Eu definitivamente não servia para ficar esperando. Eu era a pessoa mais impaciente naquela sala de espera. Eu andava de um lado para o outro e a cada dois minutos ou Maxon ou Celeste mandavam eu me acalmar, inutilmente. Carter estava lá dentro com Marlee, provavelmente quase tendo um ataque cardíaco, assim como eu.
- Meri, calma – Maxon disse, se levantando da onde estava e me segurando em seus braços, para que eu ficasse parada.
- Como você que que eu fique calma com a minha melhor amiga lá dentro e eu aqui fora sem notícias algumas? - falei, me segurando para não gritar e começar a chorar.
- Vou fingir que não fiquei ofendida – Celeste disse, tentando me destrair.
- Ela está nas mãos do melhor médico de toda Illéa, minha querida. Nada vai acontecer com ela e nem com Kile. - ele disse, puxando meu queixo para olhar nos olhos dele. Sua voz transmitia calma.
- Eu sei! Eu sei de tudo isso que você falou, mas eu não consigo ficar calma! E se algo der errado? - perguntei, preocupada.
- América, senta aqui do meu lado agora – Celeste ordenou, se levantando, me tirando dos braços de Maxon e me forçando a sentar ao seu lado no sofá da sala de espera. Ela lançou um olhar a Maxon e o mesmo sumiu corredor a fora, sem dizer uma palavra.
- Não pede pra mim me acalmar, Leste – eu falei, com voz de choro.
- Não vou – ela disse, passando o braço pelo meu ombro e puxando a minha cabeça para o ombro dela. Do nada, eu comecei a chorar. - Só quero que você saiba que ela vai ficar bem e Kile também. - falou, acariciando a minha cabeça.
Ficamos assim por uns minutos e eu vi lágrimas correrem dos olhos dela também. Celeste podia até se fazer de durona, mas tinha um coração mole quando se tratava de alguém com quem ela se importava.
- Obrigada, Leste – falei, me sentindo melhor.
- É pra isso que a melhor amiga serve – ela disse, dando destaque para "melhor amiga". Eu fui obrigada a rir. Do nada, Maxon entrou na sala, seguido de Carter.
- Aconteceu alguma coisa? - Celeste e eu praticamente pulamos do sofá.
- Nasceu, Meri – Carter disse, correndo pros meus braços e me abraçando, chorando igual a um bobo – Meu menino nasceu – ele falou, em meio aos soluços.
- E a Marlee? - Celeste perguntou, preocupada.
- Ela está bem – Maxon respondeu, fazendo Celeste e eu conseguirmos voltar a respirar. Carter, então, me soltou e abraçou Celeste, chorando mais um pouco, e eu corri para os braços de Maxon. - Eu falei que ela ficaria bem – ele disse, beijando a minha testa.
- Te amo – falei, puxando ele para um beijo.
- Menos vocês dois! - Celeste protestou – Tem gente que não tem ninguém pra beijar!
- Não tem porque é uma teimosa e não quer nem conversar com um cara incrível que está praticamente se arrastando aos seus pés - falei, séria, fazendo ela revirar os olhos.
- Verdade, Cel – Maxon disse - Você devia pelo menos escutar o que ele tem a dizer – completou, me lançando um olhar triste.
- Ouça a voz de quem aprendeu sua lição - Carter disse, brincando, nos fazendo soltar algumas risadas. - AGORA VAMOS VER MEU MENINO! - ele gritou, recebendo um olhar de repreensão das enfermeiras que passavam por ali.
Caminhamos pelos corredores da ala hospitalar do castelo e aquilo realmente parecia um hospital de verdade. Havia enfermeiras e médicos passando para todos os lados e aquele cheiro de hospital me deixava com o estomago revirado.
- Você tá pálida, Meri – Celeste disse, vindo ao meu lado - Tá tudo bem? - perguntou, preocupada.
- Eu odeio cheiro de hospital – falei, respirando fundo.
- Qualquer coisa vomita pro lado de lá - Celeste brincou.
- Que grande amiga que eu tenho – falei, irônica, brincando com ela.
- Chegamos! - Carter disse, todo animado.
- Você não viu o menino ainda? - Celeste perguntou.
- Claro que já! - disse, animado.
- Eu arrastei ele de longe do menino para as enfermeiras poderem dar banho na criança - Maxon disse.
- Você viu Kile sem mim? - perguntei, fingindo estar irritada.
- Marlee pediu por ajuda – ele disse, lançando as mãos ao ar, em sinal de rendição.
- Sei – falei, fuzilando ele com um olhar.
Assim que entramos no quarto, o cheiro de hospital foi substituído por aroma de flores. Havia flores por todo o quarto onde Marlee estava. Eu não sabia como as flores havia chegado ali tão rapidamente, mas agradecia pelo cheiro que elas emanavam.
