Repetidos ruídos do solado do sapato social tomavam os corredores em um eco, perfeitamente arrumado e pontual como sempre. O garoto de cabelos rosados levava à risca todas as tarefas da empresa que entrou há poucos seis meses, não ocupava um cargo elevado mas como iniciante mal poderia reclamar de sua posição atual, secretário principal de Satoru Gojo, ficava à par de todos os afazeres do mesmo e auxiliava no quesito burocrático.
― Com licença senhor Satoru, aqui estão os pa...
Mesmo passando boa parte de seu tempo entrando na sala de seu chefe, Yuji sempre deferia duas batidas na porta antes de abri-lá, presava por manter os modos e respeito em suas relações, em ocasiões de alguma reunião importante de Satoru as quais não fosse exigida sua presença, ele sequer ousava atrapalhar.
Como nada de importante estava marcado para hoje, julgou que não havia problema em entrar.
― Pode entrar, Yuji, eu já estou de saída - a voz feminina soprou para o garoto parado entre a porta.
― Minhas desculpas, não sabia que a senhora estaria aqui - segurava os papéis contra o peito.
― Não se acanhe, você já conhece a [nome] - o platinado assentiu com a cabeça.
Sorriu amarelo dando as costas e indo em direção a prateleira que ordenava todos os contratos da empresa. Caminhava com a ponta do dedo indicador sob as pastas enquanto lia as nomenclaturas em cada uma delas, conferindo junto às páginas que sustentava em mãos. Seu objetivo era reunir os contratos recentes e vinculá-los aos investimentos do mês, para isso bastava pegar as primeiras folhas contidas na pasta grossa.
O tipo intrometido não fazia parte de seu gênio,
seu interesse no momento era limitado aos afazeres a serem concluídos, mas por que agora parecia ter se tornado tão difícil procurar pelas páginas que ficaram literalmente em sua cara quando abriu?
Discretamente o canto do olho ousou mirar um pouco acima de seus ombros, caminhou vagarosamente de cima a baixo quase como se um ímã estivesse sugando todo o foco de sua mente.
― Tem certeza que não podemos jantar juntos hoje? - ela fez um bico.
― Oh, querida, vou estar cheio de trabalhos essa noite - passou o polegar em sua bochecha.
Satoru tinha razão, ele já a conhecia, o suficiente para sentir raiva vendo a maneira como forjava a lástima em sua face, tratava a esposa com total indiferença, sempre a mesma desculpa, uma reunião de última hora ou tempo extra no trabalho, o homem que nunca para e incrivelmente sempre tem muito trabalho a fazer. Tudo isso levava a uma única conclusão: traição.
O telefone que estava em cima da mesa tocou, quase automaticamente a mão do platinado agarrou o aparelho.
― Satoru gojo, pois não... sim, claro, agora mesmo. - colocou uma das mãos no bolso.
Selou os lábios de sua esposa e deu de ombros prosseguindo com a conversa ao telefone.
Não passava de uma encenação barata, ligações importantes eram unicamente disponíveis no número da recepcionista, que passava as informações marcando um horário para falar diretamente com ele. Este telefone sob a mesa era usado provavelmente para manter o contato com sabe-se lá quem.
― Desgraçado - Yuji rangeu entre os dentes.
Desde o instante em que trocou a primeira palavra com [nome] - quando Satoru a fez esperar horas por ele na empresa, enquanto estava a quilômetros dali provavelmente em outra cama - Yuji precisou tentar manter sua mente ocupada quase que o tempo todo, sufocante e intenso era peso que ela ocupava em todos os cantos de seus pensamentos, o perfume marcante que exalava de sua nuca, seus gestos e uma maneira de falar tão excêntrica e inteligente em todos os assuntos que já puderam discorrer, era impossível olha-la sem que uma faísca radiasse por de baixo de sua pele.
A culpa por não entregar logo toda essa situação quase o matava, a incerteza de não possuir provas concretas poderia ser o motivo de que ela entrasse em negação com tudo isso e até mesmo Satoru poderia criar uma nova desculpa esfarrapada como sempre.
― Yuji. - um sussurro pairou sobre seu ombro.
Fechou os olhos por instantes antes de virar o corpo, apertando a beirada da pasta.
― Pois não, senhora [nome] - manteve a postura.
― Não me chame de senhora, sou muito nova pra isso - brincou deixando um sorriso labial escapar.
― Sinto muito, [nome], posso ajudar em algo?
A gola da camisa branca quase impedia a respiração.
