Os dias passaram e tanto ele quanto Charlie não tocaram no assunto mais. E agiam como se nada tivesse acontecido, ou pelo menos Alastor agia. Continuavam com as sessões de tortura, que ele tanto amava. E ver os demônios putos por causa disso, alguns até perto de perder a sanidade era um deleite para o maior. Apesar disso, pelo menos nas refeições os hóspedes se comportavam afinal iriam ganhar seu happy hour no bar do Husk. Chegara então a hora da janta, em mais um dia comum. Alastor como sempre estava na ponta, saboreando o prato que Niffty havia coordenado mais uma vez.
Charlie mal via os dias passarem devido aos afazeres, e tinha certeza que a ideia de dias atrás do Happy Hour tinha sido uma das melhores que já tivera, afinal era o minuto de paz que precisava todos os dias depois de perder vários fios de cabelo durante as sessões de terapia. Alguns dos demônios conseguiam fazer ela se preocupar ou questionar seus métodos, mas continuava firme e forte com um grande sorriso no rosto. Estar junto de Alastor era mais do que uma atividade de sócios agora, se sentia estranha e sempre que o via sua cabeça insistia em lhe mostrar as cenas do que passaram juntos, do sangue derramado, da luz apagada... Do fogo.
"Babe, você anda estranha" Angel Dust comentou pegando uma garfada do prato da menina, Vaggie por sua vez comia em silêncio, estava afastada de Charlie ultimamente, pois segundo ela a pequena estava próxima demais daquele 'bastardo vermelho hijo de perra'. "É o Al né? tem que ser o Al. Você grita Al no quarto também?"
"Cala a boca, porra" Charlie respondeu, embora não era muito comum responder dessa maneira, toda vez que alguém mencionava Radio Demon de alguma maneira, seu estômago fazia uma reviravolta e um calafrio a percorria.
"Vou nem te contar o jeito bom de usar essa raiva, eu hein" Angel Dust revirou os olhos voltando a comer, desta vez em silêncio.
O overlord comia seguindo as regras de etiqueta, calmo e pleno. Como sempre olhava o comportamento de todos ao redor da mesa, sem focar em uma pessoa só. Husk estava do outro lado, no bar ainda e observava... Ele já havia notado, que por mais que Alastor observasse todo mundo o mesmo tanto... Em Charlie sua expressão mudava levemente. Era algo que ninguém perceberia. Mas Husk observara. Conhecia o demônio, mas nunca havia visto tal interesse da parte dele com ninguém, nem com Mimzy que tanto ficava no pé do maior. O que estava acontecendo e qual era esse tal interesse do vermelho?
Charlie tentava comer, mas cada dia que passava sentia mais dificuldade de comer devido a ansiedade crescente, ainda mais com Angel Dust a provocando a cada instante. "Você viu o jeito que ele te olha?" O rosa deu uma cotovelada na menina, que instintivamente olhou para Alastor, e seus olhares se cruzaram, a fazendo contrair os ombros e abrir mais os olhos "Ele tá doidinho por você, pelo que você tem aí" Apontou para as pernas da menina.
"Já falei sobre isso, não é apropriado" Repreendeu forçando mais uma garfada que tinha dificuldade em descer.
"Não é apropriado esse macho querer você e ninguém mais ter oportunidade, enquanto você IGNORA isso" Angel Dust frisou a frase falando um tanto alto, tanto que Charlie levantou a mesa gritando alto para que ninguém ais escutasse, e pegou o menino pela mão, o tirando dali e indo para um canto. "Escuta, eu não sei o que você tá pensando... E-eu não sei porque decidiu pegar no meu pé! Mas... Por favor, para" As mãos de Charlie se juntavam próximas ao corpo, numa posição um tanto tímida para o normal da menina.
"Look babe" Angel Dust então com uma de suas mãos se apoiou na parede encurralando a menina, enquanto a outra levantava o queixo dela para olha-lo, e as outras duas estava em sua cintura "Eu só quero saber o que está acontecendo. E porque você e ele estão tão diferentes. E quem sabe te dar umas dicas, você sabe, eu sou mais experiente." O rosa balançou a sobrancelha algumas vezes, um tanto malicioso, enquanto a mão que estava no queixo da menina desceu para seu busto, puxando sua gravata para afrouxa-la. "Mas... VOCÊ NÃO CONFIA NOS SEUS AMIGOS" Angel Dust jogou-se para trás, caindo no chão com a mão na testa e logo se viando para encostar o rosto na parede e fingir chorar.
