“Sem respiração, o que é que eu não estou vendo? Disseram que ela está saindo, droga eu não posso acreditar, é como um sangramento no meu coração, saber que você não precisa de mim, desligue o meu coração, agora eu não sei o que fazer, agora — flatline”
Morto.
Naruto Uzumaki sentia-se morto, sua vida estava fora de controle, movendo-se em todas as direção sem ter realmente um lugar para onde ir, o nariz ardia e a cabeça girava, o peito queimava e as mãos tremiam, ele precisava dela, precisava tocar em seu rosto e enxergar seus olhos, sentir o aroma suave de melão que seus cabelos possuíam, o som da risada baixa e doce.
Precisava dela.
O copo com o resto de vodca estava no chão, assim como seus joelhos naquele jeans velho e surrados, a camiseta do Pink Floydagora estava rasgada e cheirando a perfume barato, os cabelos dourados encharcados de suor enquanto os dedos finos e delicados os puxavam para que ele se afastasse, mas ele não a largava, chorava prendendo-a pela cintura.
— Me solte! — De onde vinha aquele tom? Ela jamais falou com alguém daquela forma.
— Por favor… — ele sussurrou, suplicando com fervor.
— Me solte, Naruto!
— Não! Não! Não me deixe, você vai me deixar, não vai? Não faça isso! Por favor, eu imploro, não faça isso!
Não havia mais a música alta que ecoava, era como se Hinata o tivesse puxado da tomada e o deixado para morrer, as mãos, que ele tanto amava, o tinha empurrado para longe, caído no chão de madeira fria e suja observou, de cabeça para baixo, o corpo miúdo envolvido em um pijama fofo de bolinhas afastando-se, largando-o a própria sorte.
— Hinata! — ele gritou quando a viu desviar entre as pessoas, a moça parou, mas não o olhou e Naruto quebrou-se novamente — Hinata! Por favor… Não me deixe… Não…
Bêbado.
Morto.
O mundo parecia um colchão d'água de algum motel barato, não sentia as pernas, desabou quatro vezes, pouco importando-se com as pessoas que viam sua queda em uma casa que ele sequer sabia quem era o dono, todos presenciavam sua morte. Apenas ela, sempre ela, nenhuma outra pessoa, ninguém ousou para-lo, nem mesmo seus amigos quando o viram correr pela rua escura atrás daquele carro, sequer lembrou da própria Harley Davidson 883 jogada na calçada.
Só ela importava.
A noite estava fria demais, o ar congelava em seus pulmões, os dedos tatuados com o nome dela passaram pelos cabelos curtos, puxando-os com força, como ela fizera, todos lhe diziam que não era bom, suas pupilas dilatadas entregavam tudo, Naruto jamais quis aquela vida, uma banda em ascensão, bebidas, drogas e sexo, ele era apenas um menino que brincava de Deus do rock, o corpo era fraco e coração era tolo.
Jiraya sempre dizia que ele não merecia aquela menina, nem se vivesse dez vidas, mas Naruto preferia ignorar o avô e todas aquelas vozes em sua cabeça, ele era de Hinata e Hinata era dele, desde sempre e para todo o sempre, um amor que começou na infância e estendeu-se, no início ele não entendia, então escrevia, no papel, depois de um tempo tudo vez sentido e Naruto a segurou entre os dedos, mas a Hyuuga parecia água.
Escapava, com medo e cristalina.
— Hinata!
Diante da grande construção de madeira branca e padrão americano, o Uzumaki gritou até que seus pulmões ardessem, ela estava bem ali, naquele balanço onde ele a beijou pela primeira vez, aos doze.
— Vá embora…
— Hinata…Por favor… Eu… — quantas vezes ele iria repetir aquela frase?
— Só... Me deixe em paz, Naruto.
— Você é a minha paz — as mãos tremiam ao abrir o portão e pisar na grama fofa e verde, estava molhada e encharcaram seu sapato laranja — Não me deixe novamente, eu nunca soube viver sem você.
