Me mantive afastada de Maxon o mais que eu pude pelas últimas horas. Eu me aproveitava da companhia de Henrique e Nicolletta para manter meus pensamentos em Maxon afastados. Ele havia escutado meu conselho e não saia do lado da esposa, o que não deixou de fazer meu coração doer. Parte de mim gostaria que ele me contrariasse e fugisse comigo, mas ele não o fez.
Celeste e Philipe pareciam ter feito uma trégua, ou Nicolletta havia forçado os dois a entrarem em uma. Eles estavam dançando juntos a noite toda, o que me deixou feliz. Celeste estava radiante e qualquer um naquele salão poderia sentir a ligação entre os dois.
Clarkson havia deixado o salão, o que fez com que tudo ficasse com um clima mais calmo e agradável. Amberly circulava pelo salão, conversando com rainhas e pessoas importantes, compensando a falta do marido.
Mesmo ali, conversando com Henrique e Nicolletta, eu não conseguia tirar meus olhos dele, que do outro lado do salão chamava a minha atenção. Do nada, ele virou e me viu o encarando e sorriu, vitorioso. Vi ele se despedir das pessoas com quem estava conversando e caminhar até o cara que era responsável pela música.
Tentei o ignorar e voltar a prestar atenção na conversa a minha volta. Nicolletta contava alguma história a Henrique, que também não prestava atenção ao que a princesa italiana falava. Seus olhos azuis pareciam cansados de tudo aquilo e ele usava uma expressão que eu conhecia muito bem.
- Com licença - Maxon falou, quando se aproximou do nosso pequeno grupo estranho – Gostaria de saber se a senhorita me dava a honra de mais uma dança? - Falou, olhando para mim. Em princípio, eu não soube como reagir e olhei ao meu redor, na esperança de ajuda.
- Sinto muito lhe desapontar, Maxon – falei – Mas havia prometido uma dança a Henrique e estávamos nos encaminhado para a pista de dança agora mesmo, não é? – Falei, lançando um olhar cumplice ao meu amigo. Maxon fechou sua expressão e encarou Henrique, esperando uma resposta.
- Fica para a próxima, Maxon – ele disse, pegando a minha mão. Adentramos a pista de dança, que tocava uma melodia calma. Henrique me encarava, na esperança de alguma explicação. – É impressão minha ou você está evitando ele? – Perguntou, quando percebeu que eu não ia falar nada.
- Sim – foi tudo que eu respondi, deixando meu olhar vagar até Maxon. Ele olhava a cena sem muita alegria. Kriss ao seu lado, conversava animadamente com Bariel e ele parecia ainda mais desconsertado. – Henrique me gire – pedi.
- O que? – Ele perguntou, sem entender nada.
- Me gire! – Falei, séria. Ele me olhou confusa, porém fez o que eu mandei. Ele me girou e quando me puxou de volta aos seus braços acabamos ficando com os rostos bem próximos.
- Eu não entendo você América – ele disse, ainda próximo de mim – Uma hora está fugindo dele e na outra está fazendo ciúmes – disse, me encarando. Ainda dançávamos bem próximos.
- Nem eu me entendo, Henrique – disse, encostando minha cabeça no seu ombro. Ele apertou o seu abraço ao meu redor, me trazendo segurança.
- Meri? - Henrique chamou minha atenção.
- Hum? - perguntei, sem levantar a cabeça.
- Se você o ama, porque joga ele para cima da Kriss? - ele disse e suas palavras me atingiram como facas. Levantei meu olhar, em busca de Maxon, que dançava com a princesa francesa, Daphine. A princesa usava um lindo vestido roxo, com detalhes em pedraria marcando a cintura da moça. Nossos olhares se cruzaram e eu deixei uma lagrima cair. Vi Maxon guiar Daphine para perto de onde Henrique e eu dançávamos.
- Quando sai o casamento, Henrique? - Daphine brincou. Maxon assumiu um semblante triste e a pergunta de Henrique ainda latejava na minha cabeça.
