- Você não acha que isso é demais, Celeste? - Perguntei, olhando para o mulherão ao meu lado. Ela usava um vestido vermelho, com busto cheio de pedras, que davam um grande destaque. A saia era de um tecido que brilhava conforme a luz passava por ela e tinha uma fenda enorme, apesar de ser um pouco armado.
- Esse é um dos modelos mais conservadores – uma de suas criadas falou em meu ouvido.
- Nunca é demais! - Celeste respondeu, ao mesmo tempo. Ela passava o batom vermelho pela milésima vez. Seus cabelos estava preso para um lado e seus olhos estavam bem destacados.
- Tenho minhas dúvidas - respondi.
- Eu estou achando a senhorita muito sem graça nesse vestido, América - ela disse, me olhando dos pés à cabeça. Eu tinha escolhido passar despercebida pela multidão, então optei por um vestido nude, com detalhes em pedraria que não chamava muita atenção. Ele também não era armado nem nada. Era um vestido lindo, mas discretos para o padrão Celeste.
- Eu gostei dele! - Disse, me olhando no espelho. Meu cabelo estava num coque bem despojado e a maquiagem, assim como a de Celeste, chamava atenção para os olhos.
- Está bom para um passeio no jardim, não um baile! - Protestou.
- Celeste, você é muito inocente – Lucy disse, enquanto finalizava a maquiagem.
- Porque? - Celeste perguntou e eu fiquei ansiosa pela resposta de Lucy.
- Acabei! - Mary disse, entrando no quarto com uma enorme capa de vestido. Meus olhos encararam as minhas três criadas, lançando a elas olhares de repreensão.
- Vocês são demais! - Celeste comemorou.
- Você está metida nisso? - perguntei, olhando bem nos olhos da morena.
- Por incrível que pareça, não - ela disse, rindo de orelha a orelha.
- Foi totalmente ideia minha, América - Anne falou, fazendo eu a encarar.
- Você? - Celeste perguntou, surpresa. - Amei!
- O que vocês aprontaram? - Perguntei e vi Lucy correr até Mary, a ajudando a abrir a capa, para mostrar o vestido. Não posso negar, o vestido era simplesmente maravilhoso. Ele era azul marinho, tomara que caia. A parte de cima era coberta em pedrarias, que iam se diluindo na saia, dando a impressão de ser estrelas no céu.
- Vocês arrasaram meninas – Celeste disse, sorrindo ao olhar o vestido.
- Pronta para trocar, América? - Mary falou e eu vi todas as meninas no meu quarto me olharem, apreensivas com a minha resposta.
- O que tem de errado com esse vestido? - Perguntei, encarado o vestido novamente.
- É sem sal! - Celeste disse, me puxando e empurrando para o banheiro, com o vestido que segundos antes ainda estava na mão de Mary e Lucy – Qualquer coisa grita! - Resmungou, antes de fechar a porta na minha cara.
- Uau! - foi tudo que Henrique consegui dizer, enquanto eu descia as escadas indo ao seu encontro. Ele havia me pedido que o acompanhasse no baile e eu me senti muito agradecida pelo convite, pois descer as escadas sozinhas, enquanto era anunciada, sempre foi uma coisa que me deu medo.
Vi Celeste fingir bufar quando viu que Philipe a esperava, para acompanhar a mesma. Eu conheço a morena bem o suficiente para saber que isso a deixava contente. Ela poderia ainda estar brava com o príncipe, mas estava contente de ver que ele não havia desistido dela.
- Vocês estão deslumbrantes, senhoritas – Philipe disse – Mas tenho que dizer que Celeste está ainda mais bela. - Falou, usando seu melhor tom de cavalheirismo.
- Vamos logo – foi tudo que ela respondeu, enlaçando seu braço no dele e rumando a porta, que dava para o salão de baile.
- Você também não está nada mal, homem de lata – disse, brincando com uma das medalhas de Henrique.
- Como foi a conversa com Maxon? - Perguntou, enquanto eu me ajeitava ao seu lado, aguardando para ser anunciada.
- Ele acreditou em mim – disse, sorrindo de orelha a orelha ao lembrar do momento.
- Isso é um avanço - Henrique disse, brincalhão.
- Príncipe Henrique Muller e Senhorita América Singer – o recepcionista anunciou, me fazendo ficar corada. Todos no baile pareceram parar para nos encarar.
- Eles poderiam olhar para outro lugar – comentei, baixinho para Henrique, enquanto descíamos as escadas.
- Nada nesse salão vale a pena olhar a não ser você, América. - Ele disse, me deixando ainda mais corada.
- Você não está ajudando! - Reclamei e ele soltou um sorriso.
- Não olhe agora, mas tem um certo alguém transbordando de ciúmes enquanto finge prestar atenção no que meu irmão tem a dizer – ele disse e no segundo seguinte eu já olhava escancaradamente na direção de Maxon e Klaus. – Eu falei para você não olhar – Henrique disse, me puxando na direção de Celeste e Philipe, que pareciam estar brigando.
- Qual é Celeste! – Philipe reclamava de algo que ela tinha dito.
