Eu disse sorrindo a fazendo rir. Na verdade meu coração se agitou só por eu ter me imaginado fazendo o que ela me pediu. Santo Deus!
: - Boba!
Ganhei um tapa na perna e ficamos rindo durante alguns segundos, até que me levantei animada.
: - Vamos lá, limpe a cama que eu vou pegar o óleo e acender as velas, se é para relaxar, então vamos relaxar.
Marília soltou uma risada nervosa, eu também estava. Enquanto eu pegava o óleo e as velas, ela limpou a cama e jogou o lixo fora, esticando o lençol. Coloquei uma vela na mesinha do lado direito e a outra do lado esquerdo. Acendi as duas e apaguei a luz do quarto, deixando somente a TV ligada.
Subi na cama e deslizei para perto dela com o vidrinho de óleo na mão. Olhei em seus olhos.
: - Deita. - Mordi o lábio inferior. - De costas.
Eu não sabia decifrar o que via em seus olhos. Com uma lentidão eterna ela se deitou de bruços na cama. Ergui-me um pouco e passei minhas coxas sobre seu corpo, sentando-me em sua bunda. Marília suspirou, eu suspirei. Afastei seu cabelo e o coloquei para o lado, levando a mão até a beirada de sua blusa.
: - Preciso que tire sua blusa.
Eu disse tentando parecer o mais calma que consegui. Ela demorou um pouco para reagir, acho que estava tentando assimilar o que eu disse. Quando se moveu embaixo de mim, dei um pouco de espaço para que fizesse o que eu pedi. A pele de suas costas ficou exposta quando ela voltou a encostar o corpo no colchão. O sutiã que ela vestia era um tom de azul, o que combinava perfeitamente com seu tom de pele. Sem pensar duas vezes levei meus dedos até o fecho do sutiã, abrindo-o. Marília não reclamou, não se mexeu, apenas respirava de forma não muito calma. Mordi o lábio inferior e me abaixei um pouco sobre ela para falar algo em seu ouvido.
: - Relaxa, se ficar com o corpo travado não vai surtir o mesmo efeito. Entendeu?
Balançou a cabeça em positivo, onde pude escutá-la engolir a saliva. Coloquei-me sentada novamente, mas não larguei todo meu peso sobre sua bunda. Queria acabar com as dores dela, não causar mais uma. Tirei a tampinha do pequeno frasco e o levei até o nariz, tinha um cheiro delicioso. Uva? é, acho que sim. Coloquei um pouco na mão e a esfreguei na outra, aquilo ficava mesmo quente. Respirei fundo e as deslizei pelas costas dela, de baixo para cima.
: - Hmmmm. - Murmurou.
A sensação de ter aquela pele nua sob minhas mãos era maravilhosa, tão macia. Murmurei junto com ela. Deslizei novamente, agora de cima para baixo com uma leve pressão, apertando a carne de sua cintura quando cheguei lá. Pinguei um pouco de óleo em seus ombros, esfregando e apertando sem muita força. Acho que eu estava ficando mole, ou era a Marília embaixo de mim derretendo?
: - Está gostoso assim?
Perguntei com a respiração pesada enquanto descia minhas mãos em sua coluna, dedilhando.
: - Não sei nem dizer o adjetivo que dou pra isso, Maraisa.
Sua voz estava abafada contra o colchão, completamente rouca. Continuei o que estava fazendo em seus ombros, na coluna, em suas costelas, nas covinhas das costas, pescoço. Todas as vezes que ela gemia baixo e suspirava eu a acompanhava, não pensei que aquilo seria tão prazeroso.
Depois de longos minutos naquilo, abaixei um pouco a cabeça e assoprei toda a região coberta por aquele óleo cheiroso, sentindo seu corpo se arrepiar. Finalizei com um beijinho em sua nuca antes de sair de cima dela, deitando-me ao seu lado.
Olhei seu rosto que estava iluminado pela luz alaranjada das velas, o que dava à ela um ar sexy e relaxado. Quando abriu seu olhos e me olhou, senti como se todos os ossos do meu corpo tivessem sido trocados por gelatina. Merda!
: - Você é linda.
Eu disse baixo, muito baixo, mas ela foi capaz de ouvir, pois abriu o sorriso mais lindo do mundo e suspirou.
: - Não como você. - Sussurrou de volta me olhando com toda aquela imensidão, me fazendo perceber cada vez mais que o que eu sentia era muito mais que paixão, que uma forte paixão, era mais intenso, mais caloroso, mais maduro. - Você não faz ideia.