Alastor levantou os olhos assim que ouviu o grito da garota. O que estava acontecendo e qual a necessidade de tal grito se não fosse para iniciar uma música? Ficou confuso com a garota puxando o demônio pervertido para outro lugar. Toda a mesa cochichava sobre o caso, afinal, demônios amavam uma fofoca e falar mal dos outros pelas costas. Alastor ouvia os cochichos em plena janta e aquilo o irritava. Bateu com o pedestal do microfone contra o chão três vezes. "Silêncio." Ordenou com a voz forte. "Música por favor." Ele sorriu largo para a mesa. Era um pedido, mas os bodes sabiam que era uma ordem. Eles começaram a tocar uma música de época como trilha de fundo para a janta.
Alastor, irritado com tamanha algazarra criada por Charlie e Angel levantou-se para verificar o porquê dos gritos. Limpou sua boca com o guardanapo preto e colocou sobre a mesa. Foi andando calmamente até a direção onde eles tinham ido, e assim que virou a 'esquina' do corredor viu Angel Dust segurando a garota pelo queixo enquanto a encurralava na parede. Ele piscou algumas vezes. Então ela não era tão especial quanto ele imaginava? Era apenas mais uma demônio qualquer? Viu Angel Dust se jogar no chão falando sobre confiar em amigos e então, tossindo, bateu seu pedestal contra o chão. "Hello, my dears. Posso saber o porquê do balburdio tão repentino à mesa de jantar?"
A chegada repentina de Alastor assustou tanto Charlie quanto Angel Dust, este que ao ver o 'superior' fez questão de levantar primeiro o quadril e depois a cabeça, mas estava tão surpreso e envergonhado quanto Charlie, esta que continuava colada na parede agora encarando Alastor.
"You know, my tasty sugar daddy!" Angel Dust virou-se em direção ao demônio maior, se aproximando mas não o suficiente para invadir seu espaço pois carregava uma lembrança nada confortável do soco que tomara da última vez "Eu estava tentando convencer sua princesa de que ela está doidinha por você... E sim, no sentido pejorativo." Inclinou-se para trás, apontando para a menina de ponta cabeça e logo voltando ao normal, enquanto isso Charlie tentava de todas as maneiras gesticular para Angel calar a boca "Quero dizer que ela não admite que quer ter seu corpo, e tudo o que ele pode produzir." Então indo em direção ao refeitório, passou ao lado de Radio Demon sussurrando "Se é que me entende, white king" Mandando um beijinho com a ponta dos dois dedos, se retirou e acenou para a menina, que parecia estar com o rosto completamente vermelho.
Alastor ignorou totalmente a pose que Angel fazia para se levantar, primeiramente o quadril e depois a cabeça. Já era mais do que comum saber que o rapaz era pervertido e explícito até mesmo no seu modo de agir. O que, para Alastor, era algo totalmente desnecessário. Ao ser chamado de Sugar Daddy ele semicerrou os olhos, mantendo o sorriso no rosto. Qual era a daquele pervertido? Alastor ergueu a sobrancelha e olhou para a garota enquanto Angel Dust contava que estava tentando convencer Charlie.
Para Alastor, aquilo era uma tremenda baboseira, e mesmo que fosse, era extremamente rude tratar uma moça daquele jeito. Mas... Inferno, o que ele poderia esperar? Observou Angel saindo, e suas bochechas coraram levemente ao ouvir o termo White King. Chacoalhou a cabeça após piscar algumas vezes.
"Oras, mas esse Angel Dust é uma figura mesmo, não é?" Disse animado e então esticando a mão para a garota. "Vamos, se não sua janta vai esfriar." Disse com o sorriso grande como se oferecesse para guia-la. Não iria comentar sobre o que houve, era muito confuso.