Kile dormia nos braços da mãe mais coruja que eu já tinha visto na face da terra. Marlee acariciava o rosto do menino, que tinha poucos cabelos e mantinha os olhos bem fechados. Ele usava um tiptop que eu havia ajudado ela a escolher, todo azul marinho, com detalhes em dourado. Ele parecia um pequeno príncipe.
- É a coisa mais linda da face da terra – falei, grudando na minha amiga, para poder ver o menino melhor.
- Marlee, você está acabada – Celeste disse, se referindo ao estado de Marlee.
- Eu acabei de ter um filho, Leste. Você acha mesmo que eu vou me importar em como eu estou parecendo? - ela disse, se divertindo com o comentário da morena.
- Pois pra mim, você está linda – Carter disse, todo babão - Não poderia estar mais linda. - completou, beijando a bochecha da loira.
- Obrigada meu amor – ela disse, sorrindo para ele. - Venha, América, segure ele um pouco – disse, passando Kile para os meus braços.
- Oi coisa mais linda da dinda – falei, fazendo carinho em seu rostinho. Senti um flash surgir e nem precisei levantar o rosto para saber que era Maxon. Ele se aproximou de mim e do menino, me abraçando por trás.
- Você fica linda segurando um bebe no colo – ele disse, me dando um beijo na bochecha. - Você não acha meninão do dindo? - completou, segurando a mãozinha do pequenino.
- Quer segurar ele um pouco, Leste? - falei, tentando fugir do assunto.
- Isso não é pra mim, América - ela disse, se esquivando. - Fico feliz que esteja bem, Lee. Vejo vocês depois – disse, praticamente fugindo do quarto.
- O que deu nela? - Marlee perguntou.
- E quem entende a Celeste? - Carter disse, brincando.
POV. Celeste
Sai daquele quarto o mais rápido possível. Era muita melação para um espaço tão pequeno. O pequeno Kile era muito fofo, realmente, mas ainda parecia com cara de joelho, como todos os bebês parecem. Bom, exceto, talvez, Katherine.
Eu sentia as palavras que América tinha falado antes martelarem na minha mente, o que não facilitava estando na presença dos dois casais mais melosos de Illéa. Eu praticamente fugi da ala hospitalar, até porque tinha que concordar com América, aquele cheiro era horrível.
Andei apressada até o meu quarto e, antes de virar no corredor do meu quarto, vi que tinha alguém na frente da minha porta. Não um alguém qualquer. Philipe. Ele parecia não saber que eu não estava no quarto, pois estava em pé a frente da porta, como se estivesse se preparando para bater na porta.
- Vai lá Phillipe! - ele disse, severo consigo mesmo. - É só bater! - eu me segurei para não rir. Phillipe nunca havia demonstrado insegurança perto de mim. Eu não conhecia esse lado dele. - Fedra riria de mim nesse momento – ele falou sozinho – Com medo de falar com uma garota. - completou. Ele então, respirou fundo e bateu na porta. - Leste, é o Philipe - começou. Parou por um segundo, parecendo que não conseguiria respirar - Será que a gente pode conversar? - ele disse, forçando sua voz para esconder a insegurança. - Droga, claro que ela não ia querer conversar – ele disse, dando meia volta, mas ainda sem se afastar muito da porta.
- Talvez você esteja procurando no lugar errado – eu falei, fazendo ele quase morrer de susto.
- Celeste – ele disse, surpreso e sem jeito.
- Eu mesma – falei, jogando o cabelo e fazendo pose.
- Como está Marlee? - ele perguntou, puxando assunto.
- Ela está bem e Kile também - respondi - América e Maxon estão lá babando no afilhado. - completei, sem saber ao certo porque.
- A gente pode conversa um pouco? - ele pediu, meio sem jeito.
- Achei que já estivéssemos fazendo isso – respondi, fria.
- Leste, por favor – falou.
- Fala logo o que você quer – disse.
- Será que pelo menos podemos entrar? - ele disse, apontando para a porta do quarto, começando a perder a paciência. Esse sempre foi o grande dilema para nós dois: ambos não tem paciência para esse papo furado.
- A porta está aberta – falei. Ele então abriu a porta e fez sinal para que eu entrasse primeiro. Entrei a passos rápidos e sentei no sofá que havia ali. Ele encarou o quarto por um instante, analisando tudo e acabou por se sentar na cama.
- O que aconteceu entre nós, Celeste? - ele perguntou, meio perdido.
- Você pode parar de fingir que não sabe, Phillipe. - eu disse, irritada.
- Mas eu não sei! - ele disse. Eu sentia verdade naquelas palavras, mas não conseguia acreditar. - Mil coisas passam pela minha cabeça, mas não acho nada que eu possa ter feito pra te afastar aquele jeito!
