História Fallon - HYUNLIX - Sempre lado a lado

 “Querido irmão, te escrevo esta carta para informar sobre o novo membro de minha equipe, nosso caçula, ou como os coreanos gostam de chamar nessa nova era, maknae. Jeongin se trata de um garoto muito doce que sofreu muito desde sua infância nas mãos de uma mãe gananciosa e mentirosa. 

Meu garoto tem um poder jamais conhecido por mim, meus olhos avermelhados nunca haviam visto nada parecido. Ele controla a eletricidade ao seu redor, Yoon, é incrível, tenho um super choque no meu clã, você já viu esse desenho? Recomendo, é muito bom, mas esse não é o ponto. 

Desculpe, ainda tenho esse problema de me perder nos assuntos enquanto converso, isso me acompanha desde quando nasci, espero que meu amado não se irrite com esse meu jeito perdido de ser. 

Voltando ao Jeongin, além de controlar a eletricidade, ele também lê mentes, nasceu de uma mistura de vampiro com uma humana que não fazia ideia que havia se deitado com um vampiro, o garoto nasceu albino, uma criança levada que lia a mente de todos, sem controle algum, isso assustou os humanos que o tacharam como louco. Resgatei ele de um hospício, ele é saudável mentalmente apesar dos traumas familiares, mas quem somos nós para julgar, não é mesmo? Nossas famílias sequer nos quiseram, no final todos são um pouco parecidos com a gente. 

Ah, queria agradecer pela ajuda que o Minho está dando para o Jisung com os poderes dele, o rapaz vem evoluindo bastante e bem rápido, atentando a todos por diversão manipulando nossos sentimentos ao favor dele. Gosto dele. 

Eu queria também te informar que devo me ausentar nas próximas semanas, sinto que não será nada fácil para mim, e devido a isso, devo permanecer isolado, sei que irá respeitar o meu espaço como eu sempre respeitei seus momentos de solidão, não vão ser dias fáceis as quais irei enfrentar, mas tem haver com o meu coração, prometo que assim que me recuperar, irei te escrever novamente, ou te visitar em seu restaurante.

Até lá, não se preocupe. 

Com carinho, seu irmão, que te ama eternamente.” 

 Normalmente, ver o futuro para Hyunjin era uma virtude, sentir quando suas visões se tornavam reais, nem sempre eram, especialmente agora. Não era segredo para ninguém que o coração do vampiro tinha dono, mesmo com seus sentimentos de carinho e amizade por Elizabeth, todos ao seu redor sabiam o quanto ele amava o rapaz das sardas.

 Hwang protegeu os membros de seu clã, os quais se apaixonaram pelos rapazes de suas visões, nunca contando para eles sobre a morte  de seus futuros companheiros, mas quem iria proteger Hyunjin dessas visões? Ninguém, e por conta disso, ele se encontrava encolhido em sua cama, tremendo de frio, enquanto lágrimas deslizavam pelo seu rosto.   

Ele amava tanto o rapaz das sardas, que conseguia sentir cada dor que ele sentia naquele momento. Hyunjin sentia um frio tão grande que parecia congelar todos seus órgãos dentro de seu corpo, o que faltava, sem explicação plausível para isso. Ele estava sofrendo, sofrendo por amor, pois seu amado estava sofrendo, e ele sofria junto. 

— A dor dele é psicológica causando efeitos físicos, é emocional, mas eu não consigo reverter, é muito forte — argumentou Jisung.

— Você é um vampiro experiente, Minie, faça algo! Tire a dor dele — pediu Taehyung, vendo seu irmão negar com a cabeça.

— Tiro dores físicas, Taehy, a dor dele vem do coração, vai passar sozinha, no momento certo – explicou o caçula entre os Kim.

— Queria poder chamar o irmão dele para ajudar, mas ele me proibiu, de certa forma, sabia exatamente o estado que iria ficar — declarou Taehyung, suspirando pesado com a situação. 

— Ordens são ordens, devemos respeitá-lo, desde a decisão dele, até seu espaço pessoal — declarou Changbin, vendo o restante concordar consigo, e em silêncio saíram do quarto. 

– Eu espero que o Hyung melhore logo, ele me ajudou tanto, queria poder ajudá-lo também, mas não sei como posso fazer isso —  disse Jeongin, um tanto frustrado, recebendo um abraço acolhedor de Seungmin. 

