin com um olhar de "o que ele faz aqui?"
— Estou feliz em te ver Bieber, só não esperava te ver aqui, pensei que fosse uma miragem. — sentou-se novamente e eu comecei a rir baixinho da cínica. — Mas então, o que vocês estavam fazendo aqui sozinhos nessa casa?
— Nada demais. Ele veio apenas me fazer uma visita.
Eu esclareci pra acalmar os pensamentos impróprios da pura Caitlin Beadles, olhei para o Justin e ele me olhava fixamente, eu sei que ele gostaria de desmentir o que eu disse. Balancei a cabeça pra sair do transe e acho que Caitlin percebeu pois nos olhou totalmente desconfiada.
— Se tivessem me avisado que estavam a sós eu nem estaria aqui pra atrapalhar.
— Você não atrapalhou nada Caitlin.
Justin falou dando de ombros e começou a entrar em uma briga comigo pra tomar o meu garfo e comer a minha torta.
— Para Justin.
— Onde está o Christian? — ele perguntou pra ela me ignorando totalmente.
— Em casa, e ele já me disse que mais tarde vai sair com os meninos e vai te chamar também.
— Opa. — ele exclama animado, não duvido que seja só pra me provocar.
— Já avisei para o Christian que se ele colocar quengas pra cima do Ryan eu mato meu irmão. — Caitlin diz sem dó e eu dou uma risada.
— Eu ajudo porque também não vou permitir nenhuma engraçadinha pra cima do Justin. — falo enquanto ainda tento lutar mais um pouco, mas ele acaba ficando com o garfo e ri de mim.
— Também não quero marmanjo pra cima da Melanie, estou logo avisando. — ele diz como se eu não estivesse ali, eu só queria meu garfo pra comer em paz.
— Justin, me devolve. — escuto uma hiena com dor de barriga gargalhando, percebo que é só minha amiga. — Caitlin, para de rir!
Eu estava esgotada vendo os dois acharem a maior graça da judiação com a minha pessoa, me estico pra pegar um outro garfo em cima do balcão e Justin me impede de novo me puxando e bagunçando todo meu cabelo com as suas mãos.
— Meu cabelo, Bieber! Vou matar você. — eu resmungo querendo dar um tiro nele e olho pra Caitlin que ainda está rindo. — Você também sua palhaça.
— Está linda assim. — ele sussurrou e beijou meu rosto.
— Não me façam de vela a essa altura do campeonato por favor. — ela reclamou revirando os olhos nos fazendo rir. — Mas vocês são tão fofos.
— Fofo até eu começar as minhas agressões, olha o estado da minha aparência visual. — comecei a ajeitar meus fios com as mãos mesmo enquanto Justin ria. — Se uma pessoa qualquer visse isso pensaria que eu tomei um choque de duzentos volts.
— Eu vou embora antes que eu apanhe. — ele diz cessando as risadas. — Enquanto vocês ficam conversando eu vou fazer umas coisas importantes, já estou até atrasado.
— Coisas importantes? — franzi o cenho ao perguntar, prendi meu cabelo em um coque no alto da cabeça.
— Vou falar com o famoso Sr. Jeremy e visitar meus irmãos. — ele disse sorrindo de canto. — Eu falo com você mais tarde, irritadinha.
— Vou esperar. — respondo apaixonadamente, ele deixa um beijo nos meus lábios e manda uma piscada para Caitlin quando se afasta.
Fico feliz que ele esteja se dando bem com o doutor Jeremy, e agora que ele descobriu que tem irmãos deve estar mais bobo do que nunca, eu gosto de vê-lo assim. Suspiro alto e ele já saiu, acho que pela porta da frente e dessa vez; não pela janela. Fico aérea enquanto não o vejo mais no meu campo de visão, o silêncio se alastra e eu tento criar coragem para olhar a curiosa na minha frente e acabo caindo na risada, eu queria me enterrar a sete palmos.
— Melanie, o que foi isso? — Caitlin está histérica saboreando a torta. — Você e o Justin, vocês dois...?
— Eu e o Justin nada, apenas beijos e um tapa na sua cara se continuar pensando besteiras. — revirei os olhos para a assanhada. — Vamos ver algum filme depois que eu amo criticar essas coisas.
Desconversei e ela me olha rindo negando com a cabeça e eu me levanto pra procurar um filme em seguida, antes que ela me atente mais ainda com esse assunto que eu não prefiro nem tocar agora. Mas confesso que também mal posso acreditar no que aconteceu no meu banheiro, estou bem perturbada por dentro, perturbada de paixão.
• Point Of View - Justin Bieber
No meio do caminho fico tentando imaginar o que teria acontecido se a Caitlin não tivesse aparecido, uma loucura sem tamanho talvez, mas eu a queria tanto. Só consigo me recordar de seu corpo perfeito, da sua beleza, da sua boca ofegando meu nome, dos seus beijos e palavras, do seu banho. Daqui a pouco estou a ponto de enlouquecer se continuar regando minha nuvem assim que me recordo de Melanie.
Mas o fato é que eu estou tão apaixonado.
