- Hein? - Carine indagava Henrique.
- Yo tenho que ir, até mais - Paola entrou no carro e dirigiu o mais rápido possível até sua casa, deixando Fogaça de frente a loira.
- Sim, temos uma filha, Francesca o nome dela - ele disse rápido.
- E quando você ia me contar isso?
- Em breve, é que homem quase divorciado... Com filha... Não é bem o maior atrativo para mulheres - ele mentiu olhando para a loira que sorriu ao ouvir aquela notícia.
- Eu adoro crianças, estudo pedagogia a distância.
- Sério? - ela suspirou aliviado.
- Sim, Francesca é um nome diferente...
- Sim é Italiano, família da Paola é descendente de italianos, chamamos ela de Fran.
- Aposto que ela é linda - Carine sorriu simpática.
- Sim, é a criança mais linda do mundo.
- Que pai babão - ela bateu no ombro do homem - não imaginava que você gostava de criança, não aparenta.
- Eu gosto e as crianças me adoram também... Sou quase um patati patatá.
A mulher gargalhou e ele suspirou fundo aliviado por ela ter acreditado.
- Quantos anos ela tem?
- Cinco.
- Que amor, ela ta aceitando a separação de vocês?
- Ta sim, ela é muito madura para a idade dela...
- Quero conhecer ela, vamos marcar um dia... Se vamos mesmo levar esse namoro adiante eu tenho que conhecer sua filha né?
- Claro, vamos marcar um dia mas agora vamos pro meu apê?
Ela levantou a sobrancelha e o encarou, balançando a cabeça positivamente.
(...)
Domingo de manhã Paola aproveitou a calmaria da sua casa vazia para cuidar do seu jardim, enquanto ouvia e se perdia nas sinfonias de Beethoven e mexia na terra, vendo suas duas galinhas de estimação correndo por todo o quintal.
Desde criança sempre fora apegada a natureza seus dedos em contato com a terra a fazia se sentir uma menina novamente.
Foi interrompida com a campainha tocando alto, lavou as mãos rapidamente e foi até o portão onde Henrique estava parado sentado na moto.
- Acordou cedo tatuado - ela disse irônica.
- Paola você quase me matou.
- Não reclama, eu te ajudei... Você me deve uma.
- Abre o portão, a gente precisa conversar - ele segurou as duas barras do portão e Paola abriu.
- Conversar sobre o que? - ela foi andando em direção ao fundos do quintal, Henrique observava o corpo dela no curto short jeans rasgado, pela primeira vez em anos estava vendo-a tão a vontade.
Ela pegou uma pequena pá e começou a remexer na terra, Henrique sentou num banco de madeira e não falava uma palavra.
- O que você queria conversar homem?
- Eu esqueci - ele disse irônico olhando a nádega da morena que o olhou por cima dos ombros.
- Então pare de olhar para a minha bunda e diga o que te trás aqui em plé no domingo? Tenho certeza que não é minha bunda.
- Poderia ser... Mas sua cena atendendo a Fran na frente da Carine me rendeu outra mentira...
- Eu não ia deixar de atender minha filha porque estava ocupada fingindo ser sua mulher - ela colocou uma muda de alface na terra e cobriu com um pouco de terra as raízes.
- Eu sei mas eu tive que falar pra Carine que eu sou o pai dela.
- Você o que? - ela levantou erguendo a pá.
- Calma - ele levantou ambas as mãos em sentido de rendição - abaixa essa pá.
- Calma? Você me colocou nesse circo e agora quer colocar minha filha?
- Ela só quer conhecer a Fran, vai ser como uma brincadeira para ela...
- Ela tem cinco anos Henrique, é uma criança e você quer usar ela.
- Calma, vai ser só um dia, você vai ta junto lógico.
Paola revirava os olhos ironicamente e suspirava fundo.
- Que vontade de te enforcar Henrique, como eu vou chegar para a Fran e falar "olha filha o Henrique vai ser seu pai de mentirinha por um dia " - ela ironizou.
- É isso, ela vai entender, ela é esperta, podemos ir ao Ibirapuera passear com a Granola.
- Ah claro uma família feliz, o papai, a mamãe, a filha, a cachorra e a amante de vinte anos... Você precisa de terapia.
- Por favor Paola, quebra mais essa para mim - ele juntou as duas mãos - você sabe que a Fran gosta de mim e eu adoro ela, ela vai se divertir.
- Eu devia quebrar essa pá na sua cabeça.
- Poxa Paola eu compro um presente para você... Digo pro Jacquin parar de roubar chocolate do seu camarim.
- É ele? Eu sabia.
- Sim, se quiser eu paro de ta sustos durante as gravações.
- Para de promessas, eu não posso expor minha filha a isso.
- Só pra Carine conhecer ela, depois eu invento que você não quer envolver a Fran no nosso relacionamento.
- "Inventa" - ela fez aspas com a mão - tudo para você se resolve com uma mentira Henrique. Isso é doença.
Ele ajoelhou próximo a ela e segurou suas pernas pernas.
- Por favor Paola não seja tão má, lembra de todas as vezes que eu limpei o chão do Julia quando era seu estagiário, por favor me deixa ser o pai da sua filha por um dia.
- Ta ai uma frase que não se ouve todo dia - ela disse enquanto ele apertava mais forte suas pernas - levanta homem.
- Vou ficar aqui até você aceitar - com o rosto colado em suas coxas Paola sentia um arrepio percorrendo seu corpo com o toque da barba do homem que passava por sua pele nua. - pensa com carinho, eu sei que dentro desse seu coração de gelo tem uma mulher boa, que vai ajudar esse amigo que sempre ta com ela.
- Você é um chantagista, mentiroso...
- Sou tudo isso mas por favor - ele subiu a mão até a nádega dela por impulso.
- Tira a mão da minha bunda - ela disse firme e ele desceu abraçando as pernas dela novamente.
- Desculpa, se serve de elogio ela ta durinha do jeito que eu imaginei mesmo.
- Cala a boca se não eu te castro e você vira um Eunuco.
- Um o que? Deixa pra lá, por favor Paola... Só me deixa ser o pai da Fran por um dia.
- Ta Henrique - ela se rendeu aos pedidos do homem - mas vamos nós dois conversar com a Fran e explicar para ela - Paola disse revirando os olhos - e vai ser só por um dia... Se houver qualquer coisa eu conto a verdade aquela menina, pego minha filha e vou embora, ela nunca mais vai querer olhar na sua cara.
- Sabia que tu era minha parceira de verdade - ele levantou rápido fazendo a mulher perder o equilíbrio e tropeçar sobre ele, num impulso ele a prendeu pela cintura deixando seus rostos próximo a ponto de sentirem a respiração pesada um do outro.
- Te peguei - ele sussurrou olhando os lábios dela e acariciando sua cintura - desculpa acho que me exautei, você ta bem?
Paola soltou a pá que estava em sua mãos e encarou o homem, segurando seus ombros pro cima da camisa flanelada vermelha.
- Sí estoy bien... você pegou - ela sussurrou sentindo uma onda de calor percorrer seu corpo, olhou os lábios dele e por uma fração de segundos imaginou o beijando.
Ele se aproximou mais dela, a ponto de seus testas colarem, as respirações ficaram pesadas.
- O que estamos fazendo? - ela suspirou fundo e apertou o ombro dele.
- Diz não que eu paro - ele disse firma a puxando mais pra sí.
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