— Não se preocupe, ele sabe que você e todos nós gostaríamos de ajudar, ele ajudou todos nós, Innie, todo mundo aqui daria a vida por ele — concluiu Mnie, confortando seu maknae.

O clã achou que ele só ficaria daquele jeito um dia, mas já havia passado uma semana, e Hyunjin não aparentava nenhuma melhora. Ninguém ali com exceção de Seungmin e Taehyung havia visto Hwang chorar, eles também só haviam visto uma vez, no funeral de Elizabeth, um choro controlado e silencioso. 

Mas desta vez, parecia que a dor que Hyunjin carregava não cabia no peito, ele chorava alto, de soluçar, alguns gritos de dor e agonia, o clã conseguia ouvir sempre que passavam pelo corredor, mas não havia nada que pudessem fazer. Em sua mente, sem controle algum, Hyunjin reviveu o acidente de seu amado em sua memória, cada choque que davam em seu coração para ele voltar a bater, Hwang sentia, ficando em pedaços com aquela situação, o ar faltava de seus pulmões, porque faltava nos de Félix Lee. 

Esse era o nome de seu amado, aquele que ele vinha acompanhando desde o princípio de sua morte. Hyunjin amava tanto Félix que esse amor não cabia no peito, transbordava por todo seu corpo. 

Minho ia a cada duas semanas para Fallon, ajudar Jisung em seu treinamento, já que o Lee tinha o poder de ver as emoções das pessoas, algo semelhante ao do Han. 

— Faz muito tempo que ele está assim? — perguntou Minho, vendo Taehyung suspirar pesado.

— Já vai fazer dez dias, ele não se alimenta, só chora, nem todos os cobertores da casa são capazes de acabar com o frio que ele sente, entendo que estamos no inverno, mas… não faz sentido algum — disparou o Kim mais velho.

— É você que está no controle? — perguntou Minho, vendo Taehyung confirmar — Ele está sentindo tanta dor, é como se ele estivesse em transformação, uma transformação muito dolorosa psicologicamente.

— Jeongin e eu invadimos a mente dele, ele fica revivendo o tempo todo um acidente com o rapaz das sardas, acreditamos que esse acidente tenha acontecido, e por isso que ele está assim — declarou Taehy.

— Yoongi é tão sério e centrado, Hyunjin aparenta ser igual, mas talvez ele tenha um lado muito sensível a qual desconhecemos, mas o irmão dele deve conhecer. Irei informar a ele como Hwang está, talvez ele tenha alguma instrução para vocês a respeito do que deveriam fazer — disse Minho, vendo  o clã Hwang concordar.

Todos queriam poder ajudar Hyunjin. Não demorou muito tempo para o Yoongi saber da situação do irmão e comparecer até a mansão Hwang, sendo muito bem recebido por Taehyung e o restante do Clã. 

— Eu cheguei agora a pouco. Como ele está? — perguntou o líder do outro Clã, preocupado com o irmão. 

Taehyung suspirou e abriu a porta, para que ele passasse. Todos os membros do Clã saudaram Yoongi de forma amistosa e o conduziram para o quarto onde Hyunjin estava.

— Ele está passando por muita dor, mas a gente não consegue fazer nada sobre — disse Taehyung.

— Não conseguimos sequer evitar a dor, por ser emocional — Seungmin fez um bico, abraçado a um garoto que o Min não conhecia.

— Jeongin? — chamou o líder, logo tendo o outro a olhar para si, assustado.

— E-eu! Yang Jeongin, senhor, ao seu dispor.

Com um sorriso gentil, Yoongi estendeu a mão para ele, cumprimentando-o com leveza.

— Seja muito bem-vindo, imagino que saiba que meu irmão já me falou de você por carta.

— Eu fico honrado, mesmo que… que… agora eu não posso fazer nada.

— Temo que nenhum de nós possa… nem mesmo eu — Yoongi suspirou, encarando a porta do quarto alheio — Bom, mas entrar e dar um abraço eu posso, né?

— Esperamos que sim — concordou Changbin.

