— Esse vestido está me irritando, Mary! — dizia Regina pelo telefone.
A morena caminhava pelo corredor, próxima ao seu quarto.
— Eu disse pra você não colocar calcinha — respondeu a amiga.
Regina entrou no quarto e retocou o batom vermelho.
— Imagina se eu não colocasse... Ficaria tão na cara que estou afim... Isso está me atolando!
Mary deu uma gargalhada do outro lado da linha.
— Pede para Emma desatolar.
Regina não teve tempo de rir, ouviu uma interrupção de ligação na tela. Olhou e era Emma.
— Mary, Emma chegou. Tenho que ir!
— Ok. Boa transa!
— Que trans... — Mary desligou sem que Regina terminasse.
A morena riu e pegou a bolsa de mão.
Emma esperava Regina encostada na limousine. A loira havia optado por um macacão preto recortado nas laterais das costas. Avistou Regina sair do prédio e abriu a porta de trás do carro.
Regina optou por um vestido longo de cetim vermelho. O modelo era sem mangas, com uma gola que dispensava o uso de qualquer jóia e uma fenda na parte de trás, para facilitar o caminhar.
Fiona havia insistido para que ela ainda usasse uma tornozeleira fina de ouro que brilhava quando ela andava, complementando o visual das sandálias de tiras. Os saltos eram mais altos do que os que ela costumava sair, mas ela sabia que ia poder contar com o braço de Emma para se apoiar.
Emma nem disfarçou e secou sua ex-mulher de cima à baixo enquanto ela caminhava majestosamente em sua direção. Regina aproveitou e fez o mesmo. Quando a morena se aproximou para cumprimentá-la com um beijo no rosto, Emma beijou-lhe o canto da boca.
— Você é a mulher mais linda do universo — sussurrou Emma, com o rosto ainda próximo de Regina.
A morena sentiu que desmaiaria. Apoiou uma das mãos no ombro de Emma, se assegurando disfarçadamente se houvesse uma queda.
— E você é a mulher mais galanteadora que eu conheço — devolveu no mesmo sussurro.
Emma sorriu e passou a mão na cintura de Regina, esperando que ela entrasse na limousine.
— Boa noite, Marco — disse Regina sem jeito ao vê-lo, pois não esperava encontrá-lo ali.
— Boa noite, Sra. Swan — disse ele.
Emma riu. Ela gostava disso. Marco nunca iria mudar.
Emma entrou no carro e Marco fechou a porta, seguindo viagem logo depois ao Riverside.
Emma abriu um champanhe e serviu as duas. Fechou o divisor da limousine e ofereceu a taça à Regina e a mesma hesitou em aceitar.
— Querendo me embebedar logo cedo? — perguntou a advogada, em tom malicioso.
— É tão perceptível?
A morena sorriu e pegou a taça da mão dela.
Emma ligou uma música de Cigarrets After Sex e se sentou ao lado de Regina. As duas brindaram e tomaram um gole.
— Nossos filhos irão? Não consegui contato com nenhum deles — perguntou Regina, cruzando as pernas.
— Nossos filhos se tornaram homens ocupados demais. Henry está ocupado com o restaurante dele. E Andrew foi passar o final de semana em Londres com Jacinda.
— É... Eles cresceram e voaram... — ela deu outro gole.
— Só restou nós... — disse Emma, virando o rosto para olhar Regina.
A morena sustentou o olhar da ex-mulher e desviou logo depois, tomando outro gole de champanhe.
— Regina... — disse Emma, se aproximando mais dela.
Regina sentiu o corpo todo esquentar. Não sabia se era o efeito da bebida que já fazia efeito ou o efeito que Emma fazia sobre ela. Com certeza era a segunda opção.
A advogada fechou os olhos quando sentiu a mão de Emma em cima de sua coxa.
— Olhe para mim — Emma sussurrou perto do ouvido dela.
— Emma... — a morena colocou a mão em cima da mão de Emma em sua coxa.
A loira roçou o nariz carinhosamente no pescoço de Regina e depositou um beijo ali, logo depois.
