handporn.net
História Fireheart (VMIN-TKK) - A doll and the monster - História escrita por chimmy_tomato - Spirit Fanfics e Histórias
  1. Spirit Fanfics >
  2. Fireheart (VMIN-TKK) >
  3. A doll and the monster

História Fireheart (VMIN-TKK) - A doll and the monster


Escrita por: chimmy_tomato

Capítulo 7 - A doll and the monster


Fanfic / Fanfiction Fireheart (VMIN-TKK) - A doll and the monster

❝ — Like a doll with hands tied, I fall into a dream I can't wake up from ❞

──❦──

Ele estava de pé diante de casas incendiadas. Pessoas corriam, em uma bagunça de choro e gritos. Havia desespero, medo, horror e dor, tanta dor por toda a parte. Vozes macabras que pareciam entoar canções fúnebres. Crianças choravam sob os corpos carbonizados de seus pais. Havia um cheiro pungente de sangue no ar. Tudo fedia à ferro e cinzas. Ele queria fugir, gritar, mas seu corpo tremia. Não conseguia fazer nada.

Um menino chamou sua atenção, tinha cabelos curtos, roupas de seda bem ornamentadas contrastando com os pés descalços. Seus olhos irrompiam em lágrimas. Os cabelos negros eram açoites ao vento. Ele descia uma ladeira à toda velocidade, até que suas pernas pequenas demais cederam. Ele rolou, como um boneco sem vida. Taehyung queria correr até o menino desmontado no chão, mas não conseguia sair do lugar. Abriu a boca, mas sua voz não era nada mais que um eco.

...

- Querido, você está parecendo um boneco! Um príncipe!

A voz cantarolante de Philippa trouxe Taehyung de volta à realidade. E ele não pode conter o riso amargo que lhe escapou da garganta quando viu seu reflexo. Realmente, não passava de um bonequinho.

Seu look para a encenação no papel do Lorde Han-sung, candidato à campeão real, consistia em uma calça justa, uma camisa de gola alta com mangas compridas, sapatos de luxo enum brinco de prata. Apesar do tecido visivelmente caro e do recorte cuidadoso para revelar um visual poderoso, e nada espalhafatoso como imaginou que seria, o que chamava realmente a atenção era os detalhes em branco. As amarras. As largas braçadeiras em formato de cinto, que adornavam seus pulsos sobre o tecido negro. E a estrutura de fivelas que envolvia desde sua cintura fina, então cobria parte de seu abdômem em tiras laterais que lhe circudanvam até a lombar, ligadas a uma tira mais grossa que ia até seu pescoço.

Ele deslizou os olhos repetidas vezes tentando manter na barriga revoltada o pouco de comida que Philippa lhe obrigou a comer. Aquilo só podia ser uma piada. Eles haviam lhe tirado os grilhões de ferro para lhe dar uma "armadura-camisa-de-força" e uma coleira? Era. Uma. Maldita. Coleira. Deslizou o dedo pela estrutura branca que envolvia seu pescoço, percorrendo a linha sobre seu peitoral e abrindo-se naquelas tiras ao longo de seu abdômem. Ele odiou aquilo. Mas não conseguia exibir nada. Não conseguia dizer ou fazer nada. Apenas ficou encarando o reflexo daquele rapaz impecável, como a porra de um bonequinho.

Seu cabelo havia recebido um corte limpo, embora ainda estivesse longo na parte de trás. Suas madeixas seguiam o formato de seu rosto, adornando seus belos traços sem grande invasão ou exageros. Seu rosto foi cuidadosamente tratado, as servas fizeram um trabalho impecável em cobrir as olheiras e qualquer outro estrago visível como a aparência doente. Os olhos receberam um destaque especial, em que uma jovem serva dedicou alguns bons minutos combinando sombras a fim de conseguir um tom discreto entre o marrom e o preto fosco, aplicado ao longo das pálpebras, concentrando-se no cantinho dos olhos.

Taehyung suspirou, sentindo certa resistência de seu pseudo-corpete (ou "armadura-camisa-de-força") em permitir que seu peito se movesse toda vez que tentava inspirar. Era isso. Ele não conseguia respirar profundamente. Deveria estar se sentindo sufocado, desesperado. Deveria sentir qualquer coisa diante daquela forma grotesca a que era obrigado a se submeter. A ordem havia vindo de quem? Ele tentou abrir um sorriso quando sentiu as mãos de Philippa lhe afofando algumas das madeixas acima e atrás que ela insiste não serem de um lorde.