- Não banque o tolo, Phillipe! - eu disse, irritada - Não sei porque você ainda se dá o trabalho de correr atrás de mim, sendo que logo logo terá que anunciar o seu noivado! - completei.
- Noivado? - ele perguntou, fingindo surpresa.
- Não precisa fingir que não sabe. Eu escutei seu pai falando. Eu sei que vai se casar com a princesa russa! Até porque, seria um escândalo, se alguém descobrisse o seu caso com uma "plebeia estrangeira" - falei, fazendo aspas com a mão.
- Celeste, você precisa me dizer exatamente o que ouviu – ele disse, se levantando da cama e ficando de joelhos na minha frete, segurando a minha mão. Eu não posso dizer que o toque da mão dele na minha não fez o meu coração acelerar, até porque seria uma grande mentira.
- Porque? - eu perguntei, confusa com o pedido.
- Porque eu acho que foi tudo um grande mal entendido. - ele disse, sorrindo pra mim.
- Escutei seu pai conversando com seu assistente. Eles favam sobre a princesa russa e sua idade, e que deviam te consultar, afinal era sua vida. Ai seu pai disse que você já sabia e sabia que era importante evitar qualquer escândalo envolvendo uma "plebeia estrangeira." - falei, tentando me lembrar da conversa exatamente. Enquanto eu relatava as coisas a ele, seu sorriso abria cada vez mais. - Porque você está rindo? - perguntei, irritada.
- Ah Celeste – ele disse, todo contente – Ah minha Celeste – continuou, se levantando do chão e sentando do meu lado, ainda sem largar a minha mão. - Meu pai não estava falando em um casamento meu com a princesa russa. Por um tempo, realmente havia um certo pré-acordo sobre isso, mas, quando eu te conheci, eu falei pro meu pai que eu não me casaria com ela. Que eu amava outra garota – ele disse, me olhando nos olhos.
- E o que foi a conversa que eu escutei? - perguntei, tentando manter a pose fria.
- Ele deveria estar falando do casamento do Natan! - ele disse. Demorei um pouco pra processar a informação.
- Seu tio? O irmão do seu pai de 18 anos? - perguntei.
- Sim! - ele disse, não conseguindo conter a animação. - Ele estava tendo um caso com uma militar italiana que foi a Londres para ajudar o General Weiss com o novo treinamento. Acontece que ela já era casada com um poderoso nobre italiano, parente de Nicolletta, o que poderia por fim ao acordo que América e meu pai lutaram tanto para conseguir.
- E o que a princesa russa tem a ver com isso? - questionei.
- Como eu disse, tínhamos um pré-acordo de casamento, eu e ela, que eu coloquei um fim. Meu pai, querendo resolver o problema com meu tio, afastando ele de Londres e casando ele, negociou um casamento entre os dois, afinal, ele também é um príncipe. - explicou.
- E? - perguntei, esperando o fim da história.
- O casamento é no final do mês que vem – ele disse, se aproximando de mim – Adoraria ter você como minha acompanhante – ele disse.
- Isso é muita coisa pra minha cabeça! - falei, me levantando da onde a gente estava sentado e indo até a varanda, tomar um ar.
- Celeste – ele disse, vindo até mim, com calma.
- Eu preciso de um tempo pra processar isso – pedi a ele, afastando ele com a mão. Ele não pareceu surpreso com a frase, assentindo com a cabeça e me deixando sozinha no quarto.
Eu fiquei ali por um tempo, não sei dizer quanto, olhando o jardim. Porém, eu não conseguia ser como América e achar aquilo algo calmo. Eu precisava de movimento, de algo que fizesse minha cabeça trabalhar e processar tudo que Phillipe havia contado.
Andei pelos corredores do castelo, ignorando perguntas de outras pessoas sobre mim. Eu adorava me perder naqueles corredores. Eu estava andando sem rumo, até escutar o barulho de um piano, vindo da sala de música. Lá encontrei América, tocando uma melodia qualquer. Ela parecia alheia ao mundo a sua volta. Andei e sentei ao seu lado, no banco do piano mesmo.
- Tá tudo bem? - perguntei a ela.
- Claro que sim – ela disse, tentando fingir que realmente estava – E você?
- Eu conversei com Phillipe – falei a ela.
- Finalmente – ela disse, sorrindo. Ao ver que minha cara não era das melhores, tirou o sorriso do rosto – O que aconteceu?
- Eu não sei o que fazer, Meri – disse, apoiando minha cabeça no ombro dela, como havíamos feito antes.