— Eu amo a sua pele... — continuou a loira, deslizando beijos pelo ombro dela.
A morena agradeceu aos céus por ter colocado a calcinha, senão, já teria encharcado a limousine. Colocou a taça sobre a mesinha próxima e virou o rosto para olhar Emma.
— O que estamos fazendo, Emma? — perguntou num sussurro.
A loira a olhou e acariciou seu rosto, respondendo próxima de sua boca.
— Eu não sei. Eu só sei que não quero mais sair do seu lado por nada.
Regina pegou a mão de Emma do seu rosto e beijou carinhosamente.
Emma sorriu com o gesto e aproximou seu rosto de Regina, dando-lhe um selinho demorado. A morena segurou o rosto de Emma e deu-lhe outro selinho, fazendo com que a loira abrisse a boca e Regina lhe penetrasse com a língua.
As duas entraram em um ritmo como se suas bocas nunca mais fossem se soltar. Regina deu um mordida de leve no lábio inferior de Emma, fazendo-a gemer baixinho.
— Seu beijo está com gosto de champanhe — interrompeu Emma, num sussurro.
— Shhhhh! — Regina a calou, voltando a encaixar sua boca na dela.
A limousine parou. Elas haviam chegado. Ouviram Marco dizer alguma coisa e pararam o beijo.
Regina estava com os lábios borrados de batom vermelho. Emma riu, dando-lhe um selinho.
— Sua boca nunca esteve tão irresistível... — disse a loira.
Regina se olhou no espelho que havia ao lado e riu. Olhou para Emma e lhe devolveu outro selinho.
— A sua também... — sussurrou, repetindo mais um selinho — Nunca esteve tão bem marcada pela minha.
Emma mordeu o lábio maliciosamente.
— Eu estou me segurando Regina...
A morena sorriu e se levantou. Virou de costas para Emma e se inclinou até o espelho que havia ali para tirar os borrados e retocar a maquiagem.
A loira se levantou e foi até Regina, abraçando-a por trás. Não queria mais soltá-la. Beijou a nuca da advogada, enquanto alisava sua barriga.
— Vire-se para mim. Me deixe passar o seu batom pra você — pediu Emma.
Regina se virou e deu o batom para a ex-mulher. A editora passou o dedo pela cicatriz de Regina e depositou um beijo de leve.
— A sua boca é um pecado — disse ela, enquanto passava o batom.
— São os seus olhos — respondeu a advogada, abraçando o pescoço de Emma.
Ouviram barulho de música alta, pessoas falando, fotógrafos, o caos lá fora.
— Vamos? — perguntou Emma.
Regina se soltou da loira e ajeitou o vestido, pegando sua bolsa de mão.
Emma abriu a porta e desceu, oferecendo a mão à Regina, que aceitou e desceu logo depois.
— Cavalheira demais... — sussurrou Regina.
— Sempre às suas ordens... — respondeu Emma, pegando na mão da advogada e entrelaçando seus dedos.
Regina quis chorar. A última vez que Emma havia pego na mão dela dessa forma, já fazia mais de quinze anos.
Suspirou e olhou para a loira, que retribuiu o olhar no mesmo momento, dando-lhe um beijo de leve nos lábios.
Nenhuma das duas se importou se os paparazzis que estavam em frente da Riverside, estivessem tirando foto delas. Nem mesmo de Marco, que as olhava com brilho nos olhos.
— Marco. Você pode entrar se quiser, estou lhe convidando — disse Emma, se virando para olhá-lo.
Ele permaneceu em pé, próximo a limousine e lhe sorriu.
— Muito obrigado, sra. Swan. Mas, aguardarei na mansão pela sua ligação.
— Como quiser. Até mais.
— Obrigada Marco — Regina o agradeceu.
Ele acenou com a cabeça.
***
As duas andaram de mãos dadas, sem parar para fotos. Ao atravessar os arcos decorados na entrada, Regina sentiu o perfume dos arranjos de flores e admirou a beleza dos lustres. As mesas estavam impecavelmente postas em torno de uma pista de dança, no centro do salão.
