"Ahhhh" Charlie corria de um lado para o outro, seu hotel estava uma bagunça, e por mais que tentasse, sentia-se sozinha na tarefa de arrumar tudo "AHHHH" passava rápido pelos corredores, vendo as paredes sujas, os tapetes vermelhos todos dobrados e amassados "Isso NÃO pode estar acontecendo!".
A loira parou no hall principal, agarrando os cabelos e os bagunçando exasperada enquanto virava de um lado a outro olhando o desastre que o local estava se tornando. Tinham bêbados no bar caindo trincando, prostitutas baratas dando em cima de hóspedes, e elas também eram hóspedes, um globo de espelhos que certamente iria cair se ninguém arrumasse... E para piorar, seu 'sócio' Radio Demon estava num canto tocando um piano de calda, ignorando o mundo explodindo a sua volta e achando muito divertido as reações da menina que se aproximou irritada.
"Era pra você me ajudar com esse hotel!" Falou alto enrijecendo os ombros, mas não os conseguiu manter assim por muito tempo, e se encolheu tímida tocando os indicadores a frente do corpo "Digo... Eu achava que você ia me ajudaaar, né?"
Alastor estava tocando o piano de calda, uma música um tanto quanto divertida enquanto ouvia o amável som dos gritos desesperados da garota em meio ao caos de demônios bêbados, graças ao bar do Husk, e prostitutas cantando e tentando os hóspedes. Alastor tocava com certa alegria e com seu sorriso enorme em seu rosto até que a garota se aproximou. Ele primeiramente ouviu o que ela tinha a falar enquanto a música nunca parava.
"Oh, my dear, eu estou ajudando!" Ele virou o rosto para ela com um certo brilho no olhar. "Olhe em sua volta! Estamos dando a esses demônios o que eles querem exatamente. Considere isso como... chamar público." Ele então largou o piano, que continuou a tocar sozinho. Levantou os pés e girou levemente o banco em que se encontrava até ficar de frente para ela. Levantou e seu microfone reapareceu em sua mão. "É assim que você os atrai, e então." Estalou os dedos e agora todas as bebidas estavam na bancada de Husk, e todas as prostitutas sumiram. "E agora, começa a punição." Seu sorriso cresceu de forma macabra, assim como seus olhos irradiavam uma luz similar à de um display.
Charlie olhava ainda em volta, meio encolhida e com os ombros caídos, esperando que Alastor fosse dizer ou fazer algo útil, mas logo que ele se virou, fez com que o local 'magicamente' se tornasse mais normal. Girou em seu próprio eixo e a festa parecia parar, muitos demônios estavam a olhando, como se ela fosse a culpada.
Jogou as costas para trás com expressão de medo e defensiva, girou rápido para olhar para Alastor novamente. "Não era pra ser assim! Era pra ser um lugar onde os pecadores pudessem..." Com uma pausa dramática, Charlie jogou-se sobre o banco em que Radio Demon estava, colocando a cabeça para trás e o pulso na testa "...Se reabilitar de suas vidas horríveis e então...!" Mais que
rapidamente rodou o corpo e se levantou marchando por trás de Alastor, com uma voz determinada e animada o mesmo tanto "...Teriam FINALMENTE a redenção que merecem!" Como uma diplomata, a loira colocou um dos joelhos no chão, enquanto sua mão direita fechada num punho se levantava ao teto, pedindo justiça. "Mas..." Saindo de sua realidade fantasiosa, Charlie levantou cabisbaixa, novamente com os ombros caídos e deu dois passos até a parede, onde se encostou e escorregou até o chão "...Não é o que está acontecendo" Colocou os braços sobre os joelhos, suspirando chateada.
Alastor girou seu microfone e o segurou atrás de suas costas observando atentamente a menina o tempo inteiro. Seus olhos estavam semicerrados em uma expressão convencida enquanto apreciava o 'show' que a menina dava. Ele riu então, caminhando até a loira, onde ele a puxou abruptamente para levantar e a girando. Colocou a mão sobre o ombro dela, a apertando lateralmente contra ele. "Mas é exatamente isso!" Começou a andar entre os demônios confusos. "Demos a eles o que eles queriam, o que eles amam e não conseguem viver sem!" Apontou para alguns que estavam mais longe com o seu microfone e colou a bochecha com a dela, como se quisesse que ela focasse onde ele estava apontando. "Agora é sua vez, de introduzi-los a essa ridícula ideia de reabilitação e iniciar os primeiros passos." Ainda com o rosto colado ao dela, apenas seus olhos viraram. "Te ajudei a trazer o público, agora... é sua vez de subir ao palco." Ele então, largou dela e a empurrou gentilmente com sua mão nas costas de Charlie.