"A-a-a-a"Charlie balançava a mão negativamente para Angel Dust parar de falar, e só sentia o corpo esquentar e entorpecer, amolecendo as extremidades e fazendo seu rosto tomar um tom mais vermelho do que estava acostumada. Para sua sorte, Alastor não parecia ser o tipo de pessoa que ligava muito pra isso ou se animava com tais assuntos, o que era um alívio para Charlie que podia voltar a respirar ao perceber que o demônio tentou amenizar a situação e mudar de assunto.
"É... Você nem imagina, haha ha..." Charlie ainda estava um pouco sem graça, mas voltou a sorrir e olhou para Alastor, mais especificamente para seu pescoço, trazendo lembranças, as mesmas que estava tentando evitar. Virou para frente marchando roboticamente em direção a sala de jantar quando parou no meio do corredor, ela não estava com fome. "Eu não estou com fome, acho que vou para meu quarto, ou sei lá" Sugeriu mais para si mesma, e deixou no ar um espaço para ele falar alguma coisa, na verdade realmente estava esperando que falasse.
"Ora, ora!" Ele disse com um tom animado já que o pervertido não estava mais lá. "Mas não podemos pular as refeições, que mal exemplo você estaria dando caso fizesse isso?" Ele então a puxou com o pé do pedestal do microfone, e então girou ele em sua mão, fazendo a menina levantar o rosto. Ele sabia que ela havia olhado para o pescoço dele, então, ela queria mais? Mas não era assunto para agora. "Vamos, sorria my dear, você nunca está completa sem um sorriso no rosto." Sorria grande, passando o braço ao redor do corpo da pequena, mais precisamente nos ombros. "Vamos anime-se. Os demônios estão comportados graças a sua brilhante ideia de permitir um happy hour como prêmio!" Ele então a soltou, girando-a no ar e então pegando o rosto da pequena entre os dedos. Colou o nariz com o dela. "Eles tem muito a te agradecer, - darling." O jeito que ele falou darling era provocativo, de um jeito que ele jamais usara antes. Mas então soltou-se dela e voltou a andar para a sala de jantar cantarolando.
Charlie sentia tudo a sua volta desaparecer, como se uma aura os envolvesse e a deixasse cega. Pensou que poderia estar enlouquecendo, mas quando o microfone de Alastor a puxou pela cintura e logo levantou seu rosto, parecia sentir o coração querer pular para fora do peito. Primeiro Angel Dust com toda aquela história, agora Alastor a segurando de tal maneira que a fazia pensar que talvez não estivesse tão louca assim... Tudo isso a deixava perdida nos próprios pensamentos e hipóteses. Então começou a sorrir pelo pedido do maior, este que não durou tanto quando ouviu Alastor a chamar de darling. Tinha ouvido certo, ou o tom de sua voz era mais rouco ao pronunciar a palavra, o que a fez estremecer.
"Eu achava que não gostava muito de contato" Brincou, o que não era totalmente brincadeira pois percebeu isso já há algum tempo. Não gostava de tocar nem ser tocado.
Alastor continuou a andar para a sala de jantar, estava cantarolando... Ouviu o que ela havia dito, mas continuou cantarolando sem responde-la. A verdade era que não sabia porque não via problema com ela... Mas em geral realmente detestava ser tocado. Chegou até a sala de jantar e tomou seu lugar, continuando a comer sua comida que estava um pouco mais fria do que antes. A música ainda tocava de fundo e ele batia levemente os pés embaixo da mesa. Estava feliz, música o deixava feliz.
Charlie ficou parada no meio do corredor e balançou a cabeça confusa. Ele realmente a ignorara? De qualquer forma, isso soou engraçado para a menina, que retomou seu sorriso grande e foi direto para a sala de jantar, onde não se sentou, mas fora direto para a cozinha começar a ajudar a arrumar as coisas, afinal a maioria dos demônios já haviam acabado de comer. Angel Dust passava toda hora pela cabeça da menina, os dias e dias dele tentando mostrar que Alastor estava 'na dela' e sempre de maneiras nada convencionais, de certo modo a faziam questionar. Será que ele não estava certo? Deveria então perguntar para o maior? É isto, esta noite o visitaria novamente, e perguntara de uma vez por todas para tirar aquilo de sua cabeça.