Bem que eu poderia ficar com as meninas mas eu não gostava de conversa entre meninas e as duas tinham que ter os momentos delas, para variar. E também eu tinha lembrado de um fato muito importante, algo que eu teria que reparar o quanto antes.
Jazzy pediu para eu não esquecer de me despedir dela ontem assim que eu fosse embora, eu errei feio e teria que me desculpar já que acabei esquecendo de tudo. Esta aí mais uma desculpa para eu conseguir ver meus irmãos, mas espero de verdade que ela não esteja brava comigo.
Toco a campainha da mansão e aguardo batendo os pés no chão repetidamente enquanto estou encostado em uma das pilatras brancas, quase estou desistindo de apertar mais uma vez quando um cara de aparentemente quarenta anos abre a porta, não era o Jeremy.
— Posso ajudar? — pela voz ele era um dos mordomos de meu pai, quando eu ia falar fui interrompido.
— Claro que pode ajudar Gualter, me dando espaço para ver quem está na porta. — ouvi a voz de Jaxon, respondendo por mim. Em seguida vi ele colocando sua cabeça entre a parede e a porta, ele se calou de repente e abriu mais a porta. — Olha se não é meu irmão. — pausou balançando a cabeça e levantando a mão para um toque não combinado. — Olá, Justin, bem vindo de novo.
— E aí Jaxon, como você está?
— Na medida do possível, não é? Meio irritado com uns lances da escola mas nada que eu não deixe passar. — ele disse convencido dedilhando os cabelos da mesma tonalidade que a minha. — E você?
— Me sinto bem, só um pouco preocupado com uma promessa que fiz.
— Sim, claro. — ele estava mascando um chiclete assim como na outra vez. — Você disse que ia se despedir da Jazzy e acabou doidão, entendo.
— Você acha que ela pode estar com raiva de mim ou chateada?
— Quem, a Jazzy? Ela seria incapaz de se chatear com você, está muito encantada pra isso. — ele sorri e se joga no sofá como um menino desleixado. — Mas sei que você foi bebendo uma atrás da outra, o pai deu trabalho na hora de dormir.
— Eu quebrei alguns vasos na casa da minha mãe sem querer, eu acho que também dei trabalho mas por favor não pense que eu faço isso com frequência.
— Fica tranquilo meu irmão. Meu pai também não faz isso com frequência.
— Onde está a Jazzy?
— A louca está na aula de balé, aquelas coisas que toda menina faz.
Eu sorrio levemente lembrando de Melanie, que uma vez me deixou claro que nem todas as meninas fazem coisas de meninas. Nem todas as vezes elas gostam de rosa ou das mesmas coisas, como ela.
— E você sabe que horas ela chega?
— Daqui a pouco ela surge aí. — ele olhou no relógio de pulso entre as pulseiras grossas de couro. — Você tem quantos anos?
— Dezoito. — pausei vendo que ele prestava atenção em minha imagem. — Pelo que eu soube você tem quatorze.
— É verdade, até que nós temos idades quase parecidas. — ele ficou quieto e de repente questionou. — Você gosta de skate?
— Gosto, só não ando por falta de tempo.
— Mas você aceitaria uma noite de skate só eu e você qualquer vez dessas? — senti em sua voz que ele estava meio envergonhado.
— Claro, podemos fazer isso.
Percebi que ele estava disposto a sair, pelo menos para fazer uma programação diferente. Decidi saber mais dos seus hobbies.
— Gosta de basquete?
— O quê? Eu sou amarradão em basquete. — exclamou com os olhos brilhando e logo se recompôs, tentando ser sério. — Quer dizer, só treino no colégio algumas vezes. Aqui em casa quase não dá com uma menina e minha mãe em casa.
— Eu entendo, treino no colégio e com uns amigos justamente porque tem a minha mãe por lá.
— É sério? Que irado. — ele diz empolgado novamente mas volta a se recompor. — Mas você treina pra se tornar capitão?
— Eu fui promovido a capitão de time semana passada, fico feliz porque é o meu primeiro ano no basquete.
— Então você deve ser fera no basquete, tenho que contar isso a Jazzy. — ele estava animado, ele deu de ombros. — Você pode me ensinar a jogar? Driblar os caras? Fazer cestas monstras?
— Posso tentar mas não sou profissional. — disse e ele riu, pela primeira vez eu o vi dando uma risada alta. — E você terá que ensinar seus truques também.
— Claro.
— Gualter, minha mãe disse que eu posso. — a menina veio falando com o mordomo, gesticulando com as mãos.
— Olha Jazzy, quem veio te ver. — anunciou Jaxon sem cerimônias, ela correu para a sala ao me ver.
— Justin! — ela sorriu e eu não evitei fazer o mesmo quando a vi, ela estava tão bonita com os cabelos presos.
— Por favor me diz que você não está brava. — sussurrei a ela que apenas riu me abraçando.
— Claro que não, como eu ia ficar com raiva de você? — começou a sasaricar e pular, Jaxon revirou os olhos mexendo no celular.
— Eu falei pra você que ela está encantada.
— Jaxon não se meta, obrigado. — respondeu ela toda cheia de si e o celular que ele mexia caiu em seu rosto.
— Já falei pra você parar de jogar praga em mim Jazzy, agora o celular caiu e quase partiu minha cara em dois. — ele reclamou com drama, o mordomo riu baixinho.