Sorri retirando uma mecha de cabelo que caia em meus olhos. Deslizei um pouco mais para perto e subi meus dedos por sua coluna, fazendo-a tremer. Eu podia me acostumar com aquilo.
: - Obrigada, Nanica.
Virei um pouco a cabeça de lado para olhar melhor em seu olhos sem parar com o carinho.
: - Pelo o quê?
: - Por essa sensação e pelo dia maravilhoso. Só... Obrigada.
Sabe quando você sente que tudo no mundo poderia ir por água abaixo que você não ligaria? Então, aquele era o momento. Sorri apaixonada e abaixei a cabeça para beijar-lhe o ombro. Queria que o tempo parasse.
{...}
Paris amanheceu sob neve aquela manhã, o frio era tanto que eu me recusei a por as orelhas para fora do cobertor.
: - Ei, dorminhoca.
Ouvi a voz rouca da Marília aos pés da cama, uma carícia gostosa na minha coxa. Ok, por ela eu iria colocar mais do que as orelhas para o lado de fora da coberta. Ergui a cabeça a olhando.
: - Oi.
Meu "oi" saiu mais manhoso que tudo nesse mundo. Marília sorriu e se aproximou engatinhando sobre mim até que tivesse sua boca em minha bochecha, estalando um beijo. Sorri.
: - Bom dia.
: - Hmmm, bom dia.
Fiz biquinho e me virei de lado, me encolhendo em posição fetal. Por mim eu ficaria a olhando por mais algum tempo, ela era mesmo linda ao acordar, aquele cabelo bagunçado... Mas o frio estava me matando.
: - Ei, tenho uma coisa pra você.
Ela disse em meu ouvido bem baixinho, mantendo uma pressão gostosa de seus dedos em meus cabelos. Já comentei o quanto ela adorava fazer aquilo? E o quanto eu adorava receber? Sorri de olhos fechados, mas não me virei.
: - Uma coisa? Que tipo de coisa? Espero que não seja uma garrafa de vodka ou algo assim. Rimos juntas e a senti negar brevemente.
: - Olha pra mim. - Beijou meu ombro. Arrepiei-me. - Vamos, Maraisa.
Já que ela estava insistindo tanto, me virei de barriga pra cima encontrando seus olhos. A observei pegar ao meu lado na cama a caixa preta que havia comprado no dia anterior. Com cuidado ela colocou a caixa sobre a minha barriga, sorrindo como se tivesse visto a fada do dente. Não pude deixar de sorrir também.
Marília estava me dando um presente, que sensação gostosa. Senti-me especial.
: - Abra.
Mordi o lábio inferior retirando a tampa da caixa, levando a mão dentro sem conseguir ver o que era por estar deitada. Retirei de lá uma pulseira prateada cheia de pingentes e um pequeno globo cheio de égua e bolinhas, onde uma plaquinha em prata dentro dele me mostrava alguma frase. Quando eu ia abrir a boca para fazer uma pergunta, Marília se adiantou. Meu coração batia na garganta.
: - Vou lhe explicar o por que de todos os pingentes.
Ela disse baixo, o sorriso estampado no rosto me deixando tonta. Com calma ergueu minha mão na altura de meu rosto, a pulseira pendurada entre meus dedos.
: - Primeiro a Torre Eiffel, para você lembrar sempre da viagem que fizemos juntas. Segundo o pote de Nutella... - Ela riu baixo. - Para você lembrar sempre da guloseima mais gostosa que comemos juntas. - Sorri que nem besta, eu não conseguia olhar para a pulseira, meus olhos estavam vidrados nos seus. - Terceiro a nota musical, para você nunca se esquecer da produtora incrível que você. - A voz da Marília era um murmúrio, seus dedos tocavam os pequenos pingentes enquanto ela explicava. - E por último... Esse coração, para você nunca esquecer o que sinto por você.
Quando ela disse a última frase eu senti como se pudesse desmaiar, todo meu corpo tremia. Eu nunca imaginaria Marília tão... romântica? E ela estava se superando nessa viagem, também nunca havíamos ficado tanto tempo juntas, apenas eu e ela. Antes que eu pudesse formular algo para responder, ela colocou o pequeno globo em minha barriga.
: - E eu quero que você leia o que está escrito aqui dentro.
Engoli a seco e coloquei meus olhos na plaquinha prateada dentro do globo.
"When I see your face,
there is not a thing that
I would change.
Cause girl you're amazing,
just the way you are."