Alastor estava finalmente em seu quarto. O dia tinha sido um tanto estranho, fora do normal dos dias anteriores da semana, mas... Era hora de repousar, ou pelo menos tentar. As palavras de Angel Dust estavam em sua mente e mesmo que o incomodasse, seu sorriso não diminuía. Então, Charlie estava interessada nele? Mas por que? Poder? Curiosidade? Qual a finalidade? E sua amiga mal humorada? Se é que era sua amiga e não sua namorada... Durante a semana toda, toda vez que passeava pelo hotel e cruzava com Vaggie a mesma o encarava feio. Não a culpava, afinal, sua natureza era realmente destrutiva e sabia disso. Não queria pensar muito sobre, afinal, não ligava para tais assuntos triviais ou pervertidos.
"Está indo ver ele?" Angel Dust se separou de Vaggie para andar ao lado de Charlie, não parecia estar afim de irritar a menina agora, mas estava devidamente curioso. Se ela não queria nada com ele, por que o encontrava tanto as escondidas?
"Ha... Ha... Estou" Charlie respondia com um sorriso tímido no rosto, rindo nervosamente e abraçando o próprio corpo continuando a andar.
"Decidiu tentar algo?" A expressão de Angel era curiosa, não sugestiva como sempre.
"Só... Quero entender." A menina então sorria novamente, ao ver que Angel Dust não estava tentando ser invasivo, apenas entende-la. Andaram lado a lado até chegarem no corredor, onde Angel Dust voltou para trás a deixando sozinha, que seguiu até a porta de Alastor. E dessa vez, travou novamente.
Alastor arrumava seu quarto, antes de começar a afrouxar sua gravata borboleta e retira-la. Tirou o sobretudo colocando sobre a cadeira e abriu os botões de sua camisa. Apenas o primeiro de cima, e os dois das mangas. Então fora ao seu armário. Precisava de um banho após um dia tão cansativo e levemente conturbado.
Charlie respirou fundo, se não batesse não poderia ficar contando com a sorte de ele abrir ou não, do contrário teria de esperar até de manhã ali. Bateu na porta balançando o corpo para os lados apreensiva enquanto arrumava o cabelo com as duas mãos. Por que se importava tanto se estava bonita ou não?
O overlord ouviu uma batida em sua porta. Estava se tornando de certa forma frequente aquilo por volta desse horário. Deixou o pijama que havia separado sobre a cadeira e andou até a porta. Quando abriu, viu os olhos grandes e cheios de brilho da garota.
"Goodnight my dear!" Disse animado, com um sorriso largo. "May I help you?"
Por algum motivo, vê-lo animado ao dar boa noite para ela, a deixou feliz também e soltou um largo sorriso esquecendo o motivo do qual tinha ido ali por alguns instantes. "Boa noite, Alastor!" Desta vez, estava um tanto tímida demais para chama-lo pelo apelido, mas sua animação compensava o vocabulário "Eu tava pensado! Hahaha, a noite está meio entendiante, né?" Na verdade, aquilo era apenas uma desculpa, todas as noites eram praticamente iguais "Então... Talvez eu pudesse passar um tempo, ou melhor, conversar com você?" A menina tentava usar um tom mais cordial, criando uma proximidade com o maior, mas sentia algo embargar em sua garganta toda vez que pensava no que realmente queria conversar.
"Entediante?" Ele deixou a cabeça cair em um angulo de 30 graus e ergueu a sobrancelha com um sorriso no rosto ainda. Era uma noite como outra qualquer. Era hora de dormir, inclusive... A garota estava se rebelando e queria viver a vida noturna como outros demônios?
"Ora, ora, dear! Claro, estava me preparando para dormir, mas claro." Deu passagem para ela entrar em seu quarto. "Está sem sono?" Perguntou fechando a porta atrás de si mesmo.
"Oh, estou te atrapalhando?" A menina adentrou o quarto passando pelo maior com as mãos nas costas e andando a passos graciosos e delicados, com medo de cometer algum erro até nisso que pudesse o fazer, de algum modo, deixar de 'gostar' dela. Se é que gostava. "Sim, não tenho dormido bem. Sabe como é, né... Inferno, calor, barulho, haha ha" Não era total mentira, mas nunca foi um problema para nenhum morador do inferno.
