Fluorescent Adolescent.
Capítulo 1. - Do me a fevour.
— Por TauzKawaiii.
“talvez não pare de doer agora, mas, a m a n h ã, sim amanhã, pois você ainda tem um futuro, apesar de achar que nesse exato instante, não
e lembre-se:
sentir medo é tão humano quanto sentir amor.”
— Igor Pires da Silva.
O sol se escondendo timidamente para além do horizonte, onde eu já não posso mais ver, não impediu de algumas lágrimas traiçoeiras descerem de meus olhos chorosos. A mulher forte que habita em mim se escondeu para dentro do meu peito assim que Naruto entrou naquele maldito avião, o avião que o levaria para terras tropicais, para bem longe de mim e de minha saudade estacionada numa grande vaga dentro do meu coração.
E eu nem posso julgar, seria hipócrita se o fizesse, destruir os sonhos alheios é afirmar para si mesmo que não tem foco o suficiente para ir atrás dos seus próprios, e não é novidade para ninguém que conhece o Uzumaki que culinária sempre foi o seu maior sonho, o intercâmbio no Brasil só vai dar um upgrade nesse processo; então, o que me restou foi somente sentar no banco macio de cor escura do Ford Mustang Shelby GT500 de Sasuke e esperar que o próprio dono voltasse de sei-lá-onde.
Sasuke Uchiha.
O meu novo parceiro de boletos, a pessoa com quem vou dividir minha casa por seis meses e o cara com o sorriso ladino mais perfeito que eu já tive o prazer de ver. Não que eu pudesse, de fato, ver com muita frequência os seus sorrisos; Sasuke não é de sorrir, dá pra ser notar com quinze minutos de convivência ao seu lado e eu me pergunto até neste momento quais artimanhas Naruto usou para o convencer de vir morar comigo. Não que eu precise de alguém para servir de babá enquanto Naruto está fora e acredite, eu já repeti isso para o loiro mais vezes do que eu posso contar, mas o Uzumaki não é muito de se importar com o que os outros falam ou pensam, isso também é algo que dá pra se notar com quinze minutos de convivência ao seu lado.
— Well, the mourning was complete / there was tears on the steering wheel dripping on the seat¹ — A voz de Alex Tunner soou novamente naquele ambiente fechado. Passei a mão pelo meu rosto e cabelo, cansada, triste e, acima de tudo, frustada. Inferno de ironia do destino. O lado menos proveitoso de ser uma mulher forte é a parte em que você não tem nada e nem nem ninguém para se apoiar. Você precisa se apoiar em si mesma, você precisa ser o seu próprio colo e o seu próprio refúgio para quando chorar. Não pode fraquejar, não pode cair. Sorriso pequeno nos lábios, ombros levantados e cabelo arrumado, é tudo o que preciso para que acreditem que sou forte e é exatamente isso que irei fazer agora, como eu sempre fiz por boa parte da minha vida.
Sasuke veio andando em direção ao carro e eu pude, novamente, ver como ele era belo. O cabelo escuro em sua cabeça estava totalmente desordenados, as mechas eram brilhantes e provavelmente macias e, mesmo que lisas, pareciam assumir aquele estado por pura vontade, como se estivessem se rebelando. Seus olhos eram tão escuros quanto o céu daquela futura noite e as estrelas que salpicavam ao redor, tão negro que eu mal conseguia distinguir o que era pupila e o que era íris, e eram olhos que eu jamais tive o prazer de ver antes, o formato se assemelhava a de um animal selvagem demais para ser contido, por mais que estivesse suavemente vermelhos pelo recém choro. A pele era branca e parecia saudável e firme. Os lábios eram grossos e rosados, convidativos. Era lindo demais. Como se Afrodite quisesse ter um filho com Hades e talvez conseguiu, Sasuke era lindo demais para um mero mudano.
E talvez eu não devesse estar prestando atenção na beleza tentadora de Sasuke agora, não quando meu melhor amigo e a pessoa mais importante da minha vida tinha acabado de viajar por seis meses, mas tudo em Sasuke faz minha completa atenção ser voltada para ele, como uma espécie de imã para pessoas notavelmente curiosas como eu, simplesmente não posso desviar o olhar, nem se eu quisesse. Os braços fortes, muito bem marcados dentro da jaqueta preta, me fez ter pensamentos nenhum pouco propícios para este momento; a calça rasgada, juntamente com os coturnos desgastados o faz ainda mais rebelde, e eu precisei segurar minha respiração na garganta quando ele passou a mão nos cabelos, os deixando mais revoltos, ou então um som impróprio sairia de minha boca.