― Diga a verdade, ele está me traindo, não está? - disse em um tom que somente o mesmo poderia ouvir.
Toda a frase o pegou de surpresa, o frio na barriga se formou e ele não sabia o que dizer no momento com a pergunta tão direta. Era de se esperar que uma mulher inteligente e observadora como ela fosse ao menos desconfiar da situação, só não imaginava que o mesmo seria questionado friamente quanto a isso algum dia.
Por vezes, ao fim do dia, a mulher marcava presença na empresa, era dona de metade da multinacional, então gostava de estar a par de todo o desenvolvimento, lucros e ações no país, mesmo sendo responsável unicamente pela filial estrangeira. Como o marido nem sempre estava presente ali, Yuji colocava-se à disposição para apresentar tudo de seu interesse. Nesse período de tempo que passavam juntos, perguntas sobre o dia a dia, gostos e hobbies acabaram vindo à tona, gerando um assunto entre eles. O garoto adorava quando a mesma ria de suas vivências ou de seu jeito bobo de se expressar.
O telefone ao fundo foi desligado e o platinado rumou aos passos em direção aos dois.
― Se preferir, posso atualizá-la dos investimentos atuais agora mesmo - olhou para Satoru que quase encostava atrás dela.
― Faça isso por mim, Yuji, estou um pouco atarefado - deu uma piscadela para a moça depositando um selar em seu rosto.
O de cabelos rosados e a moça saíram da sala rumando aos corredores, o silêncio ensurdecedor enquanto seguiam até a sala do mesmo caia quase como um peso sobre a carne dos ombros. Abriu passagem com a porta sugerindo para que ela entrasse.
― Sem rodeios, certo? - disse com seriedade.
― Veja bem, eu... - Yuji quase engolia a própria língua.
― Não se esqueça que também sou sua patroa, seja direto comigo.
O suspiro pesado custou sair pela sua boca, as palavras que entraram pelo seu ouvido bagunçaram ainda mais os pensamentos, qualquer pedido de sua patroa seria uma ordem, faria suas vontades sem pestanejar e em silêncio, que se dane o Satoru e seu mau-caratismo de merda, todas aquelas mulheres nunca chegariam aos pés da que estava a postos agora diante de seus olhos.
― As evidências apontam que sim, mas não tenho provas o suficiente para confirmar isso a você. - exprimiu.
― Nem precisa me dizer quais são as evidências - lubrificou o lábio, sentando na cadeira com a mão sobre as têmporas.
Os olhos castanhos a encaravam do outro lado da mesa, acompanhando todos os movimentos, curvou levemente o corpo sustentando-o sobre o móvel à frente.
― Me diga o que quiser e eu farei. - pronunciou com a voz rouca.
Não era tarefa fácil suportar olhar a expressão de desapontamento e tristeza no rosto da mulher, estava em sua frente pronto e disposto a tudo para que ela pudesse se sentir melhor de alguma forma, tinha o poder e domínio sobre sua mente de uma maneira que nem o mesmo poderia explicar, quem dava as ordens agora era a sua patroa.
― Grampeie aquele telefone.
[...]
No dia seguinte lá estava o garoto aguardando minuciosamente a saída casual de Satoru. Nervosismo à flor da pele, mesmo tendo um amplo conhecimento de informática e tecnologia, nunca em sua vida fez algo a fim de violar a privacidade de alguém, cogitar essa ideia algum dia seria uma surpresa pra seu eu do passado. Dentro da sala rapidamente deu início ao plano, criptografando o sinal de rede do telefone ao seu notebook, assim qualquer chamada recebida ou efetuada enviaria uma notificação direta em seu aparelho e seria espelhada no mesmo.
Não houve demora para que notificação fosse acionada, minutos antes do garoto ir embora ao fim do dia, imediatamente ligou para [nome] que estava do outro lado da cidade grudada ao celular o dia todo.
― Ligando tão tarde hoje, algum problema? - a voz de Satoru era transmitida ― Ooh, mas sabe que precisa me avisar com antecedência, certo? Sou um homem muito ocupado - riu fraco ―... é, sabe que pra você sempre dou um jeito, querida.
― Filho da puta! - rangeu [nome] fazendo o garoto arregalar os olhos.
A conversa fluia do outro lado.
― Sabe o que mais? - prosseguia o platinado na conversa ― Se você for uma boa garota, metade do dinheiro investido na última campanha vai ser todinho pra gente viajar - riu fraco em tom de deboche.