"Não, não, my dear!" Ele balançou a mão rindo baixo. "Fique tranquila." Ele então tirou as coisas da cadeira, e colocou de volta ao armário, assim como pendurou seu sobretudo. "Entendo... Quer dizer, para alguém que nasceu no Inferno, você deveria estar acostumada com isso, não é, sweetheart?" Ele ajeitou o sobretudo no cabide, e então fechou o armário, se virando para ela.
A menina então agarrou uma longa mexa de seu cabelo e ficou a penteando com os dedos das duas mãos num ato de nervosismo. Sem nunca perder o sorriso, balançava o corpo como numa dança que tentava acalmar a si mesma "É, tem razão!" Concordou virando de costas para o maior e respirando fundo "Talvez não seja por isso então que tenho perdido o sono." De costas para Alastor ela não sorria, apenas abaixava a cabeça e continuava a apertar aquela longa mecha do cabelo e morder o lábio inferior criando coragem para perguntar. 'Por que estou tão nervosa? Não é como se eu me importasse com a resposta, certo? Certo, Charlie. Você só quer tirar isso da cabeça. Não importa a resposta. Isso' Por mais que tentasse conversar consigo mesma, seu corpo tremulava.
"Algo te aflige, my dear?" Alastor então caminhou até sentar-se na cama. Seu sorriso continuava grande, mas agora semicerrava os olhos. Por que a menina ia sempre até ele perguntar as coisas? Eram sócios, mas não era como se ele fosse seu psicólogo ou algo do gênero. E por que ela estava evitando olhar para ele? Olhou para baixo e então riu. "Ora, onde estão meus modos. Me perdoe, sweetheart." Ele então disse abotoando o único botão da camisa que estava aberto. "Mas, prossiga. É o hotel que está te afligindo?" Ele então colocou o tornozelo sobre seu joelho, 'cruzando' as pernas.
"Na verdade, tem algo que está na minha cabeça faz um tempo" Era agora. Agora deveria criar coragem para perguntar. Se tudo aquilo que Angel Dust tinha dito era real, se eles tinham algo diferente, se ele a olhava diferente... Virou-se para ele, fazendo os cabelos se esvoaçarem por ter virado muito rápido, e agora seu olhar era determinado. Não deveria gaguejar nem voltar atrás agora 'Você consegue, Charlie' repetiu em sua cabeça e se aproximou dele, ficando à alguns passos de distância a sua frente. "Você... Me olha diferente, me toca, me protege." Iniciou colocando os fatos para que houvesse um a base de onde ela tirou a conclusão, mas na verdade só não queria parecer idiota, afinal um amigo também poderia fazer tudo isso "Você gosta de mim? Angel disse que você ‘ta na minha'..."
"Certo, e o que seria?" Perguntou com o sorriso largo, apenas esperando que a mesma o falasse, mesmo que não virasse para ele. Para sua surpresa ela virou e se aproximou do demônio. Alastor então ergueu as duas sobrancelhas e piscou algumas vezes. Então ele riu. "HA HA HA, claro que gosto de você, my dear." Ele levantou pegando na mão da pequena, e a girando. "Se não gostasse, não estaria trabalhando contigo." Ele então soltou a pequena. "You're one of a kind! Charming demon Belle!" Cantarolou a parte da música que cantou assim que a conheceu. Então ele esperou ela parar de rodar. "Mas - Estar na sua? O que seria esse termo? Estou aqui no hotel, então, sim, estou na sua! Ou melhor, no nosso!" Sorriu largo piscando para ela.
A priori viu o demônio rindo e se sentiu estranha, como se estivesse sentindo um pico de tristeza, mas logo percebera que era apenas o jeito dele falando mais alto, afirmando que gostava dela e a girando como numa dança, na verdade estavam dançando, ao som da primeira música que cantou para ela. O coração da menor tocava no mesmo ritmo, sentindo algo estranho crescer em seu peito e uma vontade de... Toca-lo. Mas não como na dança, queria poder toca-lo com o coração. "O que?" Não, tudo aquilo não era o tipo de gostar que ela se referia, definitivamente. O que a fez despencar da altura que tinha subido ao sentir os pulmões encherem de ar. "Não é esse tipo de gostar... Estar na minha é... Tipo..." Charlie continuava em posição de dança, mas sentia seus dedos ficarem frios e trêmulos novamente. Estava na corda bamba de novo sem saber o que aconteceria. "..Ro..."
