- Kuina! Kuina... Acorda...
Abri os olhos e vi Tomoya, ele estava agachado ao lado da cama com uma mão em meu ombro.
- Oi... – Falei sonolento.
- Sua mãe ligou no seu celular, ela quer falar com você.
Sentei na cama e senti uma dor no braço. Eu estava na casa de Tomoya ainda, em seu quarto, meu braço estava enfaixado e eu sentia meu rosto inchado. A noite anterior não havia sido um sonho, fora tudo real...
Agradeci Tomoya e peguei meu celular, havia duas chamadas perdidas de casa, apertei para retornar a ligação.
- Alô? – Minha mãe atendeu.
- Oi mãe... Desculpa, estava dormindo...
- Kuina, você pode vir pra casa? – Sua voz estava estranha.
- Sim... Eu já vou. Aconteceu alguma coisa?
- Vem pra casa, conversaremos aqui.
Concordei e me despedi. Alguma coisa tinha acontecido, eu senti em sua voz, aquilo me deixou nervoso.
Tomoya pegou o carro de seu pai, já que ele não trabalhava no domingo e me levou para casa, assim que entrei em casa com Tomoya, vi minha mãe no sofá, ela parecia estar com os olhos vermelhos e expressão de quem havia chorado.
- Mãe? – A chamei.
- Oh, Kui... Kuina! O que houve com seu braço?
- Nada... Eu cai... Só torci o braço.
Ela me abraçou.
- O que aconteceu, mãe?
Ela me olhou e sorriu, então foi cumprimentar Tomoya, logo depois nos chamou para entrar e sentar no sofá.
- Kuina... – Ela começou – Seu pai...
Seus olhos se desviaram de mim e passaram a encarar o piso branco da sala.
- O que tem ele? – Perguntei.
- Ele... Ele faleceu...
Fiquei sem reação, notei uma lágrima escorrer pela sua face.
- Sinto muito, meus pêsames. – Disse Tomoya.
- C-Como...? – Foi o que consegui perguntar.
- Ao que parece ele estava sofrendo de cirrose, mas ele nunca nos falou nada, nunca falou nada pra mim! E faleceu ontem, a irmã dele ligou essa manhã para avisar... Ele vai ser sepultado hoje no fim da tarde.
Eu não sabia o que dizer, não sabia o que sentir. Era meu pai, eu sei, mas eu parei de amá-lo há muito tempo, não conseguia chorar por ele. Só conseguia sentir pena e desejar que estivesse em um lugar melhor.
- Você vai querer ir ao funeral, Kuina? – Minha mãe perguntou quebrando o silêncio.
- Não. – Minha resposta foi imediata.
Senti que Tomoya colocou uma mão em meu ombro.
- Entendo... Bom... Eu vou. – Minha mãe disse, me olhando nos olhos – Sua avó e seu avô irão me acompanhar, partiremos daqui uma hora... Você vai ficar bem sozinho, Kuina?
- Eu fico, não tem problema.
Então, ela apenas sorriu e pegou minha mão.
Me despedi de meus avós e minha mãe, assim que eles saíram, fui para o meu quarto, Tomoya havia ido embora um pouco antes disso. Minha mãe disse que iria voltar só no dia seguinte, iria ficar na casa de uma tia minha, que era irmã de meu pai, para dar apoio. Eu sei que era estranho um filho não ir ao velório e sepultamento do próprio pai, mas eu sabia que não iria me sentir bem lá, era preferível ficar em casa, lá o clima não seria o melhor e iria me trazer lembranças horríveis.
Eu entendia que minha mãe deveria estar mal, ela realmente amou aquele cara e apesar de tudo o que ele fez, era difícil pensar agora que ele estava morto.
Eu fiquei a tarde toda em casa, sozinho. Tomoya me ligou para sair e dormir em sua casa, pois sabia que eu ia ficar sozinho, mas recusei, apesar de eu não estar totalmente triste pelo meu pai, estava sem pique para sair por aí também.
Fui até a geladeira procurando algo para comer e não tinha nada, bom, nada que eu realmente quisesse comer e pelas coisas que tinham ali, nenhuma era ingrediente de algo que eu sabia cozinhar. Suspirei e fui pegar um pequeno cofre que ficava em cima do armário da cozinha, eu iria até uma loja de conveniência comprar algo comestível, depois quando eu recebesse o salário, eu devolvia o dinheiro. Afinal, meus avós colocavam as economias e trocos ali, o dinheiro era deles.