Alastor a puxando fez-lhe abrir bem os olhos assustada com o movimento e tentando acompanhar os passos dele enquanto andava tentando não tropeçar em seus próprios "Mas não é–" Sempre interrompida por exemplos e agora pelo rosto desconfortavelmente próximo do seu, estava congelada olhando para o hotel, que ainda em silêncio a encarava.
Com a mão delicada empurrou Alastor devagar dando um sorriso lateral e se afastando "Right..." Talvez ele estivesse certo? Deveria aproveitar o grande público para finalmente iniciar os procedimentos. "Pode me emprestar isso?" Pediu o microfone para Radio Demon cordialmente, empinando o nariz e abaixando o corpo à 45° com uma das mãos para trás enquanto a outra pedia.
Alastor semicerrou os olhos novamente e sorriu, se posicionando. Ignorou completamente o toque da menina contra ele assim que ela o afastou. "Não." Ele trouxe o microfone para trás do seu corpo. Estalou os dedos então e um microfone apareceu perto da menina. "Mas sinta-se à vontade para usar esse." Continuava com o sorriso convencido no rosto como se a julgasse. Na realidade ele só estava esperando a garota dar o primeiro passo.
Pegou o microfone com convicção e um sorriso de orelha a orelha brotou em seu rosto. Com a ponta do dedo deu dois toques no microfone, e ele funcionava perfeitamente. Antes de começar a cantar pigarreou e andou rápido até o centro do local, com um pé a frente do corpo e a mão livre na cintura, respirou fundo e começou a cantar numa melodia de ritmo 100bpm "Eu sei que todos vocês estão zangados, éh!" Balançando o corpo em passos desengonçados e ainda mantendo o sorriso, a loira andava por entre os hóspedes até que passou o braço pelo ombro de um demônio azul que mais parecia um leão marinho e o balançou "A música parou, o show acabou, e muito mais babado, néh?!" Empurrou o demônio e saiu rodopiando dramaticamente pela sala, olhando de canto de olho para ver onde Alastor estava, e se estava a assistindo, "MAS não é brincadeira, nem uma besteira, não é canto de zueira, vamos deixar de tranqueira e escutaaaaaar".
As costas da menina arquearam junto de seus braços para trás num grito alto, era o refrão chegando, puxou o máximo de ar que conseguiu e continuou "No nosso hotel a ordem está! Preparada para tomar o lugar! Você, você e você!" Com o indicador apontou para três pecadores
simultaneamente "Precisam se redimir e mudar! Estão de castigo! Já pro quarto pensar! Ou então eu vouuuu ter que conversaaaar!" Charlie saltitou para perto de Radio Demon, sorrindo e respirando rápido devido ao ritmo acelerado da música, buscando aprovação do parceiro "... Mas estamos aqui, nesse grande hotel, brincando, girando" rodopiava em volta do maior saltitando de um pé ao outro "E com tudo isso eu vou mostrar! Que nada é impossível! (É) E eu vou ensinaaar" A cantoria parou quando Charlie cortou a última frase melancolicamente de joelhos e segurando o microfone no peito "Vocês todos merecem uma vida melhor." Agora falava normal "Só precisam de uma segunda chance, e essa é a chance de vocês" segurando as duas mãos contra o peito, acreditava genuinamente que sua bondade pudesse alcançar os outros ali.
Alastor observava a garota atentamente. Ela realmente sabia dar um show e fora exatamente isso que o chamara a atenção. Faltava paixão, faltava entretenimento naqueles demônios todos... E tudo que faltava neles, ele viu nela, por isso decidira ajudar. Ela o cativava de maneira artística, algo que, o mesmo prezava e muito.
