Lauren on
Contei a Camila tudo o que aconteceu e ela não me deu um conselho sequer. Tudo o que ela fez foi me repreender.
- Eu disse que essa história falsa ia sair pela culatra. Por que não conta logo a ela toda a verdade?- ela disse, enquanto colocava o jaleco.
- E dá pra contar a verdade? - olhei a surpresa e ela assentiu. - Tá, tá. Deixa eu treinar. Vamos fingir que você é ela.
- Tá legal, dá uma olhada. - ela balançou o cabelo preso, pondo a mão na cintura e sorrindo.
- Okay, ela não é bem assim, mas tudo bem. - neguei, olhando-a. - Eu uso uma aliança falsa, às vezes... - ela me interrompeu.
- Cafajeste. - andei até o sofá, deixando-a sozinha. - Desculpa, mas é cafajeste. O que aconteceu? Parece um pato andando.
- Minhas costas. Eu dormi na praia ontem. - sentei-me no sofá, me apoiando no suporte ao lado.
- Quando você vai endireitar essa coluna? Sério, tem remédio. E você tem que malhar mais de uma vez por mês. - repreendeu-me, me entregando uma bolsa de gelo.
- Não dá, não tenho tempo. - coloquei a bolsa nas costas, sentindo um incomodo instantâneo.
- Tem, sim. Deixa disso. Minha mãe sempre diz que o Cary Grant nunca fez ginastica. Ele só usava as escadas e nunca o elevador. - ela arrumava uns papéis na mesinha de centro.
- Quer ver minha imitação do mordomo do Cary Grant? - o imitei, fazendo-a rir.
- É, foi boa. Engra... - ela não pode terminar a frase, pois a porta do consultório foi aberta.
- Mãe, me dá dinheiro. - Harry, o filho de Camila entrou, chamando a atenção.
- Oi. Como é que estão? - ela perguntou, debochando. - Foi um prazer ver vocês crianças. Sejam educadas e falem com a Dra. Jauregui. - apontou para mim.
- Olá, Dra. Laur, como vai a senhora? - Spencer falou, com a voz carregada no sotaque britânico.
- É minha colega, Dra. Dolittle? Por que ela está falando assim? - perguntei a Camila, que estava envergonhada.
- Ela vem treinando alguns sotaques. - coçou a nuca, olhando para a filha.
- Estou fazendo aulas de teatro no verão, minha cara. Serei a próxima Miley Cyrus. - continuava a falar com o sotaque.
- E você, rapazinho, gosta de Hannah Montana também? - virei-me para Harry, que estava com sua cara de mafioso.
- Não. Eu gosto de Orange is the New Black. - gargalhei e Camila saltou ao meu lado.
- E quando você vê Orange is the New Black? - perguntou, chocada.
- Jose deixa a gente assistir quando liga para o namorado dela. - Spencer falou, agora com sua voz normal.
Virei para Jose, que estava jogando e gritando "mata o porco maldito, mata o porco maldito. Matou". Voltei-me para Camila, assentindo.
- Você administra bem sua família. - a latina sorriu, levantando o ombro.
- Dra. Laur. - o moleque chamou, sentando ao meu lado. - Me leva pro Havaí para eu poder nadar com os golfinhos? - pediu, como se não fosse nada de mais.
- Levá-lo ao Havaí? Levo não. - neguei com a cabeça, recebendo um olhar meio triste de volta.
- Eu vi num programa do Discovery Channel que no Havaí, se você pagar, pode nadar com os golfinhos. - concordei com ele. - Eu não tenho direito e minha mãe disse que você é rica.
- Harry! - Camila o repreendeu.
- Deixa, deixa. - balancei a mão. - Por que não ganha seu próprio dinheiro? Poderia entregar jornais. Porque gente rica não dá dinheiro para a viagem dos outros, por isso continuam ricas. - o explicava, calmamente.
- Mas a mamãe disse que você faz caridade para as crianças.
- Eu faço caridade para crianças consertando o lábio leporino ou outras deformidades. Eu não levo ninguém para o Havaí, eu poderia ser presa por isso. - continuava a discutir sobre isso com ele.
- E se eu fosse assim? - ele fez uma careta. - Você me levaria para o Havaí?
- Se você fosse assim, eu te levaria para o Havaí, mas te deixaria lá, porque não iria querer olhar para você.
- Chega. Toma o dinheiro e eu quero o troco. - Camila nos interrompeu, balançando o dinheiro. - E quero saber que vocês estão comendo a comida que eu estou pagando. - falou diretamente para Spencer, que revirou os olhos.
- Mãe, antes de ir, posso fazer Becky? - olhei para a latina, perguntando-a silenciosamente.
- Claro, no fim do corredor. Pode ir com ele? Nós abrimos em 15 minutos e eu não quero ele plantado no vaso. - pediu a filha.
- Não tema, com a Spen não tem problema. - a menina correu atrás do irmão.
Camila voltou para a mesa, tirando o óculos. Levantei-me e a segui. Pus minha xícara com café em cima da mesa, apoiando as mãos na mesma.
- "fazer Becky" o que é isso? - perguntei, interessada na história.
- É, Becky. É uma homenagem a uma amiga com quem morei na faculdade que se chamava Becky Gomez e... não era amiga, amiga. Estava mais para inimiga. - ela pôs o óculos na mesa, mexendo nuns papéis.
- Era uma animiga. - ajeitei-me, pegando a xícara de volta.
- Você ia gostar dela. Ela é muito falsa. Sempre pegava as roupas mais iradas e os mais gatos. - sentou-se, pondo os óculos.
- Ela te irritava. - aproximei meu rosto dela.
- Muito. - pôs a mão no rosto. - E uma noite eu estava tomando uma taça de vinho... - a interrompi.
- Uma garrafa.
