Conexão. Laço. Lealdade. Companheirismo. Para qualquer um que conhecesse, era impossível não falar dessas palavras sem lembrar de Donghyuck e Jeno.
Não sabiam o que era viver uma vida sem estar na presença do outro, eram uma dupla antes mesmo de saberem que essa palavra existia. Eram um dupla até mesmo quando passavam por diversos ciclos social, seja trios, quarteto ou grupo, ainda sim era apenas eles no final das contas. Se entendiam em assuntos que mais ninguém os acompanhava; Donghyuck entendia as dores de Jeno porque também era a sua, e Jeno entendia os traumas do Lee porque tinha os mesmos.
Mas acontecia de também não terem os mesmos medos. Jeno amava o amigo e isso nunca iria mudar, era por isso que não tinha medo de perdê-lo, porque sabia que nunca ia acontecer mas esse era um dos maiores pavor de Donghyuck.
Donghyuck tinha problemas, assim como qualquer outra pessoa mas deixava seus problemas o consumir até que sumisse de vez. Tinha um bom histórico de rejeição em sua vida, uma mãe que se preocupava mais com a carreira do que com o filho e um pai que, segundo suas próprias palavras, odiava Haechan. Não sabia o que era ser amado na família mas sabia o que esse sentimento podia passar porque tinha Jeno, e ele fazia questão de ocupar cada mínimo espaço de dor.
Se aquele papo de que todos se apaixonam pelos próprios amigos for real, Donghyuck era sim apaixonado por Jeno, mas do jeito mais singelo que poderia existir. Infelizmente sua forte obsessão em ter controle de tudo e todos o fazia passar uma imagem diferente disso, mas não sabia ser diferente disso, se não controlasse as pessoas que amava como teria garantia que elas não o deixariam?
Tinha traços tóxicos e isso era, propositalmente, evidente para qualquer um. Se mostrasse um lado ruim, ninguém se aproximaria e evitaria que futuramente alguém se afastasse. Mas com Jeno não era assim, ele ficou mesmo sabendo de todos os riscos que tinha, ficou porque sabia que eram iguais parcialmente, sabia que independente de qualquer outro traço de personalidade duvidoso, estava falando da pessoa mais leal da sua vida.
Lealdade combinava com eles, combinavam com o que eram e com o que construíram. Era para ser eles desde sempre e para sempre.
Enquanto Jeno chorava porque tudo estava dando errado em sua vida, tinha percebido que estava apaixonado logo no momento em que perdeu Renjun, sua banda talvez não fosse mais sua, já havia lido diversas mensagens ofensivas vindo de Mark e Hendery e mais um turbilhão de pensamentos que o cegavam. Jeno era um bom exemplo de psicológico vulnerável, se acontecia algo ruim era motivo para desencadear pensamentos intrusivos que com certeza o levaria mais rápido para a morte, e isso se dava ao fato de que não era nem três horas da tarde e já estava no final do seu segundo maço de cigarro.
Geralmente as pessoas costumam implorar pelo colo da mãe quando estão em situações assim, o afeto maternal era capaz de curar tudo, certo? Mas Jeno não tinha isso, Jeno sequer se lembrava da última vez em que recebeu um abraço de qualquer um daquela casa. Era difícil estar assim e não ter a quem correr, não ter o que fazer porque não consegue pensar enquanto sua respiração parece sugar todos os seus neurônios. Seu cérebro já enviava sinais de alerta para o resto do corpo, suas mãos tremiam e suava frio, o choro engasgado implorando para sair e a vontade imensa de resolver tudo aquilo ou simplesmente acabar com tudo. Esse era Lee Jeno, tão quebradiço e sensível, era a sua versão mais vulnerável e a mais verdadeira. Gostava da imagem que passava de ser frio e totalmente blindado a sofrimento, como se nada o abalasse apesar de viver em uma mentira, nunca havia sofrido por amor mas se a dor fosse semelhante a que estava sentindo agora, preferia não ter essa experiência na sua vida.
O cheiro forte e característico, a energia amarga e o andar característico se fazia presente. O que era o terror para Renjun, estava sendo o alívio para Jeno. Não sabia que estava a tanto tempo dopado com aquela sensação ruim até sentir algo diferente daquilo. Sentiu alívio, ainda doído, mas sentia-se aparado porque enquanto estava sentado na cama rastejando por um minuto de paz, Donghyuck se aproximava.
— Ultimamente eu cogitei jogar a chave da sua casa pela janela mas eu sabia que ainda seria útil. — Disse assim que abriu a porta do quarto.
Jeno já havia tido quadros muito grave de ansiedade então por precaução Donghyuck tinha copia da chave de cada ambiente daquela casa.
— Jeno. — Se aproximou lentamente. Sabia bem como o outro estava e não queria o assustar.
— Achei que não fosse aparecer.
— Se eu falar que cogitei, estaria mentindo. Nem em outro mundo eu seria capaz de virar as costas para você.
O abraço de Donghyuck era reconfortante, tinha a sensação de casa, de afeto e carinho. Por isso voltava a se sentir seguro assim que sentiu a quentura do corpo do outro perto do seu.
Jeno era insistente, quando disse para Renjun que não desistiria era porque verdadeiramente não ia mas tinha que dar tempo as coisas por mais que sua vontade fosse ir nesse exato momento atrás de Mark e resolver tudo isso como correspondia a idade de ambos, e não por mensagens ou ofensas igual a crianças.
— Ele falou alguma coisa com você? — Perguntou baixo.
— Sim, mas você não precisa saber disso agora. — Acariciou a cabeça do outro e se afastou, sentando do seu lado na cama.
