Por Alana.
Meu primeiro mês como diretora da Sunshine Books foi uma loucura. Havia muito o que fazer, além de organizar o novo prédio onde o escritório foi montado, fizemos uma reunião com a equipe que quis ficar, onde pude me apresentar e discutirmos ideias de como vamos fazer a editora sair da crise.
Quem me indicou para esse cargo foi o senhor Wendez, que por motivos desconhecidos acredita que eu, apesar de estar no meio de uma crise em minha vida pessoal e no meu casamento, sou a pessoa mais indicada para fazer a editora se reerguer. Fico muito feliz por ele me dar esse voto de confiança e jurei a mim mesma que entraria de cabeça nisso, então se não der certo vai ser apenas um ponto a mais na minha lista, bem depois do meu casamento dos sonhos que não deu certo.
Por falar em casamento, Justin não me ligou ou mandou mais mensagens. No meu primeiro dia de trabalho ele me mandou flores e uma mensagem bonitinha, mas me recusei a responde-lo e joguei as flores fora. As peguei de volta 2 minutos depois, era um buque lindo demais para ir para o lixo, então pedi a Maddie e ao Mike que não comentassem com ele que fiquei com as flores, pois isso poderia deixa-lo convencido.
Não quero que ele pense que é só fazer umas coisas bonitinhas e vir com aquela carinha de cachorro que caiu do caminhão que vou voltar para ele. Apesar de que ultimamente ele tem sido um pai bem presente, como se tentasse compensar as coisas.
Quase todos os dias, ele vai até o apartamento do Mike, passa um tempo com as meninas lá ou as leva para passear. Como tenho trabalhado bastante e chego tarde em casa nunca o vejo, mas pelos olhinhos brilhantes e sorrisinhos que vejo nos rostinhos das meninas parece que Justin tem feito um bom trabalho e estou orgulhosa dele.
—Lana, os candidatos já estão prontos. – Regina, gerente do RH disse me trazendo de volta ao presente. —Já podemos começar?
O pessoal acha que eu devo ter um assistente, assim posso conseguir fazer mais coisas. Concordei apenas para não ser chata, mas é estranho pensar que vou ter alguém fazendo o que fiz por anos.
—Sim, vamos. Quanto antes melhor.
Peguei minha prancheta com a cópia da ficha dos candidatos e fomos para a sala de reuniões, onde os candidatos vão ser entrevistados. A maioria são mulheres com diferentes faixas de idade, algumas com muita experiência e outras que deveriam estar ali obrigadas por alguém.
Após algumas horas realizando as entrevistas já tínhamos separado as 3 melhores e estávamos para encerrar, quando Regina apareceu com mais uma candidata, ou melhor um candidato homem, o quarto que apareceu aqui.
Quando ele entrou na sala uma sensação entranha tomou conta de mim. Como se por debaixo daqueles óculos, o cabelo lambido e as roupas de brechó eu o conhecesse de algum lugar.
—Vamos a entrevista. – Zoe disse, me fazendo parar de encara-lo para olhar a ficha que Regina entregou a cada uma. —Devo dizer que me surpreendi ao saber que tínhamos mais um candidato, ainda mais se tratando do gênero masculino. A sua candidatura chegou bem em cima da hora, senhor... Dustin?
—Jason Dustin. - Ele assentiu ajeitando os óculos. —Eu fiquei sabendo da vaga em cima da hora e resolvi arriscar. Já escolheram alguém?
—Não, mas já temos algumas que parecem boas. -Regina disse com seu habitual tom sério.
—Tenho certeza que posso ser melhor. - Respondeu sorrindo.
Aquele sorriso, seu jeito de falar. A imagem de Justin não saia da minha cabeça.
Só posso estar ficando louca ou coisa do tipo.
—Certo, então me diga por que quer essa vaga? - Perguntei.
—Bom, primeiro porque eu preciso do emprego. Segundo, eu aprendo fácil e terceiro, sou muito bom em trabalhar em equipe.
—E porque você quer ser assistente?
—Por que acredito ser uma posição onde se aprende de tudo. Eu conheci uma pessoa que já trabalhou como assistente e era realmente muito boa nisso, ela fazia de tudo, tinha uma ótima parceria com o chefe e isso levava a empresa para frente.
As palavras dele me paralisaram. Jason as disse olhando diretamente para mim e fazendo meu alerta de desconfiança despertar como uma sirene histérica. – Tenho 99% de certeza de que esse cara é o Justin.
—Como você pretende ser tão bom quanto essa pessoa, se não tem experiência no cargo? – Provoquei.
—Eu posso tentar, só preciso de uma oportunidade. - Ele sorriu, dando uma piscadinha sutil. Acho que só eu percebi. — Minha amiga também não tinha experiência quando começou, mas foi aprendendo aos poucos e se tornou a melhor.
Eu não disse nada. Não sabia o que dizer, mas sorri como se tivesse escutado o mais fofo dos elogios.
A entrevista continuou. Regina e Zoe foram as que mais fizeram perguntas a ele, que respondia tudo como um robozinho.
