Quando cheguei na editora a maioria das pessoas já havia ido embora. Todos se empenharam e acabaram trabalhando até tarde nos meus primeiros dias, então combinei que poderiam sair mais cedo agora que as coisas estão calmas.
Procurei Jason na minha sala, mas só encontrei um bilhete pedindo que fosse até a sala de reuniões. Ao chegar lá dei de cara com vários buques de rosas vermelhas por toda a sala.
—O que significa isso, Jason?
—São para você…- ele disse animadinho. — Todas.
Não soube o que responder. Minha cabeça deu erro e as palavras não faziam sentido algum.
Jason é um carinha legal, estranho em alguns momentos, mas estamos nos dando muito bem. Com ele eu tive a mesma estranha conexão que só tive com o Justin, claro que estou falando profissionalmente, não o conheço a tanto tempo para me dizer apaixonada. Até porque meu coração já sofre por um idiota, não preciso procurar mais ninguém.
—Você comprou todas essas rosas para mim? – Perguntei temendo a resposta.
—Não! Não, me desculpe se fiz parecer isso.
—Então de onde elas vieram?
Por um breve momento desejei de todo o meu coração que ele respondesse “Quem mandou essas flores foi alguém chamado Justin”. Precisei me conter para não sorrir só de pensar na possibilidade.
—As flores foram mandadas pela senhor L. Smash.
—L. Smash? O escritor de ficção infantil? Um dos melhores do mundo? -Jason assentiu me entregando um cartão, que em um dos versos havia apenas uma assinatura com uma caligrafia toda artística. —Aquele homem maravilhoso mandou essas flores para mim?
Jason assentiu mais uma vez, mas já não sorria como antes, ao contrário, ele pareceu até um pouco irritado com o meu comentário.
—Ele não é tudo isso. – ralhou.
—É sim.
Olhei para a assinatura ano cartão mais uma vez e foi como se meu sorriso dobrasse de tamanho – Eu teria amado de todo o coração que as flores fossem do Justin. – Mas quando um dos melhores escritores do país entra em contato com você, não se pode jogar essa oportunidade fora.
—Aqui ele está diz que aceita me encontrar na conferência no Plaza, mas como ele sabe que ia entrar em contato com ele?
—Digamos que eu consegui mexer uns pauzinhos. – Jason deu uma piscadinha e sorriu convencido. Outro ponto que o torna parecido com o Justin.
Devo estar muito obcecada com o meu marido, para achar esses dois parecidos. Pensei que ficando totalmente focada no trabalho conseguiria deixa-lo de lado, mas pelo visto só estou pior.
—Obrigada. – Respondi ao perceber que o Jason me encarava esperando uma resposta. —Como você conseguiu, o agente literário dele ignorou as nossas ligações.
—Por isso tentei ir direto na fonte e consegui falar pessoalmente com o Smash. Contei a ele sobre os problemas da Sunshine, que você é a nova responsável pela editora e merecia uma chance de ser ouvida. Ele disse que iria pensar e hoje vieram entregar mil rosas e tinha esse cartão dele para você.
—Mil rosas. – Repeti rindo. — Você sabe o que isso significa, não é?
—Claro, ele mandou mil rosas para você, porque ele é um homem exagerado.
—Não, é uma referência ao livro dele.
—Ah sim, rosas zumbis.
—Você conhece?
—Sim é a serie favorita da Maddi... eu quis dizer é a serie favorita da minha irmã.
—As crianças gostam mesmo, minhas filhas adoram. - Ele assentiu sorrindo. —Principalmente a Madeleine.
—Aposto que ela adora a cena dos personagens principais no jardim secreto das rosas.
—Sim, ela está sempre relendo esse capitulo, além de já ter escrito fanfics com milhares de versões diferentes dessa parte. -Ri ao lembrar uma vez em que ela pediu para o Justin ler a fanfic dela com vozes diferentes para cada personagem.
Alana volte a realidade por favor!
—Então você vai se encontrar com ele no evento do Plaza amanhã.
—Nós vamos. Você que falou com ele e conseguiu uma chance, não é justo que eu fique sozinha na melhor parte.
—Obrigado pela confiança chefe. – Ele olhou para mim por um tempo, toso sorridente e quase pude jurar que ele não piscava.
—Tudo bem?
—Sim, eu só estava pensando em uma coisa. Você acha que as rosas vão estragar se ficarem aqui de um dia para o outro?
—Espero que não, mas se isso acontecer teremos uma ótima decoração para o stand, caso L. Smash aceite fazer negócio com a gente.
—Você é muito boa nisso, chefe.
—Quando se trabalha como assistente pessoal, você aprende a viver de criatividade mesmo sem ter talento para isso.
—Eu te acho talentosa. – Se apressou em dizer, me deixando bem sem graça.
—Obrigada...- Sorri. — Bom, vamos embora, né? Já está ficado tarde.
—Quer uma carona?
—Pensei que você não tivesse carro.
—E não tenho, mas podemos dividir um táxi.
—Mas você não mora do outro lado da cidade?
—Sim, mas não vou te deixar ir sozinha a essa hora.
—Jason, ainda são 19:30, não está tão tarde assim.
—Então podemos ir na cafeteria da esquina tomar um chocolate?
