Era divertido estar na presença de Jeno mas não tão divertido quando a sua presença deixava de ser única e trazia consigo seu cão de guarda.
Fazia duas semanas desde que tinha decidido que Jeno seria seu novo livro de mistérios favorito e tudo ocorria bem até ter que lidar com a possessividade de Donghyuck. Ele definitivamente tinha uma doença mas ninguém por ali parecia disposto a se preocupar com isso, nem ele mesmo.
Todos da banda comentavam como era engraçado a maneira que Jeno pagou com a língua ao se aproximar tão do nada do chinês, ouviram muitos "já sabia que acabaria assim" e era até realmente muito divertido mas com certeza isso acabou. Fazia uma semana que vivia o inferno na terra e o diabo sentado no trono chamava Lee Donghyuck.
Tinha apenas começado com uma brincadeira de seu próprio irmão dizendo que logo mais Renjun roubaria o posto de pessoa mais incrível da vida de Jeno e quando foi ver, o avermelhado já estava pronto para voar em si. De todo o longo tempo que aguenta todos os comentários bestas do coreano, aquela era definitivamente a primeira vez em que brigavam, porque Renjun verbalizou que o coreano tinha problemas graves e isso pareceu uma ofensa muito maior do que realmente era. Também bastou Jeno não se colocar em nenhum lado da história e então tudo estava um caos.
A banda tinha um pequeno show se aproximando e isso fazia com que ensaiassem com muito mais frequência, era para ser algo bom para Renjun mas o fato de Jeno estar tentando esconder que estava triste pelo afastamento amargo do seu melhor amigo, apenas facilitava o afastamento entre si.
— Você não pode ficar assim porque o seu melhor amigo parece ter cinco anos.
— Se Chenle começasse a te ignorar, tratar mal e sumir da sua vida, você estaria feliz?
— Não posso te responder porque Chenle jamais faria isso, somos melhores amigos e eu nunca domestiquei ele como meu cão guia. — Revirou os olhos. — Você o colocou em um pedestal e agora que diminuiu um andar do trono supremo você achou que aconteceria o que?
— Você fala como se eu tivesse vivido minha vida por ele. — Bufava alto mesmo que a conversa fosse para ser algo particular no canto da sala enquanto assistiam Donghyuck pedir ajuda de Jaemin. Coisa que ele nunca fazia porque Jeno sempre estava lá por ele.
— E não foi? Ele praticamente não sabe fazer nada sem você.
— Tudo o que eu fiz por ele foi sabendo que ele faria ainda mais por mim. Você não entende e provavelmente deve achar que ele colocou uma arma na minha cabeça.
— No fim, não menti quando disse que ele tem algum problema. — Cruzou as pernas.
— Ele tem medo de ficar sozinho, e isso não é só comigo mas ele nunca precisou dividir a minha atenção. Eu nunca tive alguém.
— Mas você já teve outros relacionamentos antes. — A comparação deixou ambos envergonhados. Jeno perdeu a batalha para o próprio sorriso e não conseguiu conter, por mais que seu olhar fugisse. Renjun até pensou em corrigir a fala mas seria mais constrangedor.
— Eu pouco me importava com eles para falar a verdade. — Riu.
— Você é um cretino! — Deixou um tapa no braço do outro.
— Já pensou como seria a reação do Mark se descobrisse?
A feição já entregava as respostas sem ao menos precisar verbalizar. Sim ja tinha, e odiava pensar. Porque sabia que Jeno não colocaria nada acima da amizade com os meninos e achava isso admirável mas sabia que se rodasse, seria o primeiro a ser dispensado e ele não gostava do pensamento de ser apenas um passatempo para o coreano porque duvidava se era só isso que Jeno era para si.
— Eu quero te beijar... — Jeno verbalizou baixo como se fosse um segredo, porque realmente era.
— Mark e os outros meninos estão la em cima...
Era divertido a adrenalina, a palavra "proibido" sempre dava um ar mais interessante para as coisas mas nada no mundo é feito de apenas lados bons. Corriam risco e por mais que nao fosse nenhum crime que cometessem, ainda sim tinha consequências e não gostariam de pagar para ver tão cedo, mesmo que no fundo sabiam que um dia a conta chegaria.
— Eu poderia te beijar aqui. — Falou simplista, até chegando a assustar o mais velho.
De fato, Donghyuck já sabia da relação e podia se descabelar o quanto que fosse, não mudaria aquilo mas tinha Jaemin na sala, e até onde Renjun sabia, era só um segredo entre os dois e contava com a participação especial do ruivo.