Yoongi respirou fundo e bateu algumas vezes na porta, abrindo-a lentamente depois. Encarou o amontoado de cobertores e o seu irmão perdido ali no meio, mais abatido do que já tinha visto em qualquer outra ocasião.

— Irmão… você está péssimo — Yoongi fez uma leve careta, se aproximando do outro — Aconteceu, não é?

Hyunjin suspirou pesado, tirando um pouco das cobertas que tampava até metade de seu rosto, em seguida concordou com a cabeça.

— Foi há dez dias, ele sentiu tanta dor e desespero, Yoon, eu queria tanto ter ido lá salvar ele, mas não posso interferir — declarou com a voz um tanto embargada — Achei que eu só ficaria mal no dia, mas vejo que me enganei. 

Yoongi se sentou na borda da cama, encarando o outro com atenção enquanto ouvia suas palavras.

— Você o ama muito, irmão… por isso sente tanto a dor dele. Pode me dizer como ele está? Ele… ficou mesmo em coma?

— Não consigo ver mais nada referente a ele — disse em um tom baixo, em seguida criou forças da onde não tinha para se sentar sobre o colchão, encostando as costas na cabeceira da cama — Eu só vi o médico falando que ele estava em coma, a decisão da família em manter ele vivo através dos aparelhos, e sei que isso já aconteceu… ele não está bem, irmão, e sinto, infelizmente, eu sinto que ele não estará bem por um longo tempo, e isso me destrói por dentro. Nunca desejei tanto ter outro dom, Yoon… talvez doesse menos se eu não soubesse e sentisse, dizem que às vezes a ignorância é uma dádiva, sempre achei idiotice, pois gosto de saber de tudo, mas no momento, gostaria de não saber. 

— Hyunjinie… eu acredito que cada um de nós tem o dom que precisa ter. Não conheço outra pessoa que usaria melhor do que você o faz. Eu sinto tanto… tanto que doa em você, irmão… que sinceramente, eu queria poder tirar todas essas dores e sentimentos ruins de você. Mas eu não posso…

Yoongi se levantou e tirou a jaqueta de couro que usava, seus braços muito pálidos e de veias saltadas estavam expostos pela camiseta simples que vestia.

— Sabe o que eu também acho? Que serão dias difíceis! Agora, irmão, você precisa ser forte, não só por você e pelo seu Clã, mas também por ele. Se o garoto das sardas, meu cunhado, vai ficar um tempo assim, e isso deve ser respeitado, então você precisa estar forte para recebê-lo — o irmão mais velho chegou mais perto e segurou a mão do outro — Seu tempo de dor também deve ser respeitado, irmão. Mas você também precisa se alimentar, se manter forte para todos os momentos bons que irão passar juntos. Logo seu amado está aí, cheio de energia, e você um velho que não consegue pegar o garoto no colo.

Yoongi riu, tentando fazer o irmão sorrir, nem que seja um pouquinho.

— Se alimente, Jinie — ofereceu — Por favor. Pra estar bem pro seu amado.

— Ele se chama Félix, Félix Lee — declarou Hwang, depois de rir do comentário engraçado de seu irmão — Descobri o nome dele, de um jeito nada amigável, mas descobri — disse enxugando as lágrimas que haviam molhado seu rosto — Quero muito ser forte por todos, e aprender a conviver com esse sentimento que irá me acompanhar até a morte dele, mas é um tanto difícil… Irei me esforçar, eu prometo. 

Disse ao segurar a mão do irmão de volta, entrelaçando seu dedo mindinho com o do mais velho, como costumavam fazer quando moravam no orfanato.

— Eu prometo, Yoon. 

— Eu acredito e confio em você — disse com firmeza, talvez Yoongi tivesse mais certeza disso do que o próprio Hyunjin — Agora morde e se alimente.

— Aigo, Yoon! Não me alimento de você há anos! Quer que eu volte a me sentir com quinze anos? — resmungou, se sentindo um tanto envergonhado. 

— Quero, anda, morde o bracinho! — riu o mais velho — Se não se alimentar de mim, eu vou chamar um dos seus, você escolhe, irmão.

— Você é um chato! — disse se dando por vencido, e seguindo as instruções de seu irmão mais velho, para assim se sentir um pouco mais forte, e menos abatido. 

Hyunjin se afastou, passando as costas da mão pelos seus lábios, tirando qualquer resquício de sangue em sua boca.