"Quando eu vejo o seu rosto
não há nada que eu mudaria.
Pois, garota, você é incrível
do jeito que você é."
Quando terminei de ler, grudei nossos olhares e deixei que tudo o que sentia transbordasse por meus olhos. Eu estava feliz demais, fazia tanto tempo que não me sentia daquele jeito que era como perder o ar. Marília sorriu abertamente, tocou em meus ombros e me puxou para um abraço apertado. A abracei com força.
: - Obrigada. - Agradeci pressionando a boca na curva de seu pescoço. Marília tinha uma das mãos em meu meus cabelos e a outra em minhas costas.
Ficamos um bom tempo abraçadas, eu poderia ficar ali o dia todo. Nos afastamos e eu sorrimos juntas. Ela pegou meu punho e colocou a pulseira.
: - Promete que não vai tirar?
: - Nunca. - Levantei meu braço e beijei a pulseira. - Só se alguém cortar meu punho, você sabe.
Eu disse com uma cara séria e ela riu gostosamente.
: - Bom, depois de todo esse mimimi, vamos levantar dessa cama e nos arrumar, nós vamos sair.
: - Onde vamos?
: - Torre Eiffel.
Bateu palmas entre alguns pulinhos.
: - Eu tenho medo de altura, não quero subir lá. Tinha como eu parecer mais criança? Tinha, porque eu estava fazendo voz de bebê além de bico.
: - Vamos, Maraisa. Eu vou estar lá pra te segurar, você não vai nem lembrar do seu medo.
: - Tá bom, eu topo.
{...}
O elevador não parava de subir em direção a última plataforma da Torre Eiffel, e tudo o que eu conseguia fazer era manter meus olhos fechado e minha mão na de Marília. Vez ou outra ela a apertava tentando me passar segurança, mas confesso que eu queria sair correndo. Eu estava com um sobretudo bege bem grosso, um cachecol preto e luvas pretas. Marília estava igual, só mudando a cor do sobretudo para branco. Estava tanto frio que se eu pudesse teria saído na rua com um pano no nariz.
Quando o elevador parou senti um tremor na barriga, não queria sair de lá. Marília me empurrou de leve pelas costas, mas eu travei.
: - Vamos, Nanica, estamos atrapalhando a saída.
Sua voz era baixa e envergonhada em meu ouvido. Apertei sua mão com força.
: - Eu não vou, quero voltar.
: - Você vai sim. - Suspirei eternamente quando ela abraçou minha cintura por trás, largando seu queixo em meu ombro e sua boca perto do meu ouvido. - Abra os olhos e acompanhe meus passos.
Começamos a andar devagar em direção à grade, todo mundo parecia muito animado, menos eu. Seria cômico se não fosse trágico. Aquilo era alto demais, eu só conseguia ver o céu de onde estava.
: - Lila...
: - Eu estou aqui, você está falando comigo e sendo uma bobona. - Ela riu. - Não precisa ter medo.
E como se eu entrasse em um estado de transe, comecei a me acalmar apenas por ouvir sua voz rouca na minha orelha, seus braços em torno do meu quadril, seus pés me guiando. Quando chegamos à grade, Marília segurou no apoio a minha frente para me manter presa entre seus braços. Minhas pernas estavam tremendo.
: - Olha só isso, Maraisa. - Beijou meu ombro. - Existe alguma coisa que você já tenha visto na vida que seja mais bonito que isso?
Confesso que minha respiração falhou com aquela paisagem. Paris estava coberta de neve, completamente. Ela caia em flocos pequenos enchendo o topo das árvores com a coloração branca. Ao fundo o Arco do Triunfo, ao lado o Rio Sena com toda a sua beleza, embaixo turistas com suas câmeras erguidas fotografando tudo o que conseguiam.
O vento soprou em cima de nós trazendo o cabelo da Marília para o meu rosto. Eu estava vivendo uma cena de contos de fadas. Sabem aqueles romances bem clichês e quentes? Pois é.
: - Isso é perfeito.
Eu disse sob um fio de voz, segurando suas mãos em minha barriga. Marília sorriu no meu pescoço, todo aquele misto de sensações me deixando arrepiada.
: - Que bom que você disse sim pra mim, Nanica, que aceitou viajar comigo.
Eu queria dizer sim para tantas coisas, Marília, tantas coisas. Por que ela fazia mesmo aquilo comigo?
: - Por que você me diz essas coisas? - Sussurrei.