— Você sabe sim, já faz isso — os olhos claro como a lua cheia estavam inchados e molhados — Por continua com isso, Naruto? Por que me ligou?
Ajoelhado, ele começou a chorar.
— Porque eu senti que ia morrer…
— Naruto... Por que você continua com isso? Você prometeu…
— Você me deixou — os olhos dela, tão cálidos, pareciam uma represa — Eu não sei viver sem você — repetiu-se sentido a face molhar novamente — Hinata…
— Você tem que aprender a viver — Ela escondeu a dor atrás se um sorriso doce, mas Naruto sempre soube ler as entrelinhas delas — Não coloque esse peso em minhas costas ou irei quebrar...
— Eu… Eu prometo, a gente vai arrumar um jeito, eu te vejo no fim do período, dou uma pausa com a agenda…
— Naruto — O homem ajoelhou-se ao juntar os dedos tatuados em sua direção, os longos fios negros-azulados que estavam eternizando em canções foram um véu diante dos seus olhos leitosos.
— Só… Só não me deixe novamente.
— Naruto, não é assim tão simples...
— Por que você foi contra mim? Eu só quero saber… Porque você age de modo tão indiferente? Fale comigo, eu vou te ouvir, todo o amor que eu tenho, sempre foi seu, não aja como se você não soubesse...
— Você estava usando aquilo…
— Hinata...
— Eu liguei para o seu avô…
Ele sempre soube que não dariam certo, mesmo assim tentava como todas as suas forças, Hinata era uma, quase, pediatra, enquanto ele... Ele tinha uma banda de rock com os amigos do colegial que começava um sucesso estrondoso no país, a jovem Hyuuga era filha de empresários, gente culta e educada, Naruto era órfão e morava com o avó escritor de livros eróticos com fama de esotérico e pervertido, tatuagens e um vocabulário infantil faziam do Uzumaki alguém impuro para andar com a bela e doce Hinata, no entanto, eram inseparáveis desde os três anos de idade e tornaram-se ainda mais depois da morte dos pais de Naruto.
O rapaz jamais admitiria em voz alta, mas sabia quão dependente de Hinata ele era.
Ela era sua terra firme em meio ao oceano.
— Você vai embora? — largando o corpo sobre o gramado, mirou o céu com certa dificuldade, haviam hematomas em suas costelas.
— Não é para sempre.
O corpo moveu-se quando ela deitou ao seu lado.
— Você sabe… — ele segurou a mão da moça, temeroso, talvez ela o soltasse — Nunca houve outro alguém, nunca estive com mais ninguém.
— Eu sei… — Naruto observou todo aquele amor que existia nos orbes cinzentos — Nunca…
— Você volta?
Hinata sorriu e todo o mundo dentro dele iluminou-se.
— Você promete parar?
O cheiro dele estava mascarado por um monte de outras coisas, mesmo assim ela ainda sentiu quando ele a tocou no rosto encostando a testa sobre a dela.
— Prometo, por todo o amor que tenho em mim.
— Não vai ser fácil, Naruto.
Hinata desenhou aquele sorriso bobo que ele tinha nos lábios finos e vermelhos com a ponta dos dedos gelados.
— Se for para ter você comigo — os dedos dele deslizaram pelo bonito — Eu vou até o inferno.
Naruto não era uma criança, sabia que aquilo poderia lhe tirar tudo, mas Hinata sempre fora uma certeza tão absurdamente grande que perdê-la fora como um sangramento direto em seu coração, estilhaçando-o em mais pedaços do que lhe poderia ser colado.
— Então a gente dá um jeito.
— Sim, a gente dá um jeito.
O amor que seria por ela era maior do tudo no mundo, seja a música, drogas ou uma agenda lotada, Naruto jamais a deixaria ir novamente.
"Garota, você sempre me surpreende no momento ruim, quando eu sei que você provavelmente vai achar que é uma mentira, eu sei que eu te disse da última vez, era a última vez, como você pode puxar a tomada e me deixar morto? — flatline"
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