— Mamãe? — disse Andrew, cutucando Emma por baixo da mesa e entregando-lhe um bilhete.
Emma voltou à realidade e concentrou-se nos rostos cheios de expectativa do restante da equipe. Ela estava imaginando se Regina tinha gostado das flores. Olhou disfarçadamente para o papel, no qual estava escrito: "Diga: Andrew tem esses números."
Emma ergueu o olhar e se recostou na cadeira.
— Andrew tem esses números.
A atenção de todos voltou-se para seu filho.
— As vendas na Alemanha e na Espanha parecem bastante promissoras — começou Andrew — A situação na França ainda está indefinida, mas creio que os custos de tradução para entrarmos no Japão não compensariam.
David, o irmão de Emma, assentiu.
— Tivemos resultados semelhantes com a Pulse. Também acho que o Japão nos dará pouco retorno.
Depois, foi a vez de Rose, a irmã mais nova de Emma, falar.
— Mas a Charisma é boa para qualquer mercado.
— Isto porque vocês trabalham basicamente com imagens — disse David — Você poderia vender a sua revista lá sem sequer traduzi-la. O que acha Graham? — perguntou.
A atenção do grupo voltou-se para o irmão gêmeo de Rose. Todos queriam saber se ele ia defender sua própria revista ou apoiar a irmã gêmea.
— A Buzz pode tomar qualquer uma das direções — disse ele.
— Por que não suspendemos a discussão sobre o Japão por hoje? — perguntou Jefferson, o editor executivo da Charisma.
Rose olhou para Emma e notou que a irmã não estava no mesmo mundo que eles.
— E se nós optássemos por traduzir todas as revistas para o espanhol e o alemão? — sugeriu Andrew — Não correríamos grandes riscos e estaríamos atendendo às necessidades comuns.
O recinto ficou em silêncio por algum tempo, enquanto todos avaliavam a proposta.
Andrew sorriu.
— Acho que ninguém aqui quer correr riscos desnecessários neste momento, não é mesmo?
Todos concordaram.
— Eu posso levar essa decisão ao papai — disse David.
— Por mim, tudo bem — concordou Emma, sem sequer saber do que falavam.
— Fechado, então! — disse Graham, batendo a mão na mesa — Finalizamos? Tenho um almoço de negócios.
Todos pegaram seus papéis e já foram se retirando.
Emma imaginou o sorriso de Regina mais uma vez. Talvez devesse ligar só para ter certeza de que ela recebeu as rosas.
Rose chegou perto da irmã, colocando sua mão no ombro de Emma.
— Ei, você está bem?
Emma saiu de sua bolha e olhou para a irmã.
— Sim... E você?
— Eu estou, mas você... Parece que está no mundo da lua.
Emma sorriu.
— Talvez eu esteja.
Rose a olhou surpresa.
— Uau! O que você não anda me contando?
Emma se fez de desentendida e Rose lhe deu um tapa de leve no braço.
— Emma! Me conta!
— Regina — sussurrou.
Rose arregalou os olhos ao ouvir o nome da ex-cunhada e puxou a cadeira, se sentando próxima da irmã.
— Meu Deus, Emma! — olhou para os lados, certificando-se de que Andrew e Jefferson, que conversavam do outro lado, não as escutavam — Ela está grávida de novo? Vocês vão me dar um terceiro sobrinho? Meu Deus!
A mais velha segurou uma gargalhada.
— Claro que não — sussurrou — Não está acontecendo nada entre nós. Ainda. Foi só... um beijo.
Rose a olhava desacreditada.
— Isso é surreal...
— Eu sei.
— Depois de quinze anos!
— Eu sei!
— Eu ficaria muito feliz... — disse a mais nova.
— Ficaria?
— Óbvio! Um terceiro sobrinho, quem não ficaria?
Emma riu e empurrou a irmã, enquanto pegava a bolsa para ir embora.
— Você é muito boba.
— Você tem que parar de esconder as coisas de mim... — Rose falava enquanto levantava.
— Mãe, você tem um minuto? — perguntou Andrew quando Emma estava se preparando para levantar.
— Claro.