— Mas eu quero.
— Mark descobriu ontem de noite mas isso você ja deve saber, eu segurei o máximo que pude e enquanto ele dormia eu fui avisar Renjun. — O mais velho se surpreendeu.
— Você... você foi avisar o Renjun?
— É, nem eu acredito que fiz isso. — Sorriu. — Mas eu sabia que sua cabeça ia rolar então eu quis evitar algumas coisas.
— Obrigado, de verdade.
— Mark me ligou e passou uma hora conversando comigo pelo telefone, por isso não vim antes. — Explicou. — Ele perguntou o que eu achava e se eu estava com raiva dele por ter brigado com você.
— E está?
— Eu já estava preparado para esse momento. Falei que não achava nenhum dos dois certos mas que não era para transformar isso em guerra porque sabiam que lado eu tomaria e eu odeio perder. — Ambos sorriram.
— Eu deveria ter tomado mais cuidado, Jaemin me avisou.
— Só o Jaemin? — Ergueu uma sobrancelha.
— Me desculpa, Hyuck. Eu atropelei muitas etapas.
— Você é o Jeno, faz tanta coisa sem pensar que eu não poderia esperar menos. — Revirou os olhos. — E foi o Jaemin que disse isso.
— Pelo menos vocês dois não me odeia. Hendery me bloqueou a meia hora atrás.
— Você foi mexer logo com o lado sentimental do grupo, fala sério. Imagina se tivesse feito algo mais grave do que se apaixonar. — Revirou os olhos novamente, achava todos muito tolos e por isso tentou evitar que isso acontecesse, porque seus amigos eram semelhantes a crianças rancorosas. — Não é como se pudesse evitar.
Podia julgar os amigos como pessoas não permitidas a se ter amizades. Eram personalidades muito parecidas junto, e isso dava mais errado do que certo. Se fosse analisar bem, Mark e Donghyuck tinham personalidades parecidas, mas Mark era ameno e isso era o maior perigo. Fazia coisas que não contava para ninguém e também sentia o que não devia, mas nunca compartilhava, nunca pedia ajuda porque achava que não precisava.
— Você era bem contra isso até horas atrás. — Sorriu debochado.
— Porque eu sabia que você ia ficar assim no final. Eu sabia que Renjun ia obedecer o Mark sem nem pensar. Eu já sabia de tudo e você não me escutou. Realmente não se pode lutar contra um homem apaixonado, que vergonha Lee.
— Fala isso porque não consegue passar mais de uma semana com alguém.
— Claro, as pessoas são chatas. — Deu de ombros. — Minha última experiência amorosa foi gostar de você, isso já foi suficiente para eu nunca mais querer.
— Ei! — Havia se ofendido.
Donghyuck tinha um trauma silencioso, não era sigiloso porque Jeno sabia mas ainda sim era um assunto evitado. Todo mundo passa pela experiência de se apaixonar pelo melhor amigo e isso não seria diferente com eles, mas ter que no fim lutar para superar e sem deixar com que afetasse a amizade, queimou como o inferno. Tinha medo de perder Jeno nesse processo, tinha tanto medo que ver ele com outras pessoas parecia doer menos do que não ver. Foi difícil mas assim que saiu dessa, prometeu nunca mais entrar novamente. Tinha medo de amar e ter que sentir aquela dor novamente, era um medo que o assombrava e era por isso que não queria que Jeno se apaixonasse pelo chinês. Porque não poderia evitar que ele sentisse a dor que ele mesmo causou no mais novo.
— Você comeu algo? — A cara de paisagem do outro respondia que não. — Você não pode viver só de cigarro. Se eu te ver novamente com um maço eu vou tomar medidas que você não vai gostar. — Falava sério.
— Eu só queria parar de pensar.
— Dorme, chora, sei lá porra agora não faz isso com você. Vem, vou fazer algo para você comer.
Antes que o mais alto relutasse, Donghyuck o puxava. Se dependesse dele, ficaria o dia todo naquela cama.
— Hyuck. — O chamou já na porta do quarto. — Você está mais leve.
O outro sorriu.
— Jaemin conversou comigo, acho que fui muito duro com vocês. — Respondeu e saiu do ambiente.
Jeno sempre fazia questão de elogiar as boas atitudes do melhor amigo, assim como repreendia as ruins. Sabia que Donghyuck vivia de momentos, hoje ele estava bem mas amanhã ele poderia acordar e decidir que quer odiar alguém, era instável e isso podia cansar qualquer um que estivesse ao seu redor mas nunca Jeno. Não cansava porque da mesma maneira que acompanhava a evolução e os passos voltados para trás do outro, tinha a reciprocidade de ter um melhor amigo em todos os seus momentos. Donghyuck tinha um problema, todos sabiam, mas ele preferia acreditar que se não fosse atrás de saber o que era, logo, não teria e Jeno jamais o forçaria a algo então ajudava com o que podia, e era nunca o deixando para trás. Caminhavam juntos, passo a passo, se Jeno tropeçasse no meio do caminho, o outro pararia para ajudar, independente de quanto tempo levasse.
Donghyuck dizia que conhecia Jeno antes mesmo dele se conhecer mas isso também valia ao contrário. Eram frutos das próprias convivências, se conheciam mais do que poderiam explicar e era verdadeiramente lindo, talvez de uma forma um pouco desnorteada mas nada era perfeito, e eles sabiam bem disso. Tinham traços ruins que as vezes interferia na amizade mas não era suficiente para acabar com ela, porque nada e nem ninguém foi capaz de chegar perto de fazer isso.
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