: - Porque é o que eu sinto. - Meu coração acelerou embaixo do peito. Se a intenção dela era me deixar desnorteada, estava conseguindo. - Eu queria poder vir à Paris, mas queria com você, Maraisa.
Eu podia sentir seu coração batendo em um ritmo elevado nas minhas costas. Depois daquilo ficamos em silêncio por bom tempo, admirando a vista abraçadas. Marília não desgrudou de mim nenhum segundo, fazendo algumas pessoas olharem para nós com um sorriso nos lábios. Se nos olhavam pensando que éramos um casal ou porque nos reconheceram, eu não sei, só sei que sorriam e não moveram um dedo para nos incomodar. Tiramos muitas fotos nossas, só dela, só minha, da paisagem, da torre, das pessoas, das crianças, da neve, de tudo. Registramos cada momento.
Começou a ficar mais frio que o normal e resolvemos que era hora de descer, o que me aliviou um pouco, já estava começando a ficar tonta. Quando chegamos lá embaixo eu quase me ajoelhei e beijei a grama, Marília não se aguentou e começou a rir de mim.
Ela pegou minha mão e começamos a andar de mãos dadas, eu estava amando muito toda aquela aproximação. Vez ou outra eu a olhava, a admirava, aquele sorriso torto nos lábios, cabelos ao vento, mão no bolso do sobretudo, passos curtos e conectados com os meus, sua mão aquecendo a minha. Eu queria gritar. Na verdade eu quase fiz isso quando ela me chamou a atenção.
: - Ouvi na TV hoje de manhã que o show do Ed é amanhã a noite.
: - O quê? - Pisquei algumas vezes.
: - Chegando no hotel compramos pelo site, se ainda tiver ingresso.
A empurrei de leve pelos ombros.
: - Vira essa boca pra lá, Lila.
Ela gargalhou rapidamente enquanto me puxava pela mão, até chegarmos no hotel.
Ficamos não sei quanto tempo no computador tentando comprar os ingressos do show do Ed. Marília já estava estressada, depois de mais alguns minutos conseguimos comprar os ingressos. Logo em seguida pedimos algo para comer, minha barriga estava roncando.
Enquanto eu tomava banho, Marília ficou arrumando a bagunça que havíamos deixado no quarto antes de sairmos para fazer turismo. Quando voltei a comida já estava lá, nada mais e nada menos que strogonoff, eu literalmente amava aquilo.
Depois de comer o máximo que conseguimos, caímos as duas na cama rindo de qualquer merda que veio à cabeça, acho que comer demais causa alucinações nas pessoas. Eu ia puxar um papo novo quando o celular de Marília tocou, fazendo-a dar um pulo da cama. Suspirei frustrada, sempre tinha alguém para atrapalhar.
: - Ei, Luísa.
A ouvi gritar um pouco afastadas mim. Enquanto Marília falava no celular, peguei o meu e entrei no Twitter um pouco. Comecei a rir dos comentários, eles estavam literalmente morrendo com nossas fotos de Paris, imagina se eles soubessem de tudo que estamos vivendo aqui. Fiquei rindo sozinha por um bom tempo. Aproveitei e respondi algumas mensagens da Mai, ela estava pensando em vir para Paris também. Confesso que tinha amado a ideia.
Depois de longos minutos ela voltou para a cama com um sorriso no rosto.
: - O que Luísa queria? - Perguntei me virando de lado.
: - Falar que não sabe como parar de fazer sexo. - Marília fez uma careta e eu ri.
: - Sério que ela ligou só pra falar isso? - Perguntei em choque.
: - Não, eu que só mencionei essa parte. - Ela riu. - Ligou para saber como eu estava.
: - Ah sim. - Disse me sentando na cama cruzando minhas pernas. Falei com ela sobre Maiara estar pensando em vir para Paris também e ela se animou.
{...}
A manhã seguinte não demorou muito a chegar, logo eu já estava pulando em cima da cama para acordar a Mar que insistia em me ignorar com o travesseiro sobre a cabeça. Quando ela resolveu acordar já era pra lá de meio dia, assim passamos o resto de todo tempo antes do show decidindo que roupa colocar. Já que estava frio não restavam muitas opções. O show estava marcado para começar 19:00, às 17:30 Marília e eu começamos a nos arrumar.
Marília resolveu que sair quase toda de preto era a melhor opção. Eu ri quando ela dava ataque para escolher as peças. Acabou colocando um vestido preto vê acima das coxas, meia calça preta, botas longas pretas e um casaco comprido branco. Acho que fiquei suspirando por aquele visual durante todo o tempo que nos restou. Tão mulher e... Deixa pra lá.