Eu nunca fui de sentir muito tesão em alguma pessoa, não depois daquele dia, mas é impossível olhar para Sasuke Uchiha e não imaginar as grandes mãos dele envolta de seu pescoço enquanto ele te olha como quisesse te devorar, ou talvez isso seja realmente possível e eu que sou uma grande tarada. O vi andando vagarosamente até o carro em que me encontrava, onde abriu a porta ao meu lado e sentou-se no banco fechando os olhos e suspirando; nada falei, apenas olhei para o céu escurecendo em tons de azul e preto, para os postes de luz alaranjadas e para as pessoas desconhecidas que andavam apressadas pela rua movimentada.
Konoha é conhecida pela sua calmaria e quietude em ruas mais mais afastadas do centro, um lugar perfeito para idosos e pessoas sossegadas, mas o centro é o completo oposto dessa calma e quietude. Em uma plena terça-feira a tarde é possível se ver lugares lotados, pessoas andando desgovernadas pelas ruas, muitas vozes soando ao mesmo tempo e o mais variado tipos de lojas abertas. De certa forma é bom, você pode ter o que quiser, na hora em que quiser, basta ter somente tempo e dinheiro.
Vi uma movimentação acontecer dentro deste ambiente, agora mais sufocante pelo cheiro do perfume amadeirado e perigosamente viciante do Uchiha, e, contra a minha permissão, meus olhos foram de encontro a sua figura em uma olhadela de lado. Sua mão grande e forte foi em direção ao cinto para colocá-lo no fechamento, marcando ainda mais aquele belo peitoral dele. Engoli a saliva que se juntou na minha boca e segurei uma tosse constrangedora, eu não quero que ele pense que sou uma pervertida que tem pensamentos impuros com ele a qualquer hora do dia, mesmo que isso seja um fato que eu não posso negar.
— Quer... — Me vi completamente arrepiada quando sua voz baixa e grave chegou aos meus ouvidos de uma forma lenta e sensual, e eu sei que o gostoso maldito percebeu a minha reação, pois o sorriso ladino e completamente cafajeste o denunciou isso. — Quer passar em algum lugar? — Fiz com que minha recente e fraca tontura, devido a essa voz inteiramente devassa deste homem, passasse rapidamente e coloquei a melhor expressão de inocente que eu pode naquele momento. Mulheres fortes não fraquejam diante de um homem, não importa quem seja.
— Tá afim de jantar pizza hoje? — Ele pareceu parar por um breve momento de dar partida no carro e olhou de esguelha para mim. Sorriso pequeno e inocência no olhar, isso foi o suficiente para fazê-lo olhar para mim por mais tempo do que deveria. Uma pequena tosse e ele voltou a dar atenção ao carro, dando ré antes de responder a minha pergunta.
— Pode ser — Sua atenção foi completamente centrada na estrada, mal piscava enquanto seus braços musculosos giravam sem parar aquele invejável volante. No rádio, algum rock antigo tocava e dentro de mim, bem... Estava completamente bagunçado e conturbado, tanto pela partida de Naruto quanto pela presença esmagadora do Uchiha ao meu lado; uma mistura de tristeza, frustação, raiva e tesão e, normalmente, esse combo não dá muito certo. As estradas estão movimentadas e cheias, carros de todos os modelos e preços vagam pela estrada de concreto, apressados, irritados e, acima de tudo, barulhentos. Massageei minhas têmporas numa tentativa quase falha de não soltar um palavrão, seria melhor tanto para mim quanto para o Uchiha ao meu lado que nada tem a ver com isso.
Aproveitei que o automóvel novamente parou atrás de uma considerável fileira de outros automóveis, e conectei o meu celular no Bluetooth do carro de Sasuke. O dono do automóvel ergueu uma de suas sobrancelhas bem desenhadas em minha direção, com um brilho humorístico correndo em seus olhos escuros, dei um levantar de ombros ouvindo, para o meu completo deleite, uma risadinha baixa vir de Sasuke. Tentei ao máximo não me importar com isso e segui com minha tarefa de colocar uma música decente neste ambiente sufocante.