"Não?" Ele continuava a dançar, agora dançava com ela, se encaixando contra o corpo da pequena enquanto piscava para ela com o sorriso largo. "Ro...?" Tentou completar, mas nada vinha em sua cabeça. "Rodar?" Perguntou, e então rodou ela sutilmente enquanto dançava. Estalou os dedos e um jazz animado começou a tocar em sua vitrola de época. "Roll Morton? Jelly Roll Morton?" Ele sorria dançando com ela animadamente. Jelly Roll Morton era um músico de Jazz de sua cidade, New Orleans e sua música tocava em sua vitrola. Absolutamente um de seus favoritos. Ainda tentava entender o que ela queria dizer.
"Que? Não, não, não" A menina se separou da dança após rodar, balançando as mãos negativamente e rápido à frente do corpo, agora suas bochechas ficavam até arroxeadas de tão encabulada que estava ficando. "......" ".............." "..........................." A menina procurava algum lugar para olhar, mas todos pareciam ser inapropriados, então voltou aos braços do maior, dançando com ele em silêncio até que no meio de um de seus rodopios soltou em voz baixa, o suficiente para que ele escutasse "Romanticamente” E rodou de novo, desta vez segurando sua mão e indo para longe de seu corpo, esticando o braço dos dois e chutando o ar levemente no ritmo da música.
Continuava a dançar sozinho, mesmo que a menina tivesse parado, como se ainda a segurasse em seus braços. Mas seus olhos estuavam ela. O que ela estava tão apreensiva? Sorriu largo quando ela voltou aos seus braços, e dançava alegremente com ela. Alastor a viu rodando enquanto segurava sua mão, e tentava processar o que ela havia falado.
"Romanticamente?" Piscou algumas vezes, seu sorriso ainda estava lá, mas só seus lábios estavam curvados para cima, não mostrava os dentes no sorriso. Puxou ela novamente para si, colando o corpo contra o dela e então a olhou nos olhos. "My dear, eu jamais amei ninguém." Ele riu baixo. "E nunca levei isso em consideração."
Ela era interessante, 'one of a kind' como ele repetia para si mesmo e sabia que era verdade. Apertou mais ela contra seu próprio corpo. Nunca fora bom cortejando uma mulher ou flertando. O palco, o rádio era sua vida. "Por que? Você--" Alastor então rodou ela e então se encaixou por trás da pequena. "Você está -- Como disse? Na minha?" Ele colou o rosto contra o dela rindo baixo. "Um termo um tanto quanto estranho, darling." Sua voz era baixa enquanto mexia o corpo com o dela.
Ele não parava de dançar com ela, nem mesmo por um instante. E aquilo ajudava muito ela a não se sentir tão mal ou constrangida com a pergunta que fizera. "Não?" Perguntou, era possível alguém nunca sequer ter amado? E por que aquilo a deixava um tanto quanto chateada? "Nunca?" A menina saltitava ao som da música, pensando na resposta dele "Nunquinha? Nem um tiquinho assim?" Fez um símbolo de pequeno com a mão, sorrindo para ele e voltando para os passos de dança, até que foi rodada e abraçada pelas costas, ainda sobre o ritmo de Jazz, mas a voz de Alastor parecia mais alta por estar ao pé de seu ouvido, e podia sentir até mesmo a vibração de suas cordas vocais, fazendo suas manchas vermelhas se expandirem, e o sorriso permanecer mas desta vez de surpresa.
Vindo dele, não estava preparada para essa pergunta. Estava? Era por isso que estava tão intrigada e incomodada? Era por isso que estava se arrumando para ver ele ou se importava tanto com suas respostas. "Talvez... Talvez eu esteja" A menina riu baixo, fechando os olhos e rodando para fora dali, segurando a mão dele e fazendo uma sequência de três rodopios rápidos, voltando para os braços dele sem olha-lo nos olhos.
"Nunca, jamais" Assim que disse jamais, falou com sotaque francês, afinal era nunca em francês. "Mai, Never." Mexia a cabeça com um sorriso enquanto dançava com a pequena. Ele perguntou, abraçando-a por trás. Assim que ela respondeu, ele ficou imóvel... Ele, realmente não esperava por essa resposta. Ele apenas se desgrudou dela e ficou ali, parado, piscando, tentando assimilar. Achava que a garota estava apenas brincando, perguntando as coisas, mas agora ela admitira que talvez estivesse 'na dele'. Por que? Angel Dust estava certo e dizendo a verdade, então? Não apenas o provocando?