Sai e fui caminhando a passos lentos, a loja ficava á umas três quadras de casa, notei que o céu já estava bem escuro e ainda não era nem sete horas da noite.
- Acho que vai chover... – Falei baixo comigo mesmo.
Cheguei à loja de conveniência e fui procurar algo que eu poderia comer como janta, as batatas fritas me chamaram a atenção, mas não iriam matar minha fome, então comprei um macarrão instantâneo de copo e uma garrafa pequena de suco.
Eu estava chegando em casa quando vi um carro estacionado em frente, senti que meu coração ia sair pela boca.
- Kuina... Ainda bem... Achei que ia ficar esperando a noite toda... – Subaru saiu do carro e o trancou.
-Subaru...
Fiquei sem saber o que fazer, senti meu corpo começar a tremer. Eu queria entrar correndo em casa e me trancar no quarto, ou bater nele até ver sangue escorrer, ou abraça-lo, abraça-lo pra não soltar nunca mais.
- O que quer aqui? – Falei, desviando o olhar e indo abrir o portão.
- Quero falar com você.
- Mas eu não quero falar com você.
- Não estou pedindo que fale comigo, quem quer falar sou eu!
Assim que abri o portão, me virei e ele me empurrou para dentro, batendo o portão atrás de si.
- Me solta, para! O que está fazendo?
- Você esta sozinho em casa, certo?
Como ele sabia disso?
- N-Não.
- Não minta, eu sei que está, liguei três vezes no telefone fixo agora a pouco e ninguém atendeu.
Droga.
Subaru me empurrou para dentro de casa, deixei a sacola de compras cair no hall de entrada, assim que entramos na sala, tropecei no degrau e cai de costas no chão.
Subaru se ajoelhou em meu lado e passou a mão pelo meu rosto, engoli o choro.
- Você é realmente muito frágil, Kuina.
- Por que esta fazendo isso? Por que não me deixa em paz?
- Não consegui ficar longe de você.
Senti meu coração falhar uma batida.
Fechei os olhos, por que ele simplesmente não podia voltar a ser quem era?
- Vou poder te ter hoje, não é?
Voltei a encará-lo e ele veio por cima de mim, engoli seco. Subaru me parecia mais selvagem, ele me beijava com voracidade, com uma certa pressa. Tive medo por um momento, aquele realmente não era o mesmo Subaru carinhoso e romântico que eu conhecia... Era aquele Subaru frio e violento.
Ele desceu sua mão e a colocou por dentro de minha calça, começando a massagear meu membro, queria pedir pra que parasse, mas o único som que saiu de meus lábios foram gemidos.
- Você gosta disso, né?
Sua voz estava em um tom diferente, senti meu corpo estremecer. Seus lábios passaram a roçar em meu pescoço.
- Su-Subaru...eu...
Droga, minha voz falhava, eu estava entregue a ele e não queria aquilo, não daquele jeito, não com aquele Subaru. Então ele se afastou e começou a desabotoar minha camisa, peguei suas mãos e ele me encarou, parecia confuso.
- Para... – Falei, por fim.
- Você não esta pensando que posso parar agora, né?
- Eu...não quero... – Minha voz estava pesada.
- Você quer sim, eu sei. – Sua voz era ríspida.
Subaru desceu novamente sua mão para dentro de minha calça e apertou meu membro, estava ereto. Talvez meu corpo quisesse aquilo, me amaldiçoei por isso. Tentei tira-lo de cima de mim, eu queria sair dali, mas Subaru era mais forte que eu, nenhum esforço que eu fizesse seria útil.
- Pare de relutar.
Ele voltou a me beijar e pressionar seu corpo no meu, droga... Ele estava tão quente, seu corpo ainda me passava a sensação de aconchego, tive vontade abraça-lo e não solta-lo nunca mais, para ele nunca mais fugir de mim. Tive a impressão de que se eu o deixasse ir agora, nunca mais o veria. Droga... O que eu fazia? Eu queria o Subaru, mas aquele Subaru que conheci e não este. Esse não era o Subaru, não o meu Subaru, não era aquele pelo qual me apaixonei.
Fechei os olhos com força e senti lágrimas escorrerem, contive um soluço.
- Kuina...?
Tapei meu rosto com as mãos, mas foi impossível segurar o choro. Senti que Subaru se afastou e sentou ao meu lado. O olhei entre os dedos e vi que estava encarando o chão, parecia pensativo.
Me sentei e sentia meu braço doer mais, eu deveria tê-lo batido no chão ao cair.
- Desculpa. – O ouvi sussurrar.