— Feliz? — perguntou num sorriso de lado, abaixando o olhar em seguida — Yoon, ele vai me detestar quando eu o transformar. Acha que vai demorar muito para ele me amar? 

— Feliz, eu preferia que você estivesse um pouco mais forte, mas tudo bem, com o tempo você volta a ter a forma de antes — deu de ombros, vendo os furinhos se fecharem — E quando ao Félix… não acho que um dia ele vá te odiar.

Yoongi pegou a jaqueta novamente e depois a vestiu.

— Félix está em uma situação difícil, provavelmente ele não voltará sem a sua ajuda, então… eu não acredito que ele vá ficar irritado com você quando acontecer — ponderou — Agora, o amor… ah, meu irmão, o amor é uma caixinha de surpresas. Veja bem: Namjoon salvou Jin, mas eles só desenvolveram algum relacionamento anos depois, porém, Christopher e Lino tiveram uma conexão instantânea. Não podemos prever, irmão… só podemos torcer para que ele reconheça seus encantos.

O que fez o Min pensar em Jimin.

— E, pensando bem, a sua preocupação também é a minha.

— Seu companheiro vai ser bem complicado — comentou rindo ao se lembrar das visões que havia tido a respeito do Jimin — Mas será um excelente companheiro para te ajudar com os deveres de ter um clã. Nossos pares, ambos, irão aparecer no mesmo ano, estamos ligados até isso, da morte até o amor. Engraçado, não? Eu acho um pouco. 

— Simbólico, eu diria. Meu companheiro não me odiando nos primeiros cinco minutos de interação já é um avanço, meus membros de Clã me chamam de velho chato — suspirei — Mestre velho chato. 

— Verdade, você está velho mesmo — respondeu, se defendendo do tapa que ia levar do irmão. — Seu Clã vai te zoar ainda mais quando o Jimin aparecer, principalmente porque você vai ficar com olhar de bobo apaixonado por ele, é melhor ir se preparando. 

— Todo dia um dia bom para o meu Clã me zoar por alguma coisa. Oh, inclusive, eu já ia me esquecendo: Christopher Bang se transformou! 

— Ah! E como ele está? A transformação de Jeongin foi rápida, dolorosa, mas durou pouco tempo, eu achei que iria demorar mais um pouco, mas até que aconteceu jovem — comentou, voltando a encarar o mais velho. 

— Namjoon me ligou quando o processo teve início, infelizmente a dele foi bem dolorosa e demorada. Como eu previ, quanto mais velho o humano é, mais dolorosa a transformação se torna. Todo o processo demorou mais de uma hora, mas ele acordou bem e com fome. Ainda não o vi, mas Jungkook, meu penúltimo garoto, já o adotou, e Lino… bom… é o Lino, ele vai cuidar do Padre. Sim, o apelido do Christopher é Padre.

— Nada mal, já não íamos para o céu mesmo, um apelido desse não vai fazer diferença em nosso currículo — declarou sorridente — É legal da parte do Jungkook de acolher o novo membro, e a sua lógica faz muito sentido. Quanto mais velho o meio humano for, mais demorada irá ser sua transformação — disse enquanto analisava um pouco a situação — O poder dele não ficou muito claro para mim durante as visões, só vi algumas vezes o Minho falando algo como “Não use seu dom contra mim, Chris”, ele vai falar isso várias vezes! 

— Pelo que sabemos, antes dele se transformar, havia um tipo de persuasão muito forte cercando o Christopher. Ele conseguia convencer facilmente as pessoas do que quer que fosse, seja aceitar algo ou pedir que a pessoa fizesse algo. Quando ele se transformou, Lino reportou que agora ele consegue ouvir os desejos das pessoas, com isso ele induz, de um jeito muito mais incisivo, diria até… como uma ordem, o que ele quer que seja feito. 

— Um poder sutil, porém perigoso, muito útil na verdade, ele pode guerrear sem sequer se mover, basta desejar que o batalhão inimigo se mate e então… desejo realizado, ou ordem — disse em meio a um sorriso — Poderoso e perigoso. 

— Ainda não fizemos o teste com manipuladores de mente, mas sabemos que o Lino, por ter o dom sobre os sentimentos, é imune. 