— Não liga pra ele Justin. — ela disse meiga e me puxou para sentar no sofá ao seu lado. — Nem acredito que você está aqui de novo, podemos conversar agora que meu pai não está, na verdade... Nosso pai.
— É, eu percebi que Jeremy ainda não apareceu. — olhei bem para ela, tinha os olhos pequenos. — Preciso falar com ele também, assim que chegar.
— A quanto tempo está aturando Jaxon enquanto eu estava na aula de balé?
— Cheguei a poucos minutos, estava na casa da... Na minha casa, quando lembrei que tinha que me desculpar com você.
— Não se preocupe, mas acho que até entendo. O papai bebeu mais que o suficiente ontem, ele estava animado com você aqui.
— Eu me diverti muito aliás, conversamos sobre várias coisas.
— Mas e você irmão? — ela virou um pouco sua cabeça para o lado me observando. — Você procurou por nós?
— Pra falar a verdade eu não sabia da existência de vocês antes de vir aqui. Eu descobri recentemente e estou muito feliz com a idéia.
— Eu esperei tanto por você. — ela encolheu os ombros envergonhada e de repente estava curiosa. — Mas me fala da sua vida, eu quero muito saber por onde andou.
— Eu sempre estive no mesmo lugar por muitos anos. — segurei em suas mãos. — O que você quer saber?
— Você tem um grande amor?
— Tenho Jazzy. — eu murmurei percebendo a curiosidade dela, ela fez sinais pra que eu falasse mais.
— E quem é?
— Bom, eu tenho um grande amor, minha mãe. — ela começou a rir e cerrou os olhos desaprovando minha resposta.
— Amor sem ser por alguém de família, amor de verdade. — falava suspirando. — Alguém que você gosta, que é especial.
— É, também tenho uma grande paixão, que pode se transformar em amor um dia.
— Você é apaixonado por alguém? — sussurrou cautelosa para Jaxon não escutar, Melanie está invadindo meus pensamentos quando eu penso em responder sua pergunta.
— Sou Jazzy, eu sou muito. — sorri de canto e ela ficou quieta por um tempo.
— Eu quero muito saber quem roubou seu coração.
— Você é uma garota muito romântica sabia? Um dia você vai conhecê-la. — apertei o nariz da espertinha entre meus dedos e Jaxon acabou ouvindo.
— A Jazzy é apaixonada por um garoto do colégio, falo mesmo.
— Jaxon! — ela o olhou como se quisesse jogar um tijolo em sua cabeça. — Pensa que eu não sei que você é apaixonado pela nossa vizinha, com seu amor platônico desde o século passado.
— Olha os argumentos dela, fica espero garoto. — brinquei e ele riu se levantando do sofá, se juntando a nós.
— Isso é golpe baixo Jazzy Bieber. E Justin, cuidado com ela porque nossa irmã é muito chantagista.
Ela bufou e os dois ficaram gritando e discutindo, era tanto grito que eu não estava entendendo nem metade do que eles falavam. Pensei que era uma linguagem própria dos dois.
— Que surpresa boa. — celebrou Jeremy invadindo a sala nos pegando de surpresa, tão cheio de energia.
Nem parecia que tinha tomado altas doses de uísque com seu novo filho na noite passada.
— E aí pai? — Jaxon disse com maior cara de tédio e indignação.
— Meus filhos conversando como se conhecessem a anos. — falou meu pai e me cumprimentou com um aperto de mão e um rápido abraço.
— O Jaxon que fala besteiras, pai. Ele fica com essa cara de mongo dele.
— A Jazzy que quer se meter nos meus relacionamentos amorosos. Sou bem crescido.
— Eles estavam tentando uma comunicação mas acho que não deu muito certo. — acabei falando, para amenizar a briga dos dois.
— Sem estresse meus filhos, hoje eu tive um dia cheio e não acho que devem assustar o irmão de vocês assim. — ordenou Jeremy e eu ri pelo nariz.
— Por mim o Justin já é da casa. — deu de ombros Jaxon.
— Por mim o Justin vem morar aqui. — deu a idéia Jazzy, ela virou pra mim rapidamente. — Por que você não vem morar com a gente?
— As coisas não são assim pequena. — pausei vendo que ela tinha empolgação de sobra, logo continuei. — Eu tenho uma vida e seus pais também.
— Aliás se não me engano, Justin fará uma viagem para o Canadá daqui a alguns dias depois de um campeonato, estou certo?
— É verdade...
Uma interrogação fica no ar, eu não lembro de ter dito a ele, talvez na hora da embriaguez eu tenha contado metade da minha vida. E me admiro de Jeremy lembrar desses fatos já que também estava alcoolizado.
— Campeonato? Minha presença já está confirmada. — Jaxon decretou e catou seu celular jogado do sofá. — Meu lance é competição.
— Eu quero ir também. — completou a menina e logo ela estava soltando os cabelos claros. — Eu vou subir pra terminar meu trabalho de matemática, quero logo ficar livre.
— Eu também vou, tenho que estudar pro teste de amanhã. — disse meu irmão e assim assentimos, eles foram subindo as escadas.