- Chega Philipe! – Ela disse, irritada, virando e me encarando. – Vamos dar uma volta – ela falou, me puxando pelo braço.
- Não vão, não! – Nicolletta disse, se aproximando do grupo. Ela usava um vestido com um coração em pedras douradas na frente e uma saia azul, não muito armada. Era muito lindo, apesar de ser bem simples. Ele combinava com ela.
- Maggie arrasou nesse – disse, olhando o vestido.
- Obrigada, América – ela respondeu. – Agora aonde você pensa que vai, Celeste? – Ela disse, encarando a morena seriamente.
- Longe de certas pessoas – ela disse, encarando Philipe com ódio no olhar.
- Nem pensar! – Nicolletta disse, fazendo Celeste bufar – Nem que eu amarre vocês dois juntos!
- Qual a implicância comigo, hein Nicolletta? – Celeste perguntou, irritada.
- Só queremos o seu bem, Leste – a princesa falou, com muito amor na voz. Depois, mudou sua postura, trazendo de volta a mulher autoritária que ela sabia ser – Agora vão dançar e se divertir!
- Obrigado! – Philipe disse, quando passou por Nicolletta, enquanto arrastava uma Celeste confusa para a pista de dança.
- E você? – Nicolletta disse, se virando para mim.
- Já tenho par – disse, agarrando o braço de Henrique rapidamente. – Vamos cumprimentar Kriss antes que ela surte – disse, cochichando para Henrique, que apenas assentiu com a cabeça.
Não posso negar, Kriss estava linda. Seu vestido tinha a base nude e na parte de cima havia flores rosa e roxas bordadas no vestido, o que dava cor e glamour ao traje. Ostentava na cabeça uma linda coroa, com detalhes em rosa, que combinava com o vestido. Ao seu lado, Amberly também estava majestosa, num vestido dourado, com detalhes em pedraria.
- Parabéns Majestade! – Disse, abraçando a moça.
- Sem formalidades, América! – Ela disse, divertida.
- Fico feliz em te ver bem – falei, de coração.
- Eu que só tenho a te agradecer – ela disse, com lagrimas nos olhos. – Você salvou a minha filha – disse, me abraçando mais uma vez, dessa vez com mais força – Obrigada – disse, emotiva.
- Onde está a pequena? – Perguntei, olhando em volta.
- Ela está no quarto – Amberly falou – Soldado Leger está responsável pela segurança dela – completou.
- Ele é o melhor – Kriss disse. Vi que ela estava apoiada na cadeira, devido a sua perna machucada. – Amberly, Henrique, eu poderia conversar com América a sós? – Pediu e Henrique lançou um olhar de discórdia antes de confirmar com a cabeça.
- Vossa Majestade me daria a honra de uma dança? – Pediu a Amberly, que sorriu e aceitou.
- Quem em sã consciência negaria? – Disse, brincando.
- O que está rolando entre você e o príncipe Henrique, América? – Kriss perguntou assim, na lata, no instante em que Amberly e Henrique se afastaram. Olhei para ela assustada e depois olhei em redor, analisando se alguém poderia ter ouvido.
- O que? – Perguntei assustada. – Entre mim e Henrique?
- Isso! – Ela continuou – Desde que ele chegou, vocês dois não se desgrudaram e ao contrário de Celeste, que toda vez que encontra o príncipe Philipe parece querer avançar no pescoço dele, vocês parecem se dar muito bem. – Falou – E além do mais, eu lembro que Celeste havia comentado sobre uma proposta de casamento.
- Henrique e eu somos apenas bons amigos, Kriss. – Falei, irritada, revirando os olhos – Não que seja da sua conta – conclui, agressiva.
- É por causa dele que você não quer aceitar a minha proposta? – Perguntou. – Você está apaixonada por ele? – Soltei um riso irônico. Henrique e eu? Apaixonados um pelo outro? Era uma bela piada.
- Kriss, minha querida – disse, bem irônica – Não que seja da sua conta, como já havia dito, mas posso lhe assegurar que não faço o tipo de Henrique – falei, piscando para ela, que demorou um segundo para entender o que eu falava.
- Oh – soltou e depois deu uma risada, envergonhada – Desculpe.
- Não tem problema – disse, já me afastando. – Era só isso? – Perguntei, querendo sair dali rapidamente.
- Não. – Ela disse e depois olhou em volta, analisando o movimento - Você já tomou a sua decisão? – Perguntou.
- Não vou tomar nenhuma decisão sem antes saber o que está acontecendo, Kriss – falei, calmamente.
- Eu não posso te contar nada agora – ela disse, me olhando no fundo dos meus olhos – Mas você precisa saber que é para o bem de todos.
- Você não está doente, não é? – Perguntei – Tem alguma coisa a ver com os rebeldes, né?
- Você precisa acreditar em mim, América! – Ela suplicou, com os olhos marejados. – Você precisa proteger os dois, como protegeu no ataque.
- Kriss, me conte o que está acontecendo! – Pedi.
- Eu não posso América! – Ela disse e eu sentia a dor na sua voz. Ela realmente estava sofrendo com tudo isso. – Eu preciso da sua resposta, América. – Pediu. – Estou ficando sem tempo!