— Isso é ótimo! Para a relação dos dois principalmente. Jeongin anda praticando o dele, mas… — sequer precisou completar a frase, olhou para o teto e viu a luz piscando.

— JEONGINNN! — gritou Changbin do primeiro andar.

— DESCULPA! TROPECEI E FIQUEI NERVOSO, FOI SEM QUERER — gritou de volta o caçula do Clã Hwang, de um dos quartos.

— Ele está aprendendo ainda a controlar — completou Hyunjin, sorrindo de lado para o irmão. 

— Dê mais alguns anos para o garoto e ele será um dos melhores.

— Aposto que sim! — afirmou o mais novo, em seguida se moveu em cima do colchão e foi ao encontro do irmão, o abraçando fortemente, encostando sua cabeça no peito do mais velho — Obrigado por me ajudar, Yoon… 

— Eu prometi cuidar de você e eu vou cuidar, pela eternidade, se possível for. Não fique tão triste, sim? Há muito ainda para ser vivido, mesmo na nossa morte. Mas eu quero dizer algo: eu tenho muito orgulho da sua força, do seu equilíbrio, e da pessoa maravilhosa que é. Muitos não teriam conseguido suportar, mas você o fez, e espero que um pouquinho dessa sua força tenha vindo fazer parte de mim, ou então quando for a minha vez, você que vai precisar me ajudar!

— Que fofinho você falando assim — disse sorridente, encarando o Min com carinho — É claro que veio de você, acha que me esqueci de toda a força que você teve em cuidar de mim naquele orfanato cheio de crianças pegajosas? Era você que me garantia que viria dias melhores, sempre é você que garante isso, irmão, e é por isso que eu sempre consigo levantar de novo. Tudo graças a você. 

— Então continuamos dando força um pro outro — disse num sorriso — E saber disso me deixa muito feliz. Agora, você precisa sair desse quarto e dizer pros seus protegidos que não morreu de novo no meio desses cobertores. Eles estão muito preocupados.

— Mas está tão quentinho aqui — declarou baixinho, logo percebendo que todo o calafrio que estava sentindo, havia sumido. — Mas irei, prometo! 

— Mais uma vez, eu acredito em você. Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar, certo? Eu venho correndo, mesmo se for durante o dia!

— Pode ficar tranquilo, jamais te chamarei durante o dia, porque jamais me levantarei para fazer algo nesse horário — disse rindo — Eu chamo sim, pode deixar. E estarei disponível, caso algo te abale também, irmão. 

— Sinto, estranhamente, que vou precisar.

— Até lá, aceite o conselho de quem não tem escolha, aproveite o fato de você não saber o que o futuro planeja, doí menos, assim você só se preocupa com o que tem que se preocupar no instante que a situação acontecer, não antes. E aí é só curtir o depois — falou num sorriso fraco — E quando acontecer, eu vou saber, e estarei do seu lado para aguentar. 

— Obrigado por estar comigo em todos esses momentos — disse baixinho, apertando o irmão no abraço — Tinha tudo pra ser um inferno… e só não é porque estamos juntos nessa.

— Passamos períodos difíceis longe um do outro, acho que não precisa ser assim estando lado a lado, só precisamos nos acostumar com a ideia de que não estamos mais sozinhos, certo? Eu preciso, principalmente — declarou no mesmo tom, fechando os olhos e se sentindo confortável no abraço do irmão, como há tempos não sentia. 

— É isso aí, se acostume a não ficar mais sozinho! — reclamou, rindo fraco — Eu preciso ir… mas me chama.

— Chamo sim — disse se afastando do abraço, se sentindo melhor do que quando o irmão havia chegado para ajudá-lo — Diga ao padre que eu desejei boas vindas e que Anna irá encontrar um amor muito em breve, ele ficará feliz com a notícia, vai entender o que eu disse. 

— Vou passar o recado como veio, espero que ele entenda — disse rindo — Se cuida, irmão! E até mais ver.

— Até, irmão.

 Hyunjin estava disposto a cumprir a promessa que havia feito ao irmão. Se levantou da cama, voltou a se alimentar direito, e a circular mais pela casa, mas ele já não era mais o mesmo e precisava da ajuda de Taehyung para manter as coisas organizadas no Clã.