Acabei colocando uma calça de couro preta, blusa azul, sapatos de salto e um casaco igual ao da Marília, só que preto. Eu me pegaria, de verdade, estava me sentindo fodidamente gostosa, acho que Marília achou o mesmo. Ficou o tempo todo me encarando sentada na cama enquanto eu terminava a maquiagem, queria sorrir, mas me segurei. Quando terminei, girei sobre os meus pés e deslizei os dedos pelo cabelo perguntando o que ela achou. A vi engolir a saliva antes de sorrir e dizer que eu havia passado na fila da beleza trinta mil vezes, e depois dizer que estava gostosa. Me derreti e corei ao mesmo tempo.
Depois de toda a admiração a peguei pela mão e saímos porta a fora, estava quase na hora do show do Ed. Eu estava nervosa, um frio na barriga, voltaria rouca para o hotel de tanto cantar. Não enfrentamos problemas para entrar na casa de show, tudo estava muito bem organizado e aconchegante.
: - Será que vai encher muito?
Marília me perguntou enquanto tomava minha mão na dela entrelaçando nossos dedos. Sorri com o gesto.
: - Não sei, Lila, mas acho que não. - Me aproximei para falar em seu ouvido. - Vamos ficar no cantinho ali atrás, assim vamos evitar alguém de nós reconhecer e todas essas coisas.
Ela apenas concordou com a cabeça, abrindo caminho entre as pessoas que já estavam lá até que ficamos no fundo do ambiente, bem no fundo mesmo. Estava um pouco escuro por lá, quase ninguém gostava de ficar atrás em shows, então agradeci mentalmente por aquilo.
Marília encostou-se em uma pilastra atrás dela e me puxou para perto.
: - Ei, eu não vou fugir.
Eu disse risonha fazendo uma careta. E logo pude ouvir sua risada também. Ouvi os gritos da plateia indicando que o show iria começar. Marília soltou minha cintura e eu me virei.
"Drunk" foi a música de abertura, onde eu me movia ao ritmo da batida e cantava de olhos fechados. Amava demais aquela música, queria poder dar uma de fã louca, mas não queria chamar olhares. Vez ou outra Marília tocava a minha cintura, pegava na minha mão, me mantinha o mais perto dela possível. Eu estava adorando aquilo, estava amando o momento.
Quando começou a tocar "Lego House" as pessoas ao redor cantavam alto, braços erguidos, sentimentos para fora, podia sentir a voz da Marília cantando ao meu lado. A olhei e ela tinha seus olhos fechados, seus lábios lindos torcidos em um sorriso, o cabelo jogado para o lado. Eu poderia me esquecer do mundo e sentar para admirar aquela cena. Mas quando achei que as coisas não podiam ficar melhores, Ed Sheeran começa a cantar "Give Me Love".
Meu coração acelerou quando a Marília me fitou, eu juro que se não tivesse encostada na parede teria tropeçado em meus saltos.
"Give me love like a her..."
(Me dê amor como ela)
Eu me senti estranha, confesso que aquele olhar estava me deixando de pernas bambas. Todos cantavam gritando e tudo o que fazíamos era uma intensa troca de olhares.
Será que alguma vez na vida eu teria sentido intensidade igual? A resposta era não.
"Give a little time to me or burn this out We'll play hide and seek to turn this around..."
(Me dê um pouco mais de tempo ou queime isso, Vamos brincar de esconde-esconde para virar isto)
Meu corpo tremeu quando Marília me pegou pela cintura até que tivesse nossos corpos colados. Ela estava quente, eu pude sentir quando sua mão tocou minha bochecha, deslizando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. Meus olhos estavam perdidos nos seus, minha boca salivando, eu mal sabia o que fazer com minhas mãos. Eu não estava esperando por aquilo, ela não tinha o direito de me maltratar daquele jeito. Seu corpo trêmulo mostrava-me que ela estava tão nervosa quanto eu, mas não me deixava pensar que iria recuar.
"All I want is the taste that your lips allow My, my, my, my, oh give me love..."
(Tudo o que eu quero é o sabor que seus lábios permitem Minha, minha, minha, minha, oh me dê amor)
Em questão de segundos sua mão livre estava entre meus cabelos, agarrando as mechas perto da minha nuca. Separei os lábios para suspirar, eu imaginava que ela tivesse uma pegada gostosa, mas o adjetivo era pouco perto do que ela estava fazendo comigo.
: - Lila...
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