— Bom, eu vou indo! — disse Rose, dando um beijo na bochecha de Emma e outro na de Andrew.
— Tchau, tia Rose.
Emma olhou pra irmã, com um olhar de súplica para que não contasse à ninguém sobre Regina. Rose sorriu e saiu pela porta.
— O que está acontecendo? — começou Andrew.
Eles ficaram a sós na sala.
— Como assim?
O filho balançou a cabeça.
— Como assim? Eu tive que salvar a sua pele três vezes hoje, durante a reunião. O que é que a estava deixando tão distraída?
— Você não...
Andrew indicou o bilhete que havia passado à mãe pouco antes.
— Bem, talvez eu estivesse mesmo distraída.
— Jura?
— Eu estava pensando...
— Na mamãe.
— Nos negócios.
— Aham. Quer que eu acredite nisso?
Ele pousou a caneta e olhou firme para a mãe.
— O que você está fazendo?
Emma tentou decifrar o que havia por trás da expressão do filho.
— Em relação a quê?
— Você foi à Corte ontem.
— E daí? Estou tentando fazer com que sua mãe mude de carreira. Você sabe disso.
Andrew balançou a cabeça, sorrindo para a mãe.
— Dona Emma...
— Que foi?
— Admita.
— Admitir o quê?
— Você está afim da mamãe.
Emma quase engasgou.
— O quê?
— Isso não tem nada a ver com a carreira dela.
Emma não respondeu. Apenas olhou incredulamente para o filho.
Andrew se ajeitou na cadeira.
— Mãe, eu conversei com...
— Com quem?
— Com Henry. Nós dois achamos uma boa ideia.
— O que é que vocês acham uma boa ideia?
— Você e mamãe reatarem.
Emma ergueu as mãos.
— Uau!
— Talvez tenha dificuldade em convencê-la...
— Sua confiança em mim, me comove.
— Mas nós achamos que vai valer a pena.
— Acham, é?
— Com certeza.
Emma olhou severamente para Andrew.
— Não se meta na minha vida — ordenou ela.
— Mãe...
— Eu estou falando sério, Andrew.
— Eu não quero saber. Já está na hora de você desistir dessa historia de Direito Corporativo, mãe!
— De jeito nenhum.
— Você pode simplesmente cortejá-la.
— Ela não...
— Mande flores para ela ou algo parecido.
— Eu já...
Emma se deteve.
— Você já o quê?
Ela ergueu-se e juntou seus arquivos.
— Esta reunião está encerrada.
Andrew também se levantou.
— Você já o quê, mãe?
— Você é muito insolente.
— Ela já não namora ninguém há algum tempo.
Aquilo a deteve.
— O que você quer dizer com "há algum tempo"?
A ideia de Regina namorando outra pessoa, provocou-lhe um aperto no coração.
— Um tal de Daniel Colter a pediu em casamento no Natal passado.
— Casamento?
— Mas ela recusou.
Outra pessoa pediu a sua mulher em casamento?
A "sua" mulher.
Emma perdeu o fôlego. Regina poderia ter dito sim. Poderia estar casada a uma hora dessas, fora do seu alcance, e ela não teria mais chance de...
O que é que Emma estava pensando, afinal?
Andrew pousou as mãos sobre a mesa.
— Leve-a para passear, faça-a sentir-se especial.
Ela olhou para o filho, sem expressão.
— Ela gosta de lagosta.
Henry entrou afobado, passando à mil pela porta, interrompendo-os.
— Oi, cheguei! — beijou o rosto da mãe e deu um aperto no ombro do irmão mais velho — Estou muito atrasado para o nosso almoço ou o seu convite ainda está de pé, mãe?
Emma sorriu.
— Ainda está de pé. Estou faminta. Vamos? Você quer almoçar conosco, filho? — perguntou para Andrew, enquanto caminhavam em direção ao elevador.
— Não poderei. Fiquei de passar na loja, para buscar o carrinho do bebê.
A loira beijou a testa do filho e ouviu um sussurro perto do ouvido:
— Não esquece. Ela gosta de lagosta.
Emma sabia que Andrew tinha razão.
Ela queria namorar sua ex-mulher.
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