Pensei que era só impressão ou loucura da minha cabeça, mas acho que o Jason gosta de mim. – Ainda é cedo para dizer se isso é bom ou não?
—Acho melhor eu ir para casa...
—Não vamos demorar, é só um chocolate ou se você não gostar de chocolate podemos tomar um café ou até mesmo água. Considere como uma reunião entre chefe e assistente, ou apenas dois colegas de trabalho que pararam para fazer um lanche.
—Tudo bem eu vou com você. - Ele disse alguma coisa como “isso” bem baixo e deu um soquinho no ar em comemoração.
Peguei minhas coisas e descemos. No caminho entre a Sunshine e a cafeteria Jason me contou sobre como está gostando de trabalhar como meu assistente e como a editora tem tudo para dar certo. Admito que esse otimismo e bajulação dele são fofos, mas em alguns momentos ele exagera um pouco.
Apesar do horário, a cafeteria não estava cheia. Fizemos nossos pedidos com tranquilidade, pedi chá, Jason escolheu chocolate e torta de morango para os dois. Nossa mesa era ao lado da janela, Jason se sentou do meu lado e olhou por um bom tempo para o lado de fora.
— Sentei aqui para dividirmos a torta. – Resolveu se explicar depois de um bom tempo em silencio. —Espero que não se importe.
—Não, tudo bem.
—Sabe dona Lana, eu notei que hoje você está um pouco dispersa. - Mesmo prestando atenção na rua lá fora, notei seu braço deslizar para o encosto no banco atrás de mim. — Está tudo bem?
—Normal.
—Talvez você ainda não confie tanto assim em mim, mas se precisar de alguém para desabafar.
—Obrigada Jason, mas o que eu menos preciso é pensar nesses problemas.
—Então fiz bem em te chamar para vir aqui. Assim você se distrai um pouco, torta é uma ótima distração. - Ele pegou um dos garfos e passou para mim. —O que você acha?
—Doces, em geral são. -Respondi dando uma boa garfada no pedaço a minha frente.
—Tem uma loja de doces bem pequena, quase na saída da cidade. Os doces são incríveis, podemos ir lá qualquer dia.
—Só se você pagar alguns a mais para eu levar para as minhas filhas.
—Claro. Crianças dizem gostar de doce, mas normalmente não aguentam muito mesmo, então não vai me dar prejuízo.
—Realmente não, então se preocupe apenas comigo. A louca dos doces -brinquei. —Mas vamos combinar o seguinte você vai me levar lá só quando eu estiver triste. Combinado?
—Combinado.
O tempo na cafeteria com o Jason foi mais interessante do que eu pensei. Ele é engraçado de um jeito meio nerd e estranho, fazendo umas piadas que só ele achava engraçado. Eu acabava rindo, mas era mais do jeito dele do que da piada.
Depois da cafeteria pegamos um taxi e fomos embora. No caminho Jason inventou um jogo onde deveríamos falar frases usando doces no lugar de algumas palavras como “Acho que tem muito trânsito nessa rua” por “ acho que tem muito pudim na rua”. O jogo era completamente sem sentido, mas entrei na dele e nos divertimos muito, principalmente com a cara do motorista que estava desconfiando que estávamos bêbados.
Chegando no meu prédio desci, seguida por Jason que fez questão em me levar até a porta. Será que ele pensa que isso é um encontro? Espero não ter feito parecer isso.
—Bom, obrigada por desviar completamente do seu caminho só para vir comigo até aqui e obrigada pela companhia e pela torta.
—Imagina chefe, estamos aí para isso. Sempre que você precisar, não importa a hora ou o dia, pode ligar para mim.
O clima ficou um pouco estranho depois dele dizer essa frase. Talvez foi alguma coisa em seu tom de voz ou o fato dele dize-la olhando diretamente nos meus olhos. Jason está começando a ter algum efeito involuntário sobre mim e não sei o que fazer ou como se sentir a respeito.
—Boa noite, Alana.
Jason me deu um beijo no rosto e se virou sem dizer mais nada voltando par ao taxi e indo embora.
—Boa noite... - Eu disse para o nada e logo entrei no meu prédio, ainda catatônica.
Assim que entrei no elevador meu celular vibrou. Era uma mensagem do Justin, que terminou de enrolar o ultimo fio solto na minha cabeça.
“Pode negar Lana, mas eu sei que a tal modelo russa era você. É impossível não reconhecer a maneira que seus olhos brilham quando estou perto de você...” – Até por mensagem ele consegue ser egocêntrico. -Ralhei mais acabei rindo depois. Meu Justin, sendo Justin. “ O que quero mesmo é agradecer, mesmo brava comigo você está sempre lá quando eu preciso...Nunca vou conseguir compensar o tanto que você já fez por mim, mas espero pelo menos poder estar sempre por perto quando você precisar. ”
Fiquei tão desnorteada com o que aconteceu há poucos minutos com o Jason e agora com essa mensagem que só fui perceber que estava parada no corredor como uma assombração quando Mike abriu a porta e se assustou em me ver ali no escuro.
—Tá fazendo o que ai, criatura?
—Mike. - Sua expressão de deboche se desfez quando ele percebeu que estava falando sério. — O que aconteceu?
—Como sempre, é o Justin.
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