E tão logo a voz de Jesse Rutherford soou no local, o cover de Say My Name de Destiny's Child saindo linda e perfeitamente de sua boca, trazendo uma leveza e calmaria para o ambiente outrora pesado e ansioso. Indie inegavelmente é o meu estilo de música, ainda mais do que o rock clássico - que Freddie Mercury me perdoe -. Vi de soslaio os dedos longos e firmes do Uchiha baterem no volante de forma rítmica e distraída, não deixando de pensar nas maravilhas que esses dedos podem fazer em outros tipos de situações. Engoli mais um pouco de saliva e olhei novamente para os mais altos prédios de Konoha, eu preciso controlar minha libido perto deste homem ou farei algo do qual irei me arrepender.
A pizzaria tão conhecida por mim apareceu no meu campo de visão depois de intermináveis minutos presa entre vários e vários carros. A fachada era simples, em tons de bege claro e vermelho; o letreiro em um led vermelho velho e desgastado continha as palavras “The Church” pois, de acordo com a frase comercial estampada logo abaixo do letreiro, em um tom velho de preto grafite, a “Comida aqui é divina”; e eu nem posso negar, a comida deles é realmente feitas por mãos divinas, onde até mesmo Deméter invejaria. O carro estacionou nas poucas vagas que jazia ali, The Church é um local pequeno, nascido em uma época onde as pessoas não trocavam a comida de verdade por fast-food gordurosos e sem nutrição alguma. Não me entendam mal, eu não estou criticando, amo fast-food e, sempre que eu posso, eu me delicio com elas.
Desci do carro, ouvindo algum resmungando baixo e rouco de Sasuke falando algo como querer uma Portuguesa e, novamente, senti meu corpo arrepiar, mas covardemente atribuí ao recente frio que faz nas ruas de Konoha, eu deveria, obviamente, ter trazido meu moletom da Tropa de Exploração. Otaku? Não, apreciadora de arte japonesa apenas, por favor, não confunda. Andei até a entrada esfregando inutilmente as mãos em meus braços, tentando trazer calor para mim, mas parei com o ato quando atravessei as portas duplas de metal enferrujado, apreciando o calor acolhedor e o cheiro característico de café, massa fresca e algo como canela.
Fui até a bancada pequena a passos lentos, aproveitando a atmosfera tranquila do local. Olhei ao redor, avistando a Jukebox colorida no canto esquerdo do estabelecimento que, por incrível que pareça, ainda funcionava, as mesas quadradas de aparência antiga juntamente com com os estofados vermelhos em couro, os vários quadros de competições antigas de corrida e uma em específica de Elvis Presley, o piso quadriculado em preto e branco, os mais variados tipos de pôsteres da Coca-Cola e, por fim, a máquina velha de refrigerante que tinha no lugar oposto a Jukebox. O lugar era simplesmente lindo e, com certeza, o meu favorito em Konoha.
— Bem-vinda ao The Church, em que posso ajudá-la? — Um rapaz alto, ruivo e com um porte que daria inveja a muita gente sorriu gentil em minha direção, os olhos chocolate quase se fechando e as bochechas cetrinas, provavelmente resultado do frio que jazia lá fora, exibindo um caderninho e uma caneta em mãos. Eu sinceramente não sei quem é este rapaz, já que o mesmo nunca me atendeu aqui, mas acho que irei vir aqui com mais frequência. Pessoas belas como ele merecem ser apreciadas.
— Oh, boa noite — Um pequeno sorriso se fez presente em meus lábios. — Gostaria de pedir uma pizza meia Portuguesa e meia calabresa, para viagem, por favor — Ele anotou rapidamente em seu pequeno caderno e logo direcionou seus olhos castanhos em minha direção, onde sustentei o olhar com convicção, não me deixando abalar pela leve vergonha que nascia em meu peito.
— Certo — O sorriso lateral era bonito e charmoso, lhe dava um ar mais despretensioso e leve. Combinava consigo. — Alguma bebida, senhorita? — Quebrei o contato quando direcionei meu olhar para o cardápio enorme pendurado na parede de cor clara atrás de si, pensando em que tipo de bebida Sasuke gostava. Nunca cheguei a perguntar, mas tinha certas dúvidas de que um homem daquele tamanho gostasse de algo minimamente doce.
— Um Milkshake de morango e um expresso médio, por favor — Dei de ombros enquanto falava, se Sasuke não gostar de minha escolha, ele que venha comprar outra coisa de sua preferência. O rapaz anotou novamente o que eu havia dito no caderninho e rapidamente me direcionou um olhar curioso para minha pessoa antes de se virar e colocar o papel na janela que o separava da cozinha.