Sobrou na sala apenas eu e Jeremy, até o mordomo não estava mais presente. Eu teria que falar com ele sobre o dinheiro que apareceu comigo, o cheque de dez mil. Passo a mão nos cabelos e nem sei o que faço, qual argumento uso e nem por onde começar. Pego sua mão e coloco o cheque em sua palma, sem rodeios.
— Eu não vou aceitar esse dinheiro, Jeremy. — digo, decidido.
— Como não?
— Como não? — repito sem entender e acalmo minha voz. — Eu não posso aceitar essa quantia, qualquer quantia, o que será da Pattie se me ver com uma grana dessas?
— Ela vai ter que entender que é um presente meu pra você, Justin por favor aceite. — disse calmo e preocupado, se recusando em pegar de volta. — Eu quero dar a você, eu ficaria feliz.
— Mas eu não sou acostumado assim, eu não venho de berço de ouro. Isso aqui é muita coisa e pra ela seria a pior coisa receber dinheiro vindo de você e eu não me sinto bem.
Desabafei de uma vez, pelo menos eu ficava satisfeito de algumas vezes eu usar a sinceridade para um lado bom. Eu estava abismado com a quantidade que estava posta em minhas mãos, assim tão fácil é rápido do dia pra noite.
— Então eu vou fazer uma proposta. — disse tentando ser justo, ele fez sinal para que eu me sentasse. — Você aceita o dinheiro e guarda, gasta só com o que precisar mas não diga a Pattie, eu queria compensar o que não te dei a vida inteira, eu nem vou sentir falta disso.
— Eu não sei, eu não gosto de esconder as coisas dela. — pausei e olhei para aquele cheque na mão dele. — Eu não quero seu dinheiro, eu não conheci você pra isso...
— Justin, apenas guarde. Sabendo que isto está com você eu vou me sentir bem.
Enquanto ele estava se sentindo bem me dando essa bolada de grana, eu estava péssimo. Porque além de ganhar isso de graça, ainda vou ter que esconder de Pattie. Sou um tanto desgraçado nessas horas, me sentindo a pior pessoa do mundo por dentro, mas fazendo as coisas para as outras pessoas se sentirem bem.
Porra, eu simplesmente me odeio.
— Tudo bem... Se você se sente bem assim. — disse baixo, mas ainda inconformado com o destino daquela grana.
• Point Of View - Melanie Portman
Caitlin está esperando suas unhas vermelhas secarem enquanto está rodopiando o meu quarto, observo calada até que em tantas voltas que ela dá não consigo segurar em dizer.
— Você não fica tonta de tanto ficar rodeando o nada? — ela me olha com tédio. — Vai fazer um buraco nesse chão.
— Acho que não. — ela diz simples e eu viro de cara pro travesseiro, me afundando nele. — É verdade que você e o Christian estão competindo quem tira nota mais alta na prova de física?
— Sim, porque ele é um babaca. — exclamei e ela me olha incrédula, assoprando as unhas. — Mas saiba ele que eu vou ganhar.
— Quero só ver se tirarem a mesma nota. — ela riu maldosa e aposto que, cheia de idéias. — Os dois vão ter que cumprir o desafio de ambos.
— E você nem vai gostar, não é? — fui irônica e ela nega com a cabeça, eu estou rindo de leve.
— Quem? Eu? Só vou estar vendo, não quero nem estar perto pra não me meter. — pausou sentando-se na beira da cama e me observando. — Christian me contou o que ele vai te desafiar.
— Isso se ele conseguir tirar uma nota mais alta que eu, e eu não vou deixar isso acontecer ou não me chamo Melanie. — revirei os olhos, eu inflei e desinchei as bochechas. — Aliás eu tenho um desafio pro Christian que ele vai adorar, com certeza.
— Que maléfica. — pausou dando um risadinha. — Vocês brigam tanto... Não pensam em se tornar amigáveis um com o outro?
— Impossível ser amigável com seu irmão, e não sou eu que sou assim. Ele que irrita, eu apenas revido.
Virei-me para o outro lado da cama, pensativa e lamentando não ter uma amizade normal com Beadles, ele é normal com todos, menos comigo. Só que eu não preciso dele pra nada então não me importo.
— Ele é bem implicante mesmo. — ela arquea as sobrancelhas, talvez me entendendo por conviver com o mesmo.
Christian podia ser legal algumas vezes, mas ele era tão insuportável em uma escala elevada por mim. Queria saber o motivo de ele implicar comigo, não consigo me conformar que seja por causa daquele refrigerante que derrubei em sua camisa logo que a gente se conheceu. Não é possível alguém ter raiva de mim por causa de uma coisa idiota e passada, é o cúmulo dos cúmulos.
— Diz aí ruiva, Justin esteve no seu quarto? — ouvi ela e virei-me encarando a doida. — Que é?
— Ele esteve sim. — acabei confessando e me sentei direito na cama abraçando meus joelhos. — Ele sempre incorpora um ladrão e entra pela janela às vezes.
— Vocês são loucos. — ela arregala os olhos e ela começa a sussurrar, eu franzi o cenho. — Você não tem medo do seu pai pegar vocês?