- Esse cabelo é um problema! Mas fica tão lindo em você… Queria que tivéssemos tempo, então colocaria algumas das flores que o Príncipe comentou…

Percebendo que falou algo que não deveria, ela se atrapalha em mudar a conversa, mas graças aos seus trejeitos acaba finalmente conseguindo verbalizar alguma coisa.

- Esse é o bonequinho que o príncipe quer? - aponto para a coleira em meu pecoço, com uma tentativa de abrir um sorriso safado. - A realeza e seus fetiches.

Sua tentativa de bancar o arrogante sacana de sempre falha miseravelmente, e logo abaixa a cabeça para fitar seus punhos cobertos pela camisa e aquelas malditas braçadeiras que mais lhe lembram os grilhões. Não estão apertadas como eles, não são de ferro, sequer o prendem de fato. Ele percebe que pode mover seus braços, seu corpo. Como confirmou ao se levantar para longe do espelho. Primeiro estica os braços, sem nenhum empecilho. Então moveu o quadril num alongamento atrapalhado após tanto tempo, também não há nada de errado.

- Você parece uma criança! Sente-se para não estragar a roupa. - ignorando os pedidos de Phillipa, o assassino se estica tentando alcançar a ponta dos pés calçados em sapatos de couro. - Aaaah o cabelo!! Menino! Pare! Não vai ver o Rei estando coberto de suor!

Ela dá um tapa nas costas do asssassino e puxa-o, desnorteado ele volta a sentar-se. Então abaixa-se diante dele e toma suas mãos. Taehyung está com o rosto corado e a respiração bagunçada tanto pela demonstração súbita de energia quanto pela pressão em seu peito. Aquela coisa não o estava, de fato, prendendo-o. Estava? Engoliu em seco, descobrindo ali um desconforto crescente. A mulher apertou suas mãos com firmeza, como se não percebesse ou não estivesse incomodada com todos os calos, cortes, a aspereza… Suas mãos estavam destruídas, não tinham mais a beleza elegante de sua pele impecável e dedos longos e finos. Agora tudo se resumia a um amontoado de ossos tortos e pele maltratada devido aos ferimentos não cuidados ao longo daqueles anos.

- Querido, você está lindo. É só uma roupa… Vai ficar tudo bem você só precisa…

As palavras morreram no ar. Taehyung não conseguia mais sentir o chão sob seus pés. Voltou a encarar o espelho, em busca da beleza a que Philippa se referia. Tentou ver que era apenas outra roupa. Apenas um figurino. Como tantos outros que usou. Ele só precisava não olhar para a estrutura branca que parecia tentar dominá-lo. Só precisava manter a pose arrogante, o sorriso malicioso. E ninguém perceberia contra o que ele estava lutando naquele momento. Ninguém perceberia.

- Eu estou bem. - proferiu com uma voz estranha, a si mesmo. Era monótona, como deveria ser durante aquele encontro. Um boneco. Bonecos sorriem e acenam. Bonecos só respondem "Sim, senhor".

Philippa o deixou sozinho nos aposentos, para ir verificar outros assuntos. Não sem antes bradar seus comandos "Não estrague o cabelo, ou a maquiagem, nada de suor… Só fique paradinho até o Capitão voltar." E assim Taehyung ficou. Sentado diante do espelho encarando aquela versão dele que deveria ser representada naquela tarde.

Após observar por muito tempo, entendeu a escolha das roupas. O preto lhe cobrindo todo o corpo, havia sido uma escolha do alfaiate? Sendo dele ou não estava claro seu objetivo: manter cada cicatriz às escondidas. A maquiagem e o cabelo ornamentaram essa figura jovem de sorriso torto. Quem ele seria para os outros campeões? Um ladrãozinho como diziam? O nome já havia sido dado, com uma alcunha: Lorde Han-sung, um Hwarang acusado por saquear outros nobres. Agora, que história aquele figurino viria a dizer?

...