O som da ligação sendo cancelada ruiu do celular de Yuji, fervendo em ódio, a moça entrou em seu veículo batendo com força a porta, arrancou rasgando o pneu no asfalto em direção à multinacional. A suspeita de uma traição é uma grande barra para se sustentar, ter a prova concreta disso sendo escancarada pelos seus ouvidos foi como um choque tremendo de realidade, mas como se não o bastante, o dinheiro de seu trabalho árduo na formação daquela empresa, estava propenso a ser desviado pelo seu marido.
O trânsito infernal pareceu ter durado quase uma hora, quase atropelou um pedestre que atravessava a rua. Estacionou de qualquer jeito e adentrou no prédio, rápida como um foguete indo em direção a sala de Satoru, que por obra do destino, já não estava mais lá.
― Me diga pra onde ele foi? - ordenou.
Passava do horário de expediente, Yuji era a única alma viva no prédio.
― Um motel. - suspirou o garoto, quando ela fez menção em sair pela porta de sua sala, agarrou-a pelo braço.
― Não tente me impedir, Yuji - rangeu os dentes.
― Não posso permitir que você saia nessas condições - mantinha contato visual ― Eu gravei a ligação, tudo o que você precisa para incrimina-lo está aqui.
― Há muito tempo estou sendo tratada como nada por ele, você sabe melhor do que ninguém disso! - os olhos ficaram avermelhados.
― E o que vai fazer? Bater, xingar ou tentar quebrar algo dele? - perguntou franzindo o cenho.
― Garoto, você não entende... - soltou o braço.
― O garoto aqui entende tudo quando se trata de você.
A mão travou antes que pudesse abrir totalmente a porta, as conversas que tiveram desde a primeira vez fluíram de repente em seu pensamento, nunca sentiu-se confortável para falar sobre seus problemas para ninguém, até mesmo suas conquistas só eram comemoradas consigo mesmo, mas quando se tratava de Yuji todas as suas emoções ficavam livres para ser compartilhadas, tal como mantinha-se estranhamente animada ao ouvi-lo falar por tanto tempo, sem que o tédio tomasse conta.
O braço dele passou por cima de seus ombros empurrando levemente a porta até fechar, podia sentir a respiração caindo em sua nuca.
― Posso ficar a noite toda aqui se precisar de mim - a voz arrastada saia suave.
― Não é sua obrigação fazer isso, seu turno acabou - virou para trás.
― Inclusive, se quiser me beijar pra descontar toda a sua raiva, saiba que eu vou apreciar cada segundo. ― soprou diretamente sob a pele de seu rosto.
Nem mesmo meias palavras foram necessárias, houveram poucos segundos de relutância pela parte dela, mas uma força maior enraizou pelos seus nervos, o clima era como uma navalha afiada, o olhar penetrante que mantinham um pelo outro foi como um ímã atraindo os corpos, diminuindo o espaço cada vez mais sem que se dessem conta, as íris terrosas dele brilhavam como nunca ao sentir o calor ficando mais próximo de si. O topo dos lábios roçaram e delicadamente Yuji chocou contra seus lábios, vibrando com o toque macio da carne, pediu passagem com a língua e em instantes os dois iniciaram um beijo intenso cheio de desejo.
O corpo dela foi empurrado contra a porta, desajeitadamente a mesma girou a chave, as mãos precisas do garoto agarraram a curvatura da cintura cessando o mísero espaço que havia, os pelos da nuca arrepiavam traçando um caminho até a coluna, a sensação de perigo daquele momento deixava-o ainda mais instigado.
Fez um movimento rápido trazendo a mesma para seu colo sem cessar com o beijo, caminhou até sua mesa apoiando-a sob o móvel, seus dígitos acariciavam as cochas desnudas depositando pequenas pressões na carne quente. Estava a um palmo de enlouquecer por completo, o cheiro daquela mulher entrava pelos seu pulmões quase o sufocando.
Quando desceu até ficar de joelhos em sua frente, morreu um pouco ao sentir ela abrindo seus lábios calmamente com a ponta do polegar e empurrando até a entrada de sua garganta, seguindo seu ritmo, fez uma sucção em todo o comprimento da pele delicada de seu dedo, o membro apertava tanto dentro das calças que sentia-se até desconfortável.
― Puxe o quanto quiser - pegou a mesma mão e colocou entre seus fios de cabelos rosados.