— Por que você está sussurrando? Não tem ninguém em casa. — eu a lembro e começamos a rir. — E sim, eu morro de medo de nos pegarem, acho que fico de castigo pra sempre e ele me manda pra morar com a minha mãe, o que seria um pesadelo.
— Seu pai não seria tão louco ao ponto, vamos ser realistas.
— Caitlin, uma vez meu pai estava com tanta raiva porque eu fugia da escola e queria que eu fosse para um convento, tenho cara de freira?
— Óbvio que não. — ela cai na gargalhada. — Vocês dois, fiquem espertos por favor. Quem mais sabe disso?
— Eu, você, Justin e a minha vizinha.
— O quê? — ela quase saltou quando citei a Marjorie. — A que escuta música e dança sozinha na sacada?
— É, e justamente porque ela fica na sacada que ela viu o Justin entrando e saindo daqui. — balancei a cabeça e mordi os lábios. — Mas ela não vai dar com a língua nos dentes, pedi isso a ela.
— Tomare que ela cumpra, não é? — ela disse preocupada. — Mas também, só tem esse jeito mesmo pra vocês dois se verem além do colégio e antes da viagem.
— Eu tinha esquecido completamente da viagem do Justin, que cabeça minha. — bati a mão na testa que a Caitlin até se assustou.
— Um mês vai ser rápido que passa Melanie e aí vocês vão matar as saudades, certo?
— Tomare.
Acabei dando risadinhas maliciosas e eu acabei sorrindo como uma idiota, nem ligando para suas insinuações. Recordo-me da passagem rápida de Justin aqui e desejo que aquele momento volte, agora eu tenho certeza que estou entregue e apaixonada. Estou com as famosas borboletas no estômago. Só queria que ele estivesse aqui comigo, queria seu abraço forte que só ele sabe dar.
— Ei, eu estou aqui. — ela passou a mão na frente do meu rosto, me tirando do meu submundo. — Estar apaixonada é tão bom, não é?
Ela diz se jogando ao meu lado na cama e me abraço nela rindo, encarando o teto.
— Eu sei, como sou idiota em pensar que isso nunca ia acontecer comigo?
— Sendo idiota Melanie, eu também era assim. — ela disse e de repente estávamos quietas. — Você acha que o Ryan pode estar apaixonado por mim de verdade?
— Acho, você é linda e tem um coração enorme. — sussurro para ela, que sorri de canto e de repente uma pessoa me vem na cabeça. — Caitlin, se importaria de ser sincera comigo?
— O que foi? — ela questiona com preocupação.
— Você acha que o Justin esqueceu completamente a Kristen?
— Melanie... — ela diz vacilante.
— Por favor, me responde com sinceridade. — peço para a menina de olhos verdes a minha frente e ela sorri de canto.
— Por que você é tão insegura com isso? Logo você. — ela solta uma risada divertida e aperta a minha mão. — Amiga, o Justin é apaixonado por você e já esqueceu essa garota há muito tempo. Você acha que depois dessas coisas horríveis ele vai continuar a amar ela?
— Tem gosto pra tudo, Caitlin. E o Justin se apaixonou, mesmo com ela fazendo atrocidades pelo colégio.
— Confia em mim e no que eu estou falando, no Justin também. Ele gosta de você de verdade. Eu nunca o vi assim.
— Suas palavras me aliviaram mas eu ainda tenho dúvidas. — eu digo cabisbaixa e ela balança a cabeça negativamente. — Quer saber? Deixa essa assunto de lado, vamos conversar sobre coisas legais.
— Que tal falarmos de bolsa, sapatos, cabelo e moda?
— Já desceu o espírito de perua em você? Não gosto dessas coisas. — começamos a rir que nem doidas e de repente ela grita.
— Minha unha vagabunda! Você é tão chata.
— Desculpa. — continuo rindo.
Caitlin de repente estava em pé ao lado da cama olhando para ver se tinha algum borrado, preocupada e quando viu que tudo estava certo caiu na risada. E lá estávamos, apaixonadas e somente com nossos namorados no pensamento pensando na possibilidade de eles gostarem de nós na mesma intensidade que gostamos deles.
Será que Justin gosta de mim na medida que eu gosto dele?
• Point Of View - Justin Bieber
Guardei aquele cheque a quase sete chaves assim que cheguei em casa, Pattie não veio me perguntar por onde eu estava mas eu sabia que ela estava curiosa e louca pra saber. Eu não iria tocar nesse dinheiro, iria deixar ele quieto, pelo menos assim não preciso lembrar de sua existência.
Rodei pelo quarto e vi meu violão, estava tão sozinho e abandonado. Ainda preciso tocar e terminar de compor minhas músicas e uma em especial que quero dedicar a Melanie, mas pra isso eu teria que tirar um tempo apenas para isso. A quanto tempo eu não toco uma música?
No relógio era 20h20 da noite, meu celular tocou no bolso e eu tirei do mesmo, atendi quando vi que era Ryan. Me joguei na cama e coloquei o braço na nuca fechando os olhos, com certeza ele tem idéias pra alguma coisa essa hora.
— Ryan?