Jeon Jungkook já estava farto daquela reunião, com a cabeça a mil. Seus pensamentos resumiam-se à preocupações. "Como fazer Taehyung comportar-se diante do Rei?" "Como evitar que aquele pirralho impulsivo tomasse atitudes que colocariam não só a cabeça dele, mas a do próprio príncipe em risco?" "Será que Jimin lhe avisara do perigo? Ou apenas incentivara a selvageria do jovem assassino?". Chega, pensou, preciso resolver isso, agora.

Última reunião encerrada. Faltavam dez minutos. Dez. Até o encontro com o Rei. Ele previsava correr. O que poderia dizer ao assassino? Talvez... Talvez se ameaçassse deixá-lo sem o farto jantar, ele se comportaria. Se negasse o tempo assombroso que gastava naquela banheira, e a infinidade de sais variados... A cena com a qual o capitão da guarda deparou-se excedia todas as suas expectativas. Ou deveria dizer temores?

Taehyung estava parado em frente ao espelho. Os olhos fixos em seu reflexo, imóvel e inexpressivo. Quando se aproximou, notou as mãos cruzadas sobre o colo, os dedos pálidos. Jungkook notou o tremor naqueles dedos finos.

- Kim?

Pigarreou. Sua voz soara esquisita à ele mesmo. Deu mais alguns passos, e os olhos de Taehyung encontraram os seus. Estavam gélidos, não tinham o menor resquício do brilho que o tornava tão intenso. Seus lábios eram uma linha fina, avermelhada. Sua beleza tinha um aspecto estático, de uma escultura, etéreo, distante. Parecia... Um boneco.

- Kim Taehyung? - o tom do capitão tomara um ar aveludado pois, sentia que qualquer palavra em um tom mais intenso poderia estilhaçar aquela miragem.

- Sim?

Algo pareceu dançar pelos olhos do assassino, um brilho suave demais.

- Está na hora. Precisamos nos apressar. Faça o que eu digo e... - Ele estendeu o braço a fim de puxá-lo. Parecia que ele esquecera como mover-se. - Não faça...

- Nada que leve o Rei a achar mais vantajoso cortar minha cabeça fora? - ele deu um sorriso torto, o mais falso que usara durante aqueles dias. Então levou a mão distraidamente para a nuca, pressionando a região antes de deslizar os dedos pela lateral do pescoço. - Seria um desperdício ter esse pescoço perfeito danificado grotescamente.

O assassino deu uma piscadela e levantou-se reassumindo, a cada passo, o ar arrogante. Ajeitou as costas, embora mais lhe parecesse uma rigidez devido ao nervosismo e.. Algo mais. Jungkook acordou de súbito. Estavam atrasados. Não era tempo de preocupar-se com o rapaz de olhos opacos. O príncipe estaria em perigo se "Lorde Han-sung" não estivesse na sala do trono em três minutos.

O pavor diante do pensamento lhe descarregou uma onda de adrenalina, levando o capitão a agarra o braço de Taehyung, acelerando os passos. Praticamente corriam pelos longos corredores, seus passos ecoando pelo silêncio das paredes frias. Ele sentiu o solavanco de alguns tropeços do assassinl, mas apenas apertou o passo intensificando o aperto no braço que puxava. Podia jurar que seus dedos queimavam, contrastando com o frio ao redor. Aqueles enfeites idiotas. Jungkook sentia o embrulho se formando, a boca quase seca. Trincou os dentes diante da respiração sôfrega e do coração acelerado. É só uma roupa. E ele um assassino. Não tinha tempo de… Por que diabos aquelas merdas lhe causavam tanto desconforto? Por Wyrd… Era só…

Ele lembrou dos grilhões enferrujados e das marcas sob eles. Lembrou da gratidão naqueles olhos brilhantes e na dor quando as servas lavaram sua pele arruinada. Então era isso. Jungkook mordeu o próprio lábio com força, parando diante das imensas portas de carvalho. Não tinham mais tempo. Então olhou para o assassino, notando aquele fantasma gélido em seus olhos que eram sempre tão intensos, tão rebeldes… Ali só havia terror refletido. E por reflexo ou impulso, Jungkook afrouxou o aperto no antebraço do assassino, deslizando o polegar sobre o tecido escuro. Uma carícia sutil tão próxima daquele acessório horroroso. Daquele grilhão que não lhe prendia o corpo, mas sim a alma.