Desceu suas vestes sem rodeios, aproveitou o pequeno momento para apreciar o que estava a sua frente comendo com os olhos, tão ansioso a sentir todo o seu sabor, movimentou a língua como em um beijo profundo explorando os lábios molhados. A moça empurrou sua cabeça com força, o primeiro toque foi tão intenso que não demoraria para se perder nos lábios dele.
Apertou com firmeza as duas coxas dela, deixando as pernas bem abertas, circulou a ponta da língua no ponto mais sensível sentindo seu queixo completamente lambuzado por todo o prazer.
― Não pare, por favor - gemia arrastado, forçando ainda mais nos fios rosados.
Como o bom garoto que sempre foi, obedeceu às ordens de sua patroa, deixou a língua massagear aquele ponto com toda a sua fome, enquanto observava cada expressão do rosto acima, pendendo a cabeça para trás e rogando palavrões abafados. Os tremores enraizaram por toda a perna, vibrando em seu maxilar calejado pela pressão dos dois lados, o líquido escorreu pelo pescoço atravessando a gola da camisa, deslizou a língua por toda a intimidade agarrando tudo o que podia e deveria, era doce e levemente ácido, suas próprias coxas quase amoleceram pelo delírio dominando a mente.
― Com todo o respeito, seu gosto é ainda melhor do que minha mente um dia já pode imaginar - ofegava.
― Garoto, não precisa demonstrar tanto respeito por mim agora - riu fraco puxando-o pela gola.
― Então vou fazer você parar de me chamar de garoto e mostrar o homem que é louco por você.
Abriu o cinto e a calça desajeitado enquanto abocanhava os lábios dela, o membro saltou para fora choroso, escorrendo até o chão, puxou-a com força pelas pernas e em seguida encaixou todo o comprimento em seu interior, os dois gemeram em uníssono em resposta ao estímulo repentino e ele iniciou as estocadas. Fazia questão de manter contato visual enquanto saia e entrava de maneira lenta, sua carne pulsava quando ouvia os barulhos molhados que saíam, ela segurou em seu pescoço emitindo pressão.
― Você vai acabar comigo desse jeito - o de cabelos rosados dizia revirando os olhos.
A saliva quase escorria no canto dos lábios, uma nuvem escurecia seu cérebro por completo, os ruídos do contato intenso formavam um nó em seu estômago, tirou a mão dela que estava em seu pescoço e junto a outra, desceu o tronco da mesma até que as costas encontrassem o movel de madeira, investiu com ainda mais profundidade prendendo aqueles pulsos.
― Yuji... - gritou abafado seu nome.
― Diz pra mim, quer que eu pare? - sua boca aberta deixava escapar os suspiros pesados.
Ela negou com a cabeça, um sorriso malicioso surgiu na volta de seu lábio, continuou investindo sentindo o tremores da moça tomarem conta, fato era que depois de vê-la curvar as costas de tanto prazer, jorrando em todo o seu membro, o mesmo também não aguentaria por muito tempo, socou com toda a sua vontade até sentir as bolas tocarem na pele dela, deitou o peito sob ela procurando faminto pelos lábios vermelhos e arfantes. Bastou mais algumas estocadas e mais um nó formou-se em sua barriga, mas dessa vez trazendo consigo o líquido viscoso, rapidamente retirou o membro para que jorrasse para fora.
[...]
Depois toda a turbulência daquela noite, passaram-se quase uma semana sem que Yuji recebesse uma mensagem ou telefonema, o platinado também não apareceu na empresa durante esse periodo, cogitou várias possibilidades desde o fechamento da empresa e até mesmo a sua demissão, burburinhos e especulações para todos os cantos, ninguém sabia de fato o que ocorreu exceto ele, e isso o deixava cada vez mais ansioso.
O que restava era concluir as últimas atividades deixadas pelo seu chefe, entrou na sala principal e seguiu para a prateleira que guardava toda a papelada. O ruído da cadeira sendo arrastada ecoou por trás de seus ombros, chamando sua atenção.
― [Nome]. - não fez questão de esconder o semblante alegre.
― Me desculpa pelo sumiço, foram longos dias no fórum e resolvendo toda a bagunça - sorriu de volta enquanto colocava os pertences na mesa.
― Não sei por onde começar - disse indo em sua direção ― Como você está? Como foi tudo? - sua voz carregava um misto de emoções.
― Vou contar cada detalhe a você, Yuji - alinhou os fios rosados que caiam sobre a testa - Mas antes não quer cumprimentar a sua única patroa daqui pra frente?
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