- Licença - pedi, largando meu parceiro no meio da pista e correndo para fora do salão. O castelo ainda estava se recuperando do ataque pelo lado de fora, então eu não poderia ir até o jardim. Comecei a andar sem saber aonde ir, o que não demorou muito para me deixar perdida. Sentei, então, no primeiro banco que eu encontrei.
As palavras de Henrique haviam me machucado de um jeito que eu não entendia. Eu sabia dos meus sentimentos por Maxon e Kriss parecia não se importar caso eu me aproximasse de seu marido. Mas eu achava isso errado. Eu nunca me perdoaria se eu tirasse Maxon de Kriss e Katherine.
Além do mais, eu sabia que Clarkson não deixaria barato. Ele faria de tudo para me machucar e machucar a minha família.
Soltei um suspiro, cansada de todo esse jogo que era viver no palácio, tendo que pensar em cada segundo quem era amigo e quem era inimigo. Eu sentia saudades da minha vida antes de tudo isso e senti um calor crescer no meu peito ao lembrar que veria minha família no outro dia.
Eu não pretendia voltar ao castelo nunca mais. Eu sumiria no mundo novamente, esquecendo que um dia eu conheci Maxon, Katherine e Kriss. Eles viveriam o seu felizes para sempre e eu encontraria alguém que me fizesse bem. Eu estava disposta a dizer não a Kriss. Ela teria que cuidar da própria família ela mesma.
- América? - uma voz familiar chamou minha atenção - O que você faz aqui? - Marlee perguntou, preocupada.
- Ahh, Lee! - fiquei feliz em ver a loira bem, mesmo sabendo que ela não estava no castelo durante o ataque. Eu a abraçava bem forte e me segurava para não chorar.
- O que foi? - perguntou preocupada, sentando comigo no banco.
- Eu estou decidida a ir embora daqui, Marlee – contei a ela.
- Você não pode! - ela disse, espantada.
- Porque? - perguntei, lançando a ela um olhar de suspeitas. Marlee não sabia que Kriss estava me pedindo para ficar. Ou sabia? - Você sabe o que Kriss está tramando? - perguntei, olhando minha melhor amiga no fundo dos olhos.
- Não - ela respondeu, franca – Mas sei que ela precisa de você aqui, América.
- Como você sabe disso? - perguntei, curiosa.
- Você sabe que fui eu quem contou a Kriss aonde você estava, não sabe? - ela perguntou e eu sabia que viria uma longa historia em seguida. Assenti, respondendo sua pergunta – Ela veio desesperada ao meu encontro. Minha primeira reação foi a surpresa, já que até então apenas Maxon e Amberly sabiam que Carter e eu ainda estávamos no castelo. Ela disse que reconheceu Carter, quando o mesmo passou por ela e suspeitou que eu também me encontrava ali e que foi só uma questão de tempo para me achar!
"Como eu disse antes, ela estava desesperada! Eu nunca a tinha visto naquele estado. Ela chorava compulsivamente e não conseguia nem formular uma frase. Ela disse que precisava achar um jeito de entrar em contato com você e perguntou se eu sabia aonde ela poderia te encontrar. Naquela semana mesmo você havia partido para a Itália. Eu não sabia se deveria contar a ela, pois eu sabia que você não queria noticias daqui, muito menos vindas de Kriss."
- Mas mesmo assim você contou – falei, sabendo do desfecho da situação.
- Sim – ela disse, abaixando a cabeça, envergonhada – Como eu disse, ela estava desolada. Eu mesmo tinha descoberto que estava gravida e quando ela mencionou que Katherine corria perigo, aquilo me tocou. - disse, alisando a barriga, ainda não evidente.
- Katherine em perigo? - perguntei, confusa.
- Foi o que ela me disse – contou – Ela disse que somente você poderia manter Katherine e Maxon a salvos. - completou.
- A salvos de que? De quem? - perguntei, esperando que ela tivesse as respostas que eu procurava.