- Uma garrafa de vinho e eu estava muito cheia dos meninos dizerem: "quero fazer cocô.", "quero soltar um barro.". Aí eu disse a eles que era "fazer Becky". Eles gostaram e pegou. - ela sorriu.
- Eu sempre digo que vou fazer picles preto. - falei como quem não quer nada.
- Fala o quê? - ela parecia chocada.
- Não, não falo.
- Em voz alta? - seu choque era evidente.
- Não para os outros. - sorri.
- Melhor. - ela assentiu.
- O que vamos fazer da minha vida amorosa? - perguntei, mudando de assunto.
- Ai, Lauren. Eu lamentaria por você, se eu tivesse qualquer a menor pena por você pegar meninas de 19 anos.
- Ai, que Becky. Você nunca colabora. Isso não é uma Becky de uma transa qualquer. É sério, vai dar a maior Becky. Eu juro, eu me vejo casando com essa menina. - suspirei alto.
- É? Tem razão, não pode contar a verdade a ela. - Jose gritou lá atrás, sobre ter batido o recorde. - Desculpe.
- Não, tudo bem. Que bom que alguém está feliz. - olhei para a mulher, que ria alegremente jogando em seu celular.
- Quer saber? Você não quer se envolver, porque vai ficar sério e você vai acabar se casando. E casamento termina em divórcio, que é tão... - ela se ajeitou na cadeira. - Olha só os meus filhos, a mãe deles deveria vir pegá-los hoje.
- Ela não apareceu?
- De novo. Mas, sabe, eu tenho a cabeça no lugar e me divorciei. - virou para o lado, voltando rápido para mim. - Espera aí...
Depois da conversa com Camila, corri para meu carro. Parei numa floricultura, comprando um buquê de rosas vermelhas e seguindo para a escola onde Perrie trabalhava.
Quando me viu entrando com as flores, a loira refez seu caminho de volta a sala. Corri, entrando em sua frente.
- Deixe-me explicar uma coisa. - pedi, depois de ela tentar sair novamente.
- Deixa eu te explicar uma coisa. - puxou o buquê de minhas mãos, o jogando no lixo. Os alunos fizeram um coro de "uhhh". - Eu não namoro com mulher casada. Meu pai traía minha mãe e eu não quero ser a outra.
- Adúltera, fornicadora. - um moleque de cabelo arrepiado falou, apontando para mim.
- Calma, pega leve aí, Damien. - olhei para ele, fazendo os outros meninos rirem.
- O nome dele é Ashton, e não mexe com ele. - ela me empurrou para uma sala.
- Eu vou te matar. - o menino disse, apontando para mim.
- O quê? Tenta. - gritei, o encarando com desafio.
Perrie trancou a porta, cruzando os braços na minha frente. Alisei as mãos na calça, respirando fundo.
- Escuta, eu sou casada, mas é um casamento terrível, ela nem fala mais comigo.
- Lauren, na boa. Isso é o que todo mundo casado fala. Se é tão ruim, peça o divórcio. - ela gesticulava, exaltada.
- Eu já pedi. - respondi, calmamente.
- Pediu? - ela estava surpresa.
- Já. Acabou. - esfreguei as mãos.
- Nossa, não acredito que destruí um casamento. Estou com náuseas, eu vou... - ela abaixou-se, segurando a barriga.
- Não, não. Não foi por sua causa. Entrei nessa ação há muito tempo. - a abracei, afagando seu cabelo. Me separei dela, gesticulando com as mãos. - Assinamos os papéis em alguns dias e ela morreu pra mim .
- Qual o nome dela? - Perrie se recompôs, cruzando os braços.
- Sra. Jauregui. - sorri. Ela me olhou levantando a sobrancelha. - O primeiro nome? O nome dela é Becky.
- Becky? - ela repetiu, confusa.
- Nomezinho de merda, né? - bati as mãos. - Mas eu e Becky estamos nos separando, felizmente, porque eu peguei ela no flagra com outra. - sentei na cadeira, me espreguiçando. - Quer dizer, eu não peguei. Pegaram para mim. Um programa de tevê chamado "Infiéis" pegou para mim. Eu pedi que não exibissem, porque dói ver. Queimaram a fita, então, você não pode ver. Mas eu queria que visse.
- Tem outra mulher? - ela se aproximou de mim.
- Tem, sim. Rasputia. - balancei a cabeça.
- Rastupia?
- Rasputia Letimore. - concluí.
- A mulher do Norbit? - ela estava mais confusa que nunca.
- Não, não. É outra Rasputia Letimore. Se você a confudir com a personagem, ela fica bem puta.
- Lauren, vocês casados sempre dizem que vão largar a mulher, mas nunca largam. - ela não estava acreditando em mim. Nem eu estava acreditando.
- Já disse. Ela é feliz com a tal da Rasputia. Melhor pra ela. Eu quero ser feliz e o único jeito de eu ser feliz é com você! - exclamei, levantando. - Só quero poder ficar com você sem ser chamado de fornicadora ou qualquer outra coisa que o menino do Iluminado me chamou.
- Tá bom. - ela confirmou.
- Tá bom? - já estava feliz.
- Só preciso ouvir isso dela. - a felicidade acabou ali.
- Ela manda um torpedo, serve? - estava meio desesperada.
- Eu quero conhecê-la.
Olhei ao redor, pensando na merda que eu faria agora; qual seria a mentira da vez. O moleque da Colheita Maldita estava na janela, apontando para mim.
- Demorou.
Combinei com ela o dia para irmos encontrar minha "ex mulher" e corri de volta para a casa. Pensei em ligar para minhas ex namoradas e lembrei que só tive uma até hoje. Balancei a cabeça, a fim de me esquecer de Keana e outra morena veio a minha cabeça: Camila.
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