Ele estava me pedindo desculpas? Eu ouvi direito?
- Não... Não foi pra isso que eu vim. Eu só perdi a cabeça quando te vi. Esquece, vou embora.
Subaru se levantou e foi saindo.
- Espera! – Gritei e ele parou na porta – Pra que veio então?
Ele não respondeu.
- Não vai falar nada? Disse que era você quem iria falar e eu só tinha que escutar. Me fala então! Pra que veio?
E mais lágrimas escorreram pelo meu rosto. Subaru se virou e depositou seu olhar em mim.
- Não chora Kuina. Eu não mereço suas lágrimas.
Suspirei e limpei as lágrimas.
- O que houve com o teu braço?
Como assim o que houve? Como ele tinha a cara de pau de perguntar isso?
- Nada. – Desviei o olhar.
- Kuina... Não me fala que... – Ele veio até mim – Foi de quando eu te segurei ontem na boate? Você... E-Eu realmente te machuquei?
Mordi o lábio.
E então ele me abraçou.
Eu senti uma onda elétrica percorrer meu corpo e meu coração disparou, mas não retribui o abraço.
- Queria te pedir desculpas... – Ele me soltou e olhou em meus olhos – Mas não mereço que me desculpe.
Não consegui mais segurar aquelas malditas lágrimas.
- Adeus Kuina.
Subaru virou as costas e eu segurei seu braço, ele virou e me olhou, parecia confuso.
- Ainda não me disse... Pra que veio aqui? Pra abusar de mim?
- Não... Eu queria te dar uma explicação pras minhas atitudes, pra eu ter te deixado, mas acho que isso já não importa mais. – Suspirou encarando o chão.
- Não importa? Como assim não importa? Você me larga como se eu fosse um nada, não me liga mais, não vem falar comigo e acha que não mereço uma explicação?
Ele não respondeu, o fiquei encarando e após alguns longos segundos em silêncio, ele respirou fundo e virou-se para mim.
- Eu não quero me apaixonar por você.
Mantive meus olhos nele tentando entender. Ele não queria... Se apaixonar?
- C-Como assim? Eu não entendo... – Arrisquei perguntar assim que percebi que ele não iria falar mais nada.
- Não quero Kuina. Não quero amar, não quero sentir essas coisas por ninguém. Então, assim que percebi que eu poderia acabar me apaixonando realmente por você, resolvi me afastar.
E ele falava isso assim? Eu sentia que meu coração estava voltando a sangrar.
- M-Mas... Eu... – Eu não sabia o que dizer, apenas segurava sua mão forte como se só com essa ação, eu o prendesse em mim.
- Você é uma pessoa incrível Kuina, merece alguém muito melhor que eu. E você sabe disso. Seria um desperdício você ficar comigo, eu jamais saberia dar o valor que você merece, só faria você sofrer.
Eu já não sabia o que pensar.
- E acha que não estou sofrendo agora? – Minha voz saiu como um sussurro.
- Isso passa. Você sofreria mais ficando ao meu lado... Acha que merece ficar com alguém que te machucou desse jeito? – Apontou para o meu braço.
- M-Mas... Isso não importa, eu-
- Claro que importa! Não seja idiota Kuina! Eu menti pra você, te enganei e te maltratei e você ainda quer ficar comigo?
Soltei a mão dele e encarei o chão. Claro, eu estava sendo idiota em querê-lo de volta depois do que ele me fez, mas... Por um momento ele me pareceu o carinhoso e romântico Subaru que eu conheci.
- Eu não sei amar Kuina, desculpa.
E sem que eu pudesse dizer algo ele me virou as costas, saiu pelo portão, entrou no carro e foi embora.
Coloquei a água fervendo no copo de macarrão instantâneo e cobri com uma tampa para esperar os três minutos necessários.
As palavras de Subaru não saiam da minha mente, eu não o entendia por mais que tentasse... Me deixou para não se apaixonar? Mas o que havia de errado nisso? Não era mais fácil ficarmos juntos? Afinal... Eu já estava apaixonado por ele, tinha que admitir. E... Ele disse que não sabia amar... Me deu tanta vontade procura-lo agora e dizer “Eu te ensino Subaru, fica comigo que eu te ensino a amar...”
Fora ele que me ensinou a amar, como ele poderia não saber amar? Eu nunca havia sentido aquilo antes por alguém, foi Subaru quem me ensinou e mostrou que aquilo era amor. E agora eu queria ensinar a ele, mostrar o que era o amor... Ensiná-lo a amar. E era um sentimento tão puro, tão lindo... Mas ao mesmo tempo tão dolorido e cruel.