Ele parou de dançar. A menina tentava processar as informações 'Ele parou de dançar, o que eu faço? Socorro!' E então se posicionou a frente dele. Olhando para baixo encabulada, ele não perguntou nada a ela, mas continuava a olhando como se estivesse confuso. "Eu... Talvez eu esteja 'na sua'" Afirmou de novo esperando uma resposta, e suas bochechas aumentando cada vez mais.
Alastor apenas piscou os olhos, ainda com seus olhos vidrados na menina. Talvez estivesse na dele, foi a resposta da pequena. Ele ainda estava congelado. Mimzy sempre flertava com ele, mas... Não tinha interesse nenhum com ela. Por que com Charlie era diferente? Por que aquilo o congelou? Seu sorriso estava estampado no rosto, mas continuava apenas olhando ela. Não tinha reação, não conseguia pensar, nem fazer nada.
Ele não estava irritado? Charlie imaginava que ele teria uma resposta negativa igual as que dera a Angel Dust, mas... Ele estava parado, continuava sorrindo, mas... Não parecia mais saber o que fazer. A menina num segundo de insanidade colocou um dos pés para frente, e este mesmo criou vida própria a jogando para cima do maior, com os braços em volta a seu pescoço e depositando um leve beijo sobre seus lábios.
Alastor estava congelado, absolutamente congelado. Estava encabulado? Envergonhado? Seus lábios se mexeram junto com a pequena. Assim que ela os colou contra os dele, ele correspondeu. Mas por que o fizera? Nem ele sabia, ele não fazia ideia do que estava fazendo, pela primeira vez em todo aquele inferno, ele não sabia o que estava fazendo.
Alastor a abraçou, era como se o beijo da pequena o amolecesse e tirasse daquele estado congelado, mas ainda, sua cabeça não estava processando o que estava acontecendo. Suas mãos foram para a nuca de Charlie, a segurando firme para deixar o beijo levemente mais intenso, até que o mesmo, involuntariamente mordeu seus lábios os fazendo sangrar e molhando mais ainda o beijo que ambos trocavam.
Assim que a menina sentiu os lábios do maior se mexendo, seus olhos se abriram por um instante. Ele estava realmente a correspondendo? Nunca tinha ouvido falar sobre Radio Demon com outra pessoa, ou sequer saído com alguém. Então por que estava a correspondendo se não gostava de ninguém? Sentiu-se logo envolvida pelas mãos do maior que puxou sua nuca e logo a abraçou mordendo seu lábio e intensificando o beijo, fechou os olhos novamente e o mordeu também, de modo que seus sangues se misturassem naquele beijo que parecia congelar ambos. 'Isto está mesmo acontecendo?' A voz na cabeça de Charlie gritava, e ela apenas a ignorava.
Alastor segurou mais a menina contra ele, intensificando o beijo de forma sutil. Aquele beijo, com o gosto do sangue de ambos, agora misturado graças a mordida da pequena era a coisa mais deliciosa que já havia provado. Sentia o liquido escorrendo por seu queixo e então descendo lentamente para o pescoço. Sua mente ainda estava a turbilhão. Significava que também estava na dela? Ele nunca quis sequer encostar em alguém, e lá estava ele, a tocando, a beijando.... O que o atraia tanto assim? Agora era sua língua que movimentava sem seus comandos, adentrando a boca da pequena para caçar a sua língua.
"Isso é um barulho de beijo?" Vaggie perguntou com o copo encostado na parede de Alastor, olhando para Angel Dust que estava com um sorriso gigante no rosto.
"É, é, DIFINITIVAMENTE!" O rosa então sussurrou animado, tentando não falar muito alto, tirando o copo dali e começando a pular desordenadamente mexendo os braços "FINALMENTE, CARALHO" E então com os dois braços de baixo, agarrou Vaggie que estava de braços cruzados e visivelmente incomodada, a levando para longe dali. "Vamos deixa-los brincar."