— Fala Bieber. — no fundo escuto uma música alta, era um rock nada leve. — Estou ligando para você ficar logo sabendo que vamos para a pista daqui a pouco, combinamos com os caras então vai logo se adiantando.
— Que pista?
— A que fica a algumas quadras do seu colégio. Eu vou ligar pra Caitlin e chamá-la, ela disse que ia na casa da Melanie hoje mais cedo.
— Eu vi ela hoje, não sei se ainda está com ela mas eu ligo pra Melanie pra saber.
— Viu ela? Você estava na casa da Mel? Puto safado. — riu ele, todo de segundas intenções e eu enterro os dedos no cabelo.
— Ryan, vai logo ligar pra Caitlin e me deixa em paz. — acabei rindo e levantei, indo até a sacada. — Eu faço a minha parte.
— Vamos passar aí depois.
Então ele desligou, meus amigos tinham um dom impressionante de desconfiança, sempre acham que estamos fazendo coisas mais além do que beijo. Encarei o celular e fui até a lista telefônica, indo até o número dela. Chamou por alguns segundos.
— Justin? — seu timbre de voz doce pronuncia meu nome.
— Melanie.
— Nossa que esquisito, porque no mesmo segundo que você me ligou o Ryan também ligou pra Caitlin.
— Vou dizer que isso foi planejado. — disse baixo e ela riu. — Quero te ver de novo, e dessa vez não tem escapatória.
— Falou que nem um psicopata, Bieber. — eu ri dela e imaginei ela semiserrando os olhos. — Está se aproveitando que meu pai não está em casa?
— Vou admitir que eu fiquei feliz de ter usado a porta da frente então, sim.
— Como você é bobo. — acabei sorrindo de canto ao ouvir sua risada gostosa. — Diz logo qual sua idéia.
— É o seguinte... — olhei para meu relógio de pulso. — Caitlin está com você ainda?
— Está.
— Ok, são 20h32. Quero as duas prontas até as 21h00, liguem para um de nós quando estiverem saindo de casa, vamos dar um passeio pela pista de skate essa noite.
— Com esse tempo não dá nem pra pentear o cabelo. — ela fez drama, eu ri de leve.
— Você é linda com o cabelo bagunçado, até quando deixei seus cabelos em pé hoje, a mais bela eletrocutada de Atlanta.
— Você está impossível de debochado hoje Justin, não deixa pegar você.
— Então você quer me pegar? — acabei rindo.
— Quero sim, aliás você deu menos de meia hora pra me arrumar e estou gastando tempo falando com você, até mais tarde. - ela estava rindo, até que ouvi a voz de Caitlin invadindo a linha.
— Espera ruiva, deixa eu mandar uma real pro Justin. — provavelmente o celular estava em suas mãos. — Bieber, como assim meia hora? Você ficou maluco?
— Se depender de vocês, quando estivermos voltando pra casa vocês ainda vão estar estão chegando na pista, então o tempo está dado e façam bom proveito.
— Menino engraçado esse. — ela disse longe da linha que me fez segurar uma risada. — Bieber, vocês caras são tão dramáticos, a gente nem demora.
— Claro, só uma duas horas depois do esperado.
— Melanie, eu nem vou discutir com ele. — ela estava falando com ela no fundo, enquanto me deixou pendurado na linha. — Bieber, vamos ligar quando terminarmos aqui.
— Não demorem por favor, Caitlin você principalmente.
— Bieber, relaxa, você está tenso. — ela gargalhou escandalosamente. — Até mais.
Então ela desligou. Larguei o celular em cima da cama e fui para o banheiro tomar um banho ainda rindo da loucura de ambas, me despi e entrei no box deixando aquela água fria descer por mim. Estava mais uma vez analisando meus braços e percebi que estavam melhores do que antes, se bem que depois dessa loucura toda que aconteceu eu não tenho parado pra treinar nada.
Depois que saí do banho coloquei uma calça jeans azul e uma camisa preta, decidi usar um boné virado para trás e fui pra frente do espelho me ajeitar mais, meu skate estava embaixo da cama.
— Mas que porra de perfume é esse? — escutei a voz de Christian invadindo meu quarto, ele empurrou a porta. — Eu quero um pouco, é presença.
— Vai a merda, Beadles.
Logo em seguida percebi que atrás tinha o resto dos caras.
— Eu não gosto de andar com o mesmo perfume que outro macho mesmo. — ele sacudiu os ombros fazendo pouco caso, ri.
— Fala Bieber. — Chaz entrou pulando na minha cama, ele era o exemplo do que amigos fazem quando damos confiança e liberdade.
— Pensei que vocês iam apenas passar aqui e não fazer uma invasão, Pattie viu vocês?
— Foi ela que abriu a porta pra nós. — respondeu Ryan, estufando o peito. — Se liga que a gente já é de casa, tenho entrada fácil.
— Saída também. — eu disse e eles começaram a rir dando pedala coletivo em Butler.
— Já falou com as meninas?
— Já, elas vão ligar pra um de nós quando estiverem saindo de casa. — respondi a Chaz, ainda deitado e sorrindo que nem um retardado.
— Por que está feliz assim?
— Me chamaram pra fazer outra maquete pro fim de ano, me deram outra oportunidade pra competir. — ele disse animado e fiz um toque com ele.