- Eu não posso dizer nada sem saber o que está acontecendo! – Disse, tentando parecer o mais discreto possível.
- Você vai ter que confiar em mim, América – ela disse, suplicando com os olhos – Pelo bem de Maxon e Katherine. – Concluiu e em seguida, ficamos em silencio, trocando olhares duvidosos uma para a outra.
- Está na hora da dança, princesa – Silvia disse, surgindo do nada e arrastando Maxon consigo. Ele conseguia ficar ainda mais lindo naquela roupa de homem de lata. Eu tentava não olhar para ele e falhava miseravelmente.
- Eu acho que você vai ter que fazer isso por mim, América – Kriss disse. Maxon e eu trocamos olhares espantados. – Meu pé não está recuperado o suficiente para uma dança – concluiu.
- Melhor não – eu protestei. No segundo seguinte, Henrique, Amberly, Celeste, Philipe e Nicolletta já haviam se juntado ao grupo.
- Melhor não, o que? – Celeste perguntou.
- Kriss está com o pé machucado e pediu para América substitui-la na valsa real – Silvia contou. Recebi diversos tipos de olhares: de repreensão, vindo de Celeste; o de malícia, vindo de Henrique e Nicolletta; de encorajamento, vindo de Kriss e Amberly; de confusão, vindo de Philipe; e de apreensão, vindo de Maxon.
- Vamos, América, minha querida, não é nada demais – Amberly disse, com aquele seu tom amoroso. Nisso, seu marido nada amoroso se juntou a nós.
- O que está acontecendo? – Perguntou, delicado como só ele.
- Kriss não consegue dançar – Amberly lhe contou. – Estávamos pedindo a América para substitui-la na dança.
- Não acho uma boa ideia – ele disse, carrancudo. Lançando olhares de ameaça, tanto para mim, quanto para Maxon. – O que os jornais vão falar? – Ele disse.
- Que América é uma boa amiga que me ajudou no momento em que eu precisava – Kriss respondeu, encarando o sogro com raiva, como eu nunca tinha visto antes.
- Vocês poderiam parar de discutir o que devemos fazer como se não estivéssemos aqui? – Maxon interrompeu, irritado. – Isso aqui não é seu escritório, pai, onde você acha que pode decidir sobre a vida dos outros sem perguntar a eles – Lançou e senti Celeste cutucar meu braço e sabia que ela se segurava para não falar algo.
- Façam o que vocês quiserem, então – Clarkson respondeu, irritado e sem ação diante da atitude do filho perto de tantas pessoas importantes. – Mas não achem que não haverá consequências – Concluiu, antes de puxar Amberly consigo para a pista de dança. Olhei apreensiva para Maxon, esperando alguma atitude dele.
- A senhorita me concederia a honra desta dança? – Ele perguntou, fazendo uma pequena reverencia.
- Ela não tem escolha – Nicolletta disse, me empurrando nos braços de Maxon, que me salvou de cair no chão.
Assim que pisamos na pista de dança, todos os olhares se voltaram para nós, inclusive o de Amberly e Clarkson. Eu havia melhorado minhas habilidades de dança durante o tempo que passei fora, então me senti menos constrangida nesse quesito.
- América? – Maxon chamou minha atenção, me fazendo olhar bem nos seus olhos. – Você está deslumbrante – ele disse, sorrindo.
- Agradeça a Mary, Anne e Lucy – respondi, sorrindo – Elas que me aprontaram essa – falei, apontando para o vestido com os olhos.
- Lembrarei disso – ele falou, sorridente. - Nenhuma piada sobre a minha roupa? - perguntou, brincalhão.
- Temo que já usei todas elas – disse, me sentindo leve.
- Confesso que passei a semana toda imaginando se teria a honra de dançar com você - disse, galante. Corei e desviei o olhar, sem saber o que responder. Conforme Maxon me guiava pelo salão, eu fui analisando a reação das pessoas a minha volta, até que meu olhar passou pelo de Kriss e percebi que a mesma estava chorando discretamente.
- Eu acho que a sua esposa não gostou do fato de você estar dançando comigo – falei e ele me olhou confuso – Ela parece estar chorando – completei, apontando para a mesma com a cabeça. Ele me girou no salão, fazendo meu vestido armar ainda mais e quando me puxou de volta em seus braços, eu estava de costas para Kriss.
- O estranho é que foi ideia dela – ele disse, dividindo sua atenção entre a nossa dança e a esposa.
- Você deveria estar lá com ela – eu disse. Ele me encarou, confuso. – É o aniversário dela, Maxon. Ela está com a perna machucada, a filha dela quase foi sequestrada e ela está vendo o marido dançar com outra mulher por quem ele nutre sentimentos – conclui, com os olhos marejados.
- Não tenha lugar no mundo que eu queria estar que não seja nos seus braços, América – ele disse.
- Querer e poder são coisas completamente diferentes, Alteza – falei, me separando de seus braços assim que a música acabou, fazendo uma reverencia e me afastando, com as lagrimas caindo.
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