— É só aguardar, senhorita — Sorri gentil em sua direção antes de me virar e sentar em um estofado perto da janela, no canto direito do estabelecimento. Meus pés deixaram de tocar o chão e eu me senti com nove anos novamente, o que não me agradou muito. Deixando com que um suspiro saísse de meus lábios, eu expulsei essas lembranças de minha mente. Eu não preciso me lembrar disso agora.
Olhei ao redor novamente, encarando rapidamente as poucas pessoas de havia no local. Aqui é um lugar não muito famoso e tão pouco movimentado, estranho seria se aqui fosse um local muito frequentado, mas gosto daqui mesmo assim. Naruto que me apresentou, tínhamos uns treze anos na época e me lembro, ainda vividamente, do brilho em seus olhos quando paramos com nossas pequenas bicicletas coloridas na frente da entrada, quase como se aquele local fosse para si o que o Outro Mundo era para Coraline; e desde então venho comer aqui, o cheiro e o ambiente já me são extremamente familiar, como se aqui já fosse a minha segunda casa.
Saí de meus devaneios ao ouvir um “Eii” ser direcionado a minha pessoa, rapidamente olhei para o local do barulho e encontrei o ruivo com meu pedido na frente de seu tronco, em cima do balcão de pedra escura. Me levantei e me direcionei até lá, paguei pelo pedido e saí em direção as portas duplas depois de dar uma piscadinha para o ruivo lindo, está na chuva é para se molhar, não? O frio me abraçou com vontade e, dessa vez, nada pude fazer; a caixa de pizza e os dois copos com líquidos tão distintos não me permitia correr até o carro de Sasuke, ou então eu correria o risco de deixar os três objetos caírem, então apenas me contentei em dar passos largos, lentos e friamente calculados, sentindo o frio descer por minha espinha dorsal.
Frio idiota.
Cheguei até meu destino depois do que me pareceu longas horas andando e, com certa dificuldade, abri a porta e me sentei no banco confortável. Não pude deixar de me arrepiar pelo choque térmico que meu corpo havia sofrido, negando convictamente que talvez tenha sido o olhar intenso e profundo de Sasuke em meu corpo o responsável pelo meu recente arrepio. Não vou deixar sentimentos tão triviais tomarem conta de mim a respeito de uma pessoa que conheci em menos de três dias.
— Eu... — Parei por um breve momento para colocar o cinto e passar as mãos novamente em meus braços eriçados, tentando erroneamente me aquecer dentro deste espaço pequeno. — Eu trouxe um expresso para você, eu não sei que tipo de bebida você gosta, então espero não ter errado na escolha — Falei mais rápido do que eu queria, fazendo-me praguejar mentalmente pela minha falta de dicção em uma simples conversa com meu colega de casa.
— Hm — Foi somente o que respondeu ao dar partida no carro e colocar-se a dirigir. Me senti levemente ofendida, para ser sincera; eu trago algo que julguei ele gostar e ele me responde de um jeito completamente monossilábico? Certo, da próxima vez o mando ir ao quinto dos infernos com sua falta de educação. — Obrigado, eu gosto de café — Sua voz saiu contida, baixa e grave e eu precisei juntar todas as minhas forças para não olhar para ele com meus olhos arregalados. Por que Sasuke Uchiha nasceu com essa benção - ou talvez então, uma maldição - que é a sua voz? Proclamo injustiça em nome de outros homens que, infelizmente, não receberam essa benção.
O caminho seguiu com calma e tranquilidade. Em certo momento, Sasuke ligou o aquecedor e eu quase gritei em agradecimento por finalmente não precisar mais tremer de frio, mas contive a minha animação. A pequena viagem não durou muito, cerca de uns dez minutos apenas, o que fez com que eu bebesse todo o meu milkshake sendo acompanhado por Sasuke e seu café que, neste momento, estava na metade. E tão logo o automóvel parou e desligou, fazendo-me suspirar e contar até três antes de, num ato de coragem, rapidamente abrir a porta, fechar a mesma e correr até a porta de entrada da minha tão amada casa e, para a minha total felicidade, eu já me encontrava na sala de estar, mais aquecida e mais confortável do que minutos atrás.
Ouvi a porta bater enquanto eu andava até a cozinha e colocava a pizza morna em cima do balcão que separava os dois cômodos, me virando para ver a cena na qual fez minhas pernas ficarem bambas e uma quantidade considerável de saliva se acumular em minha boca: Sasuke Uchiha, no ápice de sua beleza, tirando sua jaqueta que apertava seus braços, tencionando suas costas e evidenciando ainda mais seu peitoral e clavícula muito bem trabalhados. O olhar cansado e os cabelos caindo por sua testa complementava o que julguei ser uma tentação do próprio diabo, pois não era cabível alguém ser tão bonito assim.