— Parabéns bro, você merece.
E merecia mesmo, a sua outra maquete fora destruída, Kristen a massacrou e só nós sabemos o quanto ele ficou puto por isso.
— E tem mais, decidi me declarar para a Jane.
— Como se já não estivesse na cara que você está amarrado nela. — acabou Christian falando por nós.
— Pode ser verdade, mas só não queria admitir. — ele ficou aéreo de repente, rimos. — Aliás mano, minha vida amorosa hoje não é assunto. Que horas você marcou com as meninas pra nos encontrarem lá?
— Dei no máximo 21h00 pra se arrumarem. — eu respondo.
— E que horas você ligou?
— 20h30.
— Era pra ter dado no máximo 20h40, meninas são frescas pra se ajeitarem e demoram a eternidade. — falou Christian, já mais impaciente tacando o travesseiro em Ryan. — Onde já se viu minha irmã ter que ficar bonita pra esse doido?
Rimos e Ryan mandou um dedo do meio para seu mais novo cunhado.
— Espera, como elas vão sozinhas pra lá essa hora da noite andando por essas ruas? — questionou Chaz.
— Quem vai andando por essas putas ruas perigosas somos nós homens, a Caitlin está com o carro e vai com a Melanie. Vai logo pegando uma arma para o caso de algum maluco vier tirar graça com a gente por esses becos. — falou firme Christian e nós rimos.
— Eu me garanto sozinho panacão. — revidou Chaz.
— Cadê o skate e a bola de basquete? - Ryan me perguntou.
— No armário.
— Quero chegar logo e mostrar pra vocês minhas habilidades e meus saltos trezentos e sessenta graus. — Christian se gabou fingindo estar em cima de um skate, mas era apenas a minha cama.
— Essa é a minha cama, vacilão. — ele saiu rindo com as mãos levantadas em rendição.
— Para de lorota Beadles que o primeiro empurrão você cai.
— Ah é Butler? Vamos ver, faz melhor que eu então zé ruela.
— Eita porra. Eu ouvi um desafio? — Chaz instigador de discórdia Somers começou a falar. — Vocês estão apostando, é isso?
— Chaz, isso é só brincadeira dos dois. — dei de ombros rindo dos retardados, enquanto saíamos do quarto. — Não inventem.
— Christian vai perder pra mim Justin, escreve no seu bloquinho. — falou Ryan batendo em meu ombro, Christian queria competição.
— Vamos ver.
Eles fizeram um toque e a aposta estava acirrada, não sei de onde Beadles herdou tanta confiança em si mesmo e um espírito tão desafiador e competidor.
[...]
Quando já estávamos no caminho e quase perto da pista decidi falar logo sobre a minha viagem, estava muito em cima da hora e eu não podia adiar mais.
— Preciso falar uma parada séria com vocês, vai ser bem rápido.
— Diz logo Bieber, esse negócio de lenga lenga não é comigo. — falou Ryan, esfregando as mãos uma na outra.
— Depois do campeonato...
— O que tem? — questionou Chaz me olhando confuso.
— Tem férias, um mês pra curtir longe do colégio. — Ryan falou obviamente o que eu pretendia fazer se não fosse obrigado a ir para o Canadá.
Eu coço a garganta e então eles me olharam torto, tensos e estranhos. Christian me olhou de canto e balançou a cabeça para eu prosseguir, ele já sabia que eu estava querendo falar sobre isso.
— Opa, pela sua cara essa conversa não vai para um lado bom, estou certo Justin? — estranhou Chaz
— Eu vou viajar nas férias.
— O quê? — se espantou Butler, desapontado. — Vai viajar pra onde porra? E a nossa viagem para as Bahamas? A fazenda dos Beadles?
— É Justin, que papo é esse? E por quanto tempo? — Chaz estava mais confuso do que eu sempre o vejo, ele olha para o Christian que está calado. — Por que você está quieto?
— O Justin acabou me contando antes...
— E a Melanie já tá sabendo? É um mês Bieber. — perguntou Somers.
Fiquei em silêncio e passei a mão na nuca, percebi que Christian prestava bem atenção no que eu ia falar sobre aquilo, não sei se é paranóia minha mas quando eu falava nela ele ouvia con atenção.
— Eu já conversei com a Melanie, ela entendeu. É uma viagem mais familiar do que de férias, meus planos foram fodidamente interrompidos mas não vou embora pra sempre, que vocês fiquem sabendo.
— Bom... Estamos em alerta agora. — Chaz disse, meio desligado do mundo pra falar a verdade. — E pra onde vai?
— Canadá, vou reencontrar meu avô depois de oito anos mas eu vou sozinho.
— Caralho, olha lá Justin. Você vai saber se virar?
— Claro que vou Ryan, tenho dezoito anos e a essa altura não sou nenhum idiota e vou ficar lá, conhecer parentes, primos, vocês sabem... Essas coisas.
— Não queríamos que você fosse, esperávamos passar o verão todos juntos, na maior amizade e parceria.
— É Christian, mas isso não vai acontecer. — lamentou Chaz, o respondendo. — Fazer o que?