Que droga de sentimento mais chato! Ele me magoou tanto e mesmo assim eu não conseguia deixar de querê-lo, de ama-lo. Era como se eu o odiasse e o amasse ao mesmo tempo. E aquilo estava me fazendo sofrer, eu me sentia desprezado, me sentia um idiota mesmo, como Subaru mesmo disse, eu era um idiota. Talvez esse nem fosse o real motivo, só disse aquilo por dizer, talvez a verdade fosse mesmo que ele brincou comigo até se cansar e não quis mais. E agora, tudo o que me restava era esquecê-lo, dar a volta por cima e voltar a viver a minha vida, viver como se eu nunca o tivesse conhecido... Só espero que isso não demore a acontecer, que essa ferida e essa dor não demorem a passar.
Suspirei, peguei o copo de macarrão e fui me sentar no sofá da sala, ligando a TV em um canal aleatório, assim que coloquei um pouco de macarrão na boca senti meu celular vibrando no bolso. Era uma sms. Era de Subaru.
“Você não vai ir trabalhar amanhã, já cuidei de que
você fique afastado por dois dias por conta de seu braço.”
Eu ficaria afastado do serviço? Não acreditava que Subaru havia feito isso. Esses dois dias seriam descontado do meu pagamento! Afinal, não era um acidente de trabalho, era só um acidente normal. Tudo bem, eu tinha que admitir que eu seria totalmente inútil na empresa com o braço daquele jeito, era o direito, era com o qual eu escrevia, não conseguiria nem mexer no computador daquele jeito... Estava até difícil para comer. Como minha mãe ousava me abandonar daquele jeito? Cadê ela pra me dar comida na boca quando eu precisava? Ri baixo de mim mesmo e continuei com a minha janta improvisada.
Quando acordei na manhã seguinte liguei para Subaru, eu queria perguntar se não precisava ir mesmo trabalhar, se ele havia avisado Yuya e... Na verdade, no fundo, eu queria ouvir a voz dele. Foi difícil fazer a ligação, eu me sentia ridículo, como se estivesse correndo atrás dele feito idiota mesmo depois do que ele fez comigo... Mas ele não me atendeu. Então, liguei para Yuya, ele já estava avisado de que eu havia me acidentado e disse que estava tudo bem, menos mal.
Mas que raios eu iria ficar fazendo a tarde toda sozinho em casa?
Então, liguei para Tomoya, já que estava desempregado e não fazia nada de importante pela tarde, ele aceitou dar uma volta comigo.
Eu fiquei a tarde toda com Tomoya, fomos dar uma volta pelo centro da cidade, almoçamos em um restaurante legal, fomos tomar sorvete e demos uma volta em algumas praças, fiquei até animado em ver patos em um lago, fazia tempo que eu não saia com ele, confesso que por alguns momentos me esqueci de Subaru. Isso me deu esperanças, eu realmente poderia esquecê-lo, estava certo disso.
- Se divertiu hoje? – Tomoya me perguntou assim que sentamos em um banco da praça
- Sim, foi realmente divertido. Obrigada.
- Que nada! Pode me ligar sempre que quiser, vou adorar passar mais tardes assim com você!
Sorri em resposta e voltei meu olhar ao lago do parque. Nisso, o celular de Tomoya tocou.
- Alô? Ah, olá Hiyori!
Hiyori? Eles haviam trocado número de telefone? Tomoya era realmente rápido mesmo.
- Sério? Onde você esta? Não estou te vendo...
Tomoya olhou em volta. Hiyori estava ali?
Olhei em volta também e vi alguém que me pareceu conhecido... Não era Hiyori... Era um rapaz, ele estava de camiseta branca e jeans, tinha cabelos vermelhos compridos e franja, estavam soltos e balançavam conforme o vento batia.
Engoli seco. Era Koudai.
Ele parecia estar sozinho, falava ao celular e andava de um lado para o outro perto de uma arvore que ficava ao lado do lago.
Me virei para Tomoya na intenção de contar à ele, mas ele havia se levantado e olhava para outra direção, segui seu olhar e vi Hiyori se aproximar, junto do loiro estava um cara que parecia ser bem mais alto que ele, tinha os cabelos vermelhos também penteados para o lado e usava uma maquiagem forte, preta.
- Oi Tomoya!
Hiyori o abraçou, cumprimentando.
- E oi Kuina! – Disse à mim.
O cumprimentei com a cabeça e sorri.