Não acredito que ele teve coragem de se vestir como um bobo e aparecer aqui com um nome falso querendo se candidatar para ser meu assistente, achando que eu não iria perceber. Que tipo de boba o Justin acha que eu sou?
—Bom, Jason, apesar de não ter experiência você é um candidato interessante. Vamos terminar de separar as fichas dos candidatos e entraremos em contato com você.
—Se me escolherem, prometo não decepcionar. – Ele disse pouco antes de se despedir e sair da sala.
Assim que estavam a sós, Zoe olhou a ficha dele mais uma vez e a separou das demais.
—Acho que a Zoe já escolheu o seu favorito. – Regina disse dando um sorriso forçado. —Estamos aqui para te ajudar, mas a decisão final é sua Alana. Jason parecer um bom candidato, mas acredito que a Rosalie se dera melhor no cargo, ela tem mais experiência. O que você acha?
Antes que eu pudesse responder Zoe interviu.
—Certo, a Rosalie tem experiência, mas o Jason foi muito mais simpático. Ele combina muito mais com a Sunshine.
Olhei para as duas fichas, mas não assimilei o que elas estavam falando. Zoe e Regina começaram uma discussão sobre os pontos de vista, mas nem prestei atenção. Jason/Justin não saia da minha cabeça. Não acredito que ele pensou que era só por um pouco de gel no cabelo e óculos que eu não iria reconhece-lo. Isso pode até funcionar para o Superman, mas com o bobo do meu marido não, porque eu conheço muito bem a essência dele.
—Quero o Jason. – Respondi firme as fazendo pararem de discutir sobre os candidatos e olhar para mim. —Quero o Jason Dustin, como meu assistente.
—Tem certeza? – Regina perguntou, me olhando como se eu não soubesse o que estava fazendo.
—Tenho. Zoe, ligue para ele e peça que amanhã ele esteja aqui as 7:30.
—Mas o expediente só começa às 8.
—Eu sei, mas quero conversar com ele antes da ação começar.
—Ok, chefe.
Se ele acha que pode me enganar, vamos ver até onde ele vai com isso.
Na manhã seguinte, cheguei no escritório as 7:30 em ponto e para a minha surpresa dei de cara com uma figura sorridente na recepção.
—Bom dia chefe. – Acenou assim que me aproximei do balcão. Junto dele estava Rood o vigia. — Sei que a senhora me pediu para estar aqui as 7:30, mas como ainda não tenho crachá e não chegou ninguém do RH tive que esperar aqui.
—Bom dia Rood.
—Bom dia Lana.
Nem precisei pedir que Jason/Justin me seguisse, assim que entrei no elevador ele estava ao meu lado como uma sombra. Logo começou a tagarelar sobre estar ali desde as 6:50, porque, como mora longe, ficou com medo de chegar atrasado e um monte de mentiras para completar o seu papel.
—Justin, você pode parar de mentir.
Ele parou de falar e me olhou desentendido.
—Eu sei quem você é de verdade. -Disse firme entrando no elevador assim que o mesmo abriu, ele veio logo atrás.
—Me desculpe, mas não sei do que você está falando.
—Como você consegue ser tão cara de pau? Eu sei que é você Justin. Esse nome idiota, esse penteado, estilo ruim até esse falso jeito desajeitado te entregam.
—Eu não sou quem você pensa. Está enganada senhora Alana.
Todo o cinismo dele me fez respirar fundo e contar até dez. Então pensei em uma coisa para desmascara-lo, peguei meu celular e liguei para ele.
—Isso você não pode esconder.
Tocou três vezes, mas aqui não ouvi som em seu bolso. Na quarta vez atenderam.... Para minha surpresa, era o próprio Justin
—Nossa, olha que milagre. - começou a falar assim que atendeu. — Alguém lembrou que eu existo. Que foi Laninha?
Enquanto um tagarelava em meu ouvido o rapaz parado a minha frente mal piscava.
—Ah, Justin?!? Esquece, eu queria ligar para o Mike e disquei seu número sem querer.
—Estava pensando em mim, né? Admita.
—Tchau.
Desliguei antes que ele dissesse mais alguma besteira e desconcertada me voltei ao rapaz.
—Então?
—Me desculpe...- Eu disse, sem saber ao certo como agir depois desse fora. —É que você se parece muito com uma pessoa.
—Tanto a ponto de você achar que estou disfarçado? Me desculpe dizer isso assim, hoje é o meu primeiro dia, mas a senhora deve ler menos os livros que produz, já está começando a confundir a realidade com a ficção.
—Esqueça tudo o que eu disse, Dustin. Vamos começar o trabalho.
Mostrei para ele onde sua mesa ficava e a minha sala logo atrás. Expliquei da maneira mais simples que conseguia o serviço.
A ideia de que vou ter alguém fazendo para mim, parte do que eu fazia para o Justin, ainda é bem estranha, mas Jason parece um cara legal e acho que mesmo depois desse meu fora vamos nos dar muito bem.
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