— Eu disse pro Justin que qualquer coisa se ele voltar pra Atlanta antes do dia previsto é pra me avisar, até lá vamos estar na fazenda e quem sabe ele chega a tempo de ir. — ele passou o boné pra trás e continuou. — E provavelmente a Melanie não vai querer ir mais com a gente, só se quiser acompanhar a Cait.
— Isso eu não sei ainda, quem decide é ela. — fiquei o olhando desconfiado por lembrar da Melanie, mas conclui. — Eu também torço em voltar antes, ainda bem que já disse isso pra vocês. Me sinto mais aliviado.
— Fica frio Justin, vamos cuidar da Mel pra você. — Ryan foi o primeiro a fazer piadinha, rimos.
— Não se esquece da Caitlin, Butler. — o avisei batendo em seu ombro.
— Não se esquece que sou o irmão da Caitlin, Ryan. — disse Christian, o alertando que estava ainda vigiando.
— Não esqueçam que eu sou o mais adorado por elas, mesmo que vocês sejam os namorados. — se gabou Chaz, ele tinha sua parcela de razão.
Percebi que Christian de repente estava falando ao celular, talvez com a Caitlin ou a Melanie. Ruborizo ao imaginar, prefiro acreditar que seja a Caitlin o avisando sobre a sua saída de casa. Será que estou desconfiando de Christian injustamente? Tenho que parar com isso mas ao mesmo tempo ficar de olhos abertos.
— Assuntos depressivos vamos deixar engavetados, não é?
— Nossa Somers, falou que nem meu pai agora. — declarou Ryan e ele riu baixo.
— As meninas já saíram de casa. — Christian avisou e guardou o celular no bolso e fechou os olhos enquanto caminhava de mãos nos bolsos. — Jogar ou lutar sempre me deixa de mente fria, me acalma, me dá uma vibração boa.
— Jogar, lutar e... fumar uma? É o que está parecendo pelo seu jeito de falar. — riu e objetou Charles desconfiado. — Você tem cara de que puxa fumo e esconde Christian.
— Mas é só a cara dele, eu espero. — falei e bati nos ombros dele que riu se divertindo.
— Claro que é só a minha cara, estão me estranhando? Nunca ia me meter com isso e sei muito bem quem se mete em drogas e esconde a cara.
— O Chaz claro, com esse rostinho de sono e preguiça o tempo inteiro.
— Ryan, cala essa boca, fica na sua. — Chaz deu um soco no braço do mesmo que ficou rindo do amigo. — Espera aí Christian, quem é metido com essas merdas? Agora fiquei interessado.
— Diz logo Christian, eu sei que você quer dizer. — o estimulei cutucando sua bochecha com implicância, ele empurrou a minha mão e jogou a bomba nuclear em cima de mim.
— Kristen Stevens, estou sabendo de muita coisa.
— A Kristen está usando drogas? — Chaz arregalou os olhos. — Tudo bem, por quê isso não me surpreende tanto?
— Porque era o que estava por vir pra ela, patricinhas que perdem liderança se metem com coisas erradas. Pura droga, irmãos.
— Justin não liga mais pra ela, não é Bieber?
— É Chaz... — engoli a seco meio assustado ou boquiaberto. — Ela é página mais que virada.
— Eu ouvi um amém?
Christian exclamou e ele ficou jogando a bola de basquete em Ryan, e Ryan jogando nele e ambos ficaram nesse trocadilho, até Somers resolver pegar pra segurar. Se ele não o fizesse eu iria fazer, ou jogar na cara de cada um pra ficarem quietos, não sei porque ainda fico assustado com o que vem de Kristen Stevens.
Ryan e Chaz estavam conversando atrás de mim e de Christian, a rua estava mais deserta e seria a última dobra pra chegar até a pista.
— Beadles, você tem certeza do que está dizendo? — perguntei a ele que passou a mão no pescoço.
— Está falando da Kristen? — eu assenti e ele arqueou as sobrancelhas, me olhando antes de falar qualquer coisa.
— Bieber, essa louca está se afundando nas drogas e eu acho que o namoradinho dela, o Brian... Bom, eu acho que ele nem sonha com isso.
— Porra, o que você está me dizendo? — eu fico sem fala e passo a mão inquieta no cabelo. — Como você chegou a isso?
— Eu vi ela em um beco e o comportamento dela está estranho, eu sei quando uma pessoa começa com o vício porque eu já tive um amigo viciado, eu vi ele se afundar sozinho, eu tentei ajudá-lo tanto... — ele disse dolorosamente, resolvi não dizer nada. — Eu vejo que você está preocupado com ela.
— Não Christian, isso não. Eu tenho outras coisas pra me preocupar agora. — eu digo pra escapar de explicações.
— Eu não creio. — ele diz de repente olhando para a sua frente e cerrando um pouco os olhos. — Veja com seus próprios olhos.
Levantei o olhar e avistei uma garota loira em um beco sentada em cima de um barril junto a uns caras com garrafas de bebidas na mão. Ali tinha a entrada e saída de pessoas sujas trafegando, ela estava de saltos finos e um cigarro na mão fumando no escuro. Travo o maxilar e observo de longe.
— É a Kristen. — digo e não sei ao certo o que sinto, talvez pena.
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