- Eu não sei, Meri – ela disse, cabisbaixa. - Contei a ela que você passaria um tempo na corte italiana e ela me agradeceu e saiu correndo do quarto. Depois disso nunca mais veio atrás de mim. - completou. Ficamos em silencio por um tempo, enquanto as palavras dela eram analisadas em minha cabeça. - Você não vai mais embora, vai? - perguntou, depois de um tempo.
- Não sei, Lee – falei. A certeza que antes tomara conta de mim, agora estava em pedaços.
- Graças a Deus! - escutei alguém falar, da ponta do corredor. Meu olhar se levantou e vi Maxon ali, acompanhado de mais dois guardas. - Podem ir, digam aos outros que encontramos ela – ordenou aos guardas, antes de se aproximar de onde Marlee e eu estávamos.
- Nossa, para que tanto desespero? - Marlee perguntou, sem entender nada. Maxon não respondeu a ela. Ele simplesmente foi até aonde eu estava e me puxou para seus braços, me abraçando fortemente, como se não me visse a dias. - Acho que essa é a minha deixa – a loira falou, voltando a seguir seu caminho.
- Nunca mais suma desse jeito – Maxon disse, com as mãos no meu rosto, segurando o mesmo para que eu olhasse em seus olhos.
- Eu não sumi – falei - Só resolvi dar uma caminhada para refrescar as ideias – completei e ele me olhou mais tranquilo dessa vez.
- Eu te procurei em todos os lugares e não te achei – ele disse, fazendo carinho no meu rosto. - Achei que algo ruim havia acontecido e eu nunca me perdoaria, América...
- Ei, calma – eu falei, puxando ele até o banco. - Eu só estava conversando com Marlee.
- Pensei que eles haviam te levado – ele disse, ainda preocupado. Olhava para mim, acreditando que a qualquer momento eu ia sumir.
- Eu estou aqui – falei, pegando a mão dele e pondo no meio das minhas – Sã e salva, Maxon.
- Eu não sei mais o que fazer, América - ele disse, com dor na voz. - Todos no castelo vivem com medo de um novo ataque e tudo que eu consigo pensar é em você. - ele era sincero nas palavras, o que só fez meu coração doer ainda mais. - Em como te conquistar novamente, como fazer pra te ter aqui para sempre, como eu preciso de ti!
- Não há nada que você possa fazer Maxon. - falei e ele me olhou, sem entender – Você não precisa me conquistar, até porque meu coração sempre será seu. E isso faz doer ainda mais. - ele ia falar algo, mas eu o impedi – A única coisa que impede que ficamos juntos é a sua decisão e isso nunca vai ser mudado. Você escolheu a Kriss, Maxon. Você casou com a Kriss, você e ela tiveram uma filha. Katherine é uma benção e eu posso ver o quanto você ama a menina, é uma linda ligação, mas também é uma prova. Uma prova que não temos futuro juntos – conclui.
- Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, não sabe? Você sabe que é só você pedir que a gente some no mundo – ele disse.
- Eu sei – disse, entre lágrimas - Mas Illéa precisa muito de você, Maxon. Só você pode parar com esses ataques e tornar Illéa a país que ela está destinada a ser. - contei, pensando apenas segundos depois do erro que isso foi.
- O que você quer dizer com isso? - ele perguntou, confuso.
- Isso é conversa para outro dia, Maxon – falei me levantando e estendendo a mão para ele, querendo fazer o assunto sumir - Vamos? Tem um baile incrível acontecendo lá no salão, as pessoas precisam de esperança no meio de crises – falei e ele me olhou, confuso.
- Não sei se é uma boa ideia, América - ele falou.
- Venha – reclamei, puxando ele pelo braço. Engatei meu braço no dele, arrastando ele junto comigo – Vamos aproveitar nossa ultima noite juntos – concluiu e ele me lançou um olhar triste.
- Vamos fazer desta noite, uma noite inesquecível – prometeu.
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