Alastor continuava a fazer o piano tocar, mas agora no ritmo da cantoria de Charlie. Seu sorriso ficou maior ainda ao ver a garota se aproximando e procurando aprovação do mesmo. Batia o pé contra o chão sem movimentos bruscos, e discretamente, ele estava apreciando a boa melodia até que a mesma parou e ela deu suas últimas palavras. Naturalmente a primeira reação dos hóspedes foram risadas. Risadas altas. Eles estavam rindo da performance da loira, ou da proposta ridícula da mesma? De qualquer forma, aquilo irritou o maior, que olhou com as sobrancelhas franzidas e com os olhos brilhando para todos eles sem tirar o sorriso do rosto.
"Ouviram a moça, para seus devidos quartos." Disse e as risadas pararam quase de imediato. Aos poucos os demônios iam se enfileirando e subindo as escadas para os quartos do hotel. "Bom trabalho." Disse estendendo a mão para a loira que estava no chão.
A priori, as risadas a fizeram derrubar o sorriso do rosto e deixar os ombros caírem novamente, onde seus olhos passavam pela sala e os ruídos de risadas passavam por entre seu ouvido, parecia que até seu cabelo perdera volume ao ouvir tudo aquilo. Mas pararam abruptamente com a voz de Alastor, que imponente fez com que todos obedecessem num piscar de olhos.
"Obrigada..." Assim que se levantou com a ajuda do maior, segurou um dos cotovelos com um sorriso lateral encabulado "... Eles obedecem mais a você do que a mim" ela riu baixo, não estava chateada com aquilo, e entendia bem os motivos, afinal ele era o poderosão e tal.
Deixou a cabeça cair lateralmente entre os ombros ao ver que o sorriso dela havia sumido, e que agora a tão alegre e contagiante demônio estava extremamente cabisbaixa.
"Não, não, não, sweetheart." Ele girou o microfone e então encostou delicadamente o mesmo em seu queixo levantando o rosto da garota. "Pense nisso como um show!" Ele levantou as mãos olhando ao redor do hotel. "Você fez o encerramento, e eu fechei as cortinas!" Ele então sorriu largo para ela. "E lembre-se, sorria! Você nunca está bem vestida sem um no rosto." Ele piscou colocando as mãos atrás de suas costas. "Agora me diga, qual sua ideia de punição para essas pobres almas?" Sorria em expectativa a resposta da garota.
O microfone em seu queixo a obrigou a mudar de postura e levantar a cabeça, e ainda tinha de ficar na ponta dos pés devido a Alastor ser muito alto, seu rosto corou levemente pelas palavras bonitinhas, estas que realmente a animaram um pouco, e olhou para o local bagunçado, vendo que estava em paz agora graças ao maior. "Ah, eu..." Charlie balançava o corpo para frente e para trás,
coçando a nuca com uma das mãos e dando um sorriso lateral meio encabulado, pois sabia que seus métodos não agradariam muito o grande e poderoso demônio que gostava de matar e torturar almas que estava a sua frente "Vou puni-los fazendo-os pensar em seus feitos ruins, os mantendo trancados para que não possam se divertir, ou então os fazendo cumprir tarefas como... Arrumar essa bagunça!" Estendeu a mão para o local e falou alto e empolgada, acreditava profundamente que aquela era uma boa punição para todos aqueles demônios mercenários.
Alastor sentiu um certo alívio vendo o sorriso da menor. Odiava ver pessoas que não estavam sorrindo, e ela... Por ser tão cativante, era ainda pior, mas não no sentido de ódio, pois não nutria tal sentimento por ela, mas sim, talvez... sentia-se chateado? Assim que ela começou a explicar, ele ergueu sua sobrancelha. Ela estava falando sério? Seu sorriso continuava intacto, porém era visível o 'julgamento' em seu olhar.
"Você vai precisar mais do que isso para ensina-los." Ele se inclinou para a menina. "Eles são demônios, não crianças..." Ele riu com sua risada caricata e então colocou a mão sobre o peito. "My dear, você precisa ensiná-los com as punições adequadas... Torturá-los..." Se virou girando o microfone que ainda segurava nas suas costas. "Fazê-los pagar, deixar uma marca em suas almas para que saibam que o que fizeram é errado." Seus olhos agora tinham chamas e sua mão subia até a altura do rosto. "Torture-os para que eles sempre pensem duas vezes antes de fazer qualquer outra coisa." Seu sorriso se tornou psicopata, e ele fechou a mão enquanto as chamas aumentavam em seus olhos. Até que ele parou completamente e virou para a menina, com a cara normal de sempre. "Ou faça o que achar melhor, sweetheart." Colocou a mão atrás das costas novamente.
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