- Esse é meu primo, Mitsuki. – Hiyori apresentou o cara ao seu lado.
- Olá. – O cara alto de cabelos vermelhos falou dando um sorriso de lado.
Assim que Tomoya direcionou seu olhar a mim, eu levei o meu olhar até o outro lado do lago, mas Koudai não estava mais lá.
- O que foi Kuina? – Tomoya perguntou, ele deve ter percebido minha expressão.
- Nada...
Suspirei e encarei o chão.
- Olha só quem esta aqui...
Levantei minha cabeça para ver quem havia falado. Justamente quem eu havia procurado... Koudai.
- Koudai! – Disse Tomoya – Como está?
- Ótimo e vejo que você também... Parece estar em boas companhias!
- Ah, desculpa... Bom, este é Kuina, este Hiyori e este Mitsuki! - Tomoya foi apontando e nos apresentando – E gente, este é Koudai.
Sorri pra ele e torci que não se lembrasse de mim, afinal, Koudai havia me visto com Subaru da primeira vez que ficamos, na boate.
- Bom... Eu já tenho que ir Tomoya, só vim te cumprimentar. – Koudai disse – A gente se fala! Até mais.
- Ok, bye bye KouD!
Koudai se despediu e saiu, indo rumo ao lago.
- Que gracinha hein, você está muito bem de amigos, Tomoya. – Comentou Mitsuki.
- Mitsuki! – Falou Hiyori lhe dando um tapa no braço – Para de ser abusado!
Todos rimos.
Ficamos um tempo na praça conversando quando Hiyori chamou Tomoya para dar uma volta, os dois sozinhos, é claro que tanto eu quanto Mitsuki sabíamos o que aquilo significava.
- Vocês podem ir, se o carinha do cabelo roxo aqui quiser ir embora, eu posso levar ele, fica despreocupado Tomoya!
- Não! Eu quem trouxe ele, eu levo. – Tomoya respondeu.
- Não se preocupe, Tomoyan, por favor, eu me viro, não sou criança. A gente se fala depois, pode ir.
Com um pouco de custo consegui convencer Tomoya de que ele poderia me deixar que eu sabia ir pra casa, até porque aquela praça ficava à uns 10 minutos de caminhada até onde eu morava, não era longe, eu poderia ir a pé.
- Que horas você vai querer ir pra casa? – Mitsuki me perguntou.
- Eu moro perto daqui, vou andando, não se preocupe você também.
- É que estou vendo que certa gracinha está por aqui na praça ainda... Se é que me entende...
Koudai ainda estava ali?
Eu acabei rindo.
- Pode ir investir, não se preocupe comigo, por favor.
Mitsuki aceitou e nos despedimos.
Suspirei e fui em direção ao lago para observa-lo mais uma vez antes de ir, uma caminhada até que não ia fazer mal, pelo contrário, o único lado ruim é que eu estava sem fones de ouvido e com isso iria acabar por ouvir meus pensamentos que sempre acabavam tomando um rumo chato e triste.
Estava pensando se minha mãe já havia chegado em casa quando meu celular tocou, parei em frente ao lago observando os patos que já pareciam estarem se reunindo para dormir e atendi.
- Alô?
- Oi filho, sou eu.
- Oi mãe! – Sorri ao ouvir a voz de minha mãe.
- Você está em casa?
- Não, vim dar uma volta com Tomoya, mas estou indo pra casa. Você já vem vindo?
- Então, te liguei pra falar sobre isso. Eu e seus avós voltaremos só amanhã, vamos aproveitar carona com sua tia, ela vai pra Osaka amanhã à trabalho e nos ofereceu carona... Tem problema? Você não acha ruim de ficar mais um dia sozinho?
- Não tem problema mãe! Pode ficar despreocupada, eu estou bem.
Minha mãe parecia estar preocupada, ela perguntou sobre meu braço e sobre o que eu estava comendo, mas tentei deixa-la o mais tranquila possível.
Me despedi dela e voltei com a minha caminhada, coloquei as mãos no bolso e gelei. Conferi mais uma vez e... Eu havia perdido as minhas chaves de casa.
Procurei nos quatro bolsos que minha calça tinha, mas nada. Eu estava sem as chaves, elas deveriam ter caído quando tirei a carteira do bolso no restaurante, só podia ser isso! E agora? Ia dormir na rua?
Suspirei, ainda passando as mãos pelos bolsos quando ouvi uma voz atrás de mim.
- Olá Kuina.
Senti meu corpo paralisar. Eu conhecia aquela voz, conhecia até bem demais.
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