- Ta-... Kim, ele é só um homem. Um homem que exige muito respeito. Você não será julgado hoje. Nem testado. - ele tornou a aperta o antebraço do assassino apenas para controlar a vontade de arrancar aquelas tiras brancas. - É apenas uma formalidade. Lembrar aos campeões a quem eles devem ser leais. Lembrá-los do porquê estarem aqui. - Suas palavras quase tremiam agora, com urgência. Faltava um minuto. - Kim.

O assassino podia sentir o ar escapar dos pulmões com mais rapidez do que conseguia inspirá-lo. Suas mãos estavam geladas, as pernas tremiam e sabia que não era devido à corrida até ali. Ouvia as palavras do capitão, e percebia naquele par de olhos escuros algo urgente. Não era medo. Ele estava habituado ao monstro no trono. Era algo além... Uma preocupação sincera, quase dolorosa. Mas para com quem? De certo pensava em Jimin. Afinal, ser filho do demônio não lhe dava imunidade alguma.

- Não farei besteira. Prefiro as regalias dos meus novos aposentos aos inexistentes em Endovier. - Esboçou um sorriso trêmulo, sua tentativa de "fazer graça" fora patética.

Jungkook abriu um sorriso breve, quase tão trêmulo quanto o braço do assassino. Ele não seria capaz de dizer algo que dissipasse aquele terror que ia muito além de medo pelo encontro a seguir. Ele queimaria aquelas roupas de merda. Depois. Respirou fundo ao fixar seus olhos nos do assassino, torcendo para que ele percebesse que suas palavras não se direcionavam aquele figurino, especialmente aqueles acessórios.

- Taehyung, você está muito bonito hoje.

Taehyung não teve tempo de pesar a sinceridade por trás dessas palavras, o que elas implicavam e muito menos se deixar enrubescer pela percepção de que o capitão o chamara pelo nome, pela segunda vez ao longo daquelas semanas. As portas do salão abriram-se, e os dois entraram na sala repleta de pessoas. Jungkook adiantou-se dando alguns passos rápidos, até pressionar um joelho contra o piso de mármore, então fez uma reverência com a cabeça. O assassino fez exatamente o mesmo, como um boneco sendo controlada por fios invisíveis. Quando o capitão dirigiu-se ao lado dos outros campeões e treinadores que já aguardavam em fila, Taehyung o seguiu. Levantando a cabeça somente ao tentar encarar a figura no trono. Seus olhos fixaram-se em um ponto entre os pés e a espada que o Rei tinha ao lado do corpo.

- Agora que todos se deram ao trabalho de vir, acho que podemos começar.

Ele estava tonto. Seu corpo todo doía. Sentia frio a ponto de estremecer e sabia que ele não vinha da neve que caía do lado de fora. Vinha daquele homem sentado ao trono, de suas vestes negras que pareciam sugar toda a vida ao seu redor. O assassino respirou fundo. Sentiu um calor reconfortante ao seu lado, demorando a notar que se tratava do Príncipe Jimin. Seus olhos azuis o encaravam com um largo sorriso. Esboçou um sorriso ao perceber que ele deslizava o olhar por seu corpo, com um certo ar de aprovação. Ao seu lado direito, Jungkook lhe tocara o ombro, trazendo sua atenção de volta à figura imponente do trono.

Dessa vez deixou que seus olhos avançassem mais sobre as vestes negras, parando sobre o peito do homem. "Meu nome é Kim Taehyung, e eu não terei medo." Pensou consigo mesmo e fitou o rosto do demônio.

Aquele que destruira sua vida, engolira reinos e lançara o mundo ao inferno.

O Rei de Adarlan sorria para ele.


─────❦─────

 ❝ In my view, for sure, this is the real Monster ❞


Notas Finais


Apenas um esclarecimento para evitar dor de cabeça: eu definitivamente não tenho nada contra a roupa do Tete em Fake Love. Pelo contrário. É um dos meus figurinos favoritos (Tae de mullet insuperável meus amores). Assumi meu direito de fazer uso de paralelismos ficcionais, ou seje, vai ter muito disso. E não condiz com a realidade.
Sabe aqueles avisos nos doramas? "As pessoas, lugares e eventos pipipipopopo não se referem a realidade e pipipipopo".

Nessa fic você pode ficar na sua imaginação o quanto quiser, porque faço o mesmo.

Borahae 💜


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...