— Mas o Jaemin... — Alterava o olhar entre os presentes na sala, se sentindo meio perdido. Sabia que sempre quando estava com Jeno a atmosfera se tornava algo mais íntimo e era por isso que tomava cuidado com a aproximação em público mas de repente, quando seu irmão não estava mais presente por ali, suas pernas foram parar em cima das semelhantes do outro.
— Ele sabe. — Falava enquanto encarava Jaemin. Renjun repetiu o ato mas com os olhos um pouco arregalados.
— Como? Quando? E ele está assim?
— Jaemin é esperto, ele descobriu no aniversário do Hyuck. Fez eu prometer que não daria continuidade. — Riu mesmo sem humor. — Nunca disse que eu era bom com promessas.
— Você costumava ser se eu não me engano...
— Deixei de ser quando a maior promessa que eu fiz, eu quebrei e está bem sentado do meu lado agora. — Ambos sorriram. — Ele verdadeiramente não se importa, provavelmente já imaginava e como é próximo do Donghyuck já deve ter escutado muito sobre nós.
— Eu não sei se isso deveria ser bom ou ruim. Mais pessoas descobrindo é sinal de que estamos falhando em esconder.
— Definitivamente somos horríveis escondendo, achei que já soubesse. — Era verdade, até demais. — Deveríamos focar em que as únicas pessoas que não podem saber, não sabe.
— Então eu posso te beijar agora?
Jeno sorriu. Sorriu porque a convivência que estavam tendo estava fazendo o chinês ser inconsequente igual, e o coreano adorava queimar aquela imagem de perfeitinho que o outro tinha. Ninguém era perfeito e ele era a prova disso, mas odiava quem tentava provar o contrário. Por isso costumava odiar Renjun, mas só até descobrir que ele era tão mentiroso na mesma medida que parecia ser perfeito.
Era notório o erro, para qualquer um incluindo os principais da história mas qual seria a graça se fosse certo? Não faria sentido, não seria bom.
Por isso se beijavam naquele sofá velho jogado no canto, porque não se importavam com o resto enquanto ainda tinham tudo. Queriam e podiam então por que não fazer? Os limites impostos não estavam presentes.
Era um toque quente mas não no sentido sexual, verdadeiramente ardia. Era semelhante a gasolina, bastando alguém atear fogo ali que tudo se explodiria na mesma velocidade em que começou. Era fogo, era quente, era infernal, como um vício que não tinha mais salvação porque além de tudo, era bom. Era prazeroso em todos os sentidos da palavra e ainda no mesmo nível de caos, era paz. A paz um do outro.
Embora o som fino repentino e feio da guitarra ao fundo tenha os assustado, os corações acelerados não era pelo susto, era pelas sensações boa que aquilo os causava.
— Mark está vindo. — Mesmo que Donghyuck não olhasse nos olhos de Jeno a uma semana e meia, sua lealdade era a parte mais intensa de si.
— Eu vou subir. — O menor avisou, com um sorriso dançando pelos lábios.
Jeno sorriu.
— Você é inconsequente. — Jaemin foi breve, ainda que seu tom fosse calmo.
— Eu sei o que eu estou fazendo, não se preocupa. — Se levantou para pegar sua guitarra. Donghyuck deu dois passos para o lado. — Não arranco pedaço.
— Eu sei.
Era esse tipo de diálogo que tinham nos últimos dias. Pequenos, rápidos e rasos, totalmente diferente do que costumavam ser.
— Obrigado... pelo aviso.
— Não me agradeça. Eu odeio não conseguir não cuidar de você.
Jeno responderia algo se Hendery não tivesse chego acompanhado de Mark. Aquela situação começava a doer em si mas não demonstraria.
Porquê nunca demonstrava suas fraquezas, seus lados medrosos e assustados. Não combinava com o que aparentava ser por fora e não gostava que ninguém o conhecesse por dentro.
Mas se sentia sozinho, mesmo que tivesse os outros meninos todos os dias, ainda que tivesse Renjun, que era o que estava mantendo seus momentos de paz, não tinha seu melhor amigo e não entendia exatamente porque. Não queria concordar com o chinês, mas sabia que o avermelhado tinha algum problema grave.
— Nosso show é no sábado, ou seja, daqui cinco dias. Estão animados? — Mark ja entrava falando, feliz e animado e então todos também estavam assim.
— É só um bar, estamos acostumados com isso. — Hendery respondeu rindo.
— Eu não me importo onde, pode ser no meio da rua! Vamos tocar. — Passou por Jeno bagunçando seus fios.
Gostava da atmosfera que era seus amigos e como eram juntos. Faria de tudo por todos eles.
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