Um garçom passou por elas com uma bandeja cheia de taças de champanhe. Emma pegou duas, oferecendo uma à Regina.
A morena sorriu e beijou a boca de Emma. Suas bocas não conseguiam mais parar de se beijar.
— Vamos dançar? — perguntou Emma depois de beber o champanhe, pegando a taça da mão de Regina e colocando sobre a mesa junto com a sua.
— Vamos.
Foi quando Regina viu a figura de George Swan acompanhado de sua esposa Ruth e quase tropeçou.
— Você não me disse que seus pais também viriam — sussurrou ela no ouvido de Emma, sentindo-se novamente com dezesseis anos e indefesa.
— E isso é um problema? — respondeu a loira.
— É — disse ela, entredentes.
George era uma figura ilustre em bailes de arrecadações, sua presença era sempre a mais almejada.
Ele caminhava em torno das mesas, cumprimentando as pessoas.
— Por quê?
— Porque eles não gostam de mim.
— Não seja boba.
— É verdade!
Regina engoliu em seco e começou a sentir uma espécie de claustrofobia. Ela não pertencia àquele ambiente. Jamais havia pertencido.
— Emma, minha querida! — falou uma mulher de cerca de sessenta anos, com diamantes que seriam suficientes para saldar a dívida externa, beijando Emma nas bochechas.
Emma sorriu e apertou a mão de Regina.
— Sra. Lucas!
— Eu vi sua mãe no sorteio da Sociedade Humanitária na semana passada — disse Granny.
— Ouvi dizer que foi um sucesso.
— Foi mesmo.
O olhar da sra. Lucas recaiu sobre Regina.
Emma pousou a mão nas costas da morena.
— Esta é Regina, sra. Lucas. Mãe dos meus filhos.
Regina sentiu o coração saltar. Ficou surpresa com Emma. Estendeu a mão para cumprimentar a sra. Lucas.
— Prazer em conhecê-la.
— Vai ao chá do hospital das crianças, querida?
A advogada olhou para Emma.
— Ela trabalha durante o dia — respondeu a loira.
A sra. Lucas arregalou os olhos.
— Ah, entendo...
— Regina é advogada.
— Isso é adorável, minha querida. Quem sabe em uma outra oportunidade?
— Quem sabe? — retrucou Regina.
A sra. Lucas fez um aceno.
— Vou procurar por Ruth.
— Foi um prazer revê-la — disse Emma.
Regina suspirou e pegou mais uma taça de champanhe que passava na bandeja do garçom.
Emma abraçou a advogada por trás e lhe deu um beijo abaixo da orelha.
— Você está muito bonita — sussurrou no pé do ouvido da morena.
Regina sorriu, passando a mão no rosto de Emma carinhosamente, enquanto bebericava o champanhe. Revirou os olhos quando apareceu outra pessoa para interrompê-las.
— Emma? — era uma voz forte, vinda de um homem que usava smoking, que lhe estendia a mão.
— Senador Glass! — cumprimentou Emma.
— Você acompanhou a oscilação do preço do petróleo esta tarde? — perguntou Sidney — Nós temos de perfurar no Alasca. Quanto mais rápido, melhor.
— E quanto às medidas de conservação?
— Mostre-me um milionário disposto a desligar o seu ar-condicionado e eu lhe mostrarei um liberal democrata disposto a apoiar Mitchell Herman — respondeu o senador, rindo com gosto.
Regina sorriu forçadamente, apesar de não ter entendido nada. Ela apertou o braço de Emma, que rapidamente desviou a atenção de Glass.
— O senhor se lembra de Gregory Midas? Ele foi um grande apoiador da campanha de Nixon — disse Emma — Gregory venha cá cumprimentar o senador.
Os dois entabularam conversa e Emma aproveitou para tirar Regina de lá.
Pegou a morena pela mão, enquanto ria.
— Vamos sair daqui antes que alguém nos atrapalhe de novo.