Ele se virou e rapidamente coloquei-me a andar até o lixo no canto de minha cozinha e jogar lá o copo, agora vazio, de milkshake de morango que, com certeza, é o motivo do amargo em minha boca. Andei novamente até a porta, onde tive tempo de o ver terminando de tirar seu coturno esquerdo e vir em minha direção, com todo o seu peitoral firme e rígido cabendo perfeitamente dentro de uma camisa preta que moldava seu corpo. Engoli a saliva numa tentativa quase falha de recuperar minha sanidade e fazer o que eu iria fazer inicialmente.
— Eu vou tomar um banho antes de comer, mas pode ficar a vontade para começar a jantar — Ele parou na metade do caminho, olhando-me intensamente, me deixando levemente nervosa, o que rapidamente tratei de disfarçar com um olhar falsamente firme e levemente desafiador. — Tem vinho na geladeira, fique a vontade para tomar — Foi tudo o que eu disse antes de começar a subir as escadas para o corredor que leva aos quartos, focando apenas em não deixar com que minhas pernas bambas não me deixe desabar por essa escada abaixo. Ao penúltimo degrau eu senti o olhar de Sasuke em minhas costas, mas não me importei, continuando a percorrer, com muita força de vontade, o resto do caminho até o meu quarto.
Pude respirar aliviada quando enfim ouvi a porta do meu quarto fechar atrás de mim. Deslizes até sentar-me no chão, numa cena obviamente dramática, e dobrei meus joelhos até quase encostarem em meu peito; respirei fundo, ainda me lembrando de como eu queria que minhas unhas - e talvez minha língua - passasse por toda a extensão de seu peitoral e ombros, talvez eu me aventurasse e descesse o caminho para a entrada da perfeição que ficava logo abaixo de seu, muito provável, tanquinho.
Okay, eu realmente estou parecendo uma depravada e eu necessito urgentemente para com isso. Ah, qual é! É só um cara extremamente gostoso, que luta, pelo o que Naruto me falou, e tem uma voz mais rouca do que minha sanidade aguenta. Nada demais. Eu já lidei com caras assim, Naruto é um exemplo, tirando talvez a voz rouca. Eu não deveria ter pensamentos tão inconvenientes somente de estar ao lado dele, eu vou viver com ele por seis meses e com certeza eu vou me acostumar.
É, é isso! Me levantei num rompante, com minha determinação completamente elevada. Eu consigo lidar com um lutador gostoso, eu posso fazer isso, eu posso e eu vou! Andei até o banheiro deixando as minhas roupas no caminho, posso recolher mais tarde, quando eu estiver de barriga cheia e com, no mínimo, três taças de vinho no meu organismo.
Tomei um banho quente e relaxante, eu preciso mesmo relaxar, o Uchiha me deixa tensa e com tesão. Coloquei alguma camisa velha que era do Naruto, grande demais e folgada demais, do jeito que eu gosto, e um short jeans claro. Eu adoraria ficar só de camisa e calcinha pela casa, como o clichê que deveria ser, mas tem um Uchiha comendo sua provável terceira fatia de pizza, somente com um jeans surrado e camisa apertada me esperando lá em baixo, eu simplesmente não posso ficar seminua na frente dele. Sou depravada, mas não a esse nível.
Desci as escada descalça, sentindo a madeira fria sob meus pés, ou ao menos eu deveria sentir se minha completa atenção não fosse voltada a pequena discussão que meus ouvidos conseguiram capturar. Uma das vozes era do Uchiha, com certeza, afinal, ela me conseguia me arrepiar mesmo de longe, a outra eu não consegui reconhecer, talvez pela voz de Sasuke se sobressair. Mas quem diabos bate na porta de alguém as quase oito da noite? Sinceramente, precisava incomodar os outros a essa hora? Desocupado do caralho.
Desci até o último degrau e estiquei o pescoço, curiosa com quem quer que fosse o suicida que discutia com um lutado de, no mínimo, um metro e oitenta e cinco e uma rocha que ele chamava de músculos. O suicida parecia ter me percebido aqui e fez o mesmo, esticando seu pescoço por cima do ombro de Sasuke, e eu pude perceber quando minha respiração e meu corpo travaram e meus olhos arregalaram. Pisquei, uma, duas ou três vezes antes de finalmente soltar a respiração incrédula, não acreditando no que meus olhos viam.
— Gaara?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.