- Ele realmente aprontou alguma coisa? - ela perguntou. Eu nunca havia entrado em detalhes sobre o que aconteceu, sobre o que eu ouvi. Eu neguei com a cabeça. Ela soltou um suspiro, provavelmente de alívio. - Posso cantar pra você? - ela perguntou e eu só assenti com a cabeça. Ela então, mudou de melodia.
Você não está sozinha
Juntos nós permaneceremos
Eu estarei ao seu lado
Você sabe que segurarei sua mão
Quando ficar frio
E parecer o fim
Não há para onde ir, você sabe que eu não cederei
Não, eu não cederei
Eu levantei a cabeça, para olhar para ela, quando comecei a escutar a letra. Ela sorria para mim, me incentivando e eu chorava pela confusão que estava as minhas emoções. No fim das contas, estava feliz por ter ela ali.
Continue aguentando
Porque você sabe que conseguiremos,
Conseguiremos
Apenas seja forte
Pois você sabe que estou aqui por você,
Estou aqui por você
Não há nada que possa dizer
Nada que possa fazer
Não há outro jeito em se tratando da verdade
Então continue aguentando
Porque você sabe que conseguiremos,
Nós conseguiremos
Tão longe
Eu gostaria que estivesse aqui
Antes que seja tarde demais
Isso tudo poderá desaparecer
Antes que as portas se fechem
E chegue ao fim
Com você ao meu lado
Eu lutarei e defenderei
Eu lutarei e defenderei
(yeh, yeah)
Continue aguentando
Porque você sabe que conseguiremos,
Conseguiremos
Apenas seja forte
Pois você sabe que estou aqui por você,
Estou aqui por você
Não há nada que possa dizer
Nada que possa fazer
Não há outro jeito em se tratando da verdade
Então continue aguentando
Porque você sabe que conseguiremos,
Nós conseguiremos
Escute quando eu digo
Quando digo que acredito
Nada irá mudar
Nada irá mudar,
O destino
O que quer que seja
Nós resolveremos perfeitamente
(yeh, yeah, yeah, yeh-ah)
(la ra ra ra ra)
Continue aguentando
Porque você sabe que conseguiremos,
Conseguiremos
Apenas seja forte
Porque você sabe que estou aqui por você,
Estou aqui por você
Não há nada que possa dizer (nada que possa dizer)
Nada que possa fazer (nada que possa fazer)
Não há outro jeito em se tratando da verdade
Então continue aguentando
Porque você sabe que conseguiremos,
Nós conseguiremos
(ah ah ah)
(continue aguentando)
(ah ah ah)
(continue aguentando)
Não há nada que possa dizer (nada que possa dizer)
Nada que possa fazer (nada que possa fazer)
Não há outro jeito em se tratando da verdade
Então continue aguentando (continue aguentando)
Porque você sabe que conseguiremos,
Nós conseguiremos
Quando a música acabou, ela tirou as mãos do piano e me abraçou. Eu chorei no abraço dela por um tempo e eu me sentia segura. Eu me sentia bem. Eu sabia que ela não estava bem, mas respeitava o fato dela não querer tocar no assunto.
- O que seria de mim sem você? - eu perguntei, brincando e fazendo ela rir.
- Acho que nós duas estaríamos perdidas uma sem a outra – ela disse, me abraçando mais uma vez.
- Só sei que nunca vamos precisar descobrir – garanti a ela, secando as lagrimas do meus olhos.
- Nunca – ela disse, sorrindo pra mim.
- América! - Maxon disse preocupado, surgindo na porta. Quando ele me viu ali, travou por um instante. - Celeste está chorando? - ele perguntou, se divertindo com cena.
- Não - América e eu respondemos ao mesmo tempo. Ele então, deu de ombros, desistindo de entender.
- Eu meio que queria falar com você - ele disse, sem jeito, olhando para América.
- Eu já estava de saída - disse, me levantando. América me lançou um sorriso sem jeito, que eu respondi com outro sorriso sem jeito.
- Aonde você vai agora? - ela perguntou, enquanto eu andava para fora da sala.
- Aonde eu já deveria ter ido antes – respondi e vi ela sorrir.
- Boa sorte – ela me disse, sorrindo.
Sai dali com rumo certo, voei pelo corredores e travei ao chegar na porta do quarto de Phillipe. O que eu ia dizer? No final das contas, eu que estava errada o tempo todo, não ele. Como se pede desculpas?
Bati na porta, por impulso, mesmo ainda não sabendo o que falar. Ele abriu a porta e sorriu ao me ver. Meu coração acelerou e eu não conseguia formular uma frase decente. Eu não sabia o que dizer e havia muito a ser dito.
- Lipe, eu... - tentei começar, porém foi em vão. Ele sorria para mim, e ao ver que eu estava ali, arrependida, ele não ligou para o que eu tinha a dizer. Apenas me puxou para um beijo. E que beijo.
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