Deixou as taças sobre uma das mesas e saiu guiando Regina pela cintura entre as pessoas.
— Vamos lá para cima — sugeriu a advogada.
— Lá para cima?
Regina virou e olhou para ela.
A morena havia planejado beber alguma coisa antes do momento fatídico, porém sabia que não ia conseguir aguentar mais aquela festinha.
— Eu tenho uma confissão a fazer — disse sem jeito.
— Diga.
— Eu reservei um quarto — sussurrou ela, se aproximando de Emma e apoiando suas mãos no peito da loira.
— Você o quê? — perguntou surpresa, enlaçando a cintura da advogada.
— Eu...
— Espere. Droga! — Emma a soltou e virou o corpo de Regina — Continue andando. Não olhe para trás.
— São seus pais? — perguntou confusa.
— Não! Meu Deus, Regina. Eles gostam de você!
— Não gostam não.
Emma a conduziu rapidamente para um canto onde se esconderam. As cortinas valorizavam as portas de vidro que conduziam a uma varanda que dava para o mar. Tinha começado a chover, por isso não havia ninguém do lado de fora. As gotas de água na vidraça borravam a visão das luzes da cidade, escurecendo o cantinho isolado.
— De quem foi que escapamos? — perguntou ela.
— De Ariel.
Regina ficou sem fala. Elas estavam se escondendo da ex-mulher de Emma? Por quê?
— Tem sido muito difícil lidar com ela.
A advogada deu uns passos para trás.
— Se você ainda sente alguma coisa por ela...
Emma estendeu a mão a tempo de detê-la e puxou-a para si.
— Não sinto nada por ela — respondeu Emma — O problema é que ela é espalhafatosa e imprevisível, e eu não queria que ela a insultasse.
— Me insultar?
Emma se aproximou ainda mais dela, com a voz cada vez mais grave.
— Esqueça Ariel. Vamos voltar àquela parte em que você reservou um quarto.
O coração de Regina deu uma cambalhota.
Ela respirou fundo. Aquilo ia ser mais difícil do que havia imaginado.
A voz da loira se transformou em um sussurro.
— Eu já aluguei um quarto aqui certa vez.
— É mesmo? — respondeu ela, entrando no jogo.
Os olhos de Emma brilhavam.
— Havia uma festa de formatura e eu me dei muito, muito bem.
Regina baixou a cabeça e sorriu envergonhada, olhando para o peito de Emma.
Emma beijou a testa dela e passou os dedos pelo queixo de Regina, fazendo-a lhe olhar.
— Será que você está me fazendo uma proposta indecorosa?
A morena assentiu lentamente.
— Estou — sussurrou ela, olhando para Emma.
Um sorriso largo iluminou o rosto de Emma.
— Eu aceito...
Emma acariciou seu rosto e inclinou a cabeça para beijá-la.
Regina sentiu os músculos tensos e todo o corpo vibrar de desejo.
Os lábios de Emma tocaram os dela, e suas pernas fraquejaram. A loira abriu a boca, acariciando-lhe com a ponta da língua. O pulso de Regina acelerou, e seus corpos se fundiram em um calor delicioso.
Regina colou o corpo ao dela, entrelaçando as mãos atrás do pescoço de Emma, enquanto a loira lhe enlaçava a cintura, segurando-a com firmeza.
O beijo se aprofundou e prolongou. O barulho da chuva ecoava em seus ouvidos.
A morena chupou a língua da editora, mordendo-a de leve logo depois.
— Gina... — sussurrou a loira.
Emma beijou-a mais uma vez e agarrou suas nádegas, colando-a ao seu corpo, de modo que Regina pudesse sentir o quanto estava excitada.
— Oh... Emma... — devolveu a advogada, em um gemido.
Regina deslizou uma das mãos pelo corpo de Emma, até chegar no volume da loira, por cima do macacão.Emma soltou um gemido baixo na boca da morena.
Uma voz masculina soou por trás dela.
Regina viu o senador Glass, Ariel e outras duas pessoas olhando para elas em um silêncio constrangedor.
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