... O que estava sentindo era normal? Já havia sentido isso com seu último par romântico? Sequer lembrava de ter tido tanta dificuldade de falar com alguém quanto teve agora. E sequer sentia tantos calafrios e calores pelo corpo como sentia agora. Quando Alastor colocou a língua em sua boca, correspondeu no mesmo instante, e seus braços que estavam sobre o pescoço do maior agora abraçavam sua cabeça e seu cabelo, o mantendo grudado em seu beijo, este que aproveitava e ao mesmo tempo bebia daquele sangue delicioso. Mal percebera, mas seus chifres estavam ali novamente.
Assim que cruzou o corredor e virou a 'esquina' Husk viu Vaggie e Angel abraçados e saindo dali. "Hey, o que estão fazendo aqui?" Passou pela frente da porta de Alastor. Franzia as sobrancelhas, andando até os dois. "Finalmente o que?" Perguntou com um tom um tanto ranzinza, acompanhando os dois que continuavam andando pelo corredor.
... Alastor a segurava firmemente contra seus braços, entrelaçando os seus dedos entre os cabelos loiros da menina. Sua língua dançava no ritmo quase que da música que tocava de fundo. Separou os lábios por um instante, para encarar a garota. Ela estava em sua forma demoníaca e aquilo o fez sorrir mais largo do que antes, voltando imediatamente para o beijo e a rodando em seus braços até encostar em uma das paredes do quarto. Lambeu seus lábios, chupando bem de leve o lábio mordido da pequena e soltando. Aquilo... Era deliciosamente errado. Deu outro beijo nela, lento e curto. Por que estava fazendo aquilo?
A menina apenas deixava Alastor liderar os movimentos, e ele o fazia com graça, tal que sentia-se flutuando com os movimentos dele. Ao sentir as costas contra a parede, soltou um leve gemido no meio do beijo, afinal seu corpo estava fervendo, enquanto a parede estava gelada. Sentia seus lábios começando a se recuperar da mordida, mas não queria que aquilo acabasse, então mordeu os próprios lábios novamente, agora empurrando seu corpo para cima, de maneira que Alastor a segurasse na parede e ela pudesse ficar em seu colo.
Alastor sentiu um arrepio correndo por seu corpo inteiro, o fazendo ofegar levemente. Ela tinha gemido?! O overlord sentiu a garota empurrando o corpo para cima e colou mais o próprio corpo contra o dela. Era como se ele tivesse ela presa ali na parede, agora sem que ela encostasse os pés no chão, e seu rosto ficasse nivelado com o seu. Mordeu os próprios lábios. O sangue do demônio misturado com o dela, era uma chuva de sabores, que o deixavam excitado. Mas dessa vez, o beijo ajudava e muito essa parte. Colocou a mão sobre o rosto da pequena, acariciando levemente. Seus dentes ficaram maiores com o sabor do gosto dela. Estava dividido entre seu desejo primitivo, e manter-se consciente.
A menina soltou-se do beijo para poder respirar na hora que o demônio colocou a mão sobre o rosto dela, e aquilo fora o suficiente para fazer deitar o rosto levemente sobre a mão do mesmo, mantendo a boca semiaberta e os olhos levemente fechados, como se aquilo fosse incrivelmente prazeroso para ela. A voz da menina em sua forma demoníaca era mais grave, e um tanto rouca, mas mesmo assim sorriu e disse "Parece que você 'ta na minha'" e num sussurro suas garras adentraram a clavícula do demônio, puxando-o para um beijo novamente.
Observara como a pequena reagira ao seu toque, e aquilo o intrigava... Era... Bom? Acariciou o rosto que agora estava colado contra sua mão. Ele sorriu largo. Os lábios dela completamente manchados de sangue, os chifres expostos, e a cor de seus olhos estava diferente. Ele se sentia mais atraído ainda. Ele apenas riu. Sua mente ainda estava a turbilhão, e seus desejos primitivos afloravam em seu corpo. Mordeu o próprio lábio com as garras da menina adentrando a sua clavícula. Ela gostava daquilo? Inconscientemente suas próprias garras cresceram, e eram bem maiores que as dela. Apertou a mão contra as costas da pequena, perfurando a camisa dela e abrindo levemente